Pieter J. Elinga – MULHER LENDO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor holandês Pieter Janssens Elinga (1623–c.1682) era filho do também pintor Gisbrecht Janssens que, supõe-se, foi o responsável por sua formação artística É reconhecido por suas pesquisas com luz, elementos arquitetônicos e a famosa câmara escura. Foi um ativo pintor de cenas de gênero, trabalhando com os efeitos da perspectiva e naturezas mortas. Sofreu influência dos pintores Pieter de Hooch e de Willem Kalf.

A composição Mulher Lendo é uma das famosas obras do artista, que chama a atenção, sobretudo, pela colocação da luz. Elinga apresenta uma cena de interior, na qual uma mulher, sentada numa cadeira de madeira, entretida na leitura de seu livro, encontra-se de costas para o observador. Ela está sozinha num amplo ambiente que repassa intimidade e quietude. A sua imobilidade e a não visão de seu rosto reforçam o silêncio presente no local, envolvendo tudo em derredor.

Em primeiro plano vê-se um par de chinelos vermelhos que introduz o observador no ambiente. Esse tanto pode pertencer à leitora, como a outro membro da casa. À direita, sobre uma cadeira de madeira, com encosto e assento vermelhos de couro, está uma bacia de cerâmica com três maçãs. Ao pé da cadeira vê-se uma almofada escura. No canto, próximo à janela, vê-se outra cadeira semelhante. No meio das duas encontra-se um armário escuro, coberto com uma toalha preta. Acima, na parede, são vistos dois quadros, parecidos com oratórios. À esquerda, atrás da mulher, sendo possível dela divisar apenas uma pequena parte, uma cadeira (ou seria uma cama?) contém um tecido escuro sobre ela.

Ao fundo quatro grandes janelas fazem parte do ambiente. Como são simétricas, levam-nos a crer que duas outras estejam escondidas, sendo o quarto bastante espaçoso, de modo que o espelho dividi-lo-ia ao meio. As três janelas de baixo estão escuras e as de cima iluminadas. O telhado, assim como o piso, é feito de madeira. A fonte de luz vem da esquerda, como mostram os belos matizes de seus reflexos no seu avental branco, em parte da touca e braços, na parede à direita, no assoalho. A luz vista na tela é preponderante e torna una toda a narrativa da composição.

Ficha técnica
Ano: ?
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 75 x 62 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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PROVÉRBIOS – OU É CORNO OU É COVA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

marido

Existem muitas culturas, ainda, em que o dote é uma regra comum, tendo o noivo que pagar à família da escolhida um determinado valor. Assim, o casamento entre meninas e homens bem mais velhos é muito aceito pelas famílias das garotas. Rezam os provérbios que  “A juventude do ancião está na sua carteira”, uma vez que “Um homem rico nunca está velho para uma jovem”. Fica claro que o poder aquisitivo do macho velho é o que conta na união, pois ele pode ofertar aos pais um bom dote, coisa que o macho jovem muitas vezes não pode. Muitos provérbios, contudo, alertam para o perigo deste tipo de união, fazendo troças.

  • Homem velho e mulher nova resultam em corno ou cova. (Brasil)
  • O velho que se casa com uma jovem, compra um livro para outro ler. (EUA)
  • Velho casado com jovem não se afasta de casa. (Porto Rico)
  • Um velho é uma cama cheia de ossos. (Reino Unido)
  • Quando um velho casa com uma jovem, a morte desata a rir. (Israel e Rússia)

Há provérbios, porém, que se opõem ao casório, seja lá de que tipo for. Alertam as mulheres para o fato de que o casamento não é lá grandes coisas, apesar da vontade que toda moça tem de se casar. Eles são bem claros na tentativa de alertar as casadoiras acerca do que lhes espera.

  • O casamento é como uma armadilha: os que estão dentro querem sair e os que estão fora querem entrar.
  • Se a jovem soubesse o que sabe a mulher casada, nunca se casaria.
  • Chorava, porque queria se casar e, quando se casou, continuou chorando.

