Mestres da Pintura – HANS HOLBEIN, O MOÇO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O desenhista de xilogravuras, vidraçarias e peças de joalheria e pintor renascentista Hans Holbein, o Moço (c.1497-1543), era alemão, tendo nascido em Augsburbo. Aprendeu sua arte com o pai, Hans Holbein, o Velho (reconhecido artista dentro da tradição flamenga, sobretudo por seus retratos), com quem estudou pintura desde pequeno. Em 1515 foi para Basileia/Suíça, onde conheceu vários eruditos, inclusive o humanista Erasmo de Roterdão. Trabalhou ali como ilustrador de livros, criando xilogravuras para portadas e uma série de esboços a tinta para a famosa obra “Elogio da Loucura” de Erasmo Roterdão, sendo posteriormente aceito na Guilda dos Pintores. Recebeu muitos contratos de pinturas murais, retábulos, retratos e iluminuras.

É possível detectar a influência do estilo Gótico em suas primeiras pinturas, porém o contato com a arte italiana, para onde viajou em 1518, e descobriu as obras de pintores renascentistas, como Andrea Mantegna e Leonardo da Vinci, fez com que aos poucos optasse por criações mais claras e simples. O impacto dos pintores italianos renascentistas sobre a arte de Holbein pode ser visto no modelado e na composição de um de seus primeiros retratos, “Erasmo de Roterdão” (1523), na sua famosa obra intitulada “O Cristo Morto no Túmulo” (entre 1520 a1522) e no retábulo “A Virgem e o Menino com a Família do Burgomestre Mayer” (1526). Nota-se em tais obras a riqueza cromática vista nas composições dos mestres do norte da Itália. O artista agrega às suas obras religiosas grande riqueza de detalhes, cores e dignidade.

Hans Holbein, o Moço, com dificuldades para se sustentar como pintor na Suíça em razão da Reforma Protestante, viajou pela primeira vez para Londres por volta de 1527, mas somente veio a instalar-se naquela cidade em torno de 1532, ali fazendo diferentes trabalhos. A partir de 1536 consagrou-se exclusivamente ao retratismo, trabalhando especialmente com encomendas de retratos de nobres da corte inglesa e dos mercadores da Liga Hansiática. O retrato do estadista Thomas Cromwell abriu as portas para que se tornasse famoso, sendo escolhido em 1536 como pintor da corte de rei Henrique VIII. O artista morreu em Londres em 1543 vitimado pela epidemia de peste.

Embora tenha também pintado murais, retábulos e iluminuras, Holbein tinha predileção pelo retratismo, sendo exímio nos pormenores de sua obra. O artista é tido como um dos maiores expoentes do retratismo de seu tempo. Chama a atenção em seus retratos, assim como em outras pinturas, o distanciamento frio com que se coloca como pintor, assim como a precisão dos detalhes. São obras famosas do artista: Cristo no Túmulo (1521/1522), Os Embaixadores (1533), O Comerciante Georg Gisze (1532), entre outras.

Obs.: A pintura O Cristo Morto no Túmulo exerceu forte influência sobre o escritor russo Fiódor Dostoyevski, autor de “Os Irmãos Karamázov” e “Crime e Castigo”, vindo a inspirá-lo na criação de seu famoso romance “O Idiota”.

Fontes de pesquisa
Obras-primas da pintura europeia/ Konemann
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/os-embaixadores-hans-
http://josemarbiografias.blogspot.com/2006/06/hans-holbein-o-jovem.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Holbein,_o_Jovem

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A JANGADA DA MEDUSA (Aula nº 79 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                  (Clique na imagem para ampliá-la.)

 A pintura atinge e atrai todos os olhos. (Le Journal de Paris).

