Autoria de Celina Telma Hohmann
Comemora-se hoje, no Brasil, o Dia da Árvore! Uma forma singela de tentar conscientizar a importância da natureza, especificamente das árvores. Uma bela homenagem!
Não sou botânica, portanto, nadica de nada de estender-me em especificar plantas! Desde a infância, quando me pegava pensando “nas coisas da vida”, sempre comparei as árvores à nossa vida, afinal, nascemos, sempre pela fecundação da “sementinha”. Na infância acreditava em sementinhas… Via minha avó, já um tanto cansadinha, mas ainda assim, nos dando uma bela sombra! Olhava para os sulcos de seu rosto e os comparava às cascas enrugadas das grandes árvores. Minha avó foi uma boa semente, uma bela árvore e um dia, arrancada de suas raízes pelo decorrer do tempo, pelo envelhecimento natural, pela transcorrência normal da vida. Deixou-nos sem a sombra, mas ficaram as raízes: expostas, fincadas terra adentro, meio lá, meio cá…
Não há como deixar de pensar nessa comparação! A infância da árvore com seus pequenos e frágeis galhos. Depois, o crescimento, mais tarde, em plena adolescência, suas flores, com seus perfumes peculiares, atraindo os pássaros e os insetos, espalhando o pólen, criando novas e pequenas árvores e aperfeiçoando seu ciclo. De repente, os frutos! Deliciosos, por vezes perigosos, mas ainda assim, os frutos…
E a árvore, madura, imponente, cheia de vigor, dando-nos o prazer de sua sombra em nossas preguiças, descansos e necessidades de um belo cochilo sob uma grande proteção refrescante. E que não nos esqueçamos que casais apaixonados já deixaram em seus caules, um belo coração contendo o nome dos enamorados. Uma maldade que não faz mal. A árvore jamais reclamou e manteve ou mantém aquele coração, mesmo que aquele casal já tenha deixado que a paixão daquela fase escoasse.
E quando vem o vento? Um espetáculo aquele olhar sobre os galhos que se agitam, voejam, sem deixar-se arrancar pela força, por vezes maldosa de um vendaval mais forte. Eis a árvore! Nossa melhor comparação na natural sequência da vida. Como as árvores, dependendo de sol, água, cuidados e tendo a nossa serventia.
Temos árvores de todos os portes, funções e vida, mais ou menos longa. Temos as que nos dão os frutos, após a floração; temos a araucária, tão comum aqui no Sul, que sem que dê flores já nos presenteia com os frutos, em classificação botânica, chamam-na de gimenospermas: os frutos são as sementes. Em alguns países, as majestosas sequoias, seculares, hoje uma única espécie ainda sobrevivente, mas ainda assim, mantendo-se em pé e chamando a atenção, afinal, são lindas como todas as árvores!
Volto à infância e à minha avó. Um dia, numa tarde gostosa, conversávamos sobre as dores sobre as quais ela reclamava: era o joelho que doía, as costas que não se ajeitavam. Comentei sobre sermos como as árvores e ela adorou. Lembro-me da expressão de atenção total que dedicou às minhas “filosofias”. Concordou comigo e eu adorei! Falei-lhe sobre sermos como as árvores: crescemos, e ao final, envelhecemos e envelhecendo vamos perdendo o vigor. Nosso caule fica aparentemente resistente, mas por dentro, como seres vivos que somos, podemos já notar sinais de que estamos corroídos, já em perigo de cair. Folhas já não tão viscosas. Frutos já inexistentes, restando apenas a nossa sombra. Um dia tombamos!
Por fim, temos um valor inestimável, mas um dia, se chegarmos à velhice, sem que nos tenham “tombado” por interesses inúmeros, ressecamos e nos vamos… Sempre haverá uma nova árvore. Não ocupará o lugar da que se foi, mas virá outra, insistente, persistente, teimosa e pronta para nos presentear com um novo espetáculo chamado VIDA!
Árvores, queridas árvores! Felicidades e muitos anos de vida!
Nota: imagem copiada de biciclotheka.wordpress.com
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Miss Celi
Que homenagem linda que você fez a essas nossas irmãs preciosas chamadas Árvores! Realmente, elas são semelhantes aos seres humanos, em todas as suas fases. Mas elas parecem não saber disso. O que é lamentável.
Eu as respeito e sinto um grande amor por elas. Quando vejo alguém arrancar uma delas, ou quebrar-lhe os galhos, sofro muito. Em frente ao meu prédio havia uma árvore enorme, majestosa, mas o “síndico”, sob a alegação de que iria arrebentar a calçada, conseguiu junto à PBH autorização para cortá-la. Chorei dois dias e joguei sobre ele mil e uma imprecações. A natureza há de dar-lhe o retorno merecido. Uma amiga e eu a plantamos, bebezinha, e a vimos crescer cada vez mais exuberante. Mas tudo tem o seu tempo… Ela será vingada, pois simplesmente foi assassinada, depois de quase 20 anos de vida.
Outra coisa que me aborrece e ver como as prefeituras não dão a mínima para cada árvore que adoece e morre. Cortam-nas, sem colocarem outras no lugar. Assim tem sido em minha cidade. Há quarteirões com até quatro árvores cortadas. Depois jogam a culpa no clima. Mundo cruel este nosso!
Na minha pressa de citadina, ainda mantenho a paixão enorme pelas árvores! Na natureza tudo é perfeito e deveria ser sempre homenageado, ou, sempre merecer de nossa parte um agradecimento por tudo que existe e existe para o nosso bem. Nada é inútil! Olhar para uma árvore é descansar os olhos. Tão bonitas que o Criador as pintou de verde! Também tenho raiva de cortar sem importar-se. Roubam de nós um alento. Deveriam, antes de cortá-las, tratá-las! Como em todas as cidades há esses seres imbuídos de um trabalho e o fazem, esquecendo-se que cooperam para que pássaros, já quase sem espaço natural não façam seus ninhos. Por aqui o exemplo é idêntico, infelizmente.
O impressionante é que, verdadeiramente, já na infância, em meus instantes de pensar em como tudo é perfeito, eu fazia (e ainda faço) essa comparação entre árvores e nós. O ciclo natural: crescer, ficar forte, dar flores, frutos,envelhecer – quando nada impede – e ir, aos poucos, criando essa casca dura que é somente uma defesa.Com o passar do tempo, folhas, amareladas, galhos já um tanto sem força, e aqueles sulcos que lembram nossa pele onde estão à mostra o quanto já enfrentamos de chuvas, sol, vendavais e agressões. Tanto extirparam as nossas árvores que hoje o mundo se vê entre desertos em todas suas formas. A selva de pedra predomina e aqui e ali uma árvore…
Beijão amiga! Vou cuidar das minhas pequenas arvorezinhas. Não serão grandes árvores, pois o espaço já não permite, mas serão sempre buscadas onde ainda permanecem.
Miss Celi
No meu comentário, eu me esqueci de dizer que a nossa árvore era morada de muitos pássaros, com alguns ninhos. Ali também, vinha, todos os dias, uma família de mico-leão-estrela. Mas o desgraçado fê-la em pedaços com a conivência de amigos do poder público. No lugar, há um grande vazio hoje. No coração, a saudade eterna.
Beijos,
Lu