A IMPORTÂNCIA DAS MARÉS (I)

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Você já deve ter ouvido falar em marés.  Maré é a subida e descida do nível do mar que acontece de maneira regular e periódica. Por que nos pode interessar saber sobre isso? Há várias razões de ordem prática muito importante. A primeira tem a ver com a operação de todas as embarcações que estão operando próximo da costa e que podem encalhar se estiverem navegando em lugar cuja profundidade é menor ou igual que o seu calado (distância vertical entre a linha de flutuação e a parte inferior da embarcação). É uma questão de segurança, tanto mais importante quanto maior o tamanho da embarcação. Para um pequeno barquinho, que você pode arrastar, isso pode não ter nenhuma importância. Para uma embarcação comum isso pode significar, pelo menos, sofrer sérias avarias, além de encalhar. Para um grande navio isso pode frequentemente condená-lo a morte. Se você imagina o enorme peso de um grande petroleiro carregado, bem pode imaginar e dificuldade de arrastá-lo se encalhado. Mais grave ainda é o comprometimento de sua estrutura, projetada e feita para que seu peso seja uniformemente distribuído ao longo de todo seu corpo. É por essas razões que as autoridades marítimas publicam todos os anos uma tábua das marés com as horas e alturas da maré em todos os portos de seus países e em muitos outros.

Essas publicações que se chamam tábuas das marés são publicadas para o ano seguinte e preveem a hora e o minuto tanto da preamar (maré cheia) quanto da baixa-mar. Essa previsão é feita para a hora e o minuto do ano seguinte e com uma precisão de decímetro. Isso quer dizer que a tábua das marés prevê para cada porto, um ano antes, se a preamar  vai ser, por exemplo, de 1,5m ou 1,6m. Em relação à hora, a previsão tem a precisão do minuto: se vai acontecer às 11:52h ou 11:53h, por exemplo. Esses dados só importam quando se está  navegando em águas cuja profundidade pode ser igual ou menor que o calado de nossa embarcação. Quando se está navegando em águas oceânicas e muito profundas não se percebe nem importam as marés. Se estamos navegando em águas que tem centenas ou milhares de metros de profundidade não se percebe nem importa a alteração de profundidade devida às marés.

Todos os seres vivos, que habitam a orla marítima, sempre sentiram a forte influência das marés. Há uma grande quantidade de vida que habita os limites entre o mar e a terra e que se desenvolve em função do fluxo (avanço) da maré e de seu refluxo (recuo). A amplitude desse movimento e sua duração condicionam a sobrevivência de muitas espécies. Os pescadores e sua relação de intimidade com o mar e com o comportamento dos peixes tem tudo a ver com as marés. Todos os povos que têm vivido na orla do mar têm seus costumes e sua cultura muito ligados aos ciclos das marés. Em algumas desembocaduras de grandes rios, como no Amazonas, as marés produzem também um ruidoso e violento embate entre as águas do rio e do mar: é a pororoca.

Todos os nossos ancestrais que viveram a beira-mar sempre conheceram o fenômeno das marés. Desde a antiguidade também se havia percebido uma estreita relação entre as marés e as fases da Lua. No entanto, a explicação científica só se tornou possível a partir da equação da gravitação de Newton (Isaac Newton (1642-1727). Essa equação diz: dois corpos se atraem na razão direta de suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que os separa. Essa foi a mais retumbante de todas as descobertas feitas pelo gênero humano. Nenhuma outra teve tantas consequências e desdobramentos. Com ela ficavam explicados muitos fatos até então misteriosos e não entendidos. Ficava claro, física e matematicamente um grande número de fenômenos importantes para se entender o funcionamento do Mundo. A partir daí se podia entender a queda dos corpos, a razão por que os copos celestes são esféricos, porque a Lua se mantém em órbita da Terra, porque a Terra e os planetas orbitam ao redor do Sol, porque cometas têm órbitas tão excêntricas e muitas outras coisas. Entre essas outras coisas estava também a explicação para o fenômeno das marés.

