Guardi – VENEZA: A GIUDECA COM…

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

adiuco

A composição denominada Veneza: A Giudecca com a Igreja das Zitelle é uma obra do pintor italiano Francesco Guardi (1712-1793), considerado um dos mais renomados pintores de vista (vedute) venezianos, arte que aprendeu com Giovanni Antonio, seu irmão. No início de sua carreira, o pintor tinha os retábulos como principal trabalho. Depois passou a pintar cenas atmosféricas de sua cidade, tendo como influência o trabalho de Canaletto e Michele Marieschi. Além disso, criou pinturas ilustrativas das grandes festas venezianas.

Para um melhor entendimento da tela, é preciso saber que a Giudecca é um pequeno arquipélago, e também o nome da sua ilha principal, ao sul do centro de Veneza, separadas do centro por um canal chamado Canale della Giudecca.

Pelo enquadramento da composição, presume-se que o artista estava a pintá-la de dentro de um barco, de onde podia pintar a fachada da igreja das Zitelle (Santa Maria della Presentazione) e também a cena que se desenrolava à sua frente, com barcos subindo e descendo, o esvoaçar de suas velas e os remos empurrando a água.

Ficha técnica
Ano: c. 1780-85

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 17,8 x 23 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

Views: 1

Gêmeas Siamesas – MILLIE E CHRISTINE McCOY

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

              

A formação embrionária de gêmeos acontece em dois casos. O mais comum, e que corresponde a dois terços dos casos de gestação gemelar, surge da fertilização independente de dois óvulos diferentes, não havendo qualquer possibilidade, portanto, de os bebês nascerem unidos.  O segundo caso é aquele em que um óvulo é fertilizado por dois espermatozoides, sendo esse o mais propício à malformação dos bebês, resultando, muitas vezes, em gêmeos coligados, popularmente conhecidos como “siameses”. O problema acontece quando a separação do embrião em dois não ocorre dentro de um período de 12 semanas, e as células passam a formar partes do corpo ou órgãos em comum.

 Os gêmeos siameses são idênticos. Muitos perguntam sobre a origem do termo “siameses”, denominação que também remete a uma raça de belos felinos. Este termo tem, sim, a ver com os gatinhos, pois a primeira ocorrência de gêmeos siameses foi registrada no Sião, na Tailândia, em 1811, onde também surgiram tais felinos. Os gêmeos siameses, unidos por alguma região do corpo, também são conhecidos como gêmeos xifópagos ou gêmeos conjugados. Embora raríssimos, já fora registrados casos de siameses triplos.

As irmãs siamesas afro-americanas Millie McCoy e Christine McCoy são um dos casos bem conhecidos sobre esse assunto. Oriundas de meados do século XIX, elas nasceram escravas. Seus pais eram escravos de um ferreiro de nome Jabez McKay, que, vendo nas irmãs siamesas uma fonte de dinheiro, vendeu-as a um agente, quando essas tinham apenas 10 meses. Com três anos de idade elas já eram uma atração em Nova York. A união das duas dava-se através da parte inferior da espinha dorsal. Quando crianças, elas se desequilibravam com muita frequência, mas, com o tempo, aprenderam a caminhar de lado, o que veio a transformar-se num estilo de dança, também. Até a adolescência tiveram que passar, muitas vezes, por exames públicos embaraçosos, para comprovar que não eram uma fraude. Anos mais tarde voltaram para a companhia da família.

Millie e Christine cantavam com o nome de “Rouxinol de Duas Cabeças”, dentre outros, em várias partes do mundo. Tinham uma boa formação, tendo aprendido a falar cinco línguas, além de cantar, dançar e tocar música. Tornaram-se muito ricas, morrendo aos 61 anos de idade, vitimadas pela tuberculose, sendo que Christine morreu 12 horas após a morte da irmã. O mais intrigante é que, apesar de unidas, ambas mantiveram, ao final da vida, atitudes independentes que, de certa forma, eram divergentes. Millie tornou-se uma adepta fundamentalista da Igreja Batista, doando parte de seus bens à denominação, enquanto Christine optou por gastar sua fortuna em diferentes formas de entretenimento.

