Autoria de Lu Dias Carvalho (Clique na imagem para ampliá-la.)
O estudo da história da arte passa por uma sucessão de estilos. Na Idade Antiga travamos contato com a arte egípcia, grega, romana e bizantina. Na Idade Média passamos pelos estilos Românico e Gótico. Na Idade Moderna já vimos o Renascimento, o Maneirismo e agora entramos no estilo Barroco que apareceu entre o começo do século XVII e o meio do século XVIII e, assim como o Renascimento, mostrava grande interesse pela Antiguidade clássica. Nascido em Roma, na Itália, o Barroco espalhou-se por toda a Europa, principalmente pelos países católicos, tendo fortes laços com a Contrarreforma (oposição à Reforma) religiosa. Roma foi a cidade italiana mais ligada ao Barroco, tendo se transformado num centro de produção e debate artísticos. Para lá convergiam artistas de toda a Europa, com a finalidade de estudar as antiguidades clássicas e a arte da Alta Renascença, assim como fugir dos ditames da Reforma.
O termo “barroco” — palavra portuguesa que significa pérola imperfeita — era usado, desde a Idade Média, com uma intenção ofensiva, ao referir-se a um raciocínio ilógico que confundia o falso com o verdadeiro, mas ao transferir-se para as artes, passou a ser usado para criticar os excessos de um estilo visto como uma degeneração dos princípios clássicos em razão dos excessos nele contidos. Assim fizeram os classicistas do século XVIII, ao mostrar seu desprezo ao desafio das regras clássicas pelos pintores do século XVII, principalmente os escultores e arquitetos com suas obras excêntricas e extravagantes. Contudo, no século XIX, os estudiosos de arte alemães passaram a fazer um uso imparcial do termo “barroco” para descrever a arte do século XVII.
Os dirigentes da Igreja Católica do século XVII foram os grandes mecenas de uma arte que objetivava expressar fervor religioso. Assim, a glória do martírio, as visões e êxtases dos santos tornaram-se temas dominantes, principalmente na pintura e na escultura. Essa intensa gama de emoções era mostrada com todos os recursos de uma linguagem retórica de gestos e expressões. A Igreja Católica criou diretrizes para os artistas, impulsionando-os a criar obras realistas, capazes de tocar o sentimento das pessoas. No que diz respeito ao mundo secular, os monarcas — imbuídos da doutrina do direito divino dos reis — também abraçaram o novo estilo.
Ao deixar para trás a arte renascentista, os artistas barrocos passaram a mostrar o brilho mais radiante das cores, a usar uma pincelada mais livre e expressiva, criando mais riqueza de contrastes, texturas e a fazer um intenso uso de luzes e sombras. Além da temática religiosa, os retratos ganharam espaço nessa época, assim como a paisagem. Os temas alegóricos e mitológicos foram os mais buscados pelos mecenas mais sofisticados e a pintura de gênero ganhou vida, principalmente na Holanda.
O objetivo da escultura barroca era elevar os pensamentos dos fiéis à glória do céu, como mostra o interior das igrejas barrocas com suas inúmeras esculturas, pinturas decorativas, o uso do dourado, do estuque e dos mármores de cores vistosas. O trabalho dos artistas barrocos era o de apelar pelas emoções do observador e convencê-lo em relação à fé. Por isso, as cenas eram representadas de maneira a capturar o momento mais importante da ação dramática que se destacava em razão de contrastes chamativos de luzes e sombras, o que tornava o efeito de uma obra barroca imediato e extasiante.
Os artífices barrocos criaram ousados efeitos assimétricos e movimentos diagonais. Na arquitetura barroca formas e espaços são organizados com maior força, tendendo a fluir e a fundir-se. Além disso, há a combinação de três artes — pintura, escultura e arquitetura — produzindo um efeito único, o que pode ser visto nas igrejas erguidas com tal estilo. Embora o Barroco tenha se oposto ao Maneirismo do final do século XVI — quando os artistas preocupavam-se mais com o virtuosismo de que com os sentimentos — dele conservou certos elementos, como a intensa emoção e o senso de movimento, mesclando-os com mais dinamismo.
A arte barroca em sua forma mais pura apresentou-se apenas nos países católicos, principalmente na decoração das igrejas. Os principais países católicos em que este estilo floresceu foram: Itália, Espanha e as Flandres (que hoje são mais ou menos a atual Bélgica). Entre os países protestantes, a Holanda e a Inglaterra tiveram um papel de destaque neste estilo, principalmente na pintura. O escultor, arquiteto, decorador, pintor e desenhista Gian Lorenzo Bernini foi um dos nomes de destaque da escultura barroca.
Exercício
1. O que sabe sobre o termo “barroco”?
2. Onde o Barroco surgiu e mais se desenvolveu? Por quê?
3. Quais eram as características do Barroco?
Ilustração: O Êxtase de Santa Tereza, 1652, escultura de Bernini
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha
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Lu
O Barroco foi um estilo de época que surgiu após o Maneirismo e veio para contrapor à Reforma protestante, estabelecida na Europa por Martinho Lutero. Lembrando que a Reforma protestante abominava as obras sacras em virtude das ideias contrárias à Igreja católica, especificamente no que diz respeito à adoração de santos.
O Barroco surgiu contrariando as ideias luteranas, possibilitando o surgimento de obras belíssimas no campo das artes pictóricas, esculturais e na arquitetura, principalmente das igrejas. Os trabalhos artísticos de óleo sobre tela, geralmente apresentavam a dualidade da luz e sombra, com cores fortes e expressões de santos olhando para o céu, como forma de aproximar de Deus. As esculturas não fogem dessa temática religiosa. A arquitetura foi marcante, principalmente com suas igrejas belíssimas, utilizando bastante requinte nos detalhes, com bastantes obras folheadas a ouro e cores vivas em toda sua extensão, inclusive no teto, com seus afrescos extraordinários.
Hernando
O Barroco foi realmente um estilo marcado pelo fervor religioso, como descrito por você em seu belo comentário. Suas obras eram intensas, com o predomínio do claro e escuro, sendo Caravaggio o mais importante mestre desse estilo.
Abraços,
Lu
Lu
Adorei a matéria que nos mostra o empenho dos artistas em querer mudanças nas artes mais uma vez. O Barroco foi um estilo sucessor do Renascimento, tanto um como este compartilhavam o gosto pelo antigo clássico. A igreja Católica buscou por meio da arte barroca colocar um freio nas ideias protestantes e reafirmar os valores cristãos . O Barroco surgiu em meio a crises políticas e religiosas.
Marinalva
É importante notar como os estilos aparecem em períodos de mudanças na sociedade, o que nos mostra que estes são frutos de uma determinada época. O Barroco era um estilo grandioso, nascido na Itália, ganhando toda a força da Igreja Católica e da sociedade da época.
Abraços,
Lu
Lu
Parece-me que o estilo Barroco foi marcante no processo de desenvolvimento das artes, devidos às suas características, resultados obtidos e impulsionados pela igreja Católica. Imagino que o novo estilo, também, influenciou a literatura, o teatro, a música e a dança. Será que os monarcas abraçaram o estilo Barroco porque eles foram imbuídos da doutrina do direito divino dos reis ou para demonstrar que eram cultos ou porque o novo estilo estava na moda?
Adevaldo
O estilo Barroco exerceu grande influência nos mais diferentes campos das artes. Foi também o primeiro a chegar ao Brasil, através da família real portuguesa, tendo Aleijadinho como o mestre maior. Quanto às suas indagações sobre os monarcas, a mesma resposta encontra-se em todas elas, sim.
Abraços,
Lu