Konrad Witz – A PESCA MILAGROSA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Konrad Witz (1400 – 1445) nasceu como alemão, mas morreu como cidadão suíço, embora os dois países ainda o disputem como filho. Tanto pode ser encontrado como um “mestre da pintura alemã” ou como o “principal nome da escola suíça”. Seu nome apareceu pela primeira vez em 1434, ao ser aceito pela guilda de pintores de Basileia, tendo se tornado cidadão daquela cidade no ano seguinte. Foi contemporâneo de Masaccio e Jan van Eyck. Suas figuras esculpidas e o seu interesse pela perspectiva e pelo realismo da paisagem de fundo tornam-no — ao lado dos contemporâneos citados — um dos nomes importantes da nova arte.

O “Retábulo de São Pedro foi o único trabalho do artista — do qual restam apenas quatro painéis (suas alas) — que chegou até nossos dias. No seu interior encontra-se a ala dos Magos (ala esquerda). Nos versos do retábulo estão duas cenas relativas a São Pedro: a versão da pesca milagrosa de peixes e o chamado de Pedro (verso esquerdo) e a libertação de Pedro da prisão (verso direito). O artista está inserido na primeira fase da pintura do Renascimento.

A composição religiosa A Pesca Milagrosa — apresentando o milagre dos peixes — é tida como uma obra-prima do artista em razão da modernidade do tratamento que ele dá à paisagem, transpondo a cena bíblica do mar da Galileia para o Lago de Genebra, nos arredores de Mont Blanc com o Petit Salève do outro lado do lago. A montanha escura que perfila com a cabeça de Cristo é o Môle. A transposição permitiu ao artista usar sua observação das características topográficas reais, ao invés de trabalhar com a imaginação, como fizeram outros pintores.

A paisagem apresenta as geleiras do monte Blanc, visto ao fundo, o que é uma prova da modernidade do pintor que parecia bem além de seu tempo. Esta tem sido descrita como a primeira paisagem topográfica na pintura do norte.

Jesus Cristo acompanha a pesca de seus sete apóstolos no lago em meio a uma paisagem verdejante . Quatro deles retiram a rede com peixes da água, enquanto dois — um em cada ponta do barco — remam e um deles, Pedro, encontra-se na água caminhando em direção ao Mestre para saudá-lo. É possível ver suas pernas afastadas dentro da água clara.

A auréola que circunda a cabeça de Cristo e a de seus seguidores simboliza sua divindade. É interessante observar que a sombra das construções, das árvores, do barco e das pessoas reflete na água, o que não acontece com a figura de Cristo, envolto por um manto vermelho na margem do lago. Sua imagem não se espelha na água como indicativo de que em sua divindade não estava sujeito às leis da natureza.

O artista usou como modelo para sua obra pescadores de verdade ao invés das suntuosas representações antigas. Ele apresenta homens rudes e desajeitados, pessoas do povo na lida com sua vida de pescadores.

Obs.: As cabeças das figuras passaram por duas restaurações, pois foram danificadas em 1529, quando houve uma onda de iconoclastia.

Ficha técnica
Ano: c.1443/44
Técnica: tempera sobre madeira
Dimensões: 132 x 151 cm
Localização: Museu de Arte e História, Genebra, Suíça

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Gótico/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.wga.hu/html_m/w/witz/draught.html

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