Quanto mais machista é a cultura, mais ela deixa claro que  que a mulher é a única beneficiada no casamento. Coloca-a na condição de uma pessoa incapaz, impossibilitada de conduzir a  própria vida. Para existir ela precisa de um homem ao lado e, por isso, deve ser submissa e devotar toda a sua vida a ele em agradecimento.

  • Uma mulher só é esposa através do marido.
  • O casamento é uma proteção para a mulher.
  • O prazer da mulher é seu marido.
  • O barco segue o leme, a mulher segue o homem.

Ainda na defeza do homem, tais culturas alardeiam o sofrimento do macho, ao ter que manter a mulher, como se ela fosse um peso morto em sua vida.

  • Manter uma vaca requer muita grana.
  • É mais barato encontrar uma mulher do que mantê-la.
  • Compra uma garota, antes de comprares um pássaro.
  • Um mau marido às vezes é um bom pai, mas uma má esposa nunca é uma boa mãe.

Fonte de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Provérbios e Ditos Populares/ Pe. Paschoal Rangel

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OS PROVÉRBIOS NA IDADE MÉDIA

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Autoria de Lu Dias Carvalhotu

Os egípcios, no terceiro milênio a.C., são as primeiras fontes conhecidas sobre provérbios, tidos entre os hebreus e os aramaicos como a palavra do sábio. No século VI a. C., tornaram-se conhecidas as Palavras de Aliqar e no século IV a. C., os Provérbios de Salomão. Entre os gregos, as máximas aparecem nas obras de Platão, Aristóteles e Ésquilo, por exemplo. Na China e entre os sumérios, os adágios são frequentemente encontrados. Na Antiguidade Clássica, vamos encontrá-los nas obras de Aristóteles, Demócrito, Sófocles, Catão, Cícero e Publílio Siro, entre outros.

Através do estudo dos clássicos gregos e latinos, a Idade Média foi um rico celeiro para o cultivo dos provérbios, cujo prestígio fez com que eles servissem de base para os exercícios gramaticais nas escolas da época.  A partir de então grande número deles foi transmitidos por autores ligados ao cristianismo. A base de todo o pensamento medieval foi a Bíblia.

Os provérbios atravessam gerações, como uma herança cultural de conselhos práticos sobre a vida, tendo por base a experiência e a sabedoria dos antigos. Por isso, são usados sempre no presente, sugerindo atemporalidade. Abaixo, alguns provérbios da Idade Média, do mestre Raimundo Lúlio* (Ramon Llull) que nasceu no ano de 1232 e morreu em 1313:

