LUZ E SOMBRA – CARAVAGGIO (Aula nº 66)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

  

Caravaggio trouxe um realismo para a pintura em suas ardentes representações tanto de temas sagrados como seculares. Pintando diretamente sobre suas telas, usando efeitos exagerados de luz e sombra, ele interpretou respeitáveis santos e humildes pecadores, através das lentes do sofrimento e da emoção humana. A arte de Caravaggio foi revolucionária, sua vida foi trágica e seus seguidores foram inúmeros (David Gariff)

O que Caravaggio desejava era a verdade. A verdade tal como ele a via. Não nutria preferência alguma pelos modelos clássicos nem respeito pela beleza ideal. Queria romper com os convencionalismos e pensar a arte por si mesmo. (E.H. Gombrich)

Em arte tudo o que não for tirado da vida é frivolidade. (Caravaggio)

Pelo horror que sentia diante dos ideais tolos, Caravaggio não corrigia nenhum defeito dos modelos que parava na rua para fazê-los posar. Vi algumas de suas pinturas que foram recusadas por pessoas que lhes haviam encomendado. O reino da feiura ainda não havia chegado. (Stendhal)

Caravaggio era um pintor preocupado com a verdade tal como a via, de modo que representar os modelos clássicos ou ter qualquer forma de compromisso com a “beleza ideal” não faziam parte de seus objetivos. Tanto é que desprezava aqueles que se recusavam a retratar a fealdade. Considerava-os fracos e indignos de serem levados a sério. Por isso, desde cedo procurou afastar-se das convenções e buscou repensar a arte de uma forma diferente, rejeitando a beleza idealizada da arte renascentista, desprovida de realidade, de verdade natural e de honestidade emocional. Pouco lhe importava que a natureza retratada fosse feia ou bela, interessava-lhe apenas a verdade.

O pintor era intransigente no estudo que fazia da natureza e, se a realidade da vida era crua, ainda assim deveria ser retratada. Caravaggio recusava-se a seguir as normas estabelecidas pelo Concílio de Trento que exigiam que a representação pictórica das Escrituras Sagradas tivesse como objetivo edificar o povo ignorante, mas sem perder a dignidade e a nobreza da arte. Ele se colocou contra o ideal de beleza do Renascimento, ao mostrar o mundo de uma forma diferente e extremamente realista, chocando muito de seus contemporâneos.

Como acontece com quase todos os gênios em sua época, Caravaggio foi incompreendido por muitos de seus contemporâneos que achavam que ele não tinha respeito pela beleza e pela tradição, tendo como único objetivo chocar o público. Por isso, alcunharam-no de “naturalista”, “gênio do mal”, o “anticristo da pintura” e de “il tenebroso”. Ele não copiava os modelos tradicionais, pintava os modelos vivos sem lhes retirar as cicatrizes ou as marcas do tempo. A verdade é que seus detratores não foram capazes de perceber a seriedade com que ele executava seu trabalho, tanto é que, quatro séculos depois, sua obra continua a encantar gerações, pois a sua contribuição para a arte da pintura jamais poderia ser ignorada.

Segundo os estudiosos da obra de Caravaggio, é nos quadros religiosos que ele deixa a sua grande contribuição à história da arte, com seus temas impregnados de verdade, onde é revelada a dimensão humana do sofrimento, criando uma vigorosa mistura entre o terreno e o espiritual, o real e o místico, sendo capaz de captar o momento exato da dor, expondo-a em toda a sua crueza. Na sua tela, Judite e Holofernes (ilustração à esquerda) aparece pela primeira vez o fundo preto (tenebroso), destacando-se sobre o mesmo as figuras iluminadas por um processo de luz artificial, elementos que se tornaram típicos de sua obra.

Caravaggio trabalhava com efeitos de luz e sombra exagerados. Suas figuras são vistas em perspectiva reduzida, movimentos diagonais e fortes toques de cor em oposição aos temas principais. Através da técnica usada, seus personagens refletem uma intensa emoção, embora o seu estilo de pintura pareça muitas vezes confuso e desorientado, eles são verdadeiros, poderosos e ousados. Foi o primeiro dos pintores a adotar o estilo “tenebrista”, cujo objetivo era destacar a escuridão e não a luz. Sendo que em sua obra destacam-se as trevas e a violência. Em várias de suas telas são mostrados espadas, punhais e facas, assim como decapitações e sangue. E, segundo seus biógrafos, embora ele cumprisse os prazos de entrega de suas obras, não aguentava trabalhar por períodos longos, precisando da companhia de seus tortuosos amigos.

