PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA (Aula nº 105 A)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Toda a minha ambição no campo pictórico é materializar as imagens da irracionalidade concreta com a mais imperialista fúria da precisão. (Dalí)

Sempre me perguntam por que os relógios são moles, e eu respondo: “Um relógio, seja duro ou mole, não tem a menor importância, o que importa é que assinale a hora exata. Se o próprio tempo se curva, por que não os relógios? (Dalí)

A composição intitulada Persistência da Memória é uma obra do artista que nela apresenta um mundo irracional, autônomo e convincente. Inicialmente o observador tem a impressão de encontrar-se diante de uma enorme paisagem vazia, até que seu olhar se detém nos objetos em primeiro plano, principalmente numa série de relógios de bolso que se mostram em vários estados de mudança.  Ao apresentar relógios de metal derretendo-se ou dilatando-se, o artista modifica o entendimento racional do mundo físico.

Depois de jantar, após a saída de sua mulher para o cinema, Dalí notou que um queijo camembert havia derretido, esparramando-se além das bordas da vasilha.  Inspirou-se então no alimento para pintar seus relógios derretidos. Vários dos elementos, que aqui aparecem, estão presentes em outras obras do pintor.

A cena acontece na hora do crepúsculo. Ao fundo, à direita, encontram-se formas rochosas debaixo de uma luz transparente e triste, enquanto à esquerda, vê-se uma oliveira sem folhas. No primeiro plano, no meio da composição, está a caricatura do pintor, com o olho fechado, coberto por grandes cílios, remetendo à contemplação, sono ou morte. Sobre ele se encontra um relógio derretido. A proposta de Dalí é que haja a superação das limitações ditadas pelo tempo “terreno” de modo que as rédeas do inconsciente ganhem espaço.

Quatro relógios estão em cena: um se encontra no galho da oliveira; outro está colocado como uma sela sobre o perfil do artista (já conhecido em O Grande Masturbador); o terceiro desliza-se da beirada de um pedestal em direção ao solo; e o quarto, arredondado e vermelho, também situado no pedestal, está coberto por formigas que simbolizam a putrefação para o pintor. São as únicas criaturas vivas presentes na tela juntamente com a mosca, embora o artista tivesse pavor de formigas.

Mais uma vez o desejo sexual faz parte de uma obra de Dalí, numa relação entre duro e macio: os relógios derretidos e disformes estão ligados à impotência, ao contrário do vermelho, o único duro, mas que não tem serventia, pois está sendo destruído pelas formigas.  Este relógio pode estar fazendo uma alusão ao órgão sexual do pintor. Todos os relógios estão marcando horas diferenciadas, como se não existisse um tempo real, mas apenas a inconsciência, que não tem espaço ou tempo.

Esta é uma das composições mais conhecidas de Salvador Dalí.

Ficha técnica:
Ano: 1931
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 24,1 x 33 cm
Localização: Museum of Modern Art, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
Dalí/ Abril Coleções
Dalí/ Coleção Folha
Dalí/ Coleção Girassol
Tudo sobre arte/ Sextante

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8 comentaram em “PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA (Aula nº 105 A)

  1. Marinalva Autor do post

    Lu

    Em “Persistência da Memória”, o pintor Salvador Dali usa a psicanálise para desenvolver e criar suas obras, baseando-se na inconsciência e fantasia. Trata-se de uma técnica paranoica, na qual o artista se baseava para realizar suas criações.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      O Surrealismo foi um campo fértil para que artistas como Salvador Dalí pudessem exercer toda a sua criatividade. Não havia censura, amarras, tudo era válido.

      Abraços,

      Lu

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  2. Adevaldo R. de Souza

    Lu

    Belíssima composição de Salvador Dali – um extraordinário artista surrealista. A composição “Persistência da Memória” desperta grande interesse de críticos sobre as possíveis interpretações de como os objetos estão representados como:

    Relógios derretendo – O artista buscou com essa imagem “materializar” a noção de que o tempo passa sem que possamos controlar, escorrendo como “queijos derretidos”. Alguns acreditam que são uma resposta à teoria da relatividade de Albert Einstein, que sugere que o tempo está relacionado à lei da gravidade. Há também a ideia de que os relógios moles simbolizam a flacidez e impotência sexual;

    Autorretrato disforme do artista – A figura imprecisa que aparece no centro da tela é uma espécie de rosto disforme. Esse elemento é interpretado como uma representação do próprio artista, que traz um relógio mole apoiado sobre ele. Podemos notar nesse rosto prostrado, enormes cílios, sobrancelhas e um nariz. Abaixo do nariz vemos um elemento que pode ser uma língua;
    Insetos nos relógios – Os insetos surgem como símbolos de conceitos subjetivos. No caso das formigas, que se amontoam no único relógio rígido, elas trazem a ideia de apodrecimento, o artista sugere que o tempo é devorado pelas formigas.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Adevaldo

      O artista surrealista Salvador Dalí era muito complexo em sua arte. Para ela carregava sua vida pessoal e visão de mundo. É por isso, que é tão difícil interpretá-la. Também tinha uma ligação conturbada com o sexo. Sem dúvida esta é uma de suas obras mais admiradas e conhecidas. Vale a pena estudar a obra desse artista espanhol.

      Abraços,

      Lu

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  3. Hernando Martins

    Lu

    A composição “Persistência da Memória”, obra do ícone do Surrealismo, Salvador Dalí, além de belíssima, tem uma simbologia muito profunda. O artista utiliza o elogio como elemento simbólico, usado como referência para organizar a rotina, tendo muito importância na vida de todos nós. A variedade no formato dos relógios demonstra, de certa forma, que cada um tem a sua forma e conceito em relação ao tempo e suas peculiaridades. Há uma frase do Dalai Lama em relação ao tempo que diz: “Não entendo os ocidentais, vivem como nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido”.

    Assim como o Dalai Lama, Salvador Dalí vê a questão do tempo como algo ligado à psicanálise, ao inconsciente das pessoas. A partir do momento que aumenta nossa consciência, conseguimos enxergar o tempo como algo fugaz e passageiro na nossa vida.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      A análise dessa obra de Salvador Dalí mostra-nos que o tempo é ilusório, assim como certos valores que carregamos ao longo da vida. A vida humana está intimamente ligada ao tempo. Tempo esse que tem sido muito mais dedicado ao “ter” do que ao “ser”. No fim, tudo se transforma em relógios derretidos.

      Abraços,

      Lu

      Responder
        1. LuDiasBH Autor do post

          Hernando

          Somente os bobalhões acreditam que podem deter o tempo.

          Beijos,

          Lu

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