Autoria de Lu Dias Carvalho
Chega a ser risível saber que o casamento, na forma como o conhecemos hoje, nasceu do desejo do macho de dispor de escravos baratos e de impedir que suas propriedades fossem parar nas mãos de outros filhos que a mulher pudesse ter com outros homens. Não foi o desejo físico ou o toque de pele que criou o casamento, mas sim motivos meramente econômicos. Trocando em miúdos, o casório surgiu para sustentar o poder ambicionado pelo brucutu, pois, além de o macho dispor de uma escrava reconhecida legalmente, ainda tinha a seu lado um monte de escravinhos que o ajudariam no acúmulo de mais riquezas. Mas até chegar aqui, a humanidade passou por um longo período de poligamia, em razão de diversos fatores:
1- O número de fêmeas sempre superava o de machos, em razão das constantes guerras e da ferocidade das caçadas. Portanto, nada melhor que viver o ecumenismo. Nada era de ninguém e tudo era de todos.
2- O celibato não era admissível entre os povos, pois enfraquecia a sociedade, de modo que uma mulher sem filhos era menosprezada. E, quantos mais filhos ela parisse, maior seria a sua aceitação social. Ela tinha que parir de qualquer maneira, pouco importando de quem fosse a semente plantada. O importante era que a sementinha vingasse, principalmente se se tratasse de um rebento masculino.
3- A chamada espécie humana gostava de variar em seus relacionamentos. O sentimento de posse era praticamente desconhecido, de modo que os experimentos eram constantes, tanto de uma parte quanto da outra.
7- Ser monogâmico era sinal de status baixo, coisa de pobre. Um homem solteiro era considerado meio homem. A virilidade era a maior das virtudes, coisa que ainda vemos em certas culturas.
8- Os touros humanóides, quanto mais vacas prenhes deixassem, mais importantes se tornavam, dentro da visão da sociedade da época. A prosperidade do sêmen e do poder machista caminhavam juntas.
9- Era comum o fato de os homens buscarem companheiras novas, uma vez que nas sociedades primitivas as mulheres envelheciam rapidamente, em razão do excesso de trabalho e da parição.
10 – As próprias mulheres estimulavam a poligamia, para que pudessem amamentar os filhos em paz, por um período maior, aumentando o período entre uma gravidez e outra, sem mexer no brio do macho. Não era moleza aguentar aqueles homens, que chegavam fétidos das caçadas e que em casa nada faziam, a não ser comer, arrotar, dormir, soltar puns e ter relações sexuais. Pobres mulheres de antigamente! O mais triste é saber que muitos países ainda continuam em priscas eras.
11- Quando o trabalho era excessivo, a primeira mulher ajudava o marido a encontrar outra, para dividir o fardo. Além do trabalho feito, a nova vítima ajudava a aumentar o número de filhos (futuros escravos), o que significava vida de rei para o brucutu.
O casamento não era em si, um documento para permitir o acasalamento dos envolvidos, mas apenas uma cooperação econômica que deveria dar lucro. Por isso, não havia busca pela beleza ou pelo toque de pele, mas sim por uma mulher troncuda que desse mais lucro do que despesa. Vemos isso ainda nos países em que vigora o dote.
Com o nascimento do desejo de posse, o macho passou a olhar a vida com outros olhos, de modo que a troca de acasalamento tornou-se perigosa, pois induzia à repartição. Fez-se necessário separar a principal da outra ou das outras, pois só aos filhos da primeira cabia a herança. E, quando o Cristianismo chegou, reforçou ainda mais a monogamia.
Hoje, na maioria das culturas não existe mais a poligamia. O que há é o adultério. Bastou apenas mudar a palavra, para torná-la aceitável à nossa época. Só que no adultério, os rebentos nascidos de tal brincadeira não geram mais escravos, mas um monte de boquinhas esganadas, para deixar a plumagem do pássaro garanhão desbotada. Em muitos casos, ele vai mesmo é para a gaiola, se não pagar a pensão alimentícia. Esta é a vingança da fêmea moderna!
Nota: Artesanato do Vale do Jequitinhonha
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Que interesante, não sabia disso! Como a nossa sociedade muda, ainda bem que não sou daquela época, senão estava perdida, porque nao posso ter filhos.
Obrigada pela informação!
Simone
Não era fácil viver naquela época. A vida era muito difícil para a mulher. Ainda bem que os tempos hoje são outros, pelo menos nos países de maioria cristã.
Abraços,
Lu
Tá, mas onde e como surgiu o casamento. Sei que foi modificando com o tempo, mas não é essa a questão. Em que região do planeta surgiu? Quando?
Cristiano
Não existe uma data ou local específico para o surgimento do casório. É impossível ter essa precisão, até pela falta de informações, à época. O casamento ia surgindo à medida que em determinada sociedade ia progredindo e nascendo nos indivíduos o desejo de posse, ou seja, “isso é meu e eu não quero dividir com ninguém, mas só com os meus filhos, nascidos entre minha mulher e eu”. Tanto é que, durante muito tempo, tivemos o chamado filho “ilegítimo”, que hoje não existe mais em certas sociedades, como aqui entre nós. Alguns historiadores dizem que foi a agricultura a responsável por fixar o homem à terra, pois antes era nômade, e, consequentemente, trazer o conceito de família, ainda que predominasse, em muitos casos a poligamia (ainda vemos isso em certos países). O cristianismo foi o grande responsável por reforçar o conceito de família e a monogamia.
Cris, para uma compreensão mais detalhada sobre o assunto, leia A História da Civilização do filósofo e historiador estadunidense William James Durant e sua esposa Ariel Durant.
Um grande abraço,
Lu
Ok, Lu, e obrigado pela sugestão. Um abraço!
Cristiano
Sou eu quem agradece a sua visita e participação.
Volte sempre.
Abraços,
Lu