Muitas telas de Caravaggio foram rejeitadas sob o argumento de que eram muito realistas e alguns patronos religiosos argumentavam que certas obras eram blasfematórias, mas essa não era bem a verdade, pois o pintor esforçava-se apenas para retratar fielmente o mundo, de modo que suas figuras tivessem o maior compromisso possível com a verdade. Se a sua franqueza resultava numa representação ousada da realidade, era assim que tinha que ser no seu compromisso com a verdade. Enquanto os pintores de então só conseguiam reproduzir certos temas em ambiente natural, Caravaggio retratava-os em locais escuros e sem outros elementos, certo de que a luz e as cores haveriam de dar-lhes formas em contraste com as sombras. E, apesar das rígidas normas que cerceavam a liberdade artística na época, — principalmente por parte da Igreja — o pintor botou no lugar dos santos personagens humanos retirados das ruas.

A arte de Caravaggio — apesar de incompreendida no seu tempo — angariou muitos seguidores pela Europa, os chamados “caravaggescos” que imitavam seu estilo, originando escolas de seguidores, cuja obra é definida como “caravaggesca”. Entre eles, podemos destacar grandes nomes da pintura como Diego Velázquez que ficou muito sensibilizado com o estilo do pintor, com as descobertas feitas por ele no campo da pintura e o modo como abriu mão das convenções em prol da observação desapaixonada da natureza. Rembrandt, assim como Caravaggio, via na verdade e na franqueza muito mais valor de que na harmonia e na beleza. Embora tenha sido apreciado por poucos de seus contemporâneos, artistas subsequentes viram nele um dos mais geniais mestres de todos os tempos.

Os contrastes entre luz áspera e quase cegante, e sombra, sempre profunda, carregam a obra de Caravaggio de grande religiosidade e intensidade dramática, trazendo à arte sacra um sentimento de realidade. Suas figuras parecem reais e palpáveis, como se suas ações estivessem acontecendo no momento em que o observador as vê. A cena destaca-se com uma honestidade tocante. A técnica do “chiaroscuro”, usada pelo artista, embora exibida um século antes por Leonardo da Vinci, foi aprimorada por ele. É interessante conhecer o recurso científico usado por Caravaggio para produzir o seu jogo imprescindível de luz e sombra. Ele usava um quarto com paredes negras (câmara escura) no qual inseria fachos de luz nos locais que desejava colocar em evidência. Para a época, a sua experimentação era fantástica, bem à frente de seu tempo.

Embora os puristas criticassem-no por não ter educação formal, inclusive faltando-lhe o uso do esboço, isso não o preocupava. Ele simplesmente desenhava direto sobre a tela, pintando por cima, não fazendo uso da tradicional intervenção do desenho, resultando numa obra admirável. O artista achava que a introdução de uma ideia preconcebida na composição tornava-a inverídica. Tanto os academicistas quanto a Igreja ficaram escandalizados com sua postura. O seu talento para as naturezas-mortas era extraordinário, tanto é que o biógrafo Giovanni Pietro Belloni escreveu que Caravaggio foi o primeiro pintor a transformar uma natureza-morta em um gênero plástico autônomo. Cesto de Frutas (ilustração à direita) é a única obra sobrevivente em se tratando de frutas.

No seu tempo Caravaggio trabalhou com os mesmos temas em voga, religiosos e mitológicos, mas com a diferença de que transformou a visão do mundo sobre a arte. Dava a objetos e personagens a mesma relevância, questionando a visão renascentista de antropocentrismo. A partir do século XX suas inovações passaram a ser compreendidas com profundidade e sua obra passou a ocupar um lugar de destaque na história da arte. A sua vida pessoal e a sua obra continuam inspirando a arte contemporânea em seus vários campos.

