Autoria de Lu Dias Carvalho
Quando nos deparamos com alguém pela primeira vez, imediatamente formamos uma imagem da pessoa – simpática ou antipática – mesmo que, com o passar do tempo, ela possa nos mostrar que incorremos num erro de julgamento. Mas assim é a natureza humana que segue sob o comando da empatia da antipatia. Alguns animais também nos dão um belo exemplo de empatia: golfinhos, grandes macacos, suricatos, cães de resgate, etc.
A empatia é um sentimento bem mais profundo do que a simpatia. Eu diria que a simpatia é artificial, pois fica apenas na aparência, enquanto a empatia é mais profunda, pois culmina na ação, no colocar-se no lugar do outro, pois, antes de tudo é preciso analisar como o outro nos vê, se está receptivo à nossa postura, ou seja, se houve empatia entre nós. Quando a empatia entra em campo, fica bem fácil fazer o nosso julgamento. Formar opinião sobre outrem é próprio da espécie humana.
O mais engraçado é que, embora possamos achar que somos bons, que compactuamos com o bem e que nos preocupamos com o próximo, jamais saberemos – com a mais absoluta certeza – qual é a real impressão que causamos nas pessoas, pois, como dizia minha mãe em sua sabedoria de vida, “o coração dos outros é terra que ninguém vai”.
Nem sempre a avaliação que fazemos de nossa pessoa ajusta-se à que as pessoas fazem de nós. É comum termos uma boa conversa com alguém, trocando ideias e sentimentos e sairmos com a sensação de que fomos empáticos ao outro. Contudo, podemos estar redondamente enganados no julgamento. A pessoa, muitas vezes, apenas manteve uma atitude cortês. Nada mais que isso. Portanto, a cautela é a melhor conselheira. Um pé atrás pode nos livrar de um tombo certeiro.
Ser empático não significa que devamos pensar exatamente como o outro, ou concordar com suas ideias, apenas pelo fato de querer ser gentil. Consiste, sim, numa sintonia natural com o seu modo de pensar, colocando-se no seu lugar, em quaisquer que sejam os seus pontos de vista e sentimentos. A base da empatia é o respeito pelo que o outro é, olhando-o como indivíduo único, de modo a ter sensibilidade na interação, sem menosprezar seus pontos de vista ou machucar seus sentimentos, ainda que não se concorde em nada com eles.
Não se pode confundir empatia com doutrinação. Doutrinar é negar a capacidade que o indivíduo possui para fazer suas próprias escolhas. É querer que o outro abra mão de suas convicções e aceite as nossas, que julgamos as mais exatas, sem que tenhamos evidências de que estejam corretas. Doutrinar é, sobretudo, coibir o espírito crítico do indivíduo. Pesquisas mostram que as pessoas doutrinadas possuem mente “fechada” e são avessas a qualquer forma de diálogo no que tange à questão. Podemos ver muito isso na religião, no esporte, na política e em qualquer tipo de preconceito, pois o fanatismo transforma-se num ingrediente nocivo à razão e, com tempo, vai se tornando cada vez mais agressivo, afastando as pessoas que pensam diferente.
Ser empático é:
- ser capaz de deixar de lado o nosso mundinho, com nossos pontos de vista, nosso saber, nossas certezas e sentimentos e entrar em sintonia com o universo do outro;
- olhar o próximo com carinho, observando o timbre de sua voz, a linguagem dos seus olhos, os movimentos de seu corpo, tentando descobrir aquilo que o aflige;
- captar as pequenas alterações de humor e todas as nuances da emoção do outro;
- perceber os sentimentos da pessoa e interessar-se pela maneira como ela possa estar se sentindo;
- procurar entender um ponto de vista que não é exatamente o seu, através da argumentação;
- ser incapaz de manipular alguém ou ferir seus sentimentos ou infligir dor física a um ser humano (ou a um animal);
- ver os indivíduos como pessoas, e jamais como objetos, usados para satisfazerem as nossas vontades e necessidades;
- ser capaz de compreender que a nossa visão do mundo não pode ser a única, ou a correta, e que as opiniões e sentimentos do outro também são importantes.
Algumas pessoas só são capazes de perceber na hostilidade apenas os graus de agressão, ódio e ameaça. Algumas poucas, no entanto, são capazes de reconhecer mais de 50 variantes na hostilidade, tais como desdém, crueldade, presunção, arrogância, trapaça, opressão, etc.
Na empatia não se pode confundir monólogo com comunicação. Se só um fala, pode ser desabafo, doutrinação, controle, persuasão, mas nunca conversação. No diálogo, quem fala fica atento a sua vez e permanece receptivo à fala do outro. Há uma preocupação entre os dois agentes da conversação de compreenderem-se mutuamente. Em suma, agir com empatia é ser espontâneo e dar importância ao que o outro pensa e sente. Assim também deve ser no mundo virtual, pois estaremos desenvolvendo um código moral de relacionamento que se fará sentir em todos os campos da vida humana.
Fonte de pesquisa
Diferença Essencial/ Simon Baron-Cohen
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Neste momento em que o mundo se encontra, excelente esclarecimento, pois se tenta fazer parecer que a doutrinação seja empatia. Que Deus nos proteja! Obrigada, Lu!
Sandra
Agradeço a sua presença e comentário.
Beijos,
Lu