Lichtenstein – BALDE ACIONADO COM PÉ

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor estadunidense Roy Lichtenstein (1923–1997) nasceu numa família de classe média alta. Seu contato informal com a pintura teve início em sua adolescência, em casa, época em que também passou a demonstrar interesse pelo jazz, como mostram os muitos retratos de músicos tocando seus instrumentos, pintados por ele. Seu contato formal com arte deu-se quando tinha 16 anos de idade, ao frequentar as aulas da Liga dos Estudantes de Arte, sob a direção de Reginald Marsh. Seu objetivo era ser um artista. Foi depois para a School of Fine Arts da Ohio State University – uma das poucas instituições do país que possibilitavam a licenciatura em Belas-artes. Ali recebeu influência de seu mestre Hoyt L. Sherman, dando início aos trabalhos expressionistas.

A composição intitulada Balde Acionado com Pé é uma obra divertida do artista que possivelmente a retirou de algum folheto de instruções referente ao produto. É composta por dois painéis, sendo que a figura humana não é o elemento principal, mas a lixeira.

O primeiro painel mostra uma perna feminina, colocando em evidência um pedaço de saia em xadrez vermelho que penetra na imagem pelo lado esquerdo e em diagonal.  O pé calçando um sapato de salto alto e bico redondo, enfeitado com um laço, está prestes a pressionar o pedal do balde florido.

O segundo painel mostra o balde sendo pressionado  (pelo menos é esta a sensação repassada ao observador) pelo pé, pois mostra a tampa do recipiente levantada, como acontece quando o pedal é pressionado. É realmente impressionante como algo tão simples (um recipiente para lixo) tenha resultado em algo tão belo requintado.

Ficha técnica
Ano: 1961
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 82,5 x 134,6 cm
Localização: Coleção Robert Fraser

Fontes de pesquisa
Lichtenstein/ Editora Taschen

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MINIMALISMO – MENOS É MAIS (I)

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 Autoria de Lu Dias Carvalho

O homem de nosso tempo ainda se move dentro da ambivalência entre o mais e o menos, entre o essencial e o supérfluo, embora se perceba cada vez mais uma tendência, no seu conjunto, a privilegiar o menos em relação ao mais. (Juan Arias)

O que sobra no prato dos ricos falta no prato dos pobres. (Ghandi)

O minimalismo vai contra a onda do consumo desenfreado. Não significa necessariamente ter menos coisas, mas, sim, viver em equilíbrio e somente com o essencial. (Prof. Gustavo de Castro)

A tendência minimalista atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo. Não são poucas as que vêm buscando ter menos coisas ou só obter aquilo que realmente é necessário. É a busca pela vida cada vez mais simples e a consciência de que a felicidade não se atrela ao acúmulo de bens materiais. O minimalismo compreende a vida de uma maneira mais singela e desapegada. Um de seus objetivos é justamente a eliminação de excesso de produtos para a obtenção de espaço, de modo que a pessoa se sinta mais livre e menos sufocada pelo consumismo exacerbado.

Mas o que vem a ser o minimalismo? Trata-se de uma filosofia de vida que adverte que o bem-estar e a satisfação pessoal estão no fato de o indivíduo manter apenas o que é essencial à sua vida, suprimindo os aspectos desnecessários, ou seja, os excessos. O minimalismo é, portanto, o estilo de vida que leva à busca pelo mínimo possível dos recursos para viver, o que resulta também na preservação de nosso planeta.

O primeiro passo para ser minimalista é desapegar-se dos excessos. O desapego é a mola mestra desta filosofia. É o entendimento de que, ao fazer uso apenas do necessário, a pessoa permite que outros tenham acesso ao que não lhe é necessário. Podemos ampliar a visão de Ghandi, acima, não apenas no tocante aos alimentos, mas em relação a tudo que se usa. Num mundo cruelmente desigual são os excessos que fomentam as diferenças, criando a ilusão de que a felicidade está no número de posses.  É um ledo engano pensar que o “ter” doentio está atrelado ao “ser”.