Nem a poesia nem a pintura conseguirão um dia transmitir o horror e a angústia dos homens na jangada. (Théodore Géricault)

A composição A Jangada da Medusa, também conhecida como A Balsa da Medusa, é uma obra-prima do sensível pintor francês Théodore Géricault (1791-1824), um dos mais famosos artistas do estilo romântico em seu início, na França. Foi inspirada num fato real que diz respeito à fragata Medusa que em 1816 soçobrou na costa da África Ocidental, quando se dirigia ao Senegal. Levava cerca de 400 passageiros a bordo, mas os botes salva-vidas só podiam resgatar 250. Assim, 150 pessoas foram jogadas numa jangada feita às pressas. Dessas, apenas 10 sobreviveram depois de 13 dias perdidas no mar. Vitimados pela fome e sede, dizimaram-se uns aos outros. O fato tornou-se um acontecimento escandaloso, cuja responsabilidade caiu sobre o comandante, um homem arrogante, protegido pelo regime Bourbon.

Géricault fez inúmeros desenhos e esboços a fim de captar melhor aquilo que queria externar. Escolheu para pintar o momento em que os sobreviventes do naufrágio avistam ao longe o pequeno navio mercante Argus, responsável por salvá-los. Para criar sua obra de tom heroico, contatou dois sobreviventes (o médico Savigny e o cartógrafo Corréad) da tragédia, além de ler o livro escrito por ambos. Fez uma maquete de uma jangada em tamanho real a fim de melhor representá-la, dispondo figuras de cera sobre ela. Fez esboços de feridos, moribundos e cadáveres na tentativa de ser fiel à realidade. O artista chegou a visitar um hospital para compreender melhor os detalhes anatômicos humanos, levando uma cabeça cortada e membros do corpo, colhidos num necrotério, para seu atelier. Também fez uso de modelos vivos. A obra tornou-se tão real que é possível ao observador imaginar-se entrando na jangada que ocupa o primeiro plano da tela. A parte dedicada ao mar ganhou pouco destaque.

A obra – pintada quando o artista tinha apenas 27 anos – apresenta um grupo desesperado de pessoas sobre uma jangada feita dos escombros (tábuas, cordas, partes do mastro, etc.) da fragata Medusa, à deriva no mar, em meio a ondas bravias, aguardando socorro. Muitos dos náufragos já se encontram mortos. Apesar da tristeza e do desespero reinante é possível captar o intenso alívio e a emoção do pequeno grupo, à direita, à vista de socorro, o que imbui a obra de grande dramaticidade. O grupo forma uma pirâmide menor. Vale lembrar que os sobreviventes já se encontravam quase mortos e enlouquecidos, mas ainda assim foram pintados como jovens fortes e musculosos.

Corpos sem vida espalham-se por toda a jangada. Um deles em primeiro plano tem a cabeça na água. À esquerda, um pai com um pano vermelho nas costas lamenta a morte do filho, segurando seu corpo nu sobre a perna esquerda, sem mostrar interesse algum pela possibilidade de resgate. Atrás dele, mais ao fundo, um homem segura a cabeça com as mãos, lamentado a própria sorte. O restante dos sobreviventes traz os olhos voltados para a embarcação, ainda minúscula, ao longe, num ato de desespero e esperança, pois eles poderiam não ser vistos. Um homem sobre um caixote tenta levantar o mais alto possível a bandeira, sendo seguro por outro. Abaixo, recostado a um barril, outro homem ergue um pano branco. Outro se volta para trás, para anunciar aos companheiros o que acabara de ver, apontando para o horizonte distante.

À direita um vagalhão em forma de pirâmide ameaça a jangada, contrapondo-se à vela. A natureza mostra sua força através da vela inflada pelo vento e pelos movimentos tempestuosos do mar. Ainda assim, raios de luz entrecortam as nuvens, como se trouxessem um vestígio de esperança. A presença de um machado com sangue na cena, em primeiro plano, é uma referência ao canibalismo relatado pelos sobreviventes. A presença de uma figura em silhueta com o braço em perspectiva eleva os olhos do observador da parte baixa da embarcação para o topo dramático formado pelo pequeno grupo que tenta chamar a atenção do Argus.

