TRÊS MULHERES (Aula nº 97 B)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Não é a beleza da coisa que importa à pintura, mas sim os meios que se adota para recriar o objeto, mesmo que seja apenas um prego. A unha deve manter a sua dignidade como um objeto. Uma unha pintada deve ter a mesma importância que um rosto. (Léger)

Eu tinha quebrado o corpo humano, agora torno a recompô-lo, a reencontrar o rosto. Além do mais, sempre utilizei a figura humana. Ela se desenvolveu lentamente em direção a uma figuração menos realista, menos esquemática. (Léger)

A composição Três Mulheres, também conhecida como O Grande Desjejum, é uma obra-prima do pintor normando Fernand Léger. É, sem dúvida alguma, o trabalho  mais conhecido e famoso do  artista, tendo sido exibido pela primeira vez no Salão de Outono em 1921. O artista levou dois anos para concluir seu meticuloso trabalho que, através de uma refeição conjunta, mostra como era fácil viver tal experiência na modernidade.

A pintura de Léger apresenta três mulheres nuas, com detalhes ampliados de certas partes do corpo, participando de um desjejum. O artista aqui abre mão de sua experimentação no uso de cores, estilos, formas, espaço, etc., para criar uma obra universal ou clássica na história da arte, que é o nu feminino. É como se ele estivesse deixando para trás suas experiências mais ousadas, para retomar aquilo que é conhecido como “retorno à ordem”.

As três mulheres nuas, duas reclinadas e uma sentada de frente para o observador, bebem algo quente, possivelmente chá ou café, como indica a xícara na mão de uma delas, a que traz um livro no colo. Elas se encontram num ambiente muito bem decorado, aparentando ser um moderno apartamento.

As mulheres possuem formas arredondas, com destaque para os seios, nádegas e rótulas, e pele não suave, mas polida e firme. A cor da pele amarronzada de uma delas difere da pele clara das outras duas. Possuem longos cabelos pretos, estilizados e penteados para um dos lados, rosto redondo e expressão indiferente, desprovida de emoção, como se tudo ali fosse rotineiro e simplista. Os demais objetos, que compõem a pintura, possuem forma regular e realista. Figuras humanas e objetos têm a mesma importância na composição do artista.

A falta de formosura nas mulheres, com suas características faciais simplificadas e similares, leva o olhar do observador para o fundo da composição, maravilhosamente trabalhado, e para as coisas em volta delas. Existem inúmeros objetos espalhados por todo o quadro: vaso, mesas, copo, bandeja, xícara com pires e colher, sofá, elementos decorativos, etc.

Até mesmo um cãozinho negro é visto à direita, deitado no sofá. O pintor usa sombreamento na definição da curvatura das mesas, sofá e partes dos corpos femininos. Há uma profusão de cores em toda a pintura que é ao mesmo tempo moderna, clássica e intemporal. É uma das obras mais conhecidas do Cubismo.

Ficha técnica
Ano: 1921/22
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 251,5 x 183,5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
https://utopiadystopiawwi.wordpress.com/purism/fernand-leger/three-women/
http://www.theartstory.org/artist-leger-fernand.htm
http://www.art-newzealand.com/Issues1to40/leger.htm

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CAIR NO CONTO DO VIGÁRIO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

PV 123

Segundo o Aurélio, “Conto do Vigário” significa: 1.Embuste para apanhar dinheiro, em que o embusteiro, o vigarista, procura aproveitar-se da boa-fé da vítima, contando uma história meio complicada, mas com certa verossimilhança/ 2. P. ext. Qualquer embuste para tirar dinheiro ou bem material alheio. No vocabulário jurídico o termo usado para o conto do vigário é “estelionato”,

Quanto mais crescem os recursos de comunicação mais a trapaça encontra um campo fértil. Ainda que vivamos em pleno século XXI, os embusteiros encontram uma rica clientela, pois, segundo afirmou P. T. Barnum – ilusionista e dirigente de um circo de variedades – “nasce um trouxa a cada minuto”. Engana-se quem pensa que são apenas as pessoas simplórias a cair em tais engodos. Em certos embustes, enganador e enganado tornam-se cúmplices, ainda que indiretamente, pois ambos estão em busca de vantagens fáceis, ou seja, o enganado também está à procura de vantagens.

