Autoria do Prof. Pierre Santos
Dediquei minha vida praticamente à arte e seu mister, como crítico e professor de História e Crítica de Arte. Conheci Guignard em Belo Horizonte, quando começou realmente meu interesse pela arte, o que devo a ele. Acabei sendo seu Procurador e, juntos, dirigimos a Escola Guignard uma boa temporada. Não raro, quando saía para pintar — Sabará, Lagoa Santa, Ouro Preto e outras localidades – e me era possível, ia junto com ele, pois sempre estava ali outra oportunidade para aprender um pouco mais.
Em 1944, quando Guignard veio morar em Belo Horizonte, eu tinha apenas treze anos e ainda morava em Passos. Vim para Belo Horizonte em 1949; aqui me instalei e fiz minha vida. A forma como o conheci foi inesperada e muito interessante. Estava fazendo vestibular e precisava de um lugar para estudar, pois na pensão onde morava, na Avenida João Pinheiro, era praticamente impossível. Descobri que na rua Guajajaras, a duas quadras da pensão, estava instalada a biblioteca da Universidade. Procurei o Diretor e pedi-lhe para estudar ali. Ele foi receptivo, deixando-me à vontade para consultar os livros de que precisasse. Chegava cedo, saía para almoçar, voltava e ficava até o fim tarde. Depois de uns quinze dias, começaram a chegar rapazes e moças, que passavam por mim e se dirigiam lá para o fundo do casarão, acompanhados por um homem grandão, um alemãozão forte, conforme pensei na época. Era o Professor Guignard, segundo explicou o Diretor, que estava ministrando no salão de trás, emprestado pela Biblioteca, seus cursos de desenho e pintura.
Um dia, como estava muito curioso para ver o que era uma aula de arte, perguntei ao Diretor se podia ir até lá, para dar uma sapeada. Consentiu. A aula já estava instalada, com o pessoal desenhando em papel preso numa prancheta, tendo como modelo uma porção de frutas postas em cima de uma mesa. Guignard me pegou pelo braço e disse: “Vem cá!”. Levou-me até um cavalete vazio e, vendo que eu não havia levado material, pediu ao aluno que estava ao lado para arrumar-me papel e lápis. Quis explicar-lhe que não tinha nada a ver com aquilo, mas nem chance me deu. Então, comecei a desenhar. Depois de algum tempo, o mestre veio observar o que eu estava fazendo. Então falou: Escute, você não tem jeito para isso, não – e tirando o lápis de entre meus dedos, acrescentou — Venha ver comigo os outros desenhos e comente-os para mim. À medida em que fui comentando, ele foi ficando admirado, pois gostou do que eu falava e disse: Para fazer você não tem jeito, mas pode ser um crítico. Sente-se aqui” – e pôs à minha frente, numa mesinha, lembro-me bem, um livrão sobre Botticelli. Achei interessante, mas logo lhe disse que não sabia francês, ao que me respondeu: Não sabe hoje, mas amanhã já saberá e passou-me um dicionário, explicando: Vá lendo e procurando o significado das palavras aqui; hoje pode ser demorada a leitura, mas amanhã, no máximo depois de amanhã, você já estará sabendo francês. E foi verdade. Sempre tive boa memória e, depois de uma semana, já havia decorado um número grande de palavras e estava lendo quase correntemente em francês. Na sequência daquele dia, emprestou-me outros livros, os quais eu comentava e discutia com ele durante o almoço, que era sempre no Tip Top, e assim foi todo o semestre, após o que tínhamos nos tornado amigos.
Aquele dia, em que não consegui desenhar, ficou inesquecível para mim, porquanto então se deu o nosso primeiro encontro. Sempre, a partir dali, acabada a leitura de um livro, ele sempre me emprestava outro, todos em francês. O interessante é que, por causa dele, acabei aprendendo aquele idioma, pois fazia questão de, durante os nossos almoços, só conversar comigo em francês; no princípio, era uma gagueira danada de minha parte, mas ele sempre me socorria, pelo que acabei aprendendo pelo menos o trivial; além disso, tornei-me o único aluno que mestre Guignard teve de Crítica de Arte.
