Autoria de Lu Dias Carvalho
O imperador romano Constantino mudou a capital do Império Romano de Roma para Bizâncio — antiga cidade grega que então se passou a chamar Constantinopla, atual Istambul e hoje a mais famosa cidade da República da Turquia — por volta do século IV em razão da invasão nos bárbaros. Tal período durou até 1453, quando a cidade foi capturada pelas forças muçulmanas otomanas.
Os artistas bizantinos ficaram subordinados aos líderes religiosos, uma vez que o próprio imperador era visto como o representante de Deus na Terra, sendo por isso representado com um halo semelhante ao usado nos santos — não era apenas a autoridade máxima, mas também divino. A arte Bizantina desenvolveu-se por mais de mil anos, tendo como principal consequência a mistura do classicismo grego com a arte romana e a tendência oriental à alegoria, fazendo com que houvesse uma predominância cada vez mais acentuada dos ritos cristãos.
A estética da arte Bizantina passou por algumas fases. A primeira delas foi a “Era de Ouro” que aconteceu no início desse estilo de arte, indo até a mudança da capital romana para a antiga Bizâncio. A seguir houve um tempo de iconoclastia em que o uso de pinturas com forma humana realista foi proibida, sob a alegação de que se devia cumprir o mandamento religioso que proibia adorar imagens. Nesse período, inúmeros artistas bizantinos, inconformado com as novas regras, deixaram Bizâncio, só ali retornando após a revogação do decreto. A sua última fase de florescimento, chamada de “Arte Bizantina Tardia”, perdurou até 1453, quando houve a queda de Constantinopla.
A representação realística do classicismo cedeu lugar a uma arte mais abstrata e decorativa. As cores vibrantes e o simbolismo ressoante da arte Bizantina tinham por objetivo criar uma atmosfera mística, cuja finalidade era levar à aceitação dos dogmas religiosos. As igrejas eram decoradas com delicadas formas de domos, enquanto o cristianismo espalhava-se por todo o Império Romano.
Os artistas — quase sempre anônimos — criaram mosaicos, afrescos, pinturas, ícones e esculturas religiosas, cujo objetivo era o de decorar igrejas e monastérios, mostrando cenas da vida e dos ensinamentos de Jesus Cristo. A arte Bizantina foi, portanto, um estilo que perdurou por mais de 1.000 anos e que esteve presente na pintura, escultura e nos mosaicos das igrejas cristãs.
Dentre as características da arte Bizantina está o uso deliberado das cores. Os artistas bizantinos escolhiam as cores de acordo com a capacidade que elas tinham de refletir luz. Nas igrejas bizantinas as janelas eram localizadas nos lugares mais altos, através das quais a luz entrava, sendo direcionada para os mosaicos feitos de vidro e de cacos de cerâmica que recobriam as paredes e o chão, criando um efeito místico. Tesselas de ouro eram usadas com o objetivo de iluminar as imagens de dentro para fora, criando certos efeitos de ilusão óptica. Um desses efeitos podia ser visto nos personagens santos, presentes nos mosaicos das cúpulas, que pareciam se afastar do fundo dourado e aproximar-se do observador.
Dentro do reino espiritual bizantino havia uma rígida hierarquia. Nele também eram reverenciadas a matemática, a teoria dos números e a geometria abstrata — vistas como as mais elevadas das Ciências. Muitos artistas bizantinos tinham um conhecimento prático de geometria simples e proporção.
No que diz respeito à ideia de beleza, a arte Bizantina também adotava um senso rígido. A imagem de Cristo — sempre olhando diretamente para o observador — constituía o foco mais importante da obra. Os demais personagens eram postados ao lado ou debaixo dele, levando em conta a posição hierárquica de cada um deles, obedecendo ao princípio da doutrina cristã de “um só Deus” para muitos.
Os ícones na teologia bizantina tinham por objetivo fazer a ligação entre o humano e o divino, ou seja, eles eram o elo de ligação entre os fiéis e Deus. Eram normalmente feitos com madeira e tinta, mas podiam ser reproduzidos em marfim, mármore, metal, mosaico e tapeçaria. As figuras deveriam ser registradas de maneira frontal e sem aspectos de emocionalidade.
A arquitetura bizantina, embora tivesse muita correlação com a romana, foi a primeira tida como realmente cristã. Herdou da romana os arcos semicirculares e o uso de colunas, ainda assim trabalhou-os dentro de seu próprio estilo. O uso do domo (cobertura hemisférica de uma edificação) foi uma das maravilhas desse estilo. Na cidade de Veneza, na Itália, a Basílica de São Marco foi construída no estilo bizantino clássico.
Após a queda de Constantinopla em 1453, a Rússia tornou-se a herdeira da civilização bizantina, nela processando algumas mudanças. Os personagens tornaram-se mais alongados e finos e o conteúdo das imagens ganhou uma intensa emotividade.
A arte Bizantina foi inestimável para a difusão da doutrina cristã. Tornou-se uma aliada poderosa tanto na doutrinação quanto na prática, impulsionando a evolução do cristianismo. Dois grandes nomes desta arte são Giovanni Cimabue e Giotto de Bondone.
Nota: A ilustração acima mostra o interior da Basílica de São Vital (San Vitale), situada na cidade de Ravenna na Itália. Trata-se de um dos exemplos mais importantes de arte Bizantina na Europa Ocidental, sendo tida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ESCADA DA ASCENSÃO DIVINA
A IMPERATRIZ TEODORA E SEU SÉQUITO
Andrei Rublev – SANTÍSSIMA TRINDADE
CRISTO PANTOCRATOR
OS MOSAICOS DA IGREJA DE SÃO VITAL
Teste – A ARTE BIZANTINA
Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Para entender a arte/ Maria Carla Prette
A história da arte/ E. H. Gombrich
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