Fontes de pesquisa
https://www.tuasaude.com/gemeos-siameses/

https://en.wikipedia.org/wiki/Millie_and_Christine_McKoy
Freaks – Aberrações Humanas/ Editora Livros e Livros
Little Known Black History Fact: Millie and Christine McKoy

Nota: as fotos trazem o nome dos fotógrafos.

Views: 22

Watteau – COMEDIANTES ITALIANOS

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Comediantes Italianos é uma obra do pintor e desenhista francês Jean-Antoine Watteau, que foi o primeiro e possivelmente o mais famoso dos pintores rococós. Os temas teatrais encontram-se presentes em muitos de seus trabalhos, pois o artista era muito interessado pelas obras literárias. Foi pintor de cenários de uma companhia de atores italianos em Paris. E esta é uma das telas mais famosas do criativo artista, pintada pouco antes de sua morte aos trinta e sete anos.

A trupe de quinze atores italianos é formada por homens, mulheres e crianças, organizados em dois degraus, possivelmente do teatro onde atuavam. Todos os personagens vestem trajes típicos do teatro de comédia. A presença de Pierrot, de pé, no centro da tela, a cortina vermelha puxada à esquerda e a postura de um dos atores com a mão direita apontando para o personagem originário da comédia italiana, leva o observador a pensar que o espetáculo esteja se iniciando ou sendo finalizado. As flores no chão  podem significar o agrado do público.

O Pierrot, o palhaço sentimental e ingênuo do teatro, sempre recusado pela heroína, é a figura principal na tela, destacando-se do grupo, principalmente pela cor branca cintilante de sua fantasia de cetim, que se contrapõe às dos demais. Traz os braços para baixo, presos juntos ao corpo. Sua fisionomia encerra certa tristeza. A mulher de pé a seu lado é possivelmente seu par nas histórias de amor. Outros atores do teatro cômico também se encontram na composição.

Ficha técnica
Ano: c.1720

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 64 x 76 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

https://www.nga.gov/content/ngaweb/Collection/art-object-page.32687.html

Views: 0

AS “BARATINHAS” E O CIRCUITO DA GÁVEA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

A  corrida  de  carros:  as  “baratinhas”,  como  eram  conhecidos  os carros de corrida, foi outro aspecto marcante dos anos trinta de minha infância no rio. Desde muito pequeno assisti a várias dessas corridas nos ombros de meu pai. Algumas vezes empoleirados nos andaimes de uma construção próxima às margens da corrida. A corrida era feita nas ruas do jovem bairro da Gávea. Não havia nem autódromo nem lugares especiais para os espectadores. A partida era dada na parte baixa da rua Marquês de São Vicente, próximo ao Jokey Club. O trajeto seguia pelo Canal do Leblon, depois de passar pela porta do Hotel Leblon, entrava na Avenida Niemeyer. Depois subia por uma estrada de terra, o “trampolim do diabo”, onde está hoje a favela da Rocinha, descendo pela estrada da Gávea e Rua Marques de São Vicente.

Também assisti à corrida de onde era dada a partida, na Rua Marquês de São Vicente, próximo ao canal do Leblon. Pelo Brasil corriam Manoel de Tefé, chamado de Barão de Tefé, em uma “baratinha” amarela e Irineu Correa. Aquele venceu em 1934. O segundo marcou o início do automobilismo brasileiro de competição. Muitas vezes, fora da corrida, essas baratinhas amarelas dos brasileiros eram vistas estacionadas na então rua Copacabana, entre o Lido e o “Copa”, em frente ao Atalaia, diante de meus olhos. Em 1935, o vencedor foi Irineu Correa. No ano seguinte aconteceu o trágico acidente em que ele morreu. Sua baratinha capotou e foi cair dentro do canal do Leblon. Assisti à corrida e ao grande tumulto que isso provocou.