  1. Aquele que briga com Deus é vencido.
  2. Ao acusarem-te com o mal, responde com o bem,
  3. Ama teu patrão para que o possas servir sem esforço.
  4. Não creias em parentes que amam mais teus bens que tua pessoa.
  5. Confia mais em teu parente pelo bom costume que pelo parentesco.
  6. Ama mais em tua mulher a bondade que a beleza.
  7. Com amor sê íntimo da boa mulher e com temor da má.
  8. Não faças companhia ao homem avarento e orgulhoso.
  9. Não faças companhia ao homem que rapidamente muda de opinião.
  10. O companheiro que louva teu vício não é leal.
  11. Com o bom vizinho sê íntimo em tua casa e com o mau, no caminho.
  12. Não digas a teu vizinho o que comes em tua casa.
  13. Não fales mal daquilo que teu vizinho ama.
  14. Que o mau vizinho não conheça os segredos de tua casa.
  15. Não sejas íntimo do inimigo de teu amigo.
  16. Quem possui um bom amigo, tarda a ter necessidade.
  17. Quem sempre se lembra do inimigo, frequentemente tem paixão.
  18. Não multipliques o poder e a ira de teu inimigo.
  19. Torna teu inimigo estranho aos teus olhos e aos teus ouvidos.
  20. Não tenhas inimizade por pouca coisa.
  21. Acostuma teus pés aos bons costumes e as mãos às boas obras.
  22. A justiça e a injúria estão todo tempo em guerra.
  23. A prudência e o caráter são parentes.
  24. Com a prudência conheces a ti mesmo.
  25. Quando fores convidado, convide a temperança.
  26. Coloca a temperança em todos os teus feitos.
  27. Não deixeis ocioso o dom que possuis.
  28. Não podes ter melhor riqueza que a caridade.
  29. Quem vende caridade não compra nada.
  30. Não desejes ter honra sem a verdade.
  31. Todas as mentiras não valem uma verdade.
  32. Quem não crê na consciência não crê em si mesmo.
  33. A humildade que existe pela força não é sã.
  34. Com a humildade humilhará o orgulhoso.
  35. A piedade desculpa e não acusa.
  36. O homem paciente não é vencido.
  37. A obediência injusta faz doente a tua alma.
  38. Não obedeças a teu corpo sem o conselho da tua razão.
  39. O homem desleal pouco se desculpa.
  40. Não does a quem não doa.
  41. Doa, porque doar multiplica.
  42. Quem não persevera não caminha.
  43. Se fizeres descortesia te assemelharás a uma besta.
  44. Sem a humildade não podes ser cortês.
  45. A cortesia tem amigos em muitos lugares.
  46. Quem não tem caridade é avaro.
  47. Todo homem avaro é ladrão.
  48. O homem avaro inveja todos os seus vizinhos.
  49. Não sejas glutão e serás sadio.
  50. Todo glutão vive pouco.
  51. A mulher do luxurioso não tem paz.
  52. O homem orgulhoso ao mentir jura que diz a verdade.
  53. A alma ociosa no bem é diligente no mal.
  54. Quando a diligência come, a ociosidade jejua.
  55. A inveja não dá de graça.
  56. Não confies no homem invejoso.
  57. Não confies teus bens a um invejoso.
  58. O invejoso ama mais o que não tem do que o que tem.
  59. A ira afasta a prudência do homem.
  60. Se repreenderes o homem irado tu te tornarás irado.
  61. Com o homem irado é melhor calar que falar.
  62. Foge do homem irado e fugirá do mal.
  63. Considera muito e fala pouco.
  64. Pensa na finalidade da palavra antes de dizê-la.
  65. A palavra é a imagem da semelhança do pensamento.
  66. Não fales muitas palavras de ti.
  67. Se fores rico faze os outros ricos.
  68. A riqueza de Deus é o bom homem.
  69. Podes ser mais rico dando do que tomando.
  70. Bons costumes são grandes riquezas.

*Raimundo Lúlio ou Raimundo Lulo (Ramon Llull em catalão; Raimundo Lulio em espanhol; Raimundus ou Raymundus Lullus em latim) foi o mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Foi um prolífico autor também em árabe e latim. É beato da Igreja Católica. (Wikipédia)

 Fonte de pesquisa:
O Livro dos Mil Provérbios / Raimundo Lúlio

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Vídeo – A FLAGELAÇÃO DE CRISTO – Piero della Francesca

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Autoria de Lu Dias Carvalho

A Flagelação de Cristo, obra do pintor Piero della Francesca, é tida como uma das mais importantes obras-primas da pintura italiana do século XV, em razão da delicadeza com que foi feita, do uso da perspectiva linear e do ar de tranquilidade visto na pintura. O artista retrata a distância, entre a cena da flagelação e os três personagens vistos no primeiro plano, de forma realista, através da perspectiva.

