Autoria de Lu Dias Carvalho
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Coubert não queria formosura, queria realidade. (E.H. Gombrich)
Espero sempre ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um milímetro de meus princípios, sem ter mentido à minha consciência nem por um único momento, sem pintar sequer o que pode ser coberto pela palma de minha mão para agradar a alguém, ou para vender mais facilmente. Sejamos verdadeiros mesmo que feios! (Gustave Courbet)
O pintor francês Gustave Courbet (1819-1877) nasceu em meio a uma bem-sucedida família de agricultores. Estudou com Flajoulat, que fora aluno do famoso pintor Jacques-Louis David. Aos 20 anos de idade foi para Paris, onde estudou com o pintor Steuben, e também fez cópias no Louvre. A primeira pintura de Courbet, aceita pelo famoso Salão de Paris, foi Autorretrato com Cão Preto, feita em 1844, aos 25 anos de idade. Quatro anos depois o artista expôs 10 telas no Salão, chamando para si a atenção de um crítico de arte. No ano seguinte um júri, composto por artistas, escolheu onze quadros do pintor.
A composição Os Quebradores de Pedra é uma das obras mais polêmicas e aclamadas de Courbet em que ele expõe o empobrecimento e a vida miserável dos camponeses de seu país à época, sem nenhuma esperança de melhoria de vida.
A composição apresenta duas figuras masculinas: uma bem mais jovem e outra mais velha, ambas subjugadas pelo interminável trabalho braçal — quebrar pedras para a construção de uma estrada. A presença do garoto e do homem mais velho deixa claro o ciclo infindável em que se começa a trabalhar ainda muito moço e se envelhece fazendo a mesma coisa nas classes pobres. Ambos vestem roupas velhas e rasgadas, atestando a pobreza em que vivem.
O garoto está de costas para o observador, segurando uma vasilha com pedras, enquanto o homem mais velho — possivelmente seu pai — está de perfil, ajoelhado numa perna, tendo a outra dobrada. Ele traz as duas mãos na marreta erguida para quebrar as pedras no monte espalhado à sua frente. O chapéu encobre grande parte do rosto, deixando apenas o queixo visível. Ao fundo vê-se um velho caldeirão e um recipiente, possivelmente com água. Uma picareta descansa à frente do garoto, enquanto ele carrega pedras, numa alusão de que assim será sua vida, até se tornar velho como o homem que acompanha no árduo trabalho.
O quadro Os Quebradores de Pedra trata-se de um manifesto nu e cruento sobre o trabalho braçal a que estavam submetidos os camponeses franceses à época, mas que poderia, ainda hoje, simbolizar a vida de muitos trabalhadores espalhados pelo mundo, inclusive em nosso país, onde os serviços pesados cabem sempre aos pobres.
Infelizmente esta pintura, conhecida em todo o mundo, e uma das mais procuradas deste site, foi perdida no bombardeio de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Ainda bem que podemos apreciar a sua cópia.
Ficha técnica
Ano: 1849
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 159 x 259 cm
Estilo: realismo
Localização: Dresden, Alemanha (antes de ser destruída)
Fontes de pesquisa
Courbet/ Abril Coleções
Courbet/ Coleção Folha
Courbet/ Taschen
Views: 15
Lu
Em “Os Quebradores de Pedra”, o pintor francês Gustave Courbet, líder do movimento realista, expõe a realidade do dia a dia dos trabalhadores na França, passando uma imagem de como a classe rural é explorada, abusada e leva uma vida de miséria sem perspectiva de um futuro melhor. Gostei demais dessa pintura simples que repassa um ensinamento a todos e faz uma crítica em direção aos poderosos, como muitos de seus quadros.
Os quadros de Courbet retratam a vida real com temas sociais e problemas urbanos. São temas com muita clareza, abolindo o clássico e o romântico. As pinturas são precisas e os temas compreensíveis, reais, direcionados aos mandatários e ricos, com seus valores desgastados. Em sua obra tudo é real, tendo abolido temas sobre mitologia, históricos e religiosos. Só retratou aquilo que viu e sentiu.
Marinalva
Courbet foi realmente um pintor comprometido com a situação dos trabalhadores braçais de seu tempo. A ele só interessava mostrar a realidade da vida sofrida dessa gente. Como você bem diz “As pinturas são precisas e os temas compreensíveis, reais, direcionados aos mandatários e ricos, com seus valores desgastados”. Ainda bem que existem artistas sensíveis para fazer denúncias.
Abraços,
Lu
Lu
Muito bela essa obra do pintor francês Coubert, um marco do Realismo que mostra a simplicidade e a dureza da vida das pessoas pobres para sobreviver diante de tantas adversidades. O autor não se preocupa em destacar um mártir, como visto no Romantismo. O foco é no cotidiano das pessoas mais humildes. Nota-se que o realismo visto na obra acontece até hoje no nosso pais, onde há uma concentração abrupta de riqueza nas mãos de poucos em detrimento de escassez em todos os sentidos nas mãos de uma maioria avassaladora. Os pobres e famintos trabalham como escravos para alimentar os ricos com todos os tipos de excessos. Nota-se que a realidade sempre é muito cruel quando não há solidariedade e compaixão com os mais necessitados.
Hernando
A obra em estudo é realmente um marco do Realismo. Courbet sempre mostrou preocupação com a vida sofrida das pessoas humildes, como comprova a maioria de suas obras. O problema da concentração de renda nas mãos de um pouco tem sido uma praga que atravessa os tempos, principalmente nos países onde a população é mais inculta, como é o nosso caso.
Abraços,
Lu
Lu
Muito interessante essa obra realista de Gustave Courbet, conhecida como “Os Quebradores de Pedra”, mostrando uma realidade da época, mas que continua até os dias de hoje, considerando a desigualdade social existente no mundo. A composição nos mostra uma cena comum em que os personagens estão muito concentrados numa árdua tarefa. Nós não podemos visualizar seus rostos em contraste com o fundo escuro de uma luz ardente em primeiro plano e o colorido pálido das vestimentas dos personagens.
Conforme relatório da “Desigualdade Mundial” publicado nesta terça feira, no Brasil os 10% mais ricos possuem uma renda média 29,25 vezes superior aos 50% mais pobres da população.
Adevaldo
Realmente essa é uma cena comum na vida das pessoas pobres, principalmente em países em que a pirâmide social mostra uma diferença alarmante entre suas camadas sociais. O relatório de que fala é preocupante, principalmente quando diz respeito ao Brasil. Um país assim jamais poderá ambicionar um lugar de destaque entre os grandes. Será sempre marginalizado, uma República de bananas.
Abraços,
Lu