Recontado por Lu Dias Carvalho
As divindades não davam moleza àqueles que ousavam comparar-se com elas, só que muitos inocentes pagavam pelas ofensas de terceiros. E foi isso que aconteceu com Andrômeda, filha do rei Cefeu e da rainha Cassiopeia, que era um poço de vaidades, a ponto de comparar sua formosura com a das ninfas marinhas. Essas, indignadas, enviaram um horrendo monstro marinho para devastar o litoral daquele reino, como forma de punir a vaidade de Cassiopeia.
Como os oráculos eram “pau para toda obra”, o rei Cefeu recorreu a um deles para livrar-se daquela calamidade. E veio o conselho: entregar a filha Andrômeda à cruel anomalia, para que a devorasse, acalmando-a. E assim foi feito, pois ninguém era maluco para ousar contrariar a sabença de um oráculo.
O semideus Perseu, filho de Zeus e da princesa Dânae, em seu giro pelo céu, divisou a infeliz Andrômeda amarrada a uma árvore, próxima a um rochedo, à beira-mar, aguardando, aterrada, a aproximação do monstro marinho. O herói aproximou-se dela, perguntando-lhe o nome, qual era seu país e o porquê de ali se encontrar. A jovem contou toda a sua história, inclusive que estava pagando pelo orgulho de sua mãe. Minutos depois apareceu o monstro, amedrontando todos que ali se encontravam. Seus pais estavam desesperados, mas sem nenhuma ação. Só faziam lamentar a sorte desgraçada da filha. Dirigindo-se a eles, Perseu pediu a donzela em casamento, caso fosse capaz de vencer a fera. E prontamente recebeu o consentimento da dupla.
Encontrando-se a fera morta, e depois de intensa batalha, Perseu foi recebido pelos pais de Andrômeda com grande alegria, enquanto o povo gritava o nome do herói. Mas na noite de núpcias, Frineu, que antes era o noivo da jovem, adentrou no palácio com um grupo de amigos, reclamando a posse de Andrômeda. Perseu, por sua vez, disse-lhe que ele deveria ter essa preocupação, quando ela se encontrava prestes a ser devorada pelo monstro. Disse-lhe também que a sentença dos deuses acabara com todos os laços que havia entre ambos, assim como a morte dela tê-lo-ia feito.
Erineu, acompanhado de seu bando, avançou contra Perseu e seus amigos, que eram em menor número. A batalha era desigual. Na iminência de uma derrota, Perseu lembrou-se de sua amiga. Pediu aos amigos que abaixassem os olhos, levantando a cabeça da Medusa, que trazia consigo. Os inimigos ficaram imobilizados, transformados em estátuas de pedra. E a festa continuou…
Nota: quadro de Perseu Salvando Andrômeda, de Piero de Cosimo
Fontes de pesquisa
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM
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