Autoria de Lu Dias Carvalho
Quando a esmola é demais o santo desconfia é um dos provérbios mais conhecidos em território brasileiro. Quem não conhece entre seus contatos uma pessoa que, necessitada de um favor, debulha-se em mil e um salamaleques para com o indivíduo capaz de realizar seu intento? Os tolos são presa fácil nessa teia, sentindo-se importantes com tamanha bajulação, mas os espertos não caem nesse rapapé, fazendo ouvidos de mercador, dando o dito por não dito. Existe uma fábula interessante que define muito bem este provérbio. Vamos a ela.
Certo cão levava sua vidinha rotineira, vigiando os pertences de seu dono desde o cair da noite até o alvorecer. E o fazia de bom grado, pois se tratava de um amo muito generoso que lhe permitia dormir a sono solto no dia seguinte. Durante a sua vigia, sempre passava pela calçada, onde ficava a casa de seu senhor, certo fulano assobiando, sem ao menos lhe lançar um olhar. Mas eis que um dia, já na calada da noite, lá estava o dito lançando-lhe nacos de carne, tentando acariciá-lo. Esperto que era, logo intuiu que o sujeito estava querendo seduzi-lo com o objetivo de roubar o seu dono, pois, uma vez com a boca cheia, ficava incapacitado de latir ou morder. O fiel cão então disse ao ladrão:
– Olá, se queres trancar a minha boca para eu não avisar o meu dono sobre tua presença, estás totalmente enganado, pois jamais cairei nesta tua imprevista generosidade. O melhor que tu fazes é cair fora, antes que eu lhe arranque um naco de tuas pernas finas.
Assim é a vida, meus amigos. Há muita gente por aí que tenta nos fazer de tolos, usando-nos a seu bel-prazer, manobrando-nos de acordo com os seus interesses. Resta-nos ficar espertos, pois, quando a esmola é muito grande, o santo desconfia.
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Isso não é regra geral. Acredito que sim, existam muitas pessoas boas, de coração amoroso, que ao darem um bom presente o fazem por querer agradar e trazer alegria e acolhimento. Ao generalizarmos também nos colocamos dentro do pacote. Simples assim.
Cristina
Também concordo que não seja regra geral. O primeiro ponto a fazer é analisar o doador. Através de suas características comportamentais você poderá ter certeza quanto à atitude de presentear. O mundo político é aquele em que mais se encaixa o provérbio em ação. É o “dando e recebendo” que funciona a todo vapor.
Beijos,
Lu
Lu,
Muito boa esse dito popular “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”.
Na minha terra, o padre que atendia à igreja local, residia em uma cidade vizinha. Em uma dessas suas visitas recebeu de presente uma carga de melancias, oferecida por uma fazendeiro da região.
– Posso fazer alguma coisa pelo senhor? – perguntou o padre todo contente com o presente.
– Pode sim, padre! – respondeu o fazendeiro.
– Então diga logo! – disse o padre apreensivo.
– Quero que o senhor anule meu casamento, pois não aguento mais minha mulher.
Como o padre era bravo, nem preciso contar o final do diálogo.
Adevaldo
Ao receber a carga de melancia, o padre sentiu que a oferta estava sendo muito grande. Deve ter ficado com a orelha em pé. Aí tem!
Abraços,
Lu
Lu
“Quando a esmola é demais , o santo desconfia ” e nos faz desconfiar de atitudes muito bondosas e que passam dos limites, nos faz desconfiar de que esse alguém quer algo em troca, pois, quer nos fazer lembrar que as pessoas não são bondosas ao extremo. Estamos tão acostumados com pessoas falsas, interesseiras, sem nenhum caráter que manipulam e mentem o tempo todo que não acreditamos em bondade demais. Leva-nos a desconfiar que aí tem coisa. Como eu sempre digo, todo mundo deve ter desconfiômetro para não cair em ciladas.
Marinalva
É muito triste saber que muitas pessoas, com segundas intenções, usam a falsa bondade como bandeira. Estamos fartos de ver isso. A bondade não é genuína, mais fruto da ambição de ter algo em troca. Olho vivo!
Beijos,
Lu