As últimas décadas do século XIX e o período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial primaram pela prosperidade e pela modernidade e foi justamente nesse período que surgiram dois novos movimentos artísticos: o Simbolismo e a Arte Nova (ou Art Nouveau). A França foi o berço do Simbolismo, mas contou com adeptos em grande parte da Europa, sendo Paris e Bruxelas os mais importantes centros do pensamento e da obra simbolista, cujas raízes estavam fincadas no Movimento Estético que achava ser mais importante trazer à imaginação um clima com leves harmonias de cor ao invés de narrar uma história. Os anos 1880 foram o ápice desse movimento.
O Simbolismo foi, portanto, um movimento artístico surgido na década de 1880 que se contrapôs ao materialismo e às mudanças tecnológicas do século XIX, ou seja, foi uma oposição aos movimentos naturalistas — o Realismo e o Impressionismo — que dominaram o cenário artístico depois da década de 1850. O termo “simbolismo” foi cunhado por Jean Moréas, poeta de arte francês, ao escrever um artigo para o Le Figaro, jornal diário francês, que tinha por título “O Simbolismo”, termo este que acabou sendo estendido a todo estilo imaginativo e intuitivo de pintura que se abstivesse da objetividade e do naturalismo. O manifesto simbolista foi escrito por poeta em 1886.
Os pintores simbolistas criticavam os movimentos naturalistas que se dedicavam apenas ao que viam, renegando a imaginação, o intelecto e as emoções. Achavam necessário criar imagens que trouxessem à lembrança certos climas e sentimentos. Preferiam a visão interior, os sentimentos e as ideias como sendo os pontos de partida da arte, ao invés de explorar o mundo exterior palpável, ou seja, aquele que os sentidos podiam apreender. Queriam que a arte se fizesse presente por meio da linha, da cor e da forma, assim como acontecia com a poesia e a música. Eles não tinham símbolos determinados, mas preferiam imagens que fossem bastante evocativas. Bem mais do que um estilo, o Simbolismo era uma concepção artística, sendo ao mesmo tempo uma tendência literária e artística.
Não se deve confundir o “sonho simbolista” com o sonho analisado por Freud, aquele que se tem ao dormir. Os simbolistas não tinham conhecimento sobre a existência do subconsciente. O sonho a que se referiam dizia respeito a uma ilusão consciente, aprimorada com as experiências sensuais relativas ao sentido estético, capazes de distanciar a mente de preocupações corriqueiras e, assim, propor e trazer experiências inesperadas e casuais, conduzidas pela imaginação humana, providas de estímulos emocionais e sensuais. Em resumo, o artista simbolista não se encontrava inerte, adormecido ou inconsciente, mas atento ao que se passava em sua mente.
Sendo o sonho uma fonte de inspiração dos escritores e pintores simbolistas, é normal que suas obras tenham como características seu componente fantástico indispensável e suas imagens cheias de emocionalidade. Eles buscavam explorar a experimentação sensorial através da imaginação. Para fugir do mundo físico, tentavam tornar seus sentidos tão conscientes e tensos a ponto de torná-los doídos. Em suma, o sonho simbolista buscava se extasiar com a experiência sensual instigada por estímulos artificiais.
As obras simbolistas almejavam encontrar a experimentação da provocação sensual da imaginação. Através dela os seus autores não queriam ser demais claros ou excessivamente difíceis de serem compreendidos. À medida que o movimento se desenvolvia, a representação da realidade concreta ia sendo deixada de lado na busca de um maior aprofundamento no significado da obra de arte. No que diz respeito à poesia simbolista, sua característica principal era a de botar o sentido do poema em um segundo plano, para que os sons das palavras, ou seja, seus aspectos materiais, ganhassem mais destaque. O Simbolismo em Paris deu destaque a um grande número de artistas e literatos como Gustave Moreau e Stéphene Mallarmé.
Os simbolistas, tanto escritores quanto pintores, recobravam temas da mitologia clássica e da Bíblia que estivessem dentro daquilo que buscavam. Algumas vezes expunham o tema sem oferecer referências, ou seja, sem indicar espaço, tempo ou pessoas, mas criando imagens próprias, sem ser preciso se referir ao passado clássico ou bíblico. A imagem de Salomé, por exemplo, personagem bíblica, em razão de sua sensualidade era extremamente popular entre os simbolistas, sendo ao mesmo tempo objeto de horror e fascínio. Eles a viam como a representação da sensualidade feminina, vista sob o ponto de vista masculino, mostrando-se ao mesmo tempo fascinante e mortífera.
O pintor francês Eugène Delacroix em meados do século XIX expôs a ideia de que era possível fazer uso da cor tanto para descrever como para expressar. Os pintores simbolistas pegaram esta ideia de Delacroix e desenvolveram-na. Alguns deles exploraram ideias semelhantes com a linha e a forma. Para eles, quando a superfície pictórica é sutilmente organizada, a cor e a linha chegam ao ápice de sua expressividade. E se uma obra é excessivamente descritiva, ela deixa de ser um apoio eficiente do conjunto, tornando-se mais um elemento de distração. Com base em tal conceito a maioria dos pintores simbolistas eliminavam os detalhes na representação das imagens mais importantes.
O Simbolismo contou com vários grupos, sendo o que se estabelecera durante um pequeno tempo em Pont-Aven (Bretenha) um dos mais importantes. Dele faziam parte Paul Gauguin, Emile Bernard e Paul Sérusier. Esse grupo sentiu-se seduzido pelo folclore camponês e pela religiosidade daquela gente dos rincões rurais. Tratava-se de um campo ideal para que fizessem experiências com imagens de sonhos e recordações, usando formas simplificadas, cores não naturais e padrões rítmicos.
Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
Jan Toorop – AS TRÊS NOIVAS
Munch – A DANÇA DA VIDA
Teste – A ARTE DO SIMBOLISMO
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha
Views: 25