Autoria de Lu Dias Carvalho
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O Barroco foi um estilo muito mais rico em possibilidades, sendo o desenvolvimento da pintura parecido com o da arquitetura em muitos aspectos. Ideias vistas no estilo anterior (Maneirismo) ganharam mais força: a ênfase sobre a luz e a cor, o desapreço pelo equilíbrio simples e a opção por composições mais complexas. Annibale Carracci (1560-1609) e Michelangelo Meresi da Caravaggio (1573-1610) — dois mestres italianos — foram os grandes responsáveis pelo início do período Barroco, tendo deixado uma grande contribuição para a arte da pintura.
Carracci e Caravaggio chegaram a Roma — ambos vindo do norte da Itália — e logo se tornaram o centro das discussões entre os eruditos sobre a sua maneira de exercer sua arte. Ao que parecia, os dois artistas buscavam sobrepujar o refinamento maneirista.
Carraci fazia parte de uma família de pintores e havia estudado a arte de Veneza e a de Corregio e em Roma e encantara-se com as obras de Rafael. A sua pintura à esquerda – Pietà –, apresentando a Virgem chorando com o filho morto no colo, mostra como o artista faz a luz incidir sobre o corpo de Cristo, apelando para as emoções do observador. Sua obra é simples e harmoniosa no arranjo, lembrando a de um pintor renascentista, porém imbuída de apelo emocional. Sua escola foi responsável por ressuscitar a pintura de histórias e mitos clássicos e também por criar belos retábulos.
Caravaggio por sua vez, buscava retratar apenas a verdade, fosse ela considerada bonita ou feia, considerando uma franqueza indigna o fato de ignorarem-na. A ele não interessavam os modelos clássicos e tampouco tinha apreço pela “beleza ideal”. Alguns chegavam a suspeitar de que seu intuito fosse o de escandalizar o público, uma vez que não nutria nenhuma deferência por qualquer tipo de beleza ou tradição, sendo acusado de ser “naturalista”. A sua obra e a de Carracci tomavam rumos cada vez mais distintos. Enquanto ele se atinha a retratar a verdade, o outro mostrava-se mais delicado sentimental.
A pintura à direita – A Dúvida de Tomé –, obra de Caravaggio, mostra os três apóstolos olhando a ferida de Jesus e um deles nela enfiando um dedo. Para alguns, tal obra pode ter parecido desrespeitosa, uma vez que os apóstolos nunca foram vistos assim em relação ao Mestre. Mas imbuído de uma honestidade tocante, Caravaggio apresenta-os como pessoas comuns (o que realmente eram), trabalhadores com seus rostos envelhecidos pelo tempo, como mostram as rugas na testa. O gesto de tocar a ferida de Cristo é feito por Tomé, o Incrédulo, conforme reza a Bíblia em S. João XX, 27. Em suas obras as figuras dos textos antigos parecem reais e palpáveis, o que é reforçado pela maneira como o artista trata a luz e a sombra, não para embelezá-los, mas, para mostrá-los como de fato são. Em sua época foram poucos os que apreciaram a sua arte.
Na época em que Carracci e Caravaggio trabalharam em Roma, essa era tida como o centro cultural do mundo civilizado. Ali chegavam artistas de todas as partes da Europa, participando das discussões, estudando os mestres do passado e buscando apreender todas as inovações artísticas. Retornavam a seus países levando uma grande bagagem. A cidade de Roma também oferecia o melhor lugar para observar a pintura nos países que se vincularam ao catolicismo romano.
Exercício
1. A quais ideias do Maneirismo o Barroco deu maior ênfase?
2. Quais os dois grandes mestres italianos responsáveis pelo início do Barroco?
3. O que sabe sobre Caravaggio?
Fonte de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich
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Lu,
Esplêndidas e atemporais obras, os dois mestres da pintura superam em tudo: leveza, emoção avivadas pelo claro-escuro suavizando e realçando as cores. Também as expressões têm um realismo admirável.
Antônio
Carracci e Caravaggio são dois grandes nomes do Barroco, embora se pareçam bem diferentes no modo de expressar sua arte.
Abraços,
Lu
Lu
Esses dois mestres, Carracci e Caravaggio, provenientes do norte da Itália, sem dúvida alguma foram os ícones da arte barroca, originária da Itália, no período da Reforma protestante. Suas obras tiveram grande importância no combate às ideias luteranas, através de trabalhos artísticos de predominância religiosa, com detalhes bem definidos, com forma arredondada, diferenciando das obras renascentistas, que eram mais geométricas. Havia uma ligação muito grande entre a pintura, a escultura e a arquitetura, tudo se integrava em beleza e forma.
A natureza e o censo de realidade comungavam muito bem para elaborar os temas das obras barrocas. Utilizava-se a luz e a sombra, juntamente com cores fortes, com o dourado para enriquecer mais ainda as obras, lembrando que a natureza é dual, como o sol que nasce de manhã e à noite se põe, nascimento e morte, felicidade tristeza, bem e mal, enfim, as antíteses são infinitas no universo e na existência humana. E a arte, com seu poder de elucidação, é capaz de mostrar, através de temas diversos, a realidade e suas peculiaridades no contexto da vida dos povos em vários períodos históricos.
Hernando
Também considero Carracci e Caravaggio dois grandes mestres do Barroco. Impressiona-me, sobretudo, as obras do segundo. Tive a oportunidade de conhecer suas obras numa exposição em Belo Horizonte e fiquei literalmente extasiada. Seu compromisso com a verdade é algo arrebatador. Teremos a oportunidade de estudar algumas de suas obras.
Abraços,
Lu