Outro ponto importante na adoção do minimalismo é o autoconhecimento, pois este inibe a necessidade de autoafirmação que leva ao exagero, ao desregramento. Quem se conhece melhor vai a cada dia aprimorando as suas escolhas, buscando um consumo mais equilibrado e eficiente. Não é uma tarefa fácil a prática do minimalismo num mundo capitalista, totalmente focado no consumo. As propagandas do compre isso ou aquilo, presente na mídia, invadem a nossa vida a todo momento. As vitrines são cada vez mais chamativas. Os influenciadores digitais multiplicam-se no mundo virtual. As metodologias de convencimento são cada vez mais agressivas. Somente o autoconhecimento pode levar o indivíduo a ser senhor de si quando em suas escolhas.

O consumo desenfreado, o descomedimento no comprar, além de aniquilar as riquezas do planeta e ampliar as toneladas de resíduos sólidos, ainda traz um dano à saúde emocional das pessoas, principalmente àquelas que se endividam na tentativa de preencher seus vazios (pesquisas mostram que o Brasil tem cerca de 60 milhões de endividados). Aqueles que se desapegam de bens materiais afirmam que vivem com menos obrigações, tendo mais tempo para se dedicar àquilo que realmente vale a pena. Não são poucos os casos de acumuladores que beiram à insanidade.

Quem é um minimalista? É aquele que opta pelo que precisa, sem jamais acumular objetos sem utilidade. Em razão disso passam a viver melhor, uma vez que tem menos obrigações e, em consequência, possui um estado mental mais leve, sem apegos doentios. Cada vez mais cresce o número de pessoas que se conscientiza de que é preciso questionar o fato de que a autoestima não pode ser construída em cima das coisas erradas para si e para o planeta, sendo necessário adquirir uma nova mentalidade no que diz respeito à vida, numa equação de que “menos” é “mais”.

O minimalismo estimula o reaproveitamento e, por isso, vem crescendo em todo o mundo a compra de objetos usados. Durante muito tempo no Brasil torcia-se o nariz para os brechós, coisa que na Europa é extremamente comum, mas hoje em dia esses pontos de venda estão em alta, sendo que a maioria deles possui fins solidários, por isso os preços são tão baixos. Outro ponto importante é a reciclagem que ainda é muito pequena em nosso país. Segundo o escritor Juan Arias, o homem vem se tornando eclético em tudo, preferindo a síntese à acumulação, na certeza de que “menos é mais”.

Obs.: Busque no YouTube por vídeos sobre o tema.

 

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O BANHO TURCO (Aula nº 77 F)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

         
                                                   (Clique na imagem para ampliá-la.)  

O erotismo deste quadro é de um tipo particularmente complexo. Em primeiro lugar é uma variante do tema do mercado de escravas e do harém. Essas mulheres são animais arrebanhados e preparados para o prazer do macho, a quem de modo algum podem recusar satisfação. Em segundo lugar, o quadro é fortemente voyeurístico. Nós estamos olhando uma cena normalmente proibida ao olhar masculino. Em terceiro lugar, há um aspecto de afetação homossexual em algumas das poses, principalmente no grupo do primeiro plano em que a mulher da direita toca os seios de sua companheira ao lado. (Lucie-Smith)

O Banho Turco é uma das pinturas mais conhecidas de Jean-Auguste Dominique Ingres, mais conhecido simplesmente por Ingres que, embora se considerasse um neoclássico, era também chegado aos temas exóticos. À época o orientalismo estava na moda na França em razão das guerras napoleônicas no Oriente. Esta composição mostra a vida das mulheres que vivem apenas para a beleza e o prazer masculino num harém oriental. Pode ser considerada a mais bela das obras-primas do artista. Quando fez este quadro, Ingres estava com 82 anos de idade, embora mantivesse aceso o fogo de um homem de 30 anos, como gostava de dizer. Aqui ele retoma um tema do início de sua carreira, banhistas e odaliscas.

Ingres jamais presenciou uma cena semelhante, pois nunca visitou o Oriente. Também não usou modelos vivos para pintar O Banho Turco, tela extremamente sensual, mas aproveitou uma série de croquis e desenhos realizados, quando pintava outros nus, ao longo de sua carreira. Estão na cena cerca de duas dúzias de figuras femininas, nas mais diferentes poses, sobre suntuosos tapetes e almofadas coloridas. O pintor adorava retratar mulheres nuas, sendo dito que ele gostava do erotismo de voyeur, embora se mostrasse moralista. Observe o leitor que a figura central é a mesma usada em A Banhista de Valpinçon, assim como A Grande Odalisca, ambas as composições presentes aqui no site (busque em pesquisar).