O artista usou duas pirâmides para fazer sua obra. A primeira é formada pelas cordas que seguram a vela. A segunda é feita pelas figuras humanas, tendo na bandeira o ápice. Ela traz na sua base os doentes e agonizantes até chegar ao grupo que aguarda o resgate, ou seja, vai da agonia à esperança.  Uma melancólica e dramática paleta de cores, em que predominam os tons de carne está presentes nos corpos pálidos postados nas mais diferentes posições. Através do claro-escuro do estilo Caravaggio, eles recebem um destaque pungente. Tons quentes contrastam com o azul escuro do oceano em fúria, debaixo de um céu de nuvens revoltas, mas bem mais claro. O tom escuro da pintura parece fortalecer a desdita tenebrosa das vítimas. Uma infinidade de influências de artistas anteriores é vista na obra.

Há no conjunto desta obra, considerada um clássico do Movimento Romântico, movida por uma brutal e intensa paixão, muitos movimentos complexos e gesticulação. Sua estrutura é piramidal e tem no mastro o seu ápice. Antes de criá-la, o artista fez cerca de cinquenta estudos. A inclusão de um negro segurando a bandeira vermelha e branca serviu de elemento polarizador, ao trazer para a discussão o movimento abolicionista defendido pelo artista. Géricault criou esta pintura com o objetivo de repassar uma mensagem ao povo. Ainda sob o calor do terrível acontecimento, ela se tornou logo famosa, ganhando aplausos da crítica e do público. Foi mostrada no Salão de 1819, com o título “Cena de um Naufrágio”, sendo mal recebida. O júri não lhe concedeu nenhuma láurea. Em razão do boicote a seu trabalho, o artista foi a seguir para a Inglaterra, a convite, onde permaneceu dois anos. Só foi vendida após a morte prematura do artista, quando tinha 32 anos, ao amigo Dedreux-Dorcy.

A pintura, vista antes como um panfleto contra o governo, foi mudando aos poucos o seu enfoque diante do realismo e da comoção produzida, pois os fatos que se escondem por trás dela são ainda mais cruéis. A crítica política ficou em segundo plano, e o sofrimento humano, ou seja, a vida humana abandonada à própria sorte, passou a ocupar o primeiro lugar. Embora se trate de uma das primeiras pinturas do Movimento Romântico, com sua obra Géricault vislumbrou a chegada do Realismo, assim como o uso da mídia como uma ferramenta política.

Obs.: Esta pintura vem se degradando com o tempo, já tendo perdido muitas partes dos detalhes originais. O próprio pigmento (betume) utilizado pela artista tem contribuído para isso, sem possibilidade de restauração.

Ficha técnica
Ano: 1818
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 491 x 716 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Arte em Detalhes/ Robert Cumming
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/raft-medusa
http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2013/08/a-jangada-da-medusa
http://www.artble.com/artists/theodore_gericault/paintings/the_raft_of_the_medusa

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Mestres da Pintura – TINTORETTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Tintoretto (1518-1594), cujo nome de registro era Jacopo Robusti, nasceu e morreu na cidade de Veneza. O nome “Tintoretto” está ligado à profissão de de tintureiro de seu pai (tintore em italiano). Recebeu o apelido de “O Furioso” em razão da energia com que pintava e de seu dramático uso da perspectiva e dos efeitos da luz. Não se sabe ao certo quais foram os seus mestres, embora os nomes de Ticiano, Andrea Schiavone e Paris Bordone sejam muitas vezes citados. Cita-se, inclusive que, notando o seu dom artístico, seu pai enviou-o ao estúdio de Ticiano, ficando ele ali poucos dias em razão do gênio difícil do mestre.

No ano de 1539, aos 21 anos de idade, Tintoretto foi oficialmente registrado como pintor independente de Veneza, tendo seu próprio estúdio e passando a viver por conta própria. Era uma época em que aconteciam muitas mudanças na arte em Veneza. O estilo maneirista foi ganhando vida, assim como o conhecimento sobre a obra de Michelangelo. Tintoretto gostava sobretudo dos temas religiosos. Suas obras eram cheias de dramaticidade, como se vê em sua famosa tela intitulada São Marcos Libertando um Escravo, que apresenta cores brilhantes e textura densa em que apresenta um estilo ardente e original, vindo a figurar-se entre os grandes nomes da arte veneziana. Ao estudar seu estilo, presume-se que tenha estudado em Roma. O pintor é tido como um dos melhores retratistas de seu tempo, sendo também o mais importante nome do Maneirismo veneziano.