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Lu
Eu me chamo Heloísa e trabalhei com Pierre Santos de 1977 a 1978. Eu estudava Comunicação Social/ opção Jornalismo na UFMG. Era bolsista.Trabalhava 4 horas à tarde na pró-reitoria de Pesquisas da UFMG. Ele contava histórias fantásticas. Trabalhei 30 anos no CEFET-MG e me aposentei em 2010. Espero que ele esteja com saúde. Depois de 1978 só o vi uma vez.
Heloísa
Seja bem-vinda ao nosso espaço. Sinta-se em casa!
Amiguinha, o Prof. Pierre Santos era assíduo ao blogue, inclusive postava textos sobre arte, mas depois que caiu, nunca mais tive notícias dele. Passo e-mails, mas ninguém me responde. Vou continuar insistindo, pois ando preocupada com ele. Quando tiver uma notícia, irei repassá-la para você.
Grande abraço,
Lu
Caro amigo Pierre Santos, meu grande mestre.
Gostaria de ainda ter seu telefone. Quando puder, ligue -me.
Abraço
José Amâncio
O Prof. Pierre levou uma queda e estava em tratamento. Meu contato com ele é apenas via e-mail. Há muito que não tenho notícias dele, embora tenha lhe passado vários e-mails. Estou torcendo para que ele esteja bem.
Quando precisar deste espaço para publicar artigos seus, sinta-se bem-vindo!
Abraços,
Lu
Olá, boa tarde! Falo em nome da Galeria Ampliart em Poços de Caldas/MG. Gostaria muito de fazer contato com o Sr. Pierre, sobre uma obra de Guignard que temos em nosso acervo. Tem notícias dele?
Ou algum contato que possamos buscar pelo mestre Pierre?
Agradeço imensamente.
Galeria Ampliart
Há muito tempo não mais tenho contato com o Prof. Pierre. Ele era um dos colaboradores do blogue, mas depois de uma queda que teve, não mais consegui contatá-lo. Não sei se encontra muito doente. De qualquer forma repassei o comentário de vocês para ele (ou para quem responda por ele), uma vez que preciso de autorização para passar o e-mail.
Abraços,
Lu
Lu Dias,
estou preparando um material para publicação em que o prof. Pierre Santos é citado. Queria algumas informações breves sobre ele para acrescentar ao que está sendo escrito, por exemplo, ano e local de nascimento (não sei se ele ainda vive) e formação no ensino superior (soube que é bacharel em Direito pela UFMG, mas queria ter certeza disso). Você pode fazer a gentileza de me enviar?
Grato desde já.
Cordialmente,
Roberto
Roberto
Seria um grande prazer lhe enviar tais dados se eu os tivesse em mãos. Meu contato com o Prof. Pierre Santos é apenas virtual e há algum tempo, após uma queda no banheiro, que ele não mais me envia textos para publicação. Imagino que esteja em recuperação. Sei que estava escrevendo um livro sobre Guingnard. Vou lhe repassar o que tenho dele e repassar para ele o seu comentário. Certo?
Abraços,
Lu
Olá Lu, tudo bem?
Gostaria de saber notícias do Pierre. Não o conheço pessoalmente mas queria encontrar-me com ele, admiro sua trajetória. Torço para sua rápida recuperação.
Um abraço, Celso Faria.
Oi, Celso
O Prof. Pierre foi acidentado e recupera-se em casa, depois de passar um tempo no hospital. Vou repassar seu comentário para ele. Certo?
Abraços,
Lu
Meu caro Daniel, isto foi há quatorze anos, imagine só. Ainda guardo na memória a sua imagem no meio da sala. Muito obrigado pela intervenção.
Abraços
Olá, bom-dia, Sr. Pierre Santos!
Entro em contato em nome do Sr. Roberto Sahade, os números de telefones que temos não atendem.
Ele precisa falar urgente com o senhor.
Atte.
Andréa Oliveira
Caro Professor, conhece alguém que avalia a autenticidade de pintura do Guignard? Abraço, Adriano.
Adriano
O professor Pierre é um estudioso em Guignard. Repassei seu comentário e-mail para ele.