Caravaggio trouxe para a pintura o mesmo contexto social no qual estava inserida a sua vida. Fez uso da luz artificial, optando antecipadamente pelos efeitos e reflexos a serem registrados, de modo que seus personagens saltam da escuridão, captados pela luz, estabelecendo o papel de cada um na trama representada, sem disfarçar a realidade que foi atentamente observada por ele. Luz e sombra foram uma constante na vida do grande pintor, tanto na sua arte quanto na sua vida pessoal.

Exercício
1.  Qual era a visão que Caravaggio tinha sobre a pintura?
2. Como Caravaggio produzia luz e sombra (chiaroscuro) em suas obras?
3. Você concorda com o modo como o artista retratava sua pintura? Por quê?

Ilustração: 1. Judite e Holofernes/ 2. Cesto de Frutas

Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
Grandes mestres/ Abril Coleções
A história da arte/ E. H. Gombrich
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Revista Veja/ Maio/ 2012

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A MORTE DA VIRGEM (Aula nº 65 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                     (Clique na imagem para ampliá-la.)

Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) nasceu no calmo povoado de Caravaggio, próximo à cidade de Milão e cujo nome acabou por incorporar-se ao seu nome. Também existe a hipótese de que o pintor tenha nascido em Milão. Aos cinco anos de idade vivia em Milão — cidade ocupada pela Espanha — com seus pais. Além das tensões geradas pela ocupação estrangeira, a fome e a peste também se faziam presentes. Em razão da peste a família do futuro pintor retornou ao povoado de Caravaggio que também acabou sendo alcançado pela doença que ceifou a vida do pai, do avô e do tio do garoto. Sua mãe optou por permanecer ali com os filhos, distanciando-se do fanatismo religioso e da violência política que se espalhavam por Milão. O artista foi um dos grandes responsáveis pelo início do período barroco, tendo deixado uma grande contribuição para a arte da pintura. Hoje vamos estudar um dos quadros que lhe causou grandes problemas. Primeiramente é necessário acessar o link Caravaggio – A MORTE DA VIRGEM e ler o texto com muita atenção, sempre voltando a esse quando se fizer necessário.

  1.  A obra em estudo tinha por finalidade adornar uma capela em:

    1. Milão
    2. Roma
    3. Nápoles
    4. Florença

  2. O quadro foi recusado por parte do clero que alegou se tratar de uma obra ofensiva à Igreja, sendo totalmente desprovida de:

    1. santidade
    2. decência
    3. humildade
    4. emoção

  3. A obra repelida foi comprada pelo duque de Mântua, obrigado a atender o pedido de vários pintores de Roma que queriam conhecer e estudar a tela, antes que fosse embora. Essa busca dos artistas romanos pela obra deveu-se:

    1. ao temperamento difícil do pintor
    2. à recusa da Igreja em aceitá-la
    3. ao uso de personagens irreais
    4. à fama que a pintura adquirira

  4. São causas alegadas como motivo para a rejeição da obra, exceto:

    1. O artista teria retratado uma cortesã como modelo para a Virgem.
    2. O pintor teria pintado a Madona inchada e com as pernas descobertas.
    3. O artista teria trocado o esboço da pintura que lhe fora entregue.
    4. O pintor teria usado como modelo o cadáver inchado de uma mulher.

  5. No que diz respeito aos apóstolos, todas as afirmativas estão corretas, exceto:

    1. São retratados de pé, como pessoas comuns que se encontram numa sala.
    2. Exprimem a atormentação que sentem pela morte de Jesus Cristo.
    3. Trazem o rosto envolto em sombra ou escondido pelas mãos.
    4. Todos estão sob um imenso dossel vermelho e mostram-se abalados.

  6. A única mulher presente na cena posiciona-se à esquerda do corpo da Virgem, veste-se humildemente e traz os cabelos desgrenhados e o rosto oculto, enquanto chora. Ela é:

    1. Maria Madalena
    2. Santa Isabel
    3. Santa Ana
    4. Maria de Cléofas

  7. Todas as afirmativas sobre a pintura são verdadeiras, exceto:

    1. O grupo emudecido mostra-se unido pela dor num sofrimento silencioso.
    2. As figuras são apresentadas quase em tamanho natural.
    3. O artista não se atém a retratar apenas o essencialmente necessário.
    4. O local é simples, a presença do dossel vermelho o único objeto de destaque.