Segundo alguns estudiosos de Ingres, para pintar este quadro em que aplicou o estilo de pintura redonda, também conhecido como “tondo”, ele se baseou em descrições sobre os banhos no harém do sultão Maomé II e nas Cartas do Oriente, de Lady Montagu, aristocrata e escritora inglesa. Ela assim se expressou em uma de suas cartas: “Havia 200 mulheres… Os sofás estavam cobertos de almofadas e ricos tapetes nos quais estavam sentadas as senhoras, completamente nuas… E, no entanto, não havia o menor sorriso libertino ou gestos licenciosos entre elas”. Ingres não via nas mulheres a lascívia, mas beleza e inocência. O formato redondo evoca o ideal renascentista.

A tela de Ingres em que cada figura foi detalhadamente estudada, embora mostre mulheres nuas, não causou nenhuma comoção, como foi o caso de Olímpia, de Edouard Manet (iremos estudar mais à frente) que seria exposta no ano seguinte. Contudo, muitos críticos fazem uma análise mais forte desta composição, alegando que há nela dois aspectos marcantes: voyeurismo e lesbianismo.

Obs: Segundo alguns historiadores, é provável que esta obra tenha pertencido ao Príncipe Napoleão, mas sua esposa achou-a imoral, tendo colocado outra em seu lugar. Ingres acabou recuperando a obra e mudou seu formato para a forma circular, como se encontra hoje. Além disso, também fez transformações nas figuras que se encontram nas extremidades.

Ficha técnica
Ano: 1863
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 108 cm de diâmetro
Localização: Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
Romantismo/ Editora Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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A APOTEOSE DE HOMERO (Aula nº 77 E)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                (Clique na imagem para ampliá-la)

O pintor e desenhista Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) nasceu no sul da França em Montauban, sendo seu pai músico amador, escultor e pintor de miniaturas, que muito incentivou o filho no seu ingresso no mundo das artes. Passou a estudar na Academia de Arte de Toulouse, antes dos 12 anos de idade, como aluno de Guillaume-Joseph Roques. Aos 16 ano de idade mudou-se para Paris, onde estudou com o mestre Jacques-Louis David, um dos mais famosos neoclássicos franceses, com quem permaneceu quatro anos, tornando-se seu seguidor, passando a nutrir, como ele, grande admiração pela arte heroica da antiguidade clássica. Admirava as obras de Rafael, Holbein, Nicolas Poussin, Ticiano e John Flaxman, tendo uma grande inclinação pelos mestres do passado. Apreciava os escritos de Johann Joachim Winckelmann sobre a natureza da arte grega antiga.

A composição denominada Apoteose de Homero é uma obra do pintor. Em sua majestosa pintura o artista coloca em evidência a herança cultural clássica, apresentando 44 figuras reunidas nas escadarias de um templo grego antigo, para homenagear o grande poeta grego mítico Homero, envolto por uma túnica branca, trazendo na mão esquerda um cajado. O grande poeta da Grécia Antiga que viveu no século VIII antes de Cristo, autor dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, encontra-se no centro do quadro, sendo coroado por uma figura alada que simboliza a Fama ou a Vitória. A seus pés duas figuras femininas, sentadas, personificam suas duas famosas obras: Ilíada, de vermelho, traz perto de si uma espada na bainha, envolta numa fita vermelha, enquanto Odisseia, de verde, tem um leme recostado a seu corpo.