Os trapaceiros encontram-se encarapitados até nos púlpitos dos templos, vendendo a salvação eterna aos panacas. Trocando em miúdos, para o fiel crédulo é muito mais fácil comprar a sua salvação do que levar uma vida regrada no mundo dos vivos, ou seja, ele é tão vivaz quanto o trambiqueiro. E assim, vão proliferando as mentiras mundo afora como se verdades fossem. De ambos os lados não há santos.

Se não houvesse a predisposição para levar proveito por parte da vítima, os vigaristas não lograriam êxito em suas empreitadas. O embusteiro ainda conta com um ponto a seu favor: o silêncio do lesado, envergonhado por ter caído num golpe em que também estava à cata de ganhos fáceis. Enquanto o primeiro desaparece do cenário, o iludido é projetado, servindo-se de motivo de chacota. Mas em sã consciência muitos poucos de nós poderiam se orgulhar de nunca ter caído num conto do vigário.

Ao que se sabe, apenas na língua portuguesa este tipo de trapaça é associada ao “vigário”, tendo aparecido tal locução primeiramente em Portugal e no Brasil. O que se presume é que no passado, certos trapaceiros passavam-se por figuras eclesiásticas (merecedoras de grande confiabilidade, à época) para urdirem suas trapaças. E sendo os dois países citados muito católicos, o fato de tratar-se de um “vigário” dava mais credibilidade à trama, levando os espertalhões a deitarem e rolarem.

Segundo Vicente Reis, autor de Os Ladrões do Rio, havia uma quadrilha internacional, principalmente na Espanha, preparada para aplicar golpes nos países escolhidos. Enquanto uns meliantes ficavam no país de origem, outros partiam para terras estrangeiras (Portugal, França, Brasil, Itália, Argentina, etc.) em busca das possíveis vítimas, normalmente pessoas ricas e respeitáveis e cheias de boa-fé, é claro. Quando o escolhido para ser ludibriado menos esperava, chegava-lhe uma carta do exterior, de indiscutível autenticidade (selos, carimbos, chancelas…) de um religioso, com a história de uma órfã, grande herança e coisa e tal.

Segundo alguns, o conto do vigário é tão antigo, que já se encontra no Antigo Testamento, Gênesis, cap. 30, versículos: 31 a 45 , quando Jacó enganou Labão. E não é que é verdade! Para José Augusto Dias Júnior, “O conto do vigário aparece como um retrato invertido da vida e da cultura de uma comunidade em um período de sua história”. Já Vicente Reis explica que “É um laço armado com habilidade e boa fé do próximo ambicioso. É o caso em que os espertos fazem tolos e o tolo quer ser esperto”.

O escritor português Fernando Pessoa, contudo, tem outra explicação para a origem da expressão “conto do vigário” que, segundo ele, foi nascida em Portugal. Atesta que certo proprietário rural e negociante de gado, de nome Manuel Peres Vigário foi o responsável pela origem da expressão. Para conhecer a história, leiam o artigo O CONTO DO VIGÁRIO

Fonte de pesquisa:
Os Contos e Os Vigaristas/José Augusto Dias Junior

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AS SENHORITAS DE AVIGNON (Aula nº 97 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Quando inventamos o Cubismo, não tínhamos a menor intenção de inventá-lo. Apenas queríamos expressar o que estava em nós. (Picasso)

A composição de Picasso As Senhoritas de Avignon levou nove meses para ser feita, vindo a tornar-se uma das obras responsáveis por revolucionar a história da arte, formando a base para o Cubismo e a pintura abstrata. Ela é o marco, portanto, do início dos experimentos com a linguagem cubista. Mas esta revolucionária obra foi incompreendida até mesmo pelos amigos do pintor, pois esses não aprovaram seu estilo, onde corpos e fundos transformam-se em formas geométricas. O primeiro título que o quadro recebeu foi o de “Bordel Filosófico”. O artista baseou-se na lembrança que teve de um bordel da Calle Avinyo em Barcelona. A obra apresenta um tema incomum e um estilo radical.

Estão presentes cinco personagens na composição, todas nuas, com seus corpos cinzelados rudimentarmente e com seus rostos esquemáticos. A cena tem como inspiração o interior de um bordel da rua Avignon na cidade de Barcelona, local bem conhecido do pintor e de seus amigos. Os corpos apresentam linhas irregulares e quebradas. São figuras dessemelhantes, só tendo em comum a nudez. Suas formas são definidas por contornos. As mulheres e o fundo da composição são feitos de planos angulosos e geométricos. Para fortalecer a composição geométrica, Picasso fez uso da cor azul em algumas partes da pintura.