Nota: leia também: (links)

TERRA E LUA BRINCANDO DE CORRUPIO (II)

A LUA EXERCE EFEITO SOBRE OS SERES VIVOS? (III)

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Kooning – MULHER III

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Autoria de Lu Dias Carvalhokoo1

Alguns artistas atacaram-me por pintar mulheres, mas eu acho que isso era problema deles, não meu. Não me sinto nada como um pintor não-objetivo. (Kooning)

Nada é certo sobre a arte, exceto de que é uma palavra. Toda a arte se torna literária. Ainda não vivemos num mundo em que tudo é evidente. É muito interessante verificar que muitas pessoas, que querem saber o que diz uma pintura, nada mais fazem que falar sobre ela. Porém, não é uma contradição. A arte é eternamente muda e dela se pode falar eternamente. (Kooning)

A composição denominada Mulher III é uma obra do artista figurativista holandês Willem de Kooning, pintor do expressionismo abstrato. Ele era também escultor e desenhista. Radicado nos Estados Unidos, e um dos principais nomes do abstracionismo naquele país, a temática favorita de sua obra era a mulher.

A pintura Mulher III, que posa de pé, faz parte de uma série de seis pinturas, feitas entre 1950 e 1953, cujo tema central é a figura feminina. Entre 1970 e 1994, esta obra fazia parte de um museu de arte contemporânea em Teerã (Irã), mas, a partir da revolução islâmica, em 1979, ela foi proibida de ser exibida. Em 1994 foi negociada debaixo dos panos. E em 2006, seu novo dono vendeu-a para um bilionário, transformando-a na quarta pintura mais cara, à época, até então vendida no mundo.

Quando a série foi exposta por Kooning, em 1953, vários artistas e críticos de arte não gostaram do que viram, alegando que o pintor havia “traído os ideais da abstração”. O artista argumentou que havia sido inspirado pelas figuras da Mesopotâmia, com seus seios fartos, olhos arregalados e boca sorridente.

Ficha técnica
Ano: 1953
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 172.7 x 123,2 cm
Localização: coleção particular

Fontes de pesquisa
http://www.nytimes.com/2006/11/18/arts/design/18pain.html
http://www.thelovelyplanet.net/woman-iii-by-william-de-kooning/
http://nga.gov.au/international/catalogue/Detail.cfm?IRN=47761

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O CANGAÇO DE LAMPIÃO

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Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Talvez o assunto do cangaço e as bárbaras proezas de “Lampião” tenham sido mais insistentes e frequentes durante minha infância no Rio. Era muito frequente o comentário sobre as tentativas das “volantes” em capturar o “bando” que atemorizava e, muitas vezes, barbarizava especialmente os fazendeiros do Nordeste.

Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, com sua companheira Maria Bonita sempre escapavam e levavam “a melhor” no confronto com as patrulhas do exército. Isso trazia não só intranquilidade como deixava visível a miséria do Nordeste. Lampião, para muitos, era uma espécie de “Robin Hood” tropical diante da pobreza e degradação nordestina na época dos grandes fazendeiros, os “coronéis”.

Esses episódios trágicos contribuíram para pôr em evidência a pobreza, a violência e a miséria reinantes numa grande região do Brasil, o Nordeste. Foram muitos anos de escaramuças entre o bando de “cangaceiros” e as “volantes”. Lampião e seu bando sempre levavam “a melhor”.

Finalmente uma patrulha, graças a uma delação, conseguiu emboscar e derrotar o grupo de Lampião.  Toda a liderança do grupo foi morta e decapitada. Lembro-me da fotografia de jornal em que apareceram todas as cabeças, cortadas e expostas numa tábua como “prateleira”, de Lampião, Maria Bonita e de seus “cangaceiros”. Era um golpe fatal no cangaço que havia aterrorizado o Nordeste durante as primeiras décadas do século XX. Essa foi uma, sem dúvida a principal e mais chocante, das notícias que vi e de que me lembro, pouco antes que nossa mudança deixasse, por anos, o Rio de Janeiro, em 1938.

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Imagem: Cangaceiro, obra de Portinari

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Francis Bacon – TRÊS ESTUDOS DE LUCIEN FREUD

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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É uma verdadeira obra-prima e uma das mais excepcionais pinturas leiloadas nesta geração. Um ícone incontestável do século XX, que marca o relacionamento de Bacon e Freud, em homenagem ao parentesco criativo e emocional entre os dois artistas. (Francis Outred de Christie)

A obra conhecida como Três Estudos de Lucian Freud encontra-se entre as 50 pinturas mais famosas do mundo. Trata-se da mais importante composição do pintor britânico figurativo Francis Bacon, cujo trabalho é tido como corajoso, austero e algumas vezes grotesco. Sua fama deveu-se, sobretudo, ao preço exorbitante pela qual foi vendida em 2013 (142,4 milhões de dólares), batendo o recorde de obras de arte leiloadas até então.