Tintoretto gostava de pintar milagres cristão, tendo decorado paredes inteiras em Veneza com representações dramáticas de episódios bíblicos. Ao apresentar anjos e santos em sua obra, Tintoretto normalmente os coloca flutuando. Foram pouquíssimas as cenas eróticas da mitologia pagã pintadas por ele.

O artista casou-se aos 32 anos com Faustina dei Vescovi, com quem teve filhos, sendo que dois deles também se tornaram pintores. Segundo o escritor Giorgio Vasari, “Tintoretto vivia distante das futilidades, em vista do volume de trabalho e das preocupações a que estava sujeito para desenvolver e aprimorar o seu estilo. (…) Dificilmente permitia a entrada de criados no estúdio, nem mesmo os amigos”. Ainda assim, foi amigo de Paolo Veronese, Jacopo Bassano e do escultor Alessandro Vittoria.

Fontes de pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Konemann
Los secretos de las obras de arte/ Editora Taschen

 

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MINIMALISMO E REALIZAÇÃO PESSOAL (II)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Enquanto expressão comportamental da sociedade, o minimalismo é um reflexo de movimentos contraculturais anteriores, como o punk e o hippie que questionaram a sociedade de consumo e seus excessos. (Marcelo Vinagre Mocarzel)

Se considerarmos a Revolução Industrial e a sociedade de consumo formada por ela, o minimalismo pode parecer novo. Mas o conceito de reduzir excessos remonta aos estoicos e ao princípio das religiões. (Joshua Fields)

Quando não somos dependentes das coisas ou não somos mais definidos pelo que possuímos, nossos potenciais e possibilidades são ilimitados. (Francine Jay)

O minimalismo nasceu com a arte. A expressão “Minimalismo” vem do inglês “Minimal Art” e diz respeito aos movimentos estéticos que apareceram em Nova York entre o fim dos anos 50 e início da década de 1960. Esse movimento acabou migrando para o campo científico, cultural e social. Tem como meta utilizar o mínimo de recursos e elementos necessários, buscando atingir o nível essencial em todos os aspectos. A austeridade e a síntese são suas características, pois parte da premissa de que é preciso eliminar as futilidades, para que a vida possa se arvorar no que é realmente necessário, pois só assim encontra-se a realização pessoal.

Ainda que o minimalismo tenha sido um reflexo de movimentos contraculturais, ele diverge num aspecto: não deseja criar uma sociedade alternativa, mas trabalhar esta que aí está. Os minimalistas são pessoas comuns, sem nada que as diferencie externamente no dia a dia. Enfrentam o consumismo através de mudanças comportamentais, procurando miná-lo de dentro para fora. Veem a vida como o bem mais precioso. Valorizam suas experiências e dão menos valor aos bens materiais. Para elas as pessoas são bem mais importantes do que as posses. Sabem que o desapego oferece mais tempo para curtir a vida.

Uma pessoa minimalista sempre privilegia o espaço que possui, pois ama transitar em liberdade. Sabe que quanto menos coisas possui, mais tempo livre terá e em consequência agregará mais energia vital. Não concebe ter além daquilo que necessita. Está consciente de que o excesso, além de ocupar espaço, acaba muitas vezes perdendo a validade ou drenando todas as economias da vítima. Por que acumular roupas que nunca irá vestir, livros que nunca irá ler e objetos esquecidos num canto qualquer? É preciso abrir espaço para valores que realmente edificam a vida. É preciso ir na contramão da indústria, cujo lema é “incentivar as pessoas a comprar mais e mais”.

O Estoicismo – escola filosófica da Grécia Antiga, surgida no século 4º a.C. – pregava que a felicidade devia ser a busca essencial da vida. A resposta encontrava-se numa vida simples e na harmonia com a natureza. É essa mesma busca que o minimalismo incentiva. Ao se estudar muitas das filosofias antigas, passando pelos ensinamentos do próprio Cristo, é possível encontrar a condenação ao excesso de posses, por ser esse um obstáculo ao crescimento pessoal e espiritual do indivíduo. Já se tinha ciência, desde os tempos antigos, de que as coisas que possuímos acabam por nos possuir, ou seja, nós nos tornarmos prisioneiros delas.

