Degas – O ABSINTO

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Autoria de Lu Dias Carvalho degas12

A composição O Absinto, também conhecida como O Copo de Absinto ou No Café, é uma das obras mais conhecidas de Degas, na qual ele mostra a face cruel da alienação social no mundo moderno, sendo que o progresso industrial funciona para alguns como uma porta para a exclusão, principalmente nas grandes cidades, o que acontecia na Paris da época.

O absinto é uma bebida alcoólica muito amarga, preparada com as folhas da erva do mesmo nome e que, figurativamente, significa pesar, amargura, mágoa. Simboliza o caminho da autodestruição, embora seus usuários acreditem que estejam se curando do mal-estar existencial que carregam dentro de si.

Na cena compositiva estão dois personagens – um ao lado do outro – que se consomem paulatinamente num café, bebendo. Embora não se encontrem bêbados, mostram-se perdidos, alheios ao mundo em derredor, sem raciocínio ou vontade própria. Embora compartilhem a mesma mesa, não há comunicação entre eles. Talvez sejam conhecidos, ou apenas ligados pela solidão, pelo desencanto com a vida ou pelo álcool. Suas sombras escuras estão esboçadas nos espelhos dimensionando ainda mais a solidão de ambos. O próprio ambiente parece aprisionar os dois personagens – reflexos da Idade Moderna em que a solidão, o desamparo e a crueza da vida nas cidades têm sido uma tragédia humana.

Como o personagem masculino ocupa toda a mesa, tendo inclusive os braços sobre ela – como se essa lhe servisse de apoio para aguentar o peso da solidão – a mulher deixa a sua jarra vazia de absinto sobre uma bandeja de prata, na mesa vizinha. À sua frente está seu copo com a bebida esverdeada. Ela tem os ombros caídos e o olhar cabisbaixo, num estado de visível derrotismo. Seu semblante é de amargura e decadência. Vê-se que o álcool é o seu único refúgio. Tudo nela lembra a desesperança. O homem por sua vez, com suas roupas mal arrumadas e um cachimbo na boca, parece indiferente à presença da mulher. À sua direita está um copo com uma bebida vermelha. Ele traz o olhar distante, para fora do local onde se encontra. Mostra-se alheio a tudo, como se nada mais tivesse sentido para ele.

O pintor enquadrou os dois personagens na composição, de modo a trazer a ilusão de que o observador encontra-se numa mesa, à esquerda, como se fosse também um cliente do Café, que não foi inserido no quadro. Para alguns críticos O Absinto, se visto sob o ponto de vista cromático, é o quadro mais bonito do pintor. Há nele um fantástico contraste entre cores escuras e claras, entre luz, sombras e reflexos. Ao ser exposto pela primeira vez em Paris, o quadro não foi bem aceito pela crítica que o considerou “feio” e “repugnante”. O mesmo aconteceu na Inglaterra vitoriana. Achavam o quadro desmoralizante, mas muitos viam nele uma advertência contra o absinto e contra a moral francesa da época.

Ficha técnica
Ano: 1875-1876
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 92 x 68,5 cm
Localização: Museu D’Orsay, Paris, França

Fontes de pesquisa
Degas/ Coleção Folha
Degas/ Abril Coleções
Degas/ Taschen
Impressionismo/ Editora Tachen
Tudo sobre arte/ Sextante

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