O SAMBA-CANÇÃO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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O samba-canção é um gênero musical que surgiu nos anos 30, antecedendo a bossa-nova que surgiu nos anos 50. É originário do samba, baseado no Romantismo, e é também chamado de Samba Romântico. É um tipo mais lento, melancólico e romântico, orquestral e introspectivo do gênero. Apresenta marcação forte do samba pelo pandeiro e por boleros e baladas brasileiras, por meio de outros instrumentos rítmicos, inclusive o tambor. Pesquisas mostram que o samba-canção foi influenciado pelas baladas americanas e pelo bolero mexicano, caracterizando-se como o samba lento e melodioso do Brasil.

O samba-canção é comparado ao bolero pela exploração e exaltação que faz do amor-romântico, ou pelo sofrimento de um amor não realizado. Também foi chamado de “dor-de-cotovelo” ou “fossa”.  Interpretado por cantores com voz grave e performance teatral, como Dolores Duran, Dalva de Oliveira, Cauby Peixoto, Noel Rosa, Lindomar Castilho, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, entre outros.

O gênero varia do puramente lírico, com um vocabulário bastante culto e muito elaborado nas letras, ao trágico. Portanto, pode-se dividir o samba-canção em duas gerações de sucesso:

  1. Sua geração mais primitiva apresentava-se como uma mistura entre bolero lento e samba. Nessa época, o gênero era muito cantado e falado, dando mais ênfase ao sofrimento.

Apesar de o samba-canção ser um estilo definido, ele foi sofrendo outras influências ao longo do tempo. Uma de suas maiores contribuições foi a influência que exerceu na origem da bossa-nova. Tanto na forma quanto no estilo, as duas músicas são similares.

  1. A segunda geração do samba-canção é marcada pelas músicas românticas modernas, influenciada pela musicalidade de teclado eletrônico, que personaliza os sons de balada, samba bem calmo e, às vezes, bolero lento, geração também influenciada pela música sertaneja.

Depois de 1990, o samba-canção sai do sucesso e passa a sofrer com as novas tendências que vão surgindo. O romantismo na música brasileira começou a cair de moda e a dar lugar a outros gêneros de samba mais agitados e descontraídos como o pagode.

Apesar de sua qualidade musical ser superior a de outros estilos, o samba-canção perde para o pagode romântico, que se utiliza um pouco do gênero para dar o tom amoroso, e ao mesmo tempo mantém seu tom festivo e apelativo, mas sem muito compromisso com a elaboração das letras.

Mesmo que o tema amor-romance ainda exista na música nacional, o estilo suave muito elaborado e melodioso, como é o do samba-canção, não tem mais espaço na musicalidade brasileira, o que pode levar à extinção do gênero.

Nota: Dalva de Oliveira

4 comentaram em “O SAMBA-CANÇÃO

  1. HELIO DANSA

    O samba-canção moderno prima pela qualidade artística, pela beleza. Sustentado ritmicamente pelo andamento quaternário de um trem (em baixa velocidade), acolhe acompanhamento violonístico de seis ou sete cordas com acordes dissonantes de bela dramaticidade, que lhe conferem nível de encantamento equiparado ao do choro. A diferença é que o choro é complexo e instrumental, enquanto o samba-canção, que eu chamaria de sambalada, requer letras corretas e sentimentais amorosas. E simplicidade, como a de seu mestre maior Tito Madi em “Não diga não”…

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hélio

      Que maravilha receber este seu comentário tão “musical” e esclarecedor. São tantos os ritmos atualmente, que a gente nem dá conta de acompanhá-los e compreendê-los, quando não se é da área. O samba-canção é, muitas vezes, uma verdadeira obra-prima. Vou pesquisar por Tito Madi.

      Um grande abraço. Será sempre um prazer recebê-lo.

      Abraços,

      Lu

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      1. Helio Dansa

        Bom dia, cara Lu

        O samba tem no mínimo três vertentes: a baiana, a carioca e a de Pirapora. Samba paulista é coisa mais recente. O Rio de Janeiro, RJ, a exemplo de Salvador, na Bahia, foi capital, da República, daí terem uma certa brasilidade à flor da pele, que os faz receber bem brasileiros de todo o país. Nesta toada, neste passo, destaco uma curiosidade muito interessante. O choro, que Valdir de Azevedo nos prestou o imenso serviço de implantar em Brasília, é originário do subúrbio carioca. Tal modalidade não pode prescindir de um bandolim solo, um cavaquinho base, um violão de seis ou sete cordas e um pandeiro. Destaco o violão, que vai produzindo respostas melódicas ao bandolim enquanto o acompanha, de um modo sublime.

        Pois bem. Você sabia que o “papa” brasileiro do violão de seis cordas, Aníbal Augusto Sardinha, o popular Garoto, não é carioca, mas paulista? Tito Madi, que vivia empunhando lindamente seu violão pelas casas noturnas de Copacabana, também era paulista, de Pirajuí, se não me engano. Tocava desde os seis anos de idade até que, já no Rio, virou compositor e cantor. Imagina como ele se acompanhava!

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        1. LuDiasBH Autor do post

          Hélio

          Sempre tive fascinação pelo Valdir de Azevedo. Tenho muitas músicas dele, que é simplesmente divino. Também me encanto com as suas explicações sobre a música brasileira. Aguardo com muito carinho um artigo seu sobre o tema. Vejo que conhece música como ninguém. Estou encantada! De onde veio o “Dansa” de seu nome? Fiquei curiosa.

          Abraços,

          Lu

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