Autoria de Lu Dias Carvalho
Sinha Vitória acha difícil Baleia endoidecer.
Sente-se triste coa morte precoce do animal.
Fabiano poderia esperar apenas mais um dia,
Pra saber se a execução seria indispensável.
Ele vê Baleia roçando os pelos no pé de pau.
Coa espingarda no rosto procura uma posição.
Ela o olhou, desconfiada e andou se desviando.
Ele só se tinha a visão de suas negras pupilas.
Fabiano acertou-lhe um dos quartos traseiros,
quebrando uma das pernas da coitada que fugiu
desesperada, sangrando, pra baixo dos juazeiros.
Caiu antes mesmo de alcançar a cova arredonda.
Tentou se erguer, desorientada. Ela erdia sangue.
Quietou-se, uivando baixinho, sem entender nada.
Uma sede medonha queimava sua garganta seca,
enquanto a escuridão dos olhos se aproximava.
Por que Fabiano lhe fizera aquilo, ela não sabia.
Havia nascido perto dele, sob a cama de varas,
e consumira sua existência na maior submissão:
olhava os meninos e o gado, se ele batia palmas.
Uma noite de inverno gelada cercou a criaturinha.
O tremor subia, e se espalhava pelo corpo ferido.
Do peito pra trás era tudo insensível e esquecido.
Inda ia vigiar as cabras contra as suçuaranas…
Baleia encostou a cabecinha fatigada na pedra fria.
Sinha Vitória deixara o fogo apagar-se muito cedo.
Agora ela queria apenas dormir e acordar bem feliz
num mundo cheio de preás gordos, no outro dia.
Baleia dá o último suspiro e parte!
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