Autoria do Dr. Telmo Diniz
Perdoar significa “conceder perdão, absorver, remitir (culpa, dívida, pena, etc), desculpar-se e poupar-se”. O ato de perdoar envolve tudo isso e ainda muito mais. Pesquisas e estudos vêm sendo desenvolvidos nesses últimos anos para mostrar e comprovar o poder e os benefícios do perdão. Vários estudos foram realizados para descobrir as causas de doenças ligadas às emoções e ao estresse e acabaram por concluir que problemas como dores de cabeça, dores musculares, fibromialgia, gastrite, úlceras, problemas cardiovasculares, hipertensão, problemas gastrointestinais, doenças alérgicas e vertigens podem estar relacionados com a dificuldade de perdoar.
O ato de perdoar é realmente muito complexo. Embora não pareça, é muito difícil esquecer uma ofensa e, ainda por cima, conviver em harmonia com o ofensor. Porém, temos que aprender que perdoar é a arte de fazer as pazes, quando algo não acontece como queríamos. Perdoar é fazer as pazes com a palavra “não”. Além de importante para a convivência, o ato de perdoar pode evitar uma série de transtornos causados em uma briga ou desentendimento. Quando uma pessoa não perdoa, revive a situação desagradável e nutre a mágoa, tornando-se mais estressada e propensa ao desenvolvimento de doenças cardíacas e psiquiátricas.
Não há perdão sincero sem o esquecimento da raiva e da mágoa que lhe deram origem. Esquecer a mágoa e a raiva não significa esquecer os fatos. Eles, muitas vezes, permanecem na memória e são motivo de aprendizado. Se esquecêssemos de todo o mal que alguém nos fez no passado, não aprenderíamos a nos cuidar melhor no futuro. Devemos esquecer a emoção negativa que toma a forma de raiva, mágoa, ou seja, se perdoamos verdadeiramente, conseguimos lidar com os fatos como algo distante, algo que não nos atinge mais, embora lembremos que eles aconteceram.
Lições
Para perdoar precisamos compreender a nós mesmos e aos outros. Se não nos dedicamos a compreender o outro, estamos esquecendo que, se estivéssemos em seu lugar, talvez fizéssemos coisa igual ou pior. E, mesmo que não cometêssemos o mesmo erro, isso se deveria apenas ao fato de já termos aprendido uma lição que ele ainda não aprendeu. Se aprendemos a lição, é porque já passamos por ela, ou seja, já erramos muitas vezes. Se não sentimos pelo outro a mesma compreensão que sentimos em nossa própria defesa, então, nosso perdão não existe, ele é pura vaidade.
Aprendendo a não sentir mágoa e a não se sentir ofendido com tanta frequência, você precisará perdoar menos, e isso equivale a ter aprendido a verdadeira humildade. Certa vez, perguntaram a Mahatma Ghandi se ele perdoava com muita frequência, ao que ele respondeu: “Não, ninguém nunca me ofendeu”.
Se alguém errou com você, ainda que gravemente, não perca tempo e saúde do corpo e da alma alimentando a raiva e a mágoa, elas o mantêm aprisionado ao passado. Perdoe e siga. Perdoar é inteligente. Perdoar é libertar primeiro a si mesmo, depois ao outro. Faz bem ao corpo e a alma! Errar é humano, mas perdoar é divino! Se mesmo assim achar difícil perdoar quem o ofendeu, leia abaixo os “Nove Passos para o Perdão”, do doutor Luskin, autor do livro o “Poder do Perdão”.
Os nove passos do perdão
- Saiba exatamente como você se sente sobre o que ocorreu e seja capaz de expressar o que há de errado na situação. Então, relate a sua experiência a umas duas pessoas de confiança.
- Comprometa-se consigo mesmo a fazer o que for preciso para se sentir melhor. O ato de perdoar é para você e ninguém mais. Ninguém mais precisa saber sua decisão.
- Entenda seu objetivo. Perdoar não significa necessariamente reconciliar-se com a pessoa que o perturbou, nem se tornar cúmplice dela. O que você procura é paz.
- Tenha uma perspectiva correta dos acontecimentos. Reconheça que o seu aborrecimento vem dos sentimentos negativos e desconforto físico de que você sofre agora, e não daquilo que o ofendeu ou agrediu dois minutos – ou dez anos – atrás.
- No momento em que você se sentir aflito, pratique técnicas de controle de estresse para atenuar os mecanismos de seu corpo.
- Desista de esperar coisas que as pessoas ou a vida não escolheram dar a você. Reconheça as “regras não cobráveis” que você tem para sua saúde ou para o comportamento seu e dos outros. Lembre a si mesmo que você pode esperar saúde, amizade e prosperidade e se esforçar para consegui-los. Porém você sofrerá se exigir que essas coisas aconteçam quando você não tem o poder de fazê-las acontecer.