  8. Uma das afirmativas abaixo sobre a Virgem não condiz com a explicação do texto:

    1. A única marca da presença divina é o halo sobre a cabeça da Virgem.
    2. Ela é mostrada como uma mulher do povo que acaba de morrer.
    3. A Virgem ainda não está preparada para ser colocada no túmulo.
    4. A Madona está deitada sobre uma lápide, rodeada pelos apóstolos.

  9. Todas as afirmativas sobre o corpo de Maria estão corretas, menos:

    1. Está coberto por um vestido vermelho.
    2. Traz os pés descobertos e a cabeça coberta.
    3. O braço esquerdo está inclinado para baixo.
    4. Será lavado com um preparado de vinagre.

  10. O foco principal da pintura é:

    1. O corpo de Maria e as figuras dos apóstolos ao centro.
    2. A cortina vermelha que dá teatralidade à obra.
    3. Maria Madalena posicionada na parte inferior, à esquerda.
    4. A vasilha no chão com a mistura de vinagre.

  11. Acerca da composição não se pode afirmar que:

    1. É comovente e o uso da luz acentua a sua dramaticidade.
    2. A cena é humanizada ao mostrar a dor de quem perde um ente querido.
    3. As cores são muito escuras, com inúmeros toques luminosos.
    4. A dinâmica da tela se dá em torno da Virgem — tema central da pintura.

  12. A massa compacta do grupo e a postura das figuras guiam o olhar do observador para:

    1. a cortina vermelha
    2. o apóstolo à cabeceira do corpo
    3. o discípulo aos pés do corpo
    4. o corpo da Virgem

  13. O pintor faz uso das nuances de luz e sombra para modelar os volumes dos objetos, figuras e vestuário, mas, acima de tudo, ele reforça, através deste processo, a presença física da Virgem, atingida por:

    1. uma tênue luz
    2. uma luz forte
    3. um pequeno raio
    4. um filete de luz

  14. 14.O artista cria a ilusão de profundidade através de uma série de áreas mais claras que podem ser vistas na parte de trás ……………….. de Maria Madalena, passando do rosto da Virgem Maria para as mãos e cabeças dos apóstolos.

    1. das costas
    2. dos pés
    3. da cabeça
    4. da mão direita

  15. Caravaggio optou por traduzir a realidade das pessoas e suas emoções, sem se preocupar com as convenções que normatizavam na época a representação:

    1. do profano
    2. da moralidade
    3. do sagrado
    4. do mundano

Gabarito
1.b / 2.a / 3.d / 4.c / 5.b / 6.a / 7.c / 8.d / 9.b / 10.a / 11.c / 12.d / 13.b / 14.a / 15.c

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PIETÀ DE CARRACCI – (Aula nº 65 A)

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Annibale Carracci (1560-1609), oriundo de Bolonha, foi um dos grandes responsáveis pelo início do período barroco, tendo deixado uma importante contribuição para a pintura. Sua obra intitulada Pietá é sem dúvida uma das pinturas mais famosas de seu tempo, como mostram as inúmeras cópias, derivações e transposições de gravuras relativas a ela através dos tempos. Hoje é um verdadeiro cânone da representação da Pietà (Madona) no período barroco. Antes de executá-la, o artista fez alguns estudos, tendo três deles chegado aos nossos dias, o que permite acompanhar o seu raciocínio na criação de tão belo trabalho. Estudamos hoje sua mais famosa obra. Primeiramente é necessário acessar o link CARRACCI – PIETÀ e ler o texto com muita atenção, sempre voltando a esse quando se fizer necessário.

  1.  A temática da pintura de Carracci é:

    1. Histórica
    2. Religiosa
    3. Mitológica
    4. Científica

  2. “Pietá” é uma palavra italiana que significa:

    1. Piedade
    2. Perseverança
    3. Prudência
    4. Purificação

  3. Três estudo feitos pelo pintor sobre a obra chegaram aos nossos dias, sendo possível saber que ele fez modificações na última versão preparatória em relação à primeira, ficando essa bem próxima do resultado final. Na primeira versão a Virgem Maria encontrava-se…………….. ao lado do corpo morto de Cristo.