O conceito de uma vida minimalista tem sido adaptado para a realidade social e econômica de cada época. E mais do que nunca as pessoas dos tempos atuais precisam se conscientizar de que a ideia de que “menos é mais” nunca foi tão necessária. O escritor Joshua Fields explica: “Acumulamos tantas coisas em imóveis cada vez mais caros e menores; temos tantas roupas e só usamos as mesmas; armazenamos tanta comida, e grande parte vai para o lixo. Isso mostra como a sociedade de consumo criou gargalos que precisam ser resolvidos”.

Ser minimalista é eliminar as dívidas, não vivendo atormentado por elas; fazer compras conscientes; desfazer-se do que não tem utilidade para si; desaprovar o consumismo; não se render ao apelo do sistema capitalista; preocupar-se com a sustentabilidade do planeta Terra; melhorar a saúde ao eliminar os excessos e, sobretudo, valorizar o autoconhecimento. Aprender a viver com pouco é uma experiência gratificante para todos nós e uma forma consciente de ajudarmos nosso planeta que anda cada vez mais exaurido. Com o tempo tal atitude vai se tornando uma ação corriqueira, uma libertação sem dor.

Nota: O livro Menos é mais: Um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida, da escritora Francine Jay, é uma boa pedida para quem quer aderir à filosofia minimalista.

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UM NOVO ESTILO – ROMANTISMO (Aula nº 79)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Nesta nossa viagem pela História da Arte já passamos por diferentes épocas da história da humanidade.  Iniciamos pela Pré-História (Período Paleolítico/ Período Neolítico/ Idade dos Metais). Seguimos depois pela Antiguidade, quando nos defrontamos com a arte do Mundo Antigo (Egito/ Grécia/ Roma) e fechamos esse portal do tempo com a Arte Bizantina. Na Idade Média tivemos contato com dois importantes estilos: Românico e Gótico. Na Idade Moderna travamos contato com os seguintes estilos: Renascimento, Maneirismo, Barroco e Rococó. Adentramos na Idade Contemporânea — esta em que vivemos e que se iniciou no século XVIII, continuando até os nossos dias —, responsável por um grande leque de estilos que se abre maravilhosamente diante de nós. Iniciamos nossa viagem pelo estilo conhecido como Neoclassicismo e hoje vamos conhecer o Romantismo.

O Romantismo foi um estilo ligado às artes que teve início no final do século XVIII e atingiu sua plenitude no início do século XIX. Nasceu da visão dos filósofos alemães — Immanuel Kant, Karl Schlegel e George Hegel —, para os quais o mundo interior do artista era a essência da esfera romântica. Para tal visão contribuíram certas precondições filosóficas, políticas, sociais e artísticas, existentes à época, que puseram em primeiro plano a imaginação individual e a criatividade, sem que essas ficassem atreladas a quaisquer impedimentos. O movimento romântico carregava em si uma visão emotiva e intuitiva em oposição ao tratamento comedido e racional que se dava ao “clássico”.  

A reação ao racionalismo iluminista do século XVIII foi em parte responsável pelo surgimento do Romantismo. Os pensadores do Iluminismo haviam tentado encontrar uma ordem racional que fosse capaz de eliminar as superstições e os ideais religiosos que se espalhavam pelo mundo do pensamento inteligente, o que acabou não se concretizando, resultando numa grande desilusão, uma vez que o caos e as guerras continuavam existindo. Isso acabou ajudando a estimular o novo estilo.

Outro fator responsável pelo desenvolvimento do Romantismo foi a Revolução Industrial europeia que deu início a um período de caos social, despertando nas pessoas um sentimento de impotência diante das forças antinaturais da mecanização que se fazia cada vez mais presentes. O Romantismo acabou fazendo com que essa frustração desaguasse na relação especial do homem com a natureza intocada, selvagem e inculta, como expôs o teórico francês Jean-Jacques Rousseau e como externou o pintou J.M.W. Turner em sua tela denominada “Vapor numa Tempestade” que veremos mais à frente.