Abraços,
Lu
Professor, tive o imenso prazer de ser seu aluno na Guignard, você possui uma didática incrível e fascinante, as histórias contadas em sala de aula permeiam por minha memória até hoje, e já são aproximadamente passados 12 anos, muito obrigado!
PP
Lindão!
Vixe Maria!
Lu
Prof. Pierre
Deus lhe deu a oportunidade, um momento de decisão ( vou lá ver uma aula de arte como é, a maravilhosa curiosidade) e conheceu um dos maiores pintores brasileiros, embora tenha tido, como li a respeito, formação cultural na Alemanha, desde a infância até o período adulto.
Sei que, pelo seu relato, Guignard foi muito importante para o seu ingresso no mister, crítico de arte e, por consequência, para a sua vida, pois lhe deu, como diagnóstico, sua profissão, casada com algo que você se maravilhou ao conhecer.
Você deve ter tido uma existência, até o presente, de extraordinária felicidade no que condiz com seu trabalho. Fazer aquilo que gostamos, acredito, é uma das maiores dádivas que Deus nos pode presentear.
Sempre gostei de seus textos e agora posso entender que o que você faz o torna feliz, alimenta seu ideal de vida, que se traduz em prazer.
Parabéns pela sua escolha e agradeça a Deus por tê-lo feito cruzar com o homem que Juscelino ( na época Prefeito de Belo Horizonte ) trouxe para o Estado mais brasileiro do Brasil.
Foi assim mesmo, Edward. O mestre olhou-me, como se tivesse raios X nos olhos para ver a alma, e, de cara, definiu minha vida inteira, dizendo: pra ser pintor v. ñ serve, mas como crítico v. vai longe. E ali, naquele momento (v. teve realmente a sensibilidade de detectar o fato), o meu futuro foi definido, Apaixonei-me pela arte e a ela dediquei cada segundo de minha vida, misturando no mesmo caldeirão artes plásticas, poesia, paixão pela leitura, ânsia de conhecer a arte na história e, acima de tudo, o abocanhamento poético de tudo que se relacione à estética. Incrível como v., com sua sensibilidade, acertou na mosca, meu amigo. Já estava com saudade de nosso papo, cara. Aqui, no novo blog da Lu, sei que iremos encontrar-nos muitas vezes. Assim espero. Um grande abraço.
Prof. Pierre
É incrível como a vida dá voltas.
O encontro com Guignard definiu toda a trajetória de sua vida.
Você aprendeu francês, virou crítico de arte e mestre da restauração.
Todo o talento estava aí, bastando a mão do Guignard para botá-lo para fora.
Que bom ter você entre nós!
Abraços,
Lu
Pois é isso aí, Lu. V. observou muito bem: tudo que em minha vida veio a transcorrer teve seu empurrão ali, naquela fase, graças a Guignard. A vida é assim, vai dando voltas sempre em linha reta. Grande abraço.
Prezado Prof. Pierre Santos,
Gostaria de manter contato com o senhor sobre a obra de Guignard e a catalogação que realiza.
Atenciosamente,
Rui Dell’Avanzi Jr.
Caro Rui
A última notícia que o Prof. Pierre Santos enviou-me relatava-me que estava internado há dois meses, em razão de uma queda.
Passou-me um e-mail, com muita dificuldade, com a ajuda de enfermeiras.
Acabei de repassar-lhe o seu comentário.
Espero que possa lhe responder.
Se for a mim endereçado, eu o enviarei para você.
Abraços,
LuDiasBH
Prezada Sra.
Gostaria de ter notícias do professor Pierre. Você pode me encaminhar um e-mail por favor?
Grato
Paulo
Paulo
Encontro-me na mesma indagação que você. No último contato que tive com ele, encontrava-se em tratamento médico, em razão de uma queda, mas continuava escrevendo sobre Guignard. Depois disso nunca mais retornou meus e-mails, o que tem me deixado muito preocupada, uma vez que não tenho acesso a ninguém de sua família. Irei repassar o seu contato para ele, com o seu e-mail. Caso tenha resposta, por favor, entre em contato comigo.
Abraços,
LuDias