Observando partes da composição:

  1. No primeiro plano da pintura está um prato com frutas, também mostradas de maneira sensual, onde se espalham uvas, maçã, pera e melancia.
  2. No centro duas das prostitutas fitam o observador, como se o convidassem provocadoramente para se deliciar com seus corpos. Elas são mais delicadas e realistas do que as demais.
  3. À direita uma prostituta, assentada de costas para o observador, também o fita com sua cabeça cubista virada para trás, numa posição inverossímil. Seu rosto tem o nariz torto e os olhos de cores diferentes totalmente desalinhados. Parece usar uma máscara.
  4. Acima da prostituta citada acima uma figura usando máscara africana tribal encontra-se de pé, com os braços abertos, abrindo as cortinas.
  5. A quinta mulher está próxima à porta, como se convidasse as pessoas para entrarem, contendo uma cortina vermelha aberta. Ela é a mais musculosa das cinco.

O uso de máscaras na composição demonstra uma clara influência da arte africana sobre o pintor. Enquanto pintava As Senhoritas de Avignon, Picasso visitou uma mostra africana que acontecia em Paris. Quando esteve no local, ele já havia terminado o rosto das três mulheres à esquerda, mas não o das duas à direita que refletem uma clara influência da escultura africana que em sua rude estilização encantou o artista.  Portanto, a arte negra exerceu grande influência sobre o artista, com a qual teve contato antes de finalizar a obra em questão.

As Senhoritas de Avignon é uma das composições mais famosas de Picasso, principalmente por mostrar uma maneira diferente de retratar a realidade. É também uma das mais conhecidas obras do século XX. Ela incomodou seus colegas o e os críticos, porque o artista fez desmoronar toda a tradição pictórica ocidental, reinventando uma nova maneira de pintar. Abriu mão da luz e da atmosfera em troca da clareza da forma, assim como baniu tudo que era irreal, indefinido ou vago.

As Senhoritas de Avignon, portanto, falando em termos cronológicos, representa o nascimento do Cubismo. É bom também lembrar que o Cubismo passou por diversas etapas durante o seu desenvolvimento: Cubismo analítico, Cubismo sintético, Cubismo hermético e Cubismo cristalino e tinha por objetivo o desmanche da realidade que seria reconstruída pelo artista, segundo o seu ponto de vista, sendo uma linguagem pictórica extremamente pessoal, sem representação comum, sendo o supérfluo totalmente eliminado. Picasso, a princípio, pensou em incluir na composição duas figuras masculinas: um estudante e um marinheiro que comiam na companhia das mulheres, mas não o fez.

Ficha técnica
Ano: 1907
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 243,9 x 233,7 cm
Localização: The Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções
Picasso/ Coleção Folha
Arte moderna/ Editra Taschen
Arte/ Publifolha
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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DE MÉDICO E DE LOUCO…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Há dias venho recebendo inúmeras notificações sobre a importância do bicarbonato de sódio na cura disso ou daquilo. Confesso que nunca fui nem um pouco crédula nas curas miraculosas, propagadas ao deus-dará. No entanto, ao ler A Incrível História dos Remédios – Robert e Michele Root-Bernstein (Editora Campus) – passei a compreender que tudo é possível, pois muitas receitas de raízes, ervas e larvas, usadas antigamente na cura de doenças, começam a ser aceitas na medicina alopática e homeopática.

O que acontece, meus caros amigos, é que muita coisa, até então vista como grotesca, passa a ser normal aos olhos da medicina moderna. E certas crendices ou remédios populares assumem um novo patamar na nossa história medicinal. O assunto é fascinante, ainda mais que de médico e louco, todos nós temos um pouco. Uma grande verdade disse Sir William Osler, famoso médico canadense, em 1902: “As filosofias de uma época tornam-se os absurdos da era seguinte e as tolices de ontem tornam-se a sabedoria de amanhã”. Durmam com um mexinflório deste!

A minha avó Otília sempre dizia que não podemos duvidar de absolutamente nada neste velho mundo de meu Deus. É seguindo esta sua filosofia que me encontro hoje. Nem mesmo a borra de café, usada para estancar o sangue de cortes na cabeça, usadas em certas regiões deste nosso imenso país, amedronta-me mais. Podem me lambuzar à vontade com tal borra na falta de um especialista. Perdida por pouco, melhor é estar perdida por muito. Se não curar, serve para fortalecer os miolos.

