Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor Anthony van Dyck (1599–1641) foi o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor francês Peter Paul Rubens, sendo 22 anos mais novo do que seu mestre, pessoa de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Também se transformou num dos pintores retratistas mais procurados da Europa, especialmente pela nobreza.
A pintura intitulada Susana e os Anciãos é uma obra do retratista flamengo e principal pintor da corte real de Carlos I da Inglaterra — Anthony van Dyck. Foi criada quando o artista encontrava-se na Itália, sendo inspirada na pintura veneziana. Nas cores luminosas — com destaque para a capa vermelha de Susana — nota-se a influência de Ticiano, enquanto Tintoretto está presente nos contrastes dinâmicos do movimento.
A bela Susana, casta e aflita, procura se afastar dos dois homens luxuriosos que a assediam. Ela procura o observador, como se buscasse proteção nele. A história de Susana foi retratada muitas vezes a partir de 1500, muito por conta das possibilidades oferecidas para incluir uma nudez feminina numa pintura histórica.
Susana foi tema de pinturas feitas também por Rubens, Tintoretto, Rembrandt, Tiepolo e muitos outros ao longo da história da arte. Algumas dessas obras, especialmente durante o período barroco, enfatizaram o drama, enquanto outras se concentraram na nudez. Uma versão do século XIX, por exemplo, criada por Francesco Hayez (hoje na National Gallery, em Londres) sequer tem os anciãos na pintura.
Curiosidades:
- A composição é baseada na história bíblica retirada do livro de Daniel.
- Uma bela esposa judia chamada Susana é acusada falsamente por libidinosos observadores escondidos. Enquanto ela se banha no jardim e tendo mandado embora suas damas de companhia, dois dos anciãos secretamente observam-na. Quando ela está voltando pra casa, eles a pressionam, e ameaçam alegar que ela estaria se encontrando com um jovem no jardim, caso não concorde em se entregar a eles. Ela se recusa a ser chantageada.
- Susana é presa e está prestes a ser executada por promiscuidade, quando um jovem chamado Daniel interrompe o julgamento, gritando que os dois anciãos deveriam ser questionados, para prevenir a morte de uma inocente.
- Após serem separados, os dois homens foram questionados em detalhes sobre o que viram, mas acabaram discordando sobre qual a árvore sob cuja sombra Susana teria se encontrado com seu amante.
- O primeiro diz que eles estavam sob uma almecegueira, e Daniel diz que um anjo está pronto para cortá-lo em dois. O segundo diz que eles estavam sob um carvalho, Daniel diz que um anjo está pronto para serrá-lo em dois.
- A grande diferença de tamanho entre a almecegueira e o carvalho torna a mentira dos anciãos óbvia para todos os observadores. Ambos são então executados e a virtude triunfou.
- Susana é uma das adições em Daniel, considerada apócrifa por protestantes, mas incluída no Livro de Daniel (como o capítulo 13) pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa Oriental.
Ficha técnica:
Data: 1623
Dimensões: 194 x 144 cm
Técnica: óleo sobre tela
Gênero: pintura religiosa
Estilo: barroco
Localização: Alte Pinakothek de Munique, Alemanha
Fontes de pesquisa:
Barroco/ Taschen
Wikipédia
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Lu
Impressionante como a história bíblica permeia todas as inspirações artística à época, até mesmo onde o nexo parece não estar presente.
Antônio
O principal motivo para que isso acontecesse é que a arte estava voltada para o contexto religioso. É aí que se encontravam os grandes mecenas. Era isso que buscavam e os artistas queriam vender seu trabalho. Ainda que desejassem tratar de outro tema, temiam não encontrar compradores. O segundo ponto é que a Bíblia era o livro de maior destaque à época e poucos outros haviam. Ainda que os artistas não tivessem acesso a uma Bíblia (livro), ele ouvia nas igrejas as histórias ali contidas. Na maioria das vezes os mecenas já repassavam a história que queriam ver retratada, tendo o artista liberdade apenas para criá-la.
Abraços,
Lu