A cada ano essa corrida tornava-se mais popular e arrastava multidões. A partir de 1935 a corrida ganhou mais prestígio com a chegada  de  grandes  nomes  do  automobilismo  internacional.  Em 1936 a Ferrari mandou um corredor com um nome que se tornaria lendário e sinônimo da alta velocidade: o italiano Carlo Pintacuda com sua “baratinha” vermelha. A Alemanha mandou Hans Stuck, o “Von Stuck”. Da França veio “madmoiselle” Helenice, com sua “baratinha” azul. Essa foi a primeira participação, talvez a única, de uma mulher numa corrida desse gênero. Seu carro quebrou e ela não conseguiu chegar ao fim da prova, mas marcou época e causou muito “frisson”. Sua aparição na praia de Copacabana, com maiô de duas peças, também deu o que falar. Creio que não havia escuderias como as de hoje. Os carros representavam os países por suas cores: amarelo, os brasileiros; vermelho, os italianos; azul, os franceses.

A Alemanha mandou um carro espetacular, capaz de muito maior potência, velocidade e com o aspecto de uma bala de fuzil: o “flecha de prata” da Auto Union. A essa altura, a Alemanha nazista já estava empenhada numa forte campanha de propaganda internacional. Aquele carro mais potente, mais reluzente e mais espetacular (Auto Union) deveria mostrar a “superioridade” da Alemanha. Não adiantou. O italiano Pintacuda, da Ferrari, ganhou a corrida e se transformou num ídolo e num ícone da velocidade. Esse prestígio popular manifestou-se nos anos seguintes numa das marchinhas de maior sucesso do Carnaval carioca: “Sou um ‘pintacuda’ pra beijar”.

 Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Imagem copiada de Quatro Rodas

Views: 32

Piero della Francesca – DÍPTICO TRIUNFAL

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria de Lu Dias Carvalho diptri

A composição Díptico Triunfal, também conhecida como Díptico do Duque de Urbino ou Battista Sforza e Federico da Montefeltro, é obra do pintor italiano Piero Della Francesca (c. 1416 – 1492), tido como um dos mais renomados pintores do início do Renascimento e um percussor da arte da perspectiva.  Ele foi redescoberto no século XIX por artistas, historiadores, críticos e colecionadores, como aconteceu com Sandro Boticelli e Jan Vermeer, tornando-se hoje um dos artistas mais conhecidos e admirados do Renascimento italiano. O uso que fez da cor, luz, perspectiva e precisão matemática, para obter clareza, calma e qualidade monumental continuam extasiando aqueles que têm acesso às suas obras que impressionam pela serenidade, grandeza e exatidão matemática.

O díptico mostra o casal ducal e governante de Urbino — O Duque Federico II e sua esposa Battista Sforsa — ambos de perfil, um voltado para o outro. No reverso as duas figuras estão pintadas em carros triunfais, estando ele acompanhado pelas virtudes cardinais e coroado pela vitória; e ela guardada pelas virtudes teologais e outras figuras alegóricas, representando a chegada dos dois à cidade de Urbino. Trata-se de uma pintura comemorativa em que a composição assemelha-se à tradição do medalhão. É um dos primeiros retratos do Renascimento.

A duquesa apresenta-se à esquerda e o duque à direita, pois nesta posição não se nota a ausência do olho direito do mandatário. Ambos estão eretos e imóveis. A duquesa usa um vestido escuro, cuja austeridade é quebrada apenas pela manga de brocado dourado, onde se encontram estilizadas pinhas e romãs, simbolizando a fertilidade e a imortalidade. Um luxuoso colar de pérolas com três voltas, do qual pende um enorme medalhão avermelhado, ornamenta seu pescoço. Atrás do colar de pérolas também está um grosso colar feito de pedras e ouro. Sua testa está raspada de acordo com a moda da época e seu cabelo ornamentado num belo penteado composto por tranças, fitas e joias. O conde usa um chapéu cilíndrico e um manto vermelho e mostra ombros agigantados. Seu nariz adunco e verrugas são mostrados realisticamente.

Alguns estudiosos presumem que o retrato da duquesa foi pintado quando ela já se encontrava morta, cerca de sete anos depois. Ela morreu ainda muito jovem, aos 26 anos de idade. O pintor pode ter se baseado em sua máscara mortuária para fazer o retrato. Os tons mais fortes e quentes apresentam-se em primeiro plano, mas vão esvaecendo à medida que se distanciam, trazendo a sensação de profundidade. As duas paisagens ao fundo, embora idealizadas, aludem às terras do ducado, e encontram-se em perfeita simetria. Esta paisagem em retratos é uma inovação na pintura italiana, mas de influência flamenga.

