ANSIEDADE X TECNOLOGIA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

Não há por que contestar que a tecnologia vem tornando a vida humana bem mais fácil. São inúmeros os benefícios prestados em todos os campos. Contudo, ela também apresenta uma face perversa – quando não usada com equilíbrio –, fortalecendo o provérbio que diz que “quem nunca comeu melado, quando come, acaba se lambuzando”. É exatamente isto que vem acontecendo. Nós temos perdido o equilíbrio no que tange ao uso, sobretudo, das redes sociais, ávidos que estamos pelos celulares – cada vez mais modernos – que nos conectam com o mundo, mas que nos desconectam com aqueles que vivem em torno de nós.

Nunca se falou tão pouco nas salas de espera de consultórios e hospitais, dentro dos ônibus e metrôs, nos recreios de escolas e festas, nas ruas e até mesmo nos pequenos intervalos de descanso oferecidos pelas empresas. E tudo isso sem querer penetrar na intimidade dos lares, onde o contato com as redes sociais toma assento até mesmo à mesa, quando a família se reúne para comer. Entre uma garfada e outra os olhos voltam-se para o aparelhinho retangular postado à esquerda do ansioso membro que checa continuamente as mensagens recebidas. Tudo parece ser de urgência urgentíssima. E o diálogo com as pessoas próximas? O que é mesmo isso? Quem passa mesmo a comer de concha nessa parada é a ansiedade – vilã da sociedade moderna.

O fato é que ainda não nos encontramos preparados para o número alarmante de informações – dos mais diferentes vieses – que chegam até nós diariamente, ainda mais quando a modernidade de nossos tempos exige que sejamos multitarefeiros.  A questão é tão complexa que novos termos estão surgindo para definir a ansiedade gerada pelos novos meios de comunicação, como ringxiety (sensação de que o celular toca ininterruptamente) e technologyrelated (aflição gerada pelo travamento do computador). No bojo de tudo isso está a ansiedade – angústia ou perturbação – ocasionada pelo medo de encontrar-se desconectado da internet, desconhecendo o que acontece no país e no mundo. O resultado de tudo isso é que estamos nos transformando em pessoas ansiosas que sofrem por antecipação e, consequentemente, perdemos qualidade de vida.

O psicanalista e escritor Augusto Cury adverte-nos: “Pensar é bom, pensar com consciência crítica é ótimo, mas raciocinar excessivamente e sem gerenciamento é uma bomba para a saúde psíquica e para o desenvolvimento de uma mente livre e criativa”. O que vem acontecendo é que a consciência crítica é cada vez mais fugaz, pois a maioria de nós funciona no autômato. O pensamento acelerado rouba a emoção, põe de escanteio a qualidade e a profundidade de nosso raciocínio, apegados que estamos a um número impactante de estímulos que despenca sobre nós – número esse que acaba por nos presentear com a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA) – a moléstia de nosso século, segundo o escritor, que é bem mais prejudicial que a depressão.

O estado de ansiedade crônica é causado pela rapidez e pelo excesso de pensamentos, resultando num coquetel explosivo para a nossa saúde emocional – de acordo com Cury. Ele também explica que ao violarmos o ritmo de formação de nossos pensamentos – o que é antinatural – estamos sobrecarregando nosso cérebro, gerando consequências gravíssimas para nós mesmos. Sempre soubemos que o nosso corpo está adaptado para trabalhar em equilíbrio e que todo excesso prejudica o seu funcionamento – até mesmo a velocidade com que raciocinamos. Fica, portanto, o alerta: não podemos ir com muita sede à fonte, pois ainda não sabemos como lidar com muitas dessas situações que chegam até nós. Portanto, o equilíbrio – também conhecido pelo Budismo como Caminho do Meio – deve nortear nossos impulsos e comportamentos de modo que não venhamos a tornar-nos vítimas do excesso que é um campo fértil para a ansiedade.

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6 comentaram em “ANSIEDADE X TECNOLOGIA

  1. Larissa

    Lu
    Estou na 2ª semana com o reconter e não vejo melhoras nenhuma. Estou me sentindo mais ansiosa e muito desesperançosa. Parece que isso não vai ter fim. Já não sei mais o que fazer.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Larissa

      Você precisa ter mais confiança no tratamento, minha lindinha. Como sabe, ainda se encontra na fase mais difícil que demora cerca de três semanas. Mas tudo isso valerá a pena depois que começar a sentir os bons efeitos. Se ler os comentários verá que a maioria das pessoas que hoje se encontram bem passaram por isso. Os efeitos adversos são realmente muito aflitivos, mas ponha na sua cabecinha que eles irão passar e você terá uma vida com qualidade. Tudo é questão de tempo. Confie na sua capacidade de superar tudo isso. Quanto mais resistência puser ao seu tratamento, mais difícil ele se tornará, portanto, viva apenas um dia de cada vez. Seja POP!

      Amiguinha, caso seu médico não tenha passado nenhum ansiolítico para ser tomado nessa fase ruim, converse com ele a respeito. Um calmante irá ajudá-la a vencer esses dias agoniantes. Estarei sempre aqui para ajudá-la.

