Autoria de Lu Dias Carvalho
Houve um tempo em que os bichos não apenas falavam, como refletiam acerca da vida que levavam, e também se revoltavam contra os maus-tratos que lhes impingiam os humanos, pois, tudo que é vivo sente dor e aflição. Portanto, não foi à toa que os animais da Granja do Solar, pertencente ao Sr. Jones, num dia em que o dono bebera mais do que poderiam suportar seus sentidos, a ponto de se esquecer de fechar as vigias dos galpões da granja, iniciaram uma revolta, conhecida em todo o mundo como “A Revolução dos Bichos”.
Quem me contou este caso foi o escritor britânico George Orwell (1903-1950), que embora tendo permanecido neste planeta por apenas 47 anos, viu mais coisas do que pode imaginar a nossa vã filosofia. Como seu coração estivesse sempre aberto à tentativa de compreender o mundo, e também se revoltasse contra as injustiças sociais, abominando qualquer forma de totalitarismo, nem mesmo a vida dos bichos passou-lhe despercebida. Mas não posso repassar o que me narrou o escritor, sem que antes fale aos meus amados leitores sobre sua breve vida em anos, mas eterna nas ideias que deixou para o mundo.
Na verdade, meu amigo nasceu na Índia britânica, onde seu pai trabalhava como um graduado funcionário do governo britânico. Recebeu o nome de Eric Arthur Blair, mas, ainda jovem, adotou o pseudônimo de George Orwell, rompendo com o seu passado burguês, depois de ocupar um posto na Polícia Imperial Indiana e se encher de horror com o tratamento dado pelo colonialismo inglês a seus súditos, fazendo uso de métodos brutais. Deixou seu posto com o objetivo de se tornar escritor. E o foi, e tão bom que chegou a ser considerado o melhor cronista da cultura inglesa do século XX. Também escreveu resenhas, ficção, artigos jornalísticos, crítica literária e poesia.
Embora tenha recebido uma educação aristocrática, George Orwell revoltou-se contra o intelectualismo, contestando e lutando contra a artificialidade que os intelectuais da época carregavam. Visitava as favelas de Londres e, por certo tempo, vestiu-se como um mendigo, vivendo entre eles, para depois registrar suas experiências de vida na pobreza em um de seus ensaios. Morou também em Paris, onde trabalhou como operário nas mais diferentes funções. Ao voltar para Londres, tornou-se professor numa escola primária, ocasião em que começou a escrever seus livros, denunciando as condições de miséria vividas pelos trabalhadores no norte da Inglaterra.
George Orwell lutou na guerra civil espanhola, ao lado dos anarquistas socialistas, voltando à Inglaterra após ficar ferido. Desencantou-se com a rigidez dos partidos comunistas que se guiavam pela linha soviética, o que fez com que se voltasse para um tipo de socialismo independente, priorizando seu apoio às massas trabalhadoras. Orwell morreu aos 46 anos, em Londres, onde trabalhava como professor, numa escola primária, vitimado pela tuberculose.
Principais obras do escritor:
A Revolução dos Bichos
1984
Lutando na Espanha
Nota
Como fiz com o livro Na Pele de um Dalit, do escritor francês Marc Boulet, trabalharei agora com este livro fantástico de George Orwell que, embora dirigida ao público infantojuvenil, deve ser conhecida por todos, em razão da profundidade da obra que relata, em forma de fábula, a volubilidade da conduta humana. Embora A Revolução dos Bichos trate de uma crítica à revolução comunista, pode ser vista hoje como uma crítica à condição dos trabalhadores vitimados pelo capitalismo selvagem, ou a qualquer outro tipo de governo em que o homem torna-se cego pelo poder e pisoteia sua gente.
(*) Imagem copiada de www.feirahippie.com
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Oi, Lu. Vou acompanhar seus textos. Determinados temas são atemporais, só precisamos trocar os personagens e interpretar com elementos da alma humana que nunca mudam, como o poder, a soberba, a inveja, o amor, a bondade… A caixa de Pandora está aberta. Bjs, Glaucia.
Gláucia
É verdade!
Os temas de que trataremos em A Revolução dos Bichos são mesmo atemporais.
E abrangem os temas levantados por você.
A alma humana é sempre a mesma, apesar de toda evolução tecnológica.
Beijos,
Lu
Lu,
Há anos atrás li, com o entusiasmo e idealismo de todo jovem, o Livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Confesso que sobre esse brilhante escritor só tinha conhecimento que era inglês. Agora você nos apresenta detalhes da sua vida. O livro em pauta foi escrito em 1945 e deve ser analisado no contexto daquela época, quando seu autor através da ficção procura mostrar, condenar e protestar contra o totalitarismo político, seja ele o capitalismo instalado na Inglaterra ou o socialismo na Rússia em 1917. O porco Napoleão era, na realidade, Stalin.
Abraços,
Beto
Beto
Mas eu estou me atrevendo a fazer uma releitura, pensando nos dias de hoje.
Sou muito atrevida!
Aliás, nem é preciso me preocupar com isso, pois, o homem é sempre o mesmo.
Só varia o tempo.
O gosto pelo “poder” é atemporal.
Conto com a sua participação.
Abraços,
Lu
LuDias
Vou acompanhar os textos, muito apropriados para os dias atuais.
Confesso que pouco sei a respeito do livro, mas havia lido referências dele.
abraço
Ed
A Revolução dos Bichos é um livro muito interessante.
É muito pedido no vestibular da Federal.
Tenho a certeza de que você irá gostar.
Será um prazer tê-lo acompanhando esta série.
Grande abraço,
Lu