Autoria de Lu Dias Carvalho
A Madona Sistina é mais uma das obras encomendadas a Rafael pelo papa Júlio II, que queria doá-la à Igreja de São Sisto, de Piacenza. É também uma das mais famosas de suas madonas. Ela se parece por demais humana, descalça e sem a tradicional auréola que acompanha a Virgem e os Santos tradicionalmente.
Na composição, a Virgem com o Menino nos braços conversa com Santa Bárbara (reconhecível pela torre à direita dela, da qual vemos uma pequena parte) e São Sisto sobre uma grande nuvem, tendo às costas uma nuvem azulada formada com as cabecinhas de vários querubins, agora menos elaborados do que os apresentados em a Madona de Foligno.
São Sisto, que foi papa no século III e mártir, coloca-se como intermediário entre os fiéis e a Virgem. Pelo gestual de sua mão direita, tem-se a impressão de que ele está pedindo à Madona que olhe pelos fiéis. Observando com acuidade essa mesma mão do santo, percebe-se que ela tem seis dedos e não cinco. Teria Sisto tal anomalia, ou foi um erro de Rafael, ou representa uma simbologia especial?
Por sua vez, Santa Bárbara (santa cristã tida como virgem e mártir, sendo invocada como a protetora contra os relâmpagos e tempestades) dirige seu olhar para baixo, dando a entender que ali se encontram os fiéis, que se imagina estar abaixo da balaustrada, num plano inferior.
A Virgem carrega o filho como num gesto de entrega, como se pressagiasse a sua doação para salvar a humanidade. Ela traz uma expressão triste e preocupada, e tanto o seu olhar como o do Menino parecem perdidos, fitando algo distante. Pela posição de seus pés e pelas dobras de sua veste tem-se a impressão de que ela está em movimento, descendo das nuvens.
São Sisto é o único a apresentar uma auréola. Sua tríplice coroa encontra-se no topo do parapeito que parece delimitar o espaço divino do terreno.
Na parte central inferior, dois anjinhos alados assistem descontraidamente a conversação entre a Virgem e os santos, como se estivessem apoiados numa balaustrada. Esses dois sapequinhas tornaram-se extremamente populares. São replicados e vendidos em pequenos quadros que ornamentam, principalmente, quartos de crianças. Estão entre as imagens mais reproduzidas em todo o mundo. Observem que ao serem desmembrados da composição, eles parecem olhar para o céu.
Uma suntuosa cortina verde abre-se para os lados, por detrás da Virgem. É possível ver a corda que sustenta as duas partes.
A obra é de uma simplicidade tocante. É também uma das pinturas mais admiradas e estudadas por filósofos e poetas.
Ficha técnica
Ano: 1513-1514
Tipo: Óleo sobre tela
Dimensões: 265 cm × 196 cm
Localização: Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden, Alemanha
Fontes de pesquisa:
O Livro da Arte/ Publifolha
A História da Arte/ E. H. Gombrich
Tudo sobre Arte/ Sextante
Para Entender a Arte/ Maria Carla Prette
Grandes Mestres/ Abril Coleções
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