Autoria de Lu Dias Carvalho
O pintor italiano Annibale Carracci (1560-1609), nascido em Bologna, era oriundo de uma família de artesãos. Seus ancestrais eram alfaiates. Seu irmão Agostino (1557-1602) formou-se como gravador e pintor. Annibale começou trabalhando na alfaiataria, mas depois seguiu os passos do irmão mais velho, com quem trabalhou na oficina do primo Ludovico Carracci em Bolonha, o que leva a crer que esse tenha sido seu professor. Os três fundaram uma escola artística chamada Academia degli Incamminati (Academia do Caminho), sendo Ludovico o dirigente da escola, conhecido por sua rejeição ao estilo maneirista. Annibale era o mais criativo do grupo. Os três artistas trabalharam juntos na decoração do Palazzo Fava em sua cidade natal. Em muitas das primeiras obras de Bolonha, é difícil distinguir as contribuições individuais de cada um deles, pois carregam apenas a assinatura “Carracci”, o que pode sugerir que os três participaram.
A composição intitulada O Comedor de Feijão é uma obra de Annibale Carracci. Nela o artista mostra a sua abertura em relação às tendências realistas da pintura de gênero do Norte europeu. Muitas de suas obras retratam a vida de pessoas simples. Esse foi também um período em que artistas e compradores passaram a mostrar interesse por composições sobre a vida cotidiana da gente simples, nascendo, assim, a chamada “cena de gênero” que já vinha aparecendo nas tapeçarias do século XV.
Para criar a composição acima, Carracci considerou uma estrutura de composição bem comum, optando por pinceladas cruas e simples, fazendo uso de tons de terra. Ele apresenta um homem simples – um camponês ou trabalhador rural – sentado à mesa, fazendo a sua refeição. Usa uma colher de madeira para comer seus feijões. A mesa está coberta com uma toalha branca. Sobre ela, num alinhamento simples, estão: a tigela com feijões, cebolas, pão, um prato com torta de vegetais, um copo pela metade e um vaso listrado de cerâmica. Tudo ali é singelo.
O homem usa roupas modestas e traz sobre a cabeça um chapéu de palha. Possui maneiras rudes e parece comer avidamente. Olha furtivamente para o observador e traz a boca aberta. O pintor não foge à dura realidade do retratado tanto em sua técnica pictórica quanto na abordagem artística. As cores sem brilho em tons de terra são depositadas na tela em pinceladas grossas e irregulares. Annibale Carracci, deliberadamente, não acrescentou a ela qualquer artifício ou habilidade. Assim, tudo nela é modesto, é simples, até mesmo o modo como foi criada.
Ficha técnica
Ano: c.1580-1590
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 57 cm x 68 cm
Localização: Galeria de Colonna, Roma, Itália
Fontes de pesquisa
Obras-primas da arte ocidental/ Taschen
1000 obras-primas da pintura europeia/ Konemann
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Lu
Interessante nesta fase do curso (Cubismo) você apresentar uma obra de outro estilo (Barroco) para que a gente possa diferenciar as características entre os estilos. Sobre a composição “Comedor de Feijões” de Annibale Carracci destacam suas pinceladas fortes e simples. Com sua tendência realista, ele retrata a vida cotidiana de um trabalhador comum depois de um dia de trabalho árduo. É marcante sua expressão antes da colherada de feijões para saciar a fome.
Adevaldo
Sim, obras de variados estilos serão postadas com a finalidade de levar à comparação. Ao término do curso é fundamental que o participante tenha a capacidade de reconhecer os diferenciados estilos. Parabéns pela postura analítica.
A mesa desse trabalhador está mais rica do que a vista nos dias de hoje, pois o feijão, com seu preço lá nas alturas, está sumindo da mesa do trabalhador brasileiro.
Abraços,
Lu
Abraços,
Lu