- Coloque sua energia tentando alcançar seus objetivos positivos por um meio que não seja através de experiência que o feriu. Em vez de reprisar mentalmente sua mágoa, procure outros caminhos para seus fins.
- Lembre-se de que uma vida bem vivida é a sua melhor vingança. Em vez de se concentrar nas suas mágoas – o que daria poder sobre você à pessoa que o magoou – aprenda a buscar o amor, a beleza e a bondade ao seu redor.
- Modifique a sua história de ressentimento de forma que ela o lembre da escolha heroica que é perdoar. Passe de vítima a herói na história que você contar.
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Ei Lu!
Belo texto na difícil arte de perdoar. Parece distante até sentirmos como é gratificante.
Perdoar é um eterno aprendizado interior. É mudarmos a nós mesmo num compromisso diário com nossos pensamentos e atitudes. Com paciência e no decorrer do tempo o resultado é reconfortante.
Bjos.
Pat
Podemos perdoar com palavras, mas dentro do coração, o perdão só vem com o tempo, como bem diz você.
Pois, ele é o senhor de todas as coisas: boas ou ruins.
O perdão é um dos atos mais lindos do ser humano.
Abraços,
Lu
LuDias
Este texto – para mim, um dos melhores – pois não é só científico, mas acima de tudo um texto profundamente humanístico e essencial para que tenhamos equilíbrio emocional e possamos continuar a viver sem nos prejudicar ainda mais pela injustiça que nos infringiram, sem que tenhamos, no momento, condições de nos defender.
Penso que é importante que tenhamos, acima de tudo, inteligência emocional, quando a injustiça nos visita. Temos que entender o que ocorre e porque isto ocorreu. Não é fácil. Por vezes, é muito difícil, pois ela mexe com todo o emocional de uma forma muito profunda, v. gratia, um assassinato de um ente querido, muito próximo. A mãe que vê o filho assassinado barbaramente. Como perdoar?
O texto é importante para que possamos refletir e muito, pois, por vezes, o assassinato atinge-nos a vida toda, como se o ato fosse repetido todos os dias, no momento que dele nos lembramos e revivemos as emoções fortes do ato injusto. É claro que “morremos” cada vez que a lembrança nos chega. Sofremos e estamos nos impingindo, dia após dia, o mesmo sofrimento até que nossas forças não aguentem mais.
É claro que o perdão é a maneira mais importante de largar essas emoções, que se tornaram paixões rancorosos em relação a um ato odioso tão injusto, como é um assassinato. Perdoar é um ato de inteligência superior, assim, divino mesmo, como nos ensinou o Filho de Deus, pois nos traz a paz e a felicidade de desfrutar a vida, o dom de Deus.
Já vi muita gente largar essa lembrança amarga, levantar-se contra a injustiça, apegar-se às lembranças mais lindas que tiveram com a pessoa que se foi pelo ato da crueldade humana, para fazer da vida um luta incessante e diuturna no sentido de buscar soluções na lei dos homens e de Deus, para que fatos como esses não se repitam. As injustiças, quando não nos trazem dificuldades para a compreensão, devem ser entendidas e perdoadas, pois realmente isto nos fará muito bem.
Acho que todos já passamos por fatos injustos fáceis de serem superados. Os mais sábios, acredito, nem chegam a sofrer, pois compreendem os defeitos a que todos nós, seres humanos, somos suscetíveis e aceitam, sem sequer sentir na carne a ofensa. Então, nem pensam em perdão. Por vezes, há o perdão, quando a agressão injusta foi maior do que podemos suportar, o que também é um ato de inteligência.
Difícil mesmo – e isto entendo que nem mesmo um texto tão maravilhoso como do Dr. Telmo pode nos conduzir – é perdoar determinadas crueldades que levam a vida ou fazem sofrer, deixando chagas intoleráveis, feitas às pessoas que mais queremos e gostamos em nossa existência.
Ed
Cristo foi um grande médico, ao nos ensinar a importância do perdão.
Atualmente eu perdoo tudo, até o que ainda está para acontecer.
Adotei a filosofia da vaca, cujo explicação não ouso dar aqui… risos.
Sigo agindo como uma boa mineira: vou tocando a vida…
Você deixa no blog mais um dos seus brilhantes comentários.
O doutor Telmo tem feito a diferença.
Abraços,
Lu
Excelente o texto do Dr. Telmo além do mais é uma terapia boa e de custo zero!
abs
Messias
Lu,
Sei como é difícil perdoar e o benefício quando consegue fazê-lo. Quando fui convidado a ser corrupto fui despedido. Depois fiquei doente de tanta raiva. Só após o perdão é que voltei ao normal. Você conhece o fato.
Providencial o texto do doutor Telmo, neste momento em que vivemos, com tanta picaretagem.
Abraços,
Devas
Devas
Perdoar é um longo aprendizado.
Mas faz um bem danado pra gente.
Haja perdão!
Excelente o texto do Dr. Telmo.
Lu