Autoria de Lu Dias Carvalho
A desaparição dos mais belos exemplares do reino vegetal nos arredores da cidade ameaça a esta, segundo cálculos irrefragáveis, com diminuição das águas vivas e elevação do grau médio de calor da atmosfera, dois males reciprocamente ativos. (verbete de apresentação do quadro no Salão de 1843)
A composição denominada Vista de um Mato Virgem que se Está Reduzindo a Carvão é uma obra do pintor francês Félix-Émile Taunay (1795-181), filho de Nicolas-Antoine Taunay, que no Brasil esteve como parte do grupo artístico francês, trazido pelo imperador D. João VI. Mesmo com o retorno do pai para a Europa, o jovem pintor optou por ficar no Brasil. Tinha na época 21 anos. Exerceu grande importância na arte brasileira, ao dirigir a Academia de Artes, contribuindo para a base do sistema de ensino e exposição de artes no Brasil imperial, conforme relata Rafael Cardoso em seu livro “A arte Brasileira em 25 quadros”. Como paisagista, preocupou-se em representar a natureza de nosso país.
Causa-nos espanto que, já naquela época, alguém já se preocupasse em documentar a destruição da natureza, como se fora uma pintura-denúncia. Só isso já merece que este quadro tenha a sua importância em destaque, ainda que alguns críticos digam que a pintura em nada se parece com uma floresta tropical, quer pela tonalidade das cores verdes quer pela luminosidade, características da natureza tropical.
O artista dividiu sua composição em duas partes bem definidas. À direita está uma exuberante floresta, com árvores altas e uma pequena cachoeira com suas águas espumantes, que forma um riacho, que por sua vez derramar suas águas em duas pequenas cascatas. Dois diminutos homens encontram-se abaixo da grande árvore, enquanto alguns animais descem por uma estrada de chão. À esquerda está a parte da floresta que foi devastada, com os tocos das árvores apontando para o céu, espalhados numa grande área. Uma carvoaria solta grossas nuvens de fumaça em direção ao céu azulado com nuvens brancas. Mais abaixo, homens empilham toras de madeira. Os escravos são diminutos na paisagem, sendo quase impossível identificá-los. Talvez o artista tivesse por objetivo mostrar a grandeza da natureza diante da insignificância do homem.
Ficha técnica
Ano: c. 1843
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 134 x 195 cm
Localização: Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil
Fonte de pesquisa
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardoso
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