    1. recostada
    2. de pé
    3. ajoelhada
    4. sentada

  4. Na primeira versão dos estudos encontrados, o corpo de Jesus:

    1. Encontrava-se estendido no chão.
    2. Permanecia no colo de sua mãe.
    3. Era amparado por dois apóstolos.
    4. Repousava sobre o túmulo.

  5. No que diz respeito à posição do corpo morto de Cristo, todas as respostas estão corretas, exceto:

    1. Parte de seu corpo repousa sobre as pernas e ventre de Maria.
    2. Sua cabeça descansa sobre a mão esquerda de sua mãe Maria.
    3. Suas pernas estão estendidas sobre uma mortalha branca no chão.
    4. Seu pé esquerdo postado à frente do direito mostra a marca do prego.

  6. Sobre os dois anjinhos alados presentes na pintura não podemos afirmar que:

    1. Apresentam-se nus e extremamente tristonhos.
    2. Um deles se debruça sobre o corpo da Virgem, sustendo a mão de Cristo.
    3. O outro, sentado, espeta o dedinho anular na coroa de espinhos.
    4. O anjinho sentado olha diretamente para o observador.

  7. A escala monumental das figuras e a composição piramidal chamam a atenção para:

    1. A tristeza da mãe de Cristo junto ao corpo do filho morto.
    2. O desalento dos dois anjos que compõem a piedosa obra.
    3. O rosto choroso de Maria e o gesto comovente de sua mão.
    4. A gravidade da morte de Cristo e o sofrimento de sua mãe.

  8. O grupo formado pela Virgem, pelo corpo de Jesus e pelos dois anjos encontra-se próximo:

    1. ao sepulcro aberto
    2. aos degraus de uma escada
    3. aos restos de uma edificação
    4. a um monte de pedras

  9. Todos os personagens encontram-se envoltos pela escuridão noturna, só visíveis em razão:

    1. dos efeitos de luz e do buraco no céu à esquerda
    2. dos efeitos de luz e das cores das vestes
    3. das cores das vestes e da luz da lua
    4. das cores das vestes e do relâmpago à esquerda

  10. Carracci mostra nesta obra a sua habilidade em combinar de forma original o estilo de dois mestres do passado:

    1. Leonardo da Vinci e Rafael
    2. Fra Angelico e Masaccio
    3. Correggio e Michelangelo
    4. Giotto e Ticiano

Gabarito
1.b / 2.a / 3.c / 4.d / 5.b / 6.c / 7.d / 8.a / 9.b / 10.c

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Carracci – PIETÀ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Annibale Carracci (1560-1609), oriundo de Bolonha, foi um dos grandes responsáveis pelo início do período barroco, tendo deixado uma importante contribuição para a pintura. Pertencia a uma família de artistas e estudara a arte de Veneza e a de Correggio. Quando em Roma, o artista viu-se fascinado pelas obras de Rafael Sanzio, sobretudo pela simplicidade e beleza de suas criações, numa época em que os maneiristas tomavam novos rumos.

Uma das obras-primas do artista é o retábulo Pietà que apresenta a Virgem Maria com o filho morto no colo. “Pietà” é uma palavra italiana que significa “piedade”, sendo muito presente na história da arte. Diz respeito à Virgem Maria amparando o corpo sem vida de seu filho no colo. O assunto não tem fontes registradas, mas o que se sabe é que apareceu pela primeira vez em Florença, por volta de 1500, a partir de representações da descida de Cristo da cruz, enfatizando o corpo morto e suas feridas. Tem por objetivo inspirar piedade e tristeza no observador ao ver a dor angustiante de uma mãe (simbolicamente a mãe da humanidade) por seu filho que, segundo a crença cristã, morreu pelos pecados da humanidade, apelando diretamente pela emoção.