A composição apresenta duas cenas separadas. Em primeiro plano, à direita do observador, encontram-se três personagens muito bem vestidos, de pé, possivelmente numa praça, enquanto que, num pátio ladrilhado do palácio de Pôncio Pilatos, na cidade de Jerusalém, Cristo é flagelado por dois algozes…

Obs.: Conheça mais sobre a pintura A Flagelação de Cristo, acessando o texto completo no link: http://virusdaarte.net/piero-della-francesca-flagelacao-de-cristo/

e depois assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=pjnqppzleVI

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Gerard ter Borch – A CARTA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista holandês Gerard ter Borch (1617-1681), também conhecido como Gerard Terburg, foi um reconhecido pintor de gênero. Era filho de Gerard ter Borch, o Velho, também artista, o que contribuiu para que ele desenvolvesse seu talento ainda muito jovem. Sua irmã Gesina ter Borch também se tornou pintora. É provável que o artista tenha estudado com Willem Cornelisz Duyter ou com Pieter Codde. Foi um artista muito viajado, absorvendo vários tipos de influências. Em Madri, além de ser contratado, ainda recebeu a honraria de “Cavaleiro de Philip IV”, mas acabou retornando a seu país. As obras encontradas do pintor são poucas, cerca de 80, espalhadas por diversos museus, coleções e galerias. As suas pinturas eram muito apreciadas em sua época, sendo ele mais conhecido como um pintor de gênero, especializado sobretudo em representações da vida doméstica da classe média e de seus rituais.

 A composição denominada A Carta é uma pintura de gênero, uma das obras típicas do artista. No ambiente encontram-se três personagens, todos de pé, próximos a uma mesa, sendo um homem e duas mulheres. Ali também está um cãozinho malhado, animal muito presente nos trabalhos do pintor, sobre um banco almofadado, de olho no desenrolar da cena. O grupo forma um triângulo, cujo eixo é a figura central da mulher que se encontra mais desviada para a direita.

A mulher, muito bem vestida e com as mãos escondidas por dentro de seu longo capote, encara o rapaz que gentilmente dobra-se e estende-lhe a mão direita para entregar-lhe uma carta. Atrás dela uma serviçal, visivelmente surpresa, coloca uma bandeja de metal com um jarro dentro sobre a mesa luxuosamente forrada. Ela traz uma mão no fundo da bandeja e a outra na alça do jarro, mas seus olhos estão fixos no estafeta que, pelas vestes, chegou a cavalo. Em cima da mesa também se encontram um castiçal, um tinteiro com uma caneta e um papel embaixo.

O fundo da composição é muito escuro, realçando ainda mais as figuras.

Ficha técnica
Ano: c. 1655
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 56 x 46 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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ALMA DE MINAS

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Autoria de Carlos Drummond de Andrade

Mineiro sou e mineiro continuarei, com a graça de Deus, em qualquer virada. Não me venham dizer que mineiro vivendo fora de Minas é um traidor. Viver aqui ou ali não passa de contingência, mas o essencial é ter nascido aqui e não ali ou em Singapura.

Não há nenhum mistério em ser mineiro. Há uma doce satisfação em estar ligado a paisagens, figuras humanas coisas e modos de ser, de agradável lembrança, como:

  • as montanhas que sugerem cismas altas e purificação de espírito;
  • o Rio São Francisco, que define o Brasil;
  • o alferes Tiradentes, que define a liberdade;
  • o iluminado Aleijadinho, pai geral dos artistas brasileiros;
  • Marília inconsolada e Dona Beja exuberante;
  • o místico Alphonsus de Guimaraens e o neo-jagunço Guimarães Rosa;
  • seresteiros de Diamantina e Montes Claros;
  • criadores de boi e de mula, pacientes e sóbrios;
  • cultivadores de milho, símbolos de fartura da mesa universal;
  • mineradores e garimpeiros antigos e modernos, que suam e sonham com o Eldorado;
  • o calmo andar pelas ruas e a adaptação fácil a tempos de competição industrial;
  • os crepúsculos inenarráveis de Belo Horizonte;
  • o bolo de feijão bem apimentado, a cachacinha confiável, o café adoçado com rapadura, e tanta coisa mai

Mineiro é simples, não simplório. Quando há uma conspiração mundial contra a    simplicidade, o mineiro parece esquisito. Não é não.

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