Os românticos objetivavam fazer reaparecer o lado espiritual e fantástico da Idade Média, fundamentalmente moderno, sob a alegação de que esse fora corrompido pela regressão pagã do Renascimento materialista. As ideias relativas ao Romantismo espalharam-se por toda a Europa, mas França, Alemanha, Suíça e Grã-Bretanha abraçaram-nas com paixão. A arte dos Estados Unidos — principalmente a pintura de paisagem — também sofreu grande influência deste estilo que, ao se interessar pela Idade Média, contribuiu em grande escala para o ressurgimento da arte pré-rafaelista por parte dos nazarenos alemães, retomando o interesse pelo gótico na arquitetura, principalmente na Inglaterra.  A escultura foi enriquecida com a representação de animais e foi menos afetada pelas diretrizes românticas — ao contrário da pintura que era tida à época como uma arte totalmente antirromântica.

O termo “romântico”, usado livremente para referir-se a uma visão saudosista do passado, ganhou intensidade com o renascimento vigoroso do estilo Gótico na arquitetura, sobretudo na Inglaterra. Porém, no final do século XVIII, um grupo de autores alemães passou a fazer uso de tal termo, dando-lhe um sentido diferente, ou seja, como o oposto do Classicismo, no que dizia respeito aos valores tradicionais. Enquanto o Classicismo valorizava a razão e a ordem, o Romantismo prezava o poder da imaginação, as emoções e o individualismo.

Na França havia uma disputa entre românticos e classicistas. Enquanto os primeiros — liderados por Eugène Delacroix — eram coloristas e suas obras muitas vezes pareciam inacabadas, os segundos — liderados por Jean-August-Dominique Ingres — viam no traço e no acabamento esmaltado os dois pontos mais importantes da arte. Por sua vez os nazarenos (grupo de pintores românticos alemães do início do século XIX que pretendiam reviver a honestidade e a espiritualidade na arte cristã, e cujo nome nasceu como zombaria em razão de sua afetação do modo de usar roupas e estilo de cabelo segundo o modo bíblico) na Alemanha, inspiravam-se no passado, mas não se atinham às normas acadêmicas impostas pelo Neoclassicismo — estilo anterior. Outro ponto em que clássicos e românticos diferiam era na criação de paisagens. Os primeiros trabalhavam a natureza de modo que essa se adequasse a suas composições ordenadas, enquanto os últimos retratavam-na selvagem e afoita.  

Os valores queridos aos românticos podiam ser vistos de diferentes maneiras: opção por mostrar o indivíduo opresso pelas forças da natureza; o individualismo ancorado no espírito de revolta; levantes populares contra o Estado dominante; e os movimentos nacionalistas. Eles trabalhavam com um grande leque de temas: horror, violência, loucura, sobrenatural, ideias exóticas, visionárias e místicas. Era comum que reproduzissem cenas históricas ou lendárias referentes à Idade Média. O movimento romântico apregoava a exacerbação das emoções, a agitação da psicologia humana e a força incontida da natureza, capaz de sobrepor à da própria humanidade, como mostra a pintura do artista francês Theodore Géricault, intitulada “A Jangada da Medusa” que também veremos mais à frente.

O Romantismo foi muito mais uma questão de ponto de vista, o que torna quase impossível analisá-lo em termos de conjunto de características. No entanto, podem ser citadas algumas tendências pictóricas predominantes, como a extrema linearidade dos alemães e a acentuada “pictorialidade” dos franceses. Alguns artistas também mostraram grande interesse pela cor, quer seja por seu potencial vibrante, quer seja pela criação de efeitos vibrantes. No que diz respeito à pintura histórica, essa deixou para trás sua supremacia moral vista no estilo Neoclássico, passando a fundir-se, muitas vezes, à pintura de gênero. Por sua vez a paisagem alcançou seu auge, sendo tida por muitos como a mais importante forma de arte do novo estilo. O Romantismo passou a dar lugar aos realistas nos anos 1840, quando esses passaram a retratar o presente com uma visão menos afeita à emotividade.