Esta obra encontra-se entre as mais belas pinturas do século XVII. O que se sabe com certeza é que foi encomendada pelo cardeal Odoardo Farnese. Não se sabe qual era o seu destino original e tampouco a data precisa em que foi criada. Supõe-se, pelo formato da pintura, que se destinava à devoção particular do responsável pela encomenda, ornando uma capela ou a residência de Farnese. Quanto à data de sua execução, presume-se que tenha sido entre 1598 e 1600. A obra deixou Roma por um tempo, indo para Parma e depois para Nápoles, onde se encontra até os dias de hoje.

A Pietá de Carracci é sem dúvida uma das pinturas mais famosas de seu tempo, como mostram as inúmeras cópias, derivações e transposições de gravuras através dos tempos. Hoje é um verdadeiro cânone da representação da Pietà no período barroco. Antes de executá-la, o artista fez alguns estudos, tendo três deles chegado aos nossos dias, o que permite acompanhar o seu raciocínio na criação de tão belo trabalho. É possível saber que ele modificou a posição do corpo de Cristo na última versão preparatória em relação à primeira, ficando essa bem próxima do resultado final. Na primeira versão a Virgem Maria encontrava-se ajoelhada ao lado do corpo de Jesus que repousava sobre o túmulo.

O quadro é simples, harmonioso e tocante. A Virgem está sentada no chão, tendo parte do corpo de Jesus repousando sobre suas pernas e ventre. A cabeça de Cristo descansa sobre sua mão direita que a ampara ternamente. Seu rosto choroso está voltado para o filho morto, cujas pernas estão estendidas sobre a mortalha branca no chão. Carracci conseguiu repassar, através das feições da Virgem e de sua mão esquerda — retratada num exímio encurtamento — como se perguntasse sobre  o porquê de tamanha judiação, repassando muita dor.

A escala monumental das figuras e a composição piramidal repassam a gravidade da morte de Cristo e o grande sofrimento de sua mãe. Um anjo tristonho se debruça sobre o corpo da Virgem e sustenta a mão direita de Jesus Cristo, como se mostrasse a ferida ocasionada pelo prego. À direita da tela está um segundo anjinho, com seu rostinho contristado, que espeta o dedinho na coroa de espinhos de Jesus. Ele olha diretamente para o observador, como se o convidasse a refletir sobre o sofrimento pelo qual passou o Salvador e sobre a dor de sua mãe Maria.  

O corpo de Cristo mostra uma beleza apolínea. Seu pé esquerdo, postado à frente do direito, mostra a marca do prego. Em razão de sua postura suas costelas estão visíveis, assim como seus músculos. A pintura carrega um acentuado vigor escu—ltórico. O grupo formado pela Virgem, pelo corpo de Jesus e pelos dois anjos desalentados está próximo ao sepulcro que se encontra aberto. Todos eles, envoltos pela escuridão noturna, repousam sobre a terra pedregosa, só visíveis em razão dos efeitos de luz e das cores de suas vestimentas. Luz e cor agregam à pintura uma atmosfera de grande emoção íntima, lembrando Correggio.

Após presentear Nápoles com esta obra, o cardeal Farnese encomendou outra pintura com o mesmo tema a Carracci e que hoje se encontra no Louvre. Carracci mostra nesta obra a sua habilidade em combinar de forma original o estilo de artistas do passado — Correggio e Michelangelo. A obra acima compartilha várias semelhanças composicionais com a escultura de Michelangelo. Carracci tomou emprestada a composição piramidal, o gesto da Virgem e a fluidez flácida do corpo inanimado de Cristo.

Ficha técnica
Ano: 1599-1600
Dimensões: 156 cm x 149 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália

Fontes de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich
https://it.m.wikipedia.org/wiki/Pietà_(Annibale_Carracci)
https://www.artble.com/artists/annibale_carracci/paintings/pieta

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BARROCO – CARRACCI E CARAVAGGIO (Aula nº 65)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

     

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O Barroco foi um estilo muito mais rico em possibilidades, sendo o desenvolvimento da pintura parecido com o da arquitetura em muitos aspectos. Ideias vistas no estilo anterior (Maneirismo) ganharam mais força: a ênfase sobre a luz e a cor, o desapreço pelo equilíbrio simples e a opção por composições mais complexas. Annibale Carracci (1560-1609) e Michelangelo Meresi da Caravaggio (1573-1610) — dois mestres italianos — foram os grandes responsáveis pelo início do período Barroco, tendo deixado uma grande contribuição para a arte da pintura.

