Autoria de Lu Dias Carvalho
Existem pessoas que declaram aos quatro ventos que jamais levam desaforo para casa, esquecendo-se de que, quem fala o que quer, está sujeito a ouvir o que não quer, pois a vida não é uma via de mão única. Normalmente, esses indivíduos que se dizem “verdadeiros”, melindram-se com a maior facilidade e levantam uma tromba à vista de qualquer palavra mais áspera, pois, para eles, a recíproca não é verdadeira.
Dentre as profissões, as que lidam diretamente com pessoas são as mais desgastantes, principalmente quando certos indivíduos julgam os funcionários como serviçais pagos para servi-los. Quem nunca viu um vendedor descer pilhas e pilhas de sapatos para depois ouvir da cliente “Não gostei de nenhum!”, sem ao menos um “obrigado”? E o modo indelicado como muitos se dirigem aos garçons? E as grosserias dirigidas aos porteiros? E os maus-tratos direcionados aos atendentes de balcão nos mais diferentes serviços? E isso quando não entra o “sabe com quem está falando?”.
Os cascas-grossas estão em todos os lugares, embora a maioria das pessoas compreenda que não há mais espaço no mundo para a prepotência e o despotismo, pois ninguém é criado do outro. Todos nós somos semelhantes e merecemos respeito, em qualquer que seja a nossa área de trabalho honesto e legal.
Toda esta introdução é para contar ao meu leitor um fato curioso, do qual tomei conhecimento através de um e-mail. Se verdadeiro ou não, isto não importa. O essencial é a mensagem que nos traz, ensinando-nos que uma boa conduta, ao se tratar com um despótico, pode fazer voltar o feitiço contra o feiticeiro, deixando-o com cara de gamela. Vamos ao caso, motivo deste preâmbulo.
Um voo lotado de certa companhia aérea havia sido cancelado por motivos técnicos. Apenas uma funcionária atendia a uma extensa fila que havia se formado. Ela tentava resolver, calmamente, todos os problemas dos passageiros, inclusive explicando-lhes o motivo do cancelamento e as atitudes que seriam tomadas por parte da companhia. Repentinamente, certo sujeito, visivelmente irritado e grosseiro, passou na frente de todos e assumiu a dianteira da fila. Como se só isso não bastasse, atirou o bilhete na atendente, gritando:
? Eu tenho que viajar neste voo e tem que ser na primeira classe!
Ao que lhe respondeu a funcionária:
– Desculpe-me, senhor, terei todo o prazer em atendê-lo, mas antes preciso atender as pessoas que estão à sua frente, aguardando pacientemente na fila. Quando chegar a sua vez, farei todo o possível para satisfazê-lo da melhor forma possível.
O passageiro ficou mais irritado ainda com a resposta e gritou bem alto, para que todos o ouvissem:
– Você faz ideia de quem eu sou?
A atendente sorriu, pediu um instante às pessoas na fila, pegou o microfone e anunciou por todo o terminal:
– Posso ter um minuto de atenção dos senhores, por favor? Nós temos aqui no balcão um passageiro que não sabe quem é, deve estar perdido… Se alguém é responsável por ele, ou é seu parente, ou então se puder ajudá-lo a descobrir sua identidade, favor comparecer ao balcão da companhia X. Muito obrigada!
As pessoas que estavam na fila e as próximas ao local, acompanhando o desenrolar da cena, caíram em sonoras gargalhadas, acompanhadas de uma salva de palmas.
O sujeito bufou de raiva ao se ver motivo de tamanho vexame. Furioso, gritou para a moça:
– Eu vou te foder!
Ao que ela respondeu:
– Desculpe-me, meu senhor, mas mesmo para isso terá que esperar na fila, pois há muita gente querendo fazer o mesmo.
Moral da história: Quem fala o que quer, ouve o que não quer.
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Lu
Realmente ainda há muitos cascas grossas e todos os dias temos que os aturar com suas grosserias.
Abraços, querida!
Rui
Eles estão espalhados por todo o mundo. O melhor a fazer é ignorá-los para que nos perturbem o mínimo possível.
Abraços,
Lu
LuDias
Na vida temos que enfrentar tipos como este.
A humildade é de um valor imenso. Muitas vezes, em ônibus, mesmo sendo idoso, já me levantei e dei meu lugar para alguém que julguei em condição pior do que a minha. Esse gesto sempre causa espanto, principalmente a quem o lugar é oferecido. Muitas vezes, recebi o muito obrigado, tudo bem, não precisava. Mas acredito que minha atitude pode contribuir para que as pessoas comecem a aprender a serem educadas e entenderem que todos somos iguais.
Abraços
OLá, tudo bem?
Possibilidades da vida; Se alguém brada dizendo ao outro;
“…você sabe quem sou?…”
Esta fala pode ser interpretada da seguinte forma;
“Socorro alguém me ajude, pois estou perdido. Começo a entender que “não” sei quem sou e isso para mim é desesperador, por isso grito …”
Boa resposta a este perdido;
“Relax,,, isso é comum, quem realmente se conhece? Aliás saber-se perdido é um bom início para se achar”-rs.,
Duro é dizer isto num aeroporto cheio.-rsrsrsrsrsrs.
abraços.
Ricardo
No fundo todos nós estamos perdidos, mas não por arrogância, mas pela falta de controle de nosso própria vida, em relação à sua finitude. E é mesmo desesperador… risos.
Mas o tipo do ego inflado é terrível, para não dizer insuportável.
O pior é que o cara não queria se achar, risos, mas achar um lugar no avião para acomodar sua prepotência.
E por falar nisso, Ric, você sabe com quem está falando?
Adorei a sua participação e seu espirituoso comentário.
Volte sempre, a casa é sua.
Fale de nosso blog para seus amigos.
Abraços,
Lu
Volto sim, gostei!
Beijos
Ricardo
Será um prazer receber a sua visita.
Abraços,
Lu
E presenciar essas cenas é mesmo terrível!
🙁
Jovi
É difícil aturar alguém que possui um ego inflado.
E como são chatas essas pessoas.
Abraços,
Lu
Lu Dias
O poder transforma certas pessoas em monstros que agem dessa forma.
Assédio é crime e deve ser denunciado para que a sociedade melhore.
Bela narrativa.
Mário Mendonça
Mário
Babacas deste tipo existem aos montes por aí.
Estão nos mais diferentes lugares.
Conheço advogado que se torna síndico e obriga os porteiros a chamá-los de “doutor”… risos.
Abraços,
Lu