Três Estudos de Lucian Freud é um tríptico composto por telas do mesmo tamanho e emolduradas individualmente, que retrata o pintor Lucian Freud (neto de Sigmund Freud), grande amigo de Bacon, tendo um exercido grande influência sobre o outro. Os três painéis foram trabalhados ao mesmo tempo, mas foram vendidos separadamente em meados de 1970, após o tríptico ser exposto no Grand Palais/Paris (1971-1972), para tristeza do artista, que dizia que ficavam “sem sentido, a menos que um estivesse unido aos outros dois painéis.”. Mas em 1999 o trabalho voltou à sua forma original.

Na composição, o artista distorce as formas nos três painéis, usando um estilo abstrato. Lucian Freud é pintado em posições ligeiramente diferenciadas, sentado numa cadeira de madeira, com fundo entrelaçado de palhinha, dentro de uma gaiola. O fundo das três composições é alaranjado e o chão manchado de marrom, cor que prevalece com mais intensidade no primeiro painel e que vai evanescendo até quase desaparecer no terceiro. Atrás de cada cadeira vê-se uma cabeceira de cama. Francis Bacon revela uma gama de emoções em seu tríptico, como angústia, medo, violência, inquietude, etc.

Os colecionadores da China, Rússia e Oriente Médio têm elevado o valor das obras contemporâneas às alturas. Cada leilão bate o recorde de valor de obras anteriores. A pergunta que nos vem à cabeça é: Como há gente com tanto dinheiro? Essa demonstração de riqueza e vaidade chega a ser um desrespeito aos demais viventes do planeta Terra, pois  uma obra de arte não pode valer tanto.

Ficha técnica
Ano: 1969
Técnica: pintura a óleo
Dimensões:198 x 147,5 cm
Localização: Coleção particular

Fontes de pesquisa
https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/estudos-de-freud-de-francis-bacon
https://en.wikipedia.org/wiki/Three_Studies_of_Lucian_Freud

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TRANSTORNOS MENTAIS E EXTREMISMO RELIGIOSO

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Autoria de Ster Nascimento*

      

Ah, se eu tivesse encontrado este cantinho há mais tempo!

Sofri boa parte da minha vida com a ansiedade. Há 6 anos travo uma luta intensa com a síndrome do pânico (SP). Venho de uma família religiosa que sempre atribuiu meus problemas à “falta de Deus” e às  “coisas espirituais”. Mal sabiam eles, que foi essa criação exageradamente religiosa que engatilhou a maioria das minhas crises. Medo do “mal”, de não estar “protegida por Deus”, de “perder a minha alma”, de “coisas sobrenaturais”. Lembro-me de que, por quase um ano, quando me encontrava na pior fase do pânico, quando via uma igreja, cruzava a rua, com medo de passar por perto. Até hoje, quando estou dentro de um templo religioso, sinto minhas mãos suarem e a pressão cair, e fico alarmada o tempo inteiro. E quando alguém lê ou fala algo referente ao sobrenatural, pronto! O gatilho é acionado, e a crise começa imediatamente.

É inacreditável como nos tornamos prisioneiros de nossa mente em razão de nossos tabus. Mais triste ainda é o fato de a maioria das pessoas não entender nada sobre o assunto. E, por desconhecerem-no ou por preconceito, acabam nos fazendo sentir piores do que nos encontramos. Isso me levou a demorar muito para começar o tratamento psiquiátrico. Eu sentia  medo de não ser compreendida. Medo de ser algo puramente espiritual, medo de estar desagradando tanto a Deus, a ponto de o mal estar sempre me rondando. Mas graças a esse mesmo Deus, que me fez compreender que Ele age através das pessoas, dos médicos e também dos medicamentos, encontrei alguém com o mesmo quadro que eu. Alguém que também foi criado com uma religiosidade conservadora e extremista, e que trazia sequelas como a minha, ou seja, o medo extremo do “mal” e as tão persistentes e desesperadoras crises de pânico! Essa pessoa esclareceu-me sobre o tratamento psiquiátrico, e como isso mudou sua vida.

Encontro-me no começo do meu tratamento! Ainda sofrendo o gostinho dos efeitos adversos. Sei que todos os antidepressivos trazem-nos. Às vezes tudo piora e os pensamentos ruins intensificam. A ansiedade parece ficar pior. Mas eu não ligo! Juro que não! Eu só não quero ter mais “medo”. Eu passo por qualquer coisa, para conseguir dobrar os meus joelhos e agradecer a Deus, sem o medo doentio que ainda me acomete. Quero poder entrar na casa dEle, sem desespero, imaginando que algo ruim possa me acontecer. Com o resto terei paciência. Eu só não aguento mais carregar este MEDO que me apavora e aprisiona.