Na homenagem prestada a Homero estão presentes poetas, artistas e filósofos antigos e modernos. Ingres colocou os personagens antigos na parte superior da pintura, (embora ali também se encontrem Rafael e Michelangelo). Na parte inferior estão os personagens modernos. As figuras encontram-se assim distribuídas:

Parte superior da composição (a partir da esquerda)

Horácio, Peisistratos, Licurgo, Dante, Virgílio, Rafael, Safo, Alcebíades, Apelles, Eurípedes, Menadro, Demóstenes, Sófocles, Ésquilo, Heródoto, Íliada, Orfeu, Linus, ?, Musaeus de Atenas, Vitória, Odisseia, Aesop, Pindar, Hesíodo, Platão, Sócrates, Péricles, Fídias, Michelangelo, Aristóteles, Aristarco de Smotrácia e Alexandre (o Grande)

Parte inferior da composição (a partir da esquerda para a direita)

Shakespeare, La Fontaine, Tasso, Poussin, Mozart, Corneille, Racine, Molière, Boileau, Longinus, Fanelon, Gluck e Luís Vaz de Camões.

Ingres trabalhou em mais de 300 desenhos para chegar a esse resultado.

Ficha técnica
Ano: 1826/27
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 386 x 512 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Apotheosis_of_Homer_%28Ingres%29

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BIPOLARIDADE – SEM FORÇAS E SEM RUMO

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Autoria de Aline Oliveira

Estou feliz por ter encontrado este espaço com tanta informação, esclarecimento e relatos, mas triste por fazer parte dos que sofrem com seus companheiros bipolares.

Vivo com meu companheiro há exatos 27 anos. No início foi tudo muito bom. Namoramos por 10 anos e nesse tempo a vida dele teve muitas oscilações de trabalho, desemprego e problemas familiares. Também ocorreram várias crises, porém sempre as relacionei aos acontecimentos e o apoiei. Estive ao seu lado em todos os momentos, mas, até então, não tinha sentido na pele o furacão que é a convivência com um bipolar. Como é sofrido!

Em 2013 resolvemos morar juntos. No primeiro ano foi muito difícil, pois ele ficou desempregado e passamos por muitos meses de tensão. Ainda acreditava que toda a ira e descontrole dele era pela situação vivida, porém logo tudo se voltou para mim. Eu era a culpada pela situação, eu era a culpada por seu nervosismo, eu era culpada por deixa-lo fora do controle…

Acordava às 5:30 horas da manhã para trabalhar. Chegava exausta do trabalho e do desgastante transporte público. Isso por volta das 20 horas. Ainda ia fazer comida. Ouvia depois que tudo estava horrível (antes minha comida era maravilhosa), que eu não fazia nada direito, que as camisas estavam sempre mal lavadas (lavava roupas aos sábados e domingos na mão, pois não tinha máquina), entre tantas outras coisas…

Comecei a ficar doente, pois me sentia culpada por tudo. Tive câncer e passei por duas grandes cirurgias. Nesse tempo fui ao inferno e voltei todos os dias. Mesmo sabendo da minha condição, ele alegava que eu fazia corpo mole. Com duas semanas de operada e 79 pontos na barriga, culpava-me por não termos relações sexuais, alegando que era homem e tinha suas necessidades. Passado esse capítulo, cogitei a separação, mas não tinha dinheiro nem para alugar um barraco.

Família, não tenho! Minha mãe era alcoólica e faleceu de câncer faz alguns anos. A família dele sempre sofreu com seu temperamento e eles não têm uma relação amigável. Sim, eu o amo e este é o grande motivo de estar com ele todo esse tempo. Infelizmente ele não aceita tratamento e, quando toco no assunto, fala que sou eu quem precisa de tratamento, pois sou louca e desequilibrada.

Passado um período, a vida dele foi se transformando, pois voltou a trabalhar, mas o comportamento continuava por períodos alternados, entre euforia e depressão. Por muita insistência e num período mais calmo da relação, ele resolveu procurar ajuda psiquiátrica, sendo diagnosticado com bipolaridade. Iniciou o tratamento que durou apenas uns seis meses, pois chegaram os efeitos colaterais, o que para ele era uma invalidez masculina. Ele se sentia castrado por não ter mais a mesma libido.

Desde então vivo numa montanha russa, entre momentos de carinho e meses de xingamentos, brigas, menosprezo, culpa, entre tantos outros motivos criados pelo seu cérebro monstruoso que surge de tempos em tempos. Com a pandemia veio o trabalho home office e ele desempregado. Estou há quase dois anos literalmente no inferno. Tudo é minha culpa, diz que eu sou burra, ignorante e não tenho sentimento por ele. Tudo isso sem eu ao menos abrir a minha boca.