É interessante notar como certas terapias, até então consideradas absurdas, estão sendo vistas sob um novo olhar, depois de descobertas as suas bases científicas. Dentre elas, os autores citam os banhos de imersão, as sangrias e a aplicação de larvas para curar feridas. Imagino que alguns dos leitores estejam se arrepiando, só de pensar em ter um monte de larvas sobre as feridas de seu corpo. Também me encontro na expectativa de encontrar alguns insetos que possam remover as ulcerações da alma humana e, quem sabe, as chagas que nos provocam as paixões agudas. Vocês já imaginaram como seria bom se pudéssemos ligar para o larvário mais próximo e pedir:

– Por favor, mandem-me uma dúzia de crisálidas, pois preciso me curar de uma dor de cotovelo, o mais rápido possível.

No outro dia, após tal aplicação, amanheceríamos leves e soltos, como um monte de borboletas esvoaçantes, prontos para uma nova temporada de paixonite aguda. Mudaríamos apenas de agente infeccioso, pois novas paixões brotariam. Por isso, paixão vai, paixão vem… E a vida continua. O bom mesmo é curar ganância, egoísmo e desumanidade com os bichos, as gentes humildes e a Terra como um todo.

As sanguessugas com suas ventosas também estão na ordem do dia. Já estão sendo aplicadas em terapias. O que sentimos é que, ao trazer certos tratamentos milenares, frutos do aprendizado dos povos em diferentes culturas e épocas, a medicina moderna dá um grande passo em direção à sabedoria popular. Ainda bem que muitos conceitos estão sendo revistos. Portanto, olhem agora com mais carinho para os chazinhos disso e daquilo, ensinados pelos mais velhos. Ainda existe muita sabedoria popular sendo trazida à luz de nossos tempos.

 

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NOVO ESTILO – CUBISMO III (Aula nº 97)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Uso da Colagem

A colagem, na medida em que reforçava sua relação com o Cubismo, passou a influenciar o método de todos os artistas do grupo, encantados com um meio que se exprimia com base num processo de corte, colagem e dobradura do objeto. O sucesso entre eles foi tamanho que chegaram a pintar quadros que imitavam colagens. E como era de se esperar, o Cubismo Sintético ofereceu uma visão mais decorativa da arte, tornando-se mais popular junto aos críticos e ao público. Teve seu apogeu com Henri Matisse, chegando até os movimentos posteriores do século XX, principalmente à Pop Art. A pintura cubista, a partir de c. 1912/1913, já trazia muita influência da colagem.

O mais interessante na colagem é que não se tratava de símbolos, pois o elemento usado representava a si mesmo (jornais, caixas de fósforos, cartões de visitas, etc.). E, de acordo com o desejo dos cubistas, trazia a arte para mais próximo da realidade. O artista Juan Gris no seu quadro intitulado “O Lavatório” (1912), fez uso de um pedaço de espelho. Tanto Picasso quanto Gris fizeram colagens humorísticas e inventivas em suas primeiras obras usando tal técnica.

O uso de materiais cada vez mais fortes fez com que a influência da colagem se espalhasse em obras tridimensionais, permitindo que o Cubismo se tornasse uma escultura que se abre. Vazios e sólidos passaram a ter o mesmo valor artístico. Artistas como Jacques Lipchitz e o escultor russo Alexander Archipenko que fez a primeira escultura “com um furo” (Mulher Andando), liderados por Picasso, tomaram o mesmo caminho. Na arte pictórica pode-se dizer que a colagem só foi assumida como meio de expressão por Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Cris, pelo menos na maior parte. Ainda assim, Picasso e Braque, que tinham trabalhado muito anos juntos, com a invenção da colagem, deixaram as diferentes personalidades reaparecerem.

Os combates bélicos (Primeira e Segunda Guerra Mundiais e a Guerra Civil Espanhola) afetaram profundamente o Cubismo. Os artistas, aterrorizados com os horrores vistos e ouvidos, começaram a transformar suas obras, principalmente Fernand Léger e Georges Braque, modificando totalmente seu estilo após 1918. Pablo Picasso e Georges Braque acabaram se separando, uma vez que o segundo foi servir no front (1915), onde foi seriamente ferido e, ao retomar à pintura mais tarde, não mais adotou as formas geométricas, preferindo pincelada suaves e livres.