*Dona do blog Desventuras de uma Cacheada

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Leutze – WASHINGTON CRUZANDO O DELAWARE

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Washington Cruzando o Delaware, obra do pintor Emanuel Gottlieb Leutze, que nasceu na Alemanha, mas cresceu nos Estados Unidos, é uma das mais famosas obras dos Estados Unidos da América.

A pintura mostra o General George Washington, comandante do Exército Continental, e, que viria a tornar-se o primeiro presidente dos Estados Unidos, à frente de seu exército, lutando pela libertação da então colônia inglesa, na Batalha de Treton, Nova Jersey, cruzando o rio Delaware.

O pintor Emanuel Gottlieb Leutz (1816-1868), ao voltar para a Alemanha, já adulto, com o objetivo de estimular reformistas liberais na Europa, tomou como exemplo a Revolução Americana. Pintou seu quadro usando turistas americanos e estudantes de arte como modelos. Porém, a primeira versão foi estragada pelo fogo no estúdio do pintor, sendo posteriormente restaurada. Mas durante a Segunda Guerra Mundial, num bombardeio à Alemanha, feito pelos britânicos, a obra foi destruída. O artista pintou outra versão do quadro, que passou por diversas mãos, até ser doado ao Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque.

Existem na composição tons escuros, uma vez que a travessia deu-se de madrugada, contudo, há inúmeros destaques vermelhos, amarelos, verdes, etc. Os barcos, que vêm atrás do usado por George Washington, dão profundidade à pintura, e põem em destaque aquele que leva o general, à frente. Washington mostra-se altivo, olhando para longe. Ao seu lado, segurando a bandeira enrodilhada pelo vento, está o tenente James Monroe, que também viria a ser presidente dos Estados Unidos. Sentado atrás, com a mão no chapéu, está o general Edward.

Os personagens, presentes no barco em que se encontra o comandante, representam a união das colônias americanas na luta pela independência. Entre os remadores, na proa, estão um homem com uma boina escocesa, de frente para o observador, e outro de ascendência africana (de perfil). Na polpa estão os atiradores, dentre eles dois agricultores, encolhidos pelo frio, com seus chapéus largos, sendo que um deles traz a cabeça enfaixada. Um dos remadores, de frente para o observador, é muito parecido com uma mulher. Usa uma veste vermelha e cachecol escuro. Outro, de costas para o observador, é um americano nativo, sua presença tem o objetivo de lembrar a exploração dos índios pela metrópole inglesa, e também representa a união de todo o povo da colônia.

O revolucionário, assentado na proa, tem a função de quebrar o gelo para a travessia da embarcação no rio de águas revoltas e perigosas. Sua bota empurra uma grande pedra de gelo. O homem atrás, na polpa, procura manter o curso do barco com seu remo. Apesar de ser a pintura muito bonita, o artista incorreu em alguns erros históricos:

• a travessia aconteceu à noite, mas luzes fantasmas são vistas de todos os lados, e ainda se vê o sol, que projeta a sombra do primeiro remador sobre a água;
• a bandeira representada é a original do país, mas, que não existia à época, só surgindo no ano seguinte. A correta deveria ter sido a da Grand Union, padrão do Exército Continental e a primeira bandeira nacional;
• o barco retratado não corresponde ao da época, sem falar que é muito pequeno para conter 12 pessoas e armas dentro, sem afundar;
• o pintor tomou o rio Reno como modelo, que congela diferentemente do Delaware. O primeiro congela irregularmente, em pedaços, enquanto o segundo o faz por inteiro, denso;
• o rio Delaware, atualmente chamado de Washington Crossing, é bem mais estreito do que o mostrado no quadro;
• chovia durante a travessia;
• cavalos e armas, numa campanha militar, não são conduzidos em barcos, mas em balsas; o cavalo branco ainda está sendo montado, dentro do barco;
• de acordo com a situação climática, com o rio cheio de pedras de gelo, era impossível a Washington manter-se em tal postura, pois poderia ser jogado na água com o balanço do barco. O pintor quis lhe dar uma pose de herói.

O artista é livre para fazer sua obra de acordo com o que imagina.

Ficha técnica
Nome: Washington Cruzando o Delawere
Autor: Emanuel Leutze
Ano: 1851
Dimensões: 378,5 x 647,7 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Museu Metropolitan, Nova York, EUA

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