Arquivo da categoria: Ditos Populares

A sabedoria popular está presente em todas as línguas, sendo expressa através de várias maneiras: provérbios, adágios, sentenças, aforismos, parêmias, apotegmas, anexins, rifões, ditos e ditados populares.

VÁ PLANTAR BATATAS!

Autoria de Lu Dias Carvalho

batata

Dias atrás presenciei uma discussão que, pelo tanto de batatas plantadas, daria para alimentar toda a população do país. Os dois contendores discutiam por causa de uma vaga na rua, motivo mais do que comum nos dias de hoje em razão do aumento excessivo de veículos nas grandes cidades e a consequente falta de espaço.

 – Vá plantar batatas! – dizia um dos brigões.

 – Vá plantar batatas, você! – dizia o outro.

 – Mande todo mundo plantar batatas e vamos embora, meu bem! – dizia a mulher de um dos dois rusguentos.

 – Vá você e sua família toda plantar batatas! – gritou a acompanhante do outro.

O guarda teve dificuldades para se aproximar dos rixentos, pois parecia haver batatas por todos os lados. Mas por que tanta batata numa contenda? Como nasceu tal expressão? Vejamos.

O trabalhador rural foi sempre menos valorizado se comparado ao operário da cidade. Fato que já é sentido desde a metade do século XIX, em Portugal, quando o trabalho numa fábrica era considerado uma função moderna e prestigiosa, enquanto o trabalhador na agricultura era sempre visto como uma pessoa simplória e sem qualificação, sujeito que nenhuma mãe citadina queria como genro.

Pela pouca valorização que tinha (e ainda tem) o trabalhador rural, “Vá plantar batatas!” não poderia ser uma expressão elogiosa. Ao contrário, mandar alguém plantar batatas era o mesmo que dizer que a pessoa era ignorante, sem valor algum e que só servia para plantar batatas. O mais interessante é que a expressão chegou à cidade, onde é praticamente impossível plantar batatas em razão da falta de espaço. Não deveria ser “Vá ensacar poluição!” ou “Vá lavar automóveis!”?

Outra versão é a de que a expressão “Vá plantar batatas!” originou-se em Portugal, quando o tubérculo não era visto com bons olhos. Plantar batatas era uma atividade mal vista pelos lusitanos. Mas, quando a indústria despencou, foi recomendado aos funcionários desempregados que plantassem batatas. A danadinha da batata venceu e ganhou mundo. Nos dias atuais substitui uma expressão mais grosseira que é “Vá pro inferno!” ou “Vá pros quintos dos infernos!”.

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QUEM CALA CONSENTE?

Autoria de Rosali Amaral

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Este é mais um provérbio que faz parte da sabedoria popular e que merece uma reflexão. Significa que aquele que não toma uma posição diante de uma atitude concorda com a mesma. A expressão “Quien calla, otorga” foi cunhada pelo 193º papa, Bonifácio VIII, (aquele que conflitou com Dante Alighieri retratado por ele no inferno, em sua “Divina Comédia”), no século 13, entre 1294 e 1303, através de uma de suas decretais ou bulas em que respondia às consultas populares.

Nos textos bíblicos era costume o fato de que bastava o silêncio de um pai para a aceitação e a homologação de um voto feito pela filha sob sua tutela. Se alguém escutasse uma blasfêmia no meio do povo e não denunciasse, tornava-se cúmplice e poderia ser morto. No nosso meio jurídico existem várias situações para a interpretação do silêncio. Algumas são vistas como conivência, consentimento ou tolerância para com alguém ou ato. Por exemplo, quando um réu, que está sendo acusado por algum delito, e mesmo tendo provas contra si, permanece calado, é considerado culpado. Temos também as leis que são validadas por excesso de prazo legal. Outro exemplo é o do pai que se recusa a fazer o teste de DNA. Tal recusa, perante a lei redunda na confissão de que realmente é o pai.

Em certos ambientes de trabalho, funcionários são punidos por omissão e conivência, se souberem de fatos que possam causar prejuízos à empresa e não denunciarem. Muitos, no entanto, preferem se calar por medo de represálias e perseguições e até atentados contra suas vidas. Quando alguém usa um subterfúgio considerado imoral, que é a exploração da boa vontade das pessoas, algumas delas não se manifestam por medo de serem severamente castigadas pelo explorador ou por incapacidade de se manifestarem, é o caso das crianças, dos idosos, dos doentes, ou dos mentalmente incapacitados.

No âmbito psicológico cada ser humano tem um tipo de tolerância para verbalizar ideias, sentimentos e opiniões. E o calar tem várias facetas. Muitas vezes, quem cala é porque concorda, mas pode ser também por falta de argumentos para se contrapor. Outras vezes, quando os fatos são óbvios e transparentes, não há necessidade de respostas nem explicações.

Quando alguém magoa uma pessoa, ao ponto de extrapolar seus limites, ela reprime as emoções e não consegue extravasar os sentimentos e dor, devido ao seu temperamento introspectivo, então surgem a tristeza e a angústia. Neste caso, não seria melhor conversar com o responsável, colocando tudo em pratos limpos? Nem sempre. Às vezes é melhor se calar, pois discutir pode significar trair valores morais e, com isso, sofrer mais ainda do que com a mágoa ou a dor reprimidas. Há também vezes em que não vale a