Ficha técnica
Ano: c. 1465

Técnica: têmpera e óleo sobre madeira
Dimensões: 47 x 33 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2014/03/analise-da-obraduplo-retrato-
https://es.wikipedia.org/wiki/Díptico_del_duque_de_Urbino

Views: 14

TIRANDO LEITE DE ÉGUA

Siga-nos nas Redes Socias:
FACEBOOK
Instagram

Autoria do Prof. Rodolpho Caniato

Era um fim de tarde. Eu e meu pai estávamos sentados na grama, perto da porteira, depois de realizadas todas as tarefas do dia. Nossa casa ficava à beira de uma estrada interna por onde passava gente a pé, com charretes, carroças ou a cavalo. Durante o dia, grandes carroções de carga de lenha, puxadas por três parelhas de mulas passavam em frente de nossa casa. Vinham carregadas de lenha para alimentar os fornos das olarias da região, que ainda tinha grandes manchas de mata Atlântica, que ia sendo derrubada para alguma nova lavoura, embora num ritmo nada parecido ao de hoje. Ainda por lá ninguém usava nem conhecia motosserra.  Era tudo no machado.  Enquanto olhávamos o raro movimento em frente de casa, passou o Dito Capuxo, filho do velho Capuxo. Vinha trotando, montado em pelo numa égua branca. Diante de nós, e já nosso conhecido, parou e ofereceu a égua por 120 contos.

Entre tantas virtudes dessa égua, a Branquinha, a mansidão era a maior. Mas segundo o vendedor, ela “tava mojano”, isto é, aumentando o úbere em vésperas de ter cria.  A barriga era realmente maior que o habitual. Além da barriga grande, era visível o úbere entumecido. A ideia de que pudesse nascer um cavalinho em casa era muito simpática a meu pai e para mim era um verdadeiro sonho. Depois de muito negociar, o Dito deixou a égua por 100 contos de réis e foi embora a pé. A Branquinha ficou imediatamente aos meus cuidados. Durante todos os anos que ficamos no sítio, essa égua foi um animal querido pela utilidade, tanto na montaria quanto na carroça e, sobretudo, pela mansidão. Eu a montava sempre em pelo no trabalho com nosso pequeno rebanho.

Numa viagem que tive que fazer para mais longe, mais de uma hora a cavalo, para levar algo para meu tio Nino, meu pai me aconselhou que usasse um arreio. No meio dessa viagem, ao passar pelo Traviú, uma senhora, a “tia Clementina”, chamou-me a atenção para a barrigueira que estava frouxa. O arreio e eu podíamos cair. Eu logo respondi que não podia apertar a barrigueira porque a Branquinha estava “esperando cavalinho”. Várias décadas depois essa senhora lembrava a admiração que lhe causou aquele encontro. Naqueles tempos, naqueles lugares, esses eram assuntos só “de gente grande”. Era muito estranho que um moleque se preocupasse com uma barriga “prenha”.

A Branquinha nunca deu cavalinho nenhum. A barriga grande era só de capim. Mas eu fazia demonstrações de ordenha, fazendo esguichar leite de suas tetas. As pessoas não acreditavam e me pediam que mostrasse. Durante anos ela manteve o leite sem ter cria. Tanto esse animal nos foi útil e querido que, numa viagem a São Paulo, meu pai procurou e encomendou uma consulta de um veterinário do Instituto Biológico de São Paulo. Depois de examinar a Branquinha, ele receitou um vermífugo. A dose foi tão forte, que a égua passou vários dias, imóvel, com febre, em pé dentro da água do nosso açude. Passada a febre e o efeito do remédio, felizmente para todos nós, a Branquinha voltou à sua normalidade, mas com a mesma barriga de antes.

Nota: Extraído do livro “Corrupira”, ainda inédito, do autor.

Views: 3