Autoria de Lu Dias Carvalho
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Não se sabe como a arte teve origem. O que se tem como certo é que nenhum povo jamais se privou de ter a sua própria arte. Sabe-se também que a visão que se tem hoje sobre arte (artigo de museus, objeto de exposições ou decorações, etc.) diz respeito a um desenvolvimento relativamente recente na história da humanidade, uma vez que no passado a arte era meramente utilitária. As pinturas e as estátuas, por exemplo, não eram vistas como meras obras de arte, mas, sim, como objetos com uma função utilitária específica. Quanto mais a humanidade retroceder em sua história, mais evidentes (e muitas vezes bizarras) serão as provas das funções definidas encontradas nas obras de arte de tempos atrás.
Em muitas partes do nosso planeta é possível encontrar povos cujo modus vivendi ainda é muito semelhante ao de nossos ancestrais bem distantes, conhecidos como povos “primitivos”. Contudo, a palavra “primitivo” não significa que sejam inferiores ao homem atual, mas, sim, que se aproximam mais do estado em que, num determinado momento, a humanidade teve origem. Para os povos primitivos todas as coisas criadas possuíam uma utilidade, uma serventia. As imagens (estatuetas), por exemplo, tinham por objetivo protegê-los contra os poderes da magia que consideravam tão real quanto as forças da natureza, as quais reverenciavam. Assim, tanto as pinturas quanto as estátuas estavam ligadas à magia. Aos povos primitivos não importava a beleza de sua criação, mas apenas que ela cumprisse uma determinada finalidade.
Algo que parece inverossímil para muitos de nós é a crença que possuíam os povos primitivos de que aquilo que se impingia à representação de uma pessoa era também transmitido ao indivíduo representado. É impossível dizer que não haja culturas — mesmo nos dias de hoje — na quais não exista a presença de feiticeiros, videntes, pajés e bruxos, Algumas delas usaram (ou ainda usam) pequenas imagens do inimigo para dele se vingar, como faziam nossos remotos antepassados. O Vodu — crença surgida no século 4 a.C —, por exemplo, usa os famosos bonecos espetados tanto como amuletos para atraírem a sorte, saúde, dinheiro e amor, como também para afastar alguém, só que o fato de espetar as agulhas no suposto inimigo não o faz sentir dor, como apregoa o cinema de terror. Não seria a “Queima de Judas” também um remanescente de tais superstições a prevalecer em nossos dias?
O Prof. E. H. Gombrich em seu livro “A História da Arte” conta que de uma feita um artista europeu, ao visitar uma aldeia africana, ali fez desenhos de animais domésticos em suas anotações, o que deixou seus habitantes confusos e nervosos. Eles achavam que o artista, ao levar os desenhos consigo na volta para seu país, também estaria levando os animais da aldeia, ou seja, a mera representação desses já era capaz de transportá-los para um lugar diferente. Ao tomarmos conhecimento de fatos como este, a nossa compreensão sobre as pinturas antigas e estatuetas de nossos antepassados que resistiram bravamente ao tempo, ficam imbuídas de um maior significado e também nos faz mais compreensivos em relação à arte daquele tempo.
Exercícios
1. Qual a diferença entre a arte primitiva e a arte de nossos dias?
2. Como você explica o uso da palavra “primitivo” na arte?
3. Que objetivo possuíam os povos primitivos em relação às suas criações?
Ilustração: Arte no Paleolítico e Neolítico.
Fonte de pesquisa:
A História da Arte/ E. H. Gombrich
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Lu
Em arte o fundamental é não procurar, e sim encontrar. Como é satisfatório encontrar a história mesclada nesses objetos!
Abraços
Leila
Com o repassar das lições, você irá encontrar coisas fantásticas no estudo da arte, uma vez que ela é o resultado do período da história de um povo.
Estou muito feliz com a sua presença.
Abraços,
Lu
Lu
É interessante para nós hoje ver que em tempos remotos a arte era apenas utilitária, ou seja, era a representação daquilo que lhes era útil.
Matê
Esses povos estavam de acordo com a filosofia “minimalista”, cada vez mais buscada em todo o mundo.
Beijos,
Lu
Lu
Abraços, querida desbravadora!
Irene
É preciso desbravar os caminhos que nos levam ao conhecimento que nos liberta. Contar com a sua presença é sempre muito prazeroso.
Abraços,
Lu
Lu
Desde os tempos remotos quando o homem sapiens lascou a pedra e criou a ferramenta, arma para defesa e lâmina para dilacerar as cascas e a pele de animais na confecção de vestimentas, imprescindíveis para a sobrevivência num ambiente tão hostil e perigoso nessa época da vida humana, a arte ganhava vida. Existe até hoje resquício dessas civilizações primitivas na África e na floresta Amazônica, onde há preservação de hábitos e costumes da ancestralidade. Na África existem tribos de pigmeus que constroem casas em árvores gigantescas, como eram feitas no passado, pois ainda vivem isolados e distantes das influências das chamadas civilizações. No Amazonas também foram descobertas tribos indígenas isoladas que vivem de forma primitiva, como viviam seus antepassados.
Os povos primitivos sempre se espelharam na natureza para fazer seus utensílios, ou melhor, suas obras de arte, porque são trabalhos muito ricos para aquele tempo. Os trabalhos artísticos desses povos são harmônicos, os desenhos e as cores são bem elaborados porque a inspiração é a natureza. E a natureza é pura matemática, como podemos confirmar olhando as flores, cujas pétalas têm as mesma dimensões e tons perfeitos, cada uma com sua formosura. As aves têm sua beleza, com formatos e nuances nas plumagens encantadoras. Os mamíferos com sua diversidade e beleza extraordinária, os felinos são de uma beleza incrível. Enfim, todos os reinos da natureza foram (e são) uma inspiração mágica e verdadeira para que os povos primitivos pudessem desenvolver sua arte através de uma vida simples, verdadeira, autossustentável em comunhão total com a mãe natureza.
Hernando
A natureza é realmente a “Grande Mãe” deste planeta chamado Terra, ainda assim tem sido cada vez mais judiada. Quem vir a série de filmes intitulada “Mad Max” compreenderá qual é o caminho que o homem vem tomando irresponsavelmente. Uma amiga que se encontra no Amapá (Brasil), disse-me ontem que o som que se ouve por lá não é o canto dos pássaros, mas o ronco das motosserras. A devastação nessa parte da floresta Amazônica segue desenfreada, sem ninguém que a controle. Ao matar a natureza, o homem também estará matando a arte, pois essa não existe sem a primeira.
Abraços,
Lu