Carracci e Caravaggio chegaram a Roma — ambos vindo do norte da Itália — e logo se tornaram o centro das discussões entre os eruditos sobre a sua maneira de exercer sua arte. Ao que parecia, os dois artistas buscavam sobrepujar o refinamento maneirista.

Carraci fazia parte de uma família de pintores e havia estudado a arte de Veneza e a de Corregio e em Roma e encantara-se com as obras de Rafael. A sua pintura à esquerda – Pietà –, apresentando a Virgem chorando com o filho morto no colo, mostra como o artista faz a luz incidir sobre o corpo de Cristo, apelando para as emoções do observador. Sua obra é simples e harmoniosa no arranjo, lembrando a de um pintor renascentista, porém imbuída de apelo emocional. Sua escola foi responsável por ressuscitar a pintura de histórias e mitos clássicos e também por criar belos retábulos.

Caravaggio por sua vez, buscava retratar apenas a verdade, fosse ela considerada bonita ou feia, considerando uma franqueza indigna o fato de ignorarem-na. A ele não interessavam os modelos clássicos e tampouco tinha apreço pela “beleza ideal”. Alguns chegavam a suspeitar de que seu intuito fosse o de escandalizar o público, uma vez que não nutria nenhuma deferência por qualquer tipo de beleza ou tradição, sendo acusado de ser “naturalista”. A sua obra e a de Carracci tomavam rumos cada vez mais distintos. Enquanto ele se atinha a retratar a verdade, o outro mostrava-se mais delicado sentimental.

A pintura à direita – A Dúvida de Tomé –, obra de Caravaggio, mostra os três apóstolos olhando a ferida de Jesus e um deles nela enfiando um dedo. Para alguns, tal obra pode ter parecido desrespeitosa, uma vez que os apóstolos nunca foram vistos assim em relação ao Mestre. Mas imbuído de uma honestidade tocante, Caravaggio apresenta-os como pessoas comuns (o que realmente eram), trabalhadores com seus rostos envelhecidos pelo tempo, como mostram as rugas na testa. O gesto de tocar a ferida de Cristo é feito por Tomé, o Incrédulo, conforme reza a Bíblia em S. João XX, 27. Em suas obras as figuras dos textos antigos parecem reais e palpáveis, o que é reforçado pela maneira como o artista trata a luz e a sombra, não para embelezá-los, mas, para mostrá-los como de fato são. Em sua época foram poucos os que apreciaram a sua arte.

Na época em que Carracci e Caravaggio trabalharam em Roma, essa era tida como o centro cultural do mundo civilizado. Ali chegavam artistas de todas as partes da Europa, participando das discussões, estudando os mestres do passado e buscando apreender todas as inovações artísticas. Retornavam a seus países levando uma grande bagagem. A cidade de Roma também oferecia o melhor lugar para observar a pintura nos países que se vincularam ao catolicismo romano.

Exercício
1. A quais ideias do Maneirismo o Barroco deu maior ênfase?
2. Quais os dois grandes mestres italianos responsáveis pelo início do Barroco?
3. O que sabe sobre Caravaggio?

Fonte de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich

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UM NOVO ESTILO – BARROCO (Aula nº 64)

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Autoria de Lu Dias Carvalho                                                 (Clique na imagem para ampliá-la.)

O estudo da história da arte passa por uma sucessão de estilos. Na Idade Antiga travamos contato com a arte egípcia, grega, romana e bizantina. Na Idade Média passamos pelos estilos Românico e Gótico. Na Idade Moderna já vimos o Renascimento, o Maneirismo e agora entramos no estilo Barroco que apareceu entre o começo do século XVII e o meio do século XVIII e, assim como o Renascimento, mostrava grande interesse pela Antiguidade clássica. Nascido em Roma, na Itália, o Barroco espalhou-se por toda a Europa, principalmente pelos países católicos, tendo fortes laços com a Contrarreforma (oposição à Reforma) religiosa. Roma foi a cidade italiana mais ligada ao Barroco, tendo se transformado num centro de produção e debate artísticos. Para lá convergiam artistas de toda a Europa, com a finalidade de estudar as antiguidades clássicas e a arte da Alta Renascença, assim como fugir dos ditames da Reforma.

