CUIDADO COM O DR. GOOGLE

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Autoria do Dr. Telmo Diniz

A busca por informações sobre saúde na internet aumentou de forma exponencial, o que seria impensável há 40 anos. Se por um lado estas informações colocam o paciente mais informado, por outro, podem trazer problemas de ansiedade, pelo fato de o internauta não saber interpretar a relação entre sintomas clínicos e resultados de exames laboratoriais. Essa conjunção de fatores, que irão desaguar no diagnóstico e em um tratamento, é uma prerrogativa do médico – nunca do Dr. Google.

Há várias razões que explicam a procura por respostas sobre saúde na internet:

  • Uma delas é a conveniência. As pessoas se acostumaram a fazer pesquisas online para resolver todo tipo de problema ou simplesmente para se informar melhor sobre diversos assuntos. Devido a esta praticidade, o mesmo está sendo feito em relação à saúde.
  • Também há o fator ansiedade envolvido. Existem pessoas que tendem a se preocupar mais e, portanto, pesquisam na internet para identificar a gravidade de um problema. Para este tipo de pessoa, sobre uma dor de cabeça, que pode ter várias causas, normalmente o pensamento recaí sempre na pior alternativa: “será que pode ser um aneurisma ou um tumor”? A ansiedade se instala e perdura até que a procura ao médico solucione as dúvidas.
  • Outra causa é a dificuldade no atendimento. Todo mundo sabe que, nos serviços públicos de saúde, a marcação de consultas ou mesmo de um simples exame pode demorar meses. Até nos planos de saúde não são raras as queixas sobre a dificuldade de marcar consultas dentro de um prazo razoável.

Todo site sério sobre saúde ressalta, de uma forma ou de outra, que as informações contidas ali não substituem uma consulta médica. As informações acerca de uma condição de saúde ou de doença disponíveis “online” muitas vezes são tratadas como diagnóstico pelo usuário. A pessoa lê as informações, se identifica com os sintomas descritos e, por conta disso, acredita que a condição ou enfermidade ali abordada corresponde ao seu caso, levando necessariamente a uma automedicação. Suponha, por exemplo, que você esteja com dor de garganta. Você faz uma pesquisa na internet, descobre que o problema pode ser uma infecção bacteriana e decide tratá-lo com antibiótico. Este mesmo sintoma pode ter origem viral ou de um quadro alérgico. Nessas circunstâncias, o antibiótico não tem efeito benéfico, pelo contrário, pode causar problemas secundários e indesejados.

Dito isso, é importante deixar claro que assuntos médicos e de saúde na internet servem para nos deixar informados, não para fazer diagnósticos. Nesse sentido, eles podem assumir o importante papel de divulgar informações preventivas e a necessidade de fazermos determinados tipos de exames regularmente, por exemplo. Temos que considerar, porém, que por mais que uma página sobre saúde seja detalhada e precisa, ela não consegue reproduzir os efeitos de uma consulta médica. Essas páginas são generalistas e não podem, nunca, dar a entender que vão ajudar a dar diagnósticos e fazer um tratamento. O Dr. Google pode ajudar a informar, mas o diagnóstico e o tratamento cabem ao médico.

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Um comentário em “CUIDADO COM O DR. GOOGLE

  1. Mário Mendonça

    Prezado Telmo

    Bom dia

    Como bem disse Umberto Eco: “a internet deu voz aos imbecis”, porém, não vivemos mais sem ela, já nos tornamos escravos dessa doença! Só um adendo: tenho alguns amigos que 90% de seus estudos de medicina são pelo Google.

    Abração

    Mário Mendonça

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