Este é meu desabafo resumido desses 27 anos. Não cabe julgamento, pois além de me sentir um trapo, existe muitas coisas não ditas. Estou sem forças, sem rumo, sem ser eu. Preciso me reencontrar e sinceramente não sei como. Muito obrigada pelo espaço para este desabafo e parabéns por compartilhar tantas experiências.

Ilustração: Mulher Chorando, 1947, Cândido Portinari

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A MORTE DE SÓCRATES (Aula nº 77 D)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                                               (Clique na imagem para ampliá-la.)

É a maior realização da arte desde a Capela Sistina (Sir Joshua Reynolds)

A composição intitulada A Morte de Sócrates foi pintada pelo artista francês Jacques-Louis David (1748 – 1825) a pedido de um mecenas. Tanto o tema heroico quanto as formas clássicas dizem respeito ao Neoclassicismo, sendo o artista o pioneiro e líder da pintura neoclássica na França. Ele dava destaque a tudo que fosse de rara qualidade na Antiguidade clássica.

David pintou a cena que acontece numa sala de estilo romano em que Sócrates encontra-se na prisão e recebe a visita de seus discípulos, momentos antes de tomar a taça de veneno, preferindo morrer a ter que mudar suas ideias em relação ao conhecimento. Ao contrário dos amigos que o cercam, impotentes e chorosos, ele se mostra vigoroso, não se deixando abater. O pintor realça sua figura, jogando sobre ela toques de luz.

Ao lado do mestre estão nove de seus discípulos. Embora Platão apareça na composição – o homem assentado aos pés da cama – à época ele se encontrava doente e não esteve presente no momento da morte do seu querido mestre. Era também muito mais novo, pois contava com 20 anos de idade na ocasião.

Sócrates aproveitou até os momentos finais de sua vida para ensinar. Em sua sabedoria usou o que lhe ia acontecer para debater com seus discípulos sobre a imortalidade da alma. Seu dedo levantado indica que há uma dimensão mais elevada do que a Terra, onde vivem os mortais. Não há tensão ou medo em seu corpo. Ele nem ao menos dirige o olhar para a taça de cicuta, apenas estende a mão para pegá-la.

Apolodoro é a figura que se encontra encostada na parede, com as mãos para cima em grande desespero. Segundo Platão, Sócrates foi obrigado a pedir que ele fosse embora, tamanho era o transtorno em que se encontrava. O pintor David optou por colocá-lo na sombra, mais afastado do grupo.

 As pessoas presentes no ambiente, com exceção do rapaz que segura a taça de veneno, fazem parte do círculo de amigos do filósofo. O moço vestido de vermelho foi encarregado de levar o veneno e testemunhar a morte de Sócrates, mas ele também se encontra visivelmente perturbado, virando-se e tapando o rosto para não ver a cena. O heroísmo do filósofo e a injusta sentença são demais para ele que aperta os olhos com os dedos. Cristo, um dos discípulos mais queridos de Sócrates, está assentado a seus pés, com a mão direita em seu colo. Ao ser anunciada a sentença ele tenta convencer o mestre a fugir.

Platão, assentado na cabeceira da cama, reage com dignidade diante da morte do mestre. Imóvel, apenas acompanha com os ouvidos as palavras de Sócrates. Direciona seus olhos para o chão, como se estivesse perdido em pensamentos, filosofando sobre o destino do mestre. Um dos discípulos traz o rosto entre as mãos, enquanto outro, de costas, clama aos céus. São variadas as expressões de tristeza e dor vista no ambiente.

O cálice de veneno ocupa o centro da composição. David inteligentemente coloca-o em evidência ao direcionar para ele o braço de Sócrates e o do rapaz que oferece a taça com o líquido mortífero. Um ambiente descortina-se depois da porta, onde estão presentes algumas figuras, duas delas indiferentes ao que se passa na sala ao lado. Num outro ambiente à esquerda, seguida por uma mulher, a esposa de Sócrates é vista deixando a prisão.

Ficha técnica
Ano: 1787
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,30 x 1,96 cm
Localização: Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
História da arte ocidental/ Editora Redeel

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