      Beijo no coração,

      Lu

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  2. Larissa

    Lu

    Estou no 8º dia de uso do reconter, uso 5 gotas de manhã, mas parece que não melhorei nada ainda. Venho pro trabalho forçada, faço tudo sem vontade, fico muito triste, tremendo e com o coração acelerado. Às vezes parece que vou surtar, dá vontade de morrer. Quando será que isso vai ter fim?

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Larissa

      É preciso ter paciência, amiguinha. Você ainda se encontra na fase inicial, quando os efeitos adversos são bem ruins. Essa fase demora cerca de três semanas, mas após esse tempo você começará a ficar cada vez melhor. Continue POP (paciente, otimista e persistente). Caso esteja se sentindo muito mal, peça a seu médico para receitar-lhe um ansiolítico para ser tomado nesse período em que os sintomas mostram-se muito intensos. Esse medicamento irá ajudá-la a sentir-se melhor, mas assim que estiver bem, vá parando com ele. Compreendo todo o seu desespero, ainda mais que era resistente ao tratamento, mas tudo isso não tardará a ficar para trás. Coragem! Continue em contato comigo. Não se sinta só. Eu já lhe enviei o link de alguns textos que irão ajudá-la?

      Beijos,

      Lu

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  3. Maria Claudia

    Lu

    Seu texto veio na hora certa!

    Acabei de excluir do meu celular o aplicativo do Face. Esta ânsia de postar o tempo todo, de achar que se não estiver conectada vou me perder do que acontece no país e no mundo, a sensação ruim de achar que não domino nenhum assunto, que só sei superficialmente devido à avalanche de informações que recebo todos os dias, principalmente pelas redes sociais, tem me feito muito mal.

    O mais interessante é que cheguei de minha viagem na casa do meu namorado e estava completamente fora disso tudo! Perdi meu celular num táxi em SP, mas meu namorado conseguiu falar com o taxista e o mesmo me enviou o celular pelos Correios (pessoa abençoada! Sou grata a ele!) Só recebi o celular uns 4 dias antes de vir embora, devido ao Carnaval. E mesmo tendo o celular do meu namorado, acessei pouquíssimas vezes o Face, não acessei o Insta e no ZAP fiquei ausente. E foram os dias que fiquei mais tranquila, que vivi de fato o momento presente, que não tirei fotos na necessidade de registrar tudo, não fiz check in em aeroportos, absolutamente nada. E a ansiedade praticamente sumiu, eu dormia bem, acordava bem, conversava, ouvia música e estava feliz! Mas foi chegar em casa que começou tudo de novo… O acesso constante, a falta de motivação, a compulsão em postar, como se isso fosse mudar algo na situação política do país.
    Então hoje excluí o aplicativo da rede que mais me angustia e consome meu tempo. E me deparei com seu artigo agora! Santa sincronicidade rs, estou no caminho certo!

    Tecnologia tem seus inúmeros benefícios, mas eu que ainda lido com isso, que me formei em Tecnologia da Informação, sei perfeitamente todo o estrago causado no nosso cérebro pelos acessos constantes (produzindo o mesmo efeito das drogas). Infelizmente sou “compulsiva” nessa parte. Tenho amigos que pouco acessam, meu namorado mesmo praticamente não acessa, mas eu me “vicio” rapidamente. E noto que quando estou nesse modo vicioso minha criatividade some, e eu preciso dela no meu dia a dia. Começo a sentir dores no corpo, viro na cama a noite toda, durmo de manhã e no máximo umas 3 horas e vou ficando esgotada! A mente se esgota e o corpo padece!

    E a sensação nos primeiros dias é estranha, sinto-me como se estivesse “perdendo” alguma coisa, quando na verdade estou ganhando! Ganhando tempo, saúde e vivendo na realidade que é onde eu sempre estive, e por mais dura que fosse nunca deixei de encarar. E é nela que eu preciso estar presente!

    Beijo grande, minha amiga!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Maria Cláudia

      Amiguinha, tudo que foge ao equilíbrio faz mal à nossa saúde. O que é o TAG senão o resultado da ansiedade excessiva? Acredito que devemos viver conectados com a nossa realidade, mas sem nos transformarmos em seres robotizados pela tecnologia. É claro que a OMISSÃO é também uma forma perversa de comportamento, pois vai minando a nossa sensibilidade, desprezando a luta em prol do lado mais frágil da pirâmide social, transformando-nos em pessoas egoícas e desprezíveis. Penso que, como cristãos, temos comprometimento com os pobres. Contudo, temos que ter sabedoria para levar esta luta adiante sem torpedear a nossa saúde física e mental.

      Cláudia, estabeleça dias para entrar no Face (eu entro 3 vezes por semana). Interaja, mas sem deixar que as notícias interfiram com sua saúde mental. Pelo que conheço de você, jamais será uma pessoa alienada, bastando-lhe apenas dosar o seu tempo. Estabeleça horários para ver as mensagens do zap. Opte também por análises mais profundas dos fatos, o que levará sua mente a trabalhar com mais lucidez e harmonia.

      Amiguinha, vejo que o namoro continua firme, o que me deixa muito feliz. Uma pessoa de qualidade em nossa vida faz toda a diferença. Parabéns ao casal!

      Beijos,

      Lu

      Responder

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