O termo “barroco” — palavra portuguesa que significa pérola imperfeita — era usado, desde a Idade Média, com uma intenção ofensiva, ao referir-se a um raciocínio ilógico que confundia o falso com o verdadeiro, mas ao transferir-se para as artes, passou a ser usado para criticar os excessos de um estilo visto como uma degeneração dos princípios clássicos em razão dos excessos nele contidos. Assim fizeram os classicistas do século XVIII, ao mostrar seu desprezo ao desafio das regras clássicas pelos pintores do século XVII, principalmente os escultores e arquitetos com suas obras excêntricas e extravagantes. Contudo, no século XIX, os estudiosos de arte alemães passaram a fazer um uso imparcial do termo “barroco” para descrever a arte do século XVII.

Os dirigentes da Igreja Católica do século XVII foram os grandes mecenas de uma arte que objetivava expressar fervor religioso. Assim, a glória do martírio, as visões e êxtases dos santos tornaram-se temas dominantes, principalmente na pintura e na escultura. Essa intensa gama de emoções era mostrada com todos os recursos de uma linguagem retórica de gestos e expressões. A Igreja Católica criou diretrizes para os artistas, impulsionando-os a criar obras realistas, capazes de tocar o sentimento das pessoas. No que diz respeito ao mundo secular, os monarcas — imbuídos da doutrina do direito divino dos reis — também abraçaram o novo estilo.

Ao deixar para trás a arte renascentista, os artistas barrocos passaram a mostrar o brilho mais radiante das cores, a usar uma pincelada mais livre e expressiva, criando mais riqueza de contrastes, texturas e a fazer um intenso uso de luzes e sombras. Além da temática religiosa, os retratos ganharam espaço nessa época, assim como a paisagem. Os temas alegóricos e mitológicos foram os mais buscados pelos mecenas mais sofisticados e a pintura de gênero ganhou vida, principalmente na Holanda.

O objetivo da escultura barroca era elevar os pensamentos dos fiéis à glória do céu, como mostra o interior das igrejas barrocas com suas inúmeras esculturas, pinturas decorativas, o uso do dourado, do estuque e dos mármores de cores vistosas. O trabalho dos artistas barrocos era o de apelar pelas emoções do observador e convencê-lo em relação à fé. Por isso, as cenas eram representadas de maneira a capturar o momento mais importante da ação dramática que se destacava em razão de contrastes chamativos de luzes e sombras, o que tornava o efeito de uma obra barroca imediato e extasiante.

Os artífices barrocos criaram ousados efeitos assimétricos e movimentos diagonais. Na arquitetura barroca formas e espaços são organizados com maior força, tendendo a fluir e a fundir-se. Além disso, há a combinação de três artes — pintura, escultura e arquitetura — produzindo um efeito único, o que pode ser visto nas igrejas erguidas com tal estilo. Embora o Barroco tenha se oposto ao Maneirismo do final do século XVI — quando os artistas preocupavam-se mais com o virtuosismo de que com os sentimentos — dele conservou certos elementos, como a intensa emoção e o senso de movimento, mesclando-os com mais dinamismo.

A arte barroca em sua forma mais pura apresentou-se apenas nos países católicos, principalmente na decoração das igrejas. Os principais países católicos em que este estilo floresceu foram: Itália, Espanha e as Flandres (que hoje são mais ou menos a atual Bélgica). Entre os países protestantes, a Holanda e a Inglaterra tiveram um papel de destaque neste estilo, principalmente na pintura. O escultor, arquiteto, decorador, pintor e desenhista Gian Lorenzo Bernini foi um dos nomes de destaque da escultura barroca.

Exercício
1.  O que sabe sobre o termo “barroco”?
2. Onde o Barroco surgiu e mais se desenvolveu? Por quê?
3. Quais eram as características do Barroco?

Ilustração: O Êxtase de Santa Tereza, 1652, escultura de Bernini

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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