Autoria de Lu Dias Carvalho
Quanto mais voltamos no tempo, mais nós nos deparamos com as crendices. E ficamos pasmos ao tomar conhecimento de quanto o homem era influenciável. Curioso, não tendo uma explicação científica, o que fazia era se apegar ao disse me disse. Sem resposta é que não ficava. A mente fantasiosa dava o tom. E, em assim sendo, Deus levava a responsabilidade por tudo, quer pelo milagre, quer pelo castigo. Sem falar nas vezes em que o diabo entrava em campo para semear o mal. A religião era a dona da verdade e a Ciência engatinhava, a trancos e barrancos.
A Ciência médica era ainda muito débil na Idade Média e muito tempo depois dela. Consistia em fazer exames anatômicos em cadáveres. Vigorava a ideia de que os métodos de cura estavam ligados à doutrina do humoralismo, ou seja, a doença surgia em consequência do rompimento do equilíbrio existente entre os humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. O sangramento ajudava a equilibrá-los. A passar por tamanha tortura médica, o melhor mesmo seria colocar-se nas mãos do Criador.
Às fontes termais era imputada uma série de milagres, como a famosa lenda sobre A Fonte da Juventude lembra-nos. Ainda assim, os benefícios terapêuticos eram creditados à bondade divina, e não à água em si, com seus minerais. Para elas afluíam gentes com as mais diferentes doenças, aleijões, ferimentos por armas, etc. Se a pessoa recuperava a saúde, dizia-se que fora Deus o responsável, se nada acrescia, a bênção fora retirada por ele, como punição, principalmente quando se cobrava pelo banho, ou, quando as pessoas tinham um comportamento lascivo no local.
Havia uma grande diferença, entre o tratamento que se dava aos corpos jovens e aos velhos. Enquanto os primeiros deveriam ficar cobertos, por não corresponder ao ideal de beleza, os segundos podiam permanecer desnudos, sendo, inclusive, idealizados. Na Antiguidade Clássica e no Renascimento, quando representados, os corpos das anciãs eram vistos como a representação do mal. Fato que persiste até nossos dias, cuja cultura ainda está totalmente ligada à juventude, não vendo beleza na velhice. Os homens, se velhos, são representados com poses de dignitários, artistas, etc. O machismo ainda se faz presente. Só que, naquela época, a juventude estava ligada à progênie, pois os filhos assumiam a vida dos pais no trabalho, suprindo-os, uma vez que o Estado não exercia tal função. Isso também levava as mulheres a morrerem prematuramente, em razão do excesso de parição, além das epidemias, pois eram mais frágeis. Havia, portanto, uma proporção maior de homens.
Nota: detalhe do quadro A Fonte da Juventude, de Lucas Cranach, o Velho
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Muito bom. Um abraço.
Nicolau
Obrigada pela visita ao post.
Abraços,
Lu