O fato é que “As Senhoritas de Avignon” (Les Demoiselles d’Avignon), obra de Pablo Picasso, foi responsável tanto pelo Cubismo quanto por toda a arte moderna. Ao fracionar uma imagem, o Cubismo contribuiu para o aparecimento do Orfismo, do Raionismo e do Futurismo. E ao botar a geometria em primeiro plano, serviu de apoio para a arte Supremista e Construtivista. Com o uso da colagem, o Cubismo antecedeu o Dadaísmo, o Surrealismo e a Pop Art. Com o uso de superfícies planas preparou o caminho para o Expressionismo Abstrato, estilos que veremos à frente.

Ilustração: Natureza-morta com Xadrez (1915), Juan Gris, o artista agrega a técnica da colagem.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Bassano – ENTRADA DOS ANIMAIS NA ARCA…

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                 (Cliquem na imagem para ampliá-la.)

O pintor italiano Jacopo Bassano (c. 1517-1592), cujo nome verdadeiro era Giacomo da Ponte, nasceu numa família de pintores. Estudou com o pai, Francesco Bassano, o Velho, e também como Bonifazio Veronese em Veneza. Foi influenciado por Ticiano, Lorenzo Lotto, Tintoretto, pelos maneiristas, entre outros. Suas obras mostram uma luminosidade esplêndida, exatidão nos detalhes e elementos narrativos simples. No início de seus trabalhos sua pintura possuía um estilo mais popular, contudo, com o passar dos anos, ela foi evoluindo até encontrar uma síntese perfeita, próxima do colorido de alguns dos grandes mestres italianos, como Tintoretto e Veronese, com figuras vibrantes. O artista é tido como um dos mais representativos do final da Renascença veneziana, pioneiro nas pinturas paisagísticas venezianas.

A composição intitulada Entrada dos Animais na Arca de Noé é uma obra do artista. Apresenta a figura bíblica de Noé, responsável pela construção da Arca, segundo o Antigo Testamento (livro maior dos cristãos) a ordenar o desfile majestoso de animais que sobem a rampa, antes da chegada do dilúvio. A cena acontece no nascer do dia, momento antes de ter início o dilúvio.

Noé, figura mais importante da pintura, encontra-se de joelhos. Ele recebe os primeiros raios de sol da manhã que antecede o dilúvio. Encontra-se no centro da composição, barbudo e usando uma túnica vermelha. Está acompanhado de sete membros de sua família em meio aos mais diversos casais de animais.

A maioria dos animais caminha em direção à Arca, enquanto outros ainda descansam, esperando pacientemente a sua vez. Apesar do grande rebuliço da partida, não há sinal de desordem. Todos parecem tomados por grande paciência. O céu encontra-se repleto de aves das mais diferentes espécies que voam em direção à Arca, onde encontrarão o abrigo esperado, a fim de que suas espécies não sejam extintas. Outras tantas estão numa grande árvore, próxima à subida da rampa.

Todas as figuras humanas trazem a cabeça voltada para baixo, atentas aos seus afazeres para a partida, excetuando Noé que olha em direção à entrada dos animais na Arca. No meio da rampa encontra-se um casal de felinos – leão e leoa.

A Arca localiza-se na extremidade da tela e não na parte central. O artista mostra em seu trabalho apenas uma pequena parte dela. Somente são vistos seu flanco, uma grande rampa e uma porta que serve de entrada e onde se vê uma figura masculina responsável por receber os bichos.

O mais importante para Jacopo Bassano era mostrar os animais e não a arca. Sendo assim, não havia a necessidade de inseri-la por inteiro na composição, mas tão somente fazer uma leve menção a ela. Presume-se que, para criar os animais com tanta perfeição, o artista deva ter feito um estudo sobre eles antes, o que mostra o quanto era um excelente desenhista. Esta pintura é tida como uma das primeiras abordagens do artista em relação aos temas do Antigo Testamento que mais tarde seriam objeto de diferentes versões por sua oficina, onde trabalhavam seus filhos.

Ficha técnica
Ano: c. 1570
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 207 cm x 265 cm
Localização: Museu del Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
O livro da arte/ Martins Fontes
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann

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