Ilustração: A Liberdade Guiando o Povo, 1830, Delacroix

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Teste – A ARTE DO NEOCLASSICISMO (Aula nº 78)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O Neoclassicismo foi um estilo de arte que dominou o fim do século XVIII, indo até o início do século XIX. Ao contrário do que acontece com a maioria dos estilos de arte, o impulso inicial para o seu surgimento não veio de artistas, mas sim de pensadores (filósofos) — os portadores do “Iluminismo” na França. Nomes como Denis Didorot e Voltaire lideraram o movimento, ao fazer críticas ao relaxamento moral do estilo Rococó e, consequentemente, ao regime que o abrigava. Exigiam uma arte que fosse racional, moral e intelectualizada. Achavam que um reexame das artes da Antiguidade traria novos ares às normas criativas que vigoravam até então. Tais exigências podiam ser encontradas na cultura do mundo clássico.

  1. A Europa Ocidental do final do século XVIII retomou a cultura clássica com o objetivo de:

    1. Buscar afinidade com os deuses da mitologia.
    2. Reviver o ideal de beleza em detrimento da realidade.
    3. Buscar inspirações na história, literatura e mitologia.
    4. Fazer vigorar as leis do Renascimento.

  2. Ao retomar o estilo greco-romano, o Neoclassicismo objetivava:

    1. Adaptar os princípios clássicos à modernidade.
    2. Retornar ao estilo greco-romano, fazendo uso de técnicas apuradas.
    3. Cultuar a Teoria de Aristóteles e o ideal de democracia.
    4. Todas a alternativas estão corretas.

  3. O termo “academicismo” surgido à época significava:

    1. Liberdade no ensino artístico nas academias de arte europeias.
    2. Adoção dos princípios da arte greco-romana apenas na pintura.
    3. Obediência estrita nas artes, seguindo os preceitos acadêmicos.
    4. Retorno aos princípios do Barroco e do Rococó.

  4. São características da arte Neoclássica na arquitetura, exceto:

    1. O uso de formas regulares simétricas e geométricas.
    2. Edificações com cúpulas monumentais, pórticos com colunas.
    3. O uso de materiais nobres como mármore, granito e madeira.
    4. Busca de efeitos teatrais causados pelo uso de luz e sombra.

  5. O Neoclassicismo deixou de lado a temática religiosa. Contribuíram par isso, exceto:

    1. A Revolução Francesa.
    2. A ruptura com o Absolutismo.
    3. A Segunda Guerra Mundial.
    4. A nova percepção de mundo surgida com o Iluminismo.

  6. São afirmações corretas acerca da pintura neoclássica, menos:

    1. Não abandonou a estética barroca.
    2. Tornou-se clara e simples.
    3. Passou a retratar a vida cotidiana.
    4. Fez uso de cenas mitológicas e históricas.

  7. Trata-se de um dos mais brilhantes pintores do estilo Neoclássico, considerado o “Pintor da Revolução Francesa”:

    1. Foucout
    2. Jaques-Louis David
    3. Jean-Auguste-Dominique Ingres
    4. John Flaxman

  8. A pintura mais famosa do pintor acima, tida como a primeira obra-prima do Neoclassicismo, chama-se:

    1. O Juramento dos Horácios
    2. A Morte de Marat
    3. A Apoteose de Virgílio
    4. A Morte de Sócrates

  9. A escultura neoclássica tinha como características, exceto:

    1. Predominância de formas mais naturais.
    2. Abandono quase completo da policromia.
    3. Contorcionismo e dramaticidade como nas esculturas barrocas.
    4. Princípios de ordem, clareza, austeridade e equilíbrio.

  10. A edificação neoclássica (ilustração acima) que atualmente serve como cemitério de homens ilustres como Voltaire e Rousseau chama-se:

    1. Partenon
    2. Panteão Romano.
    3. Duomo
    4. Panteão de Paris.

Gabarito
1.c / 2.d / 3.c / 4.d / 5.c / 6.a / 7.b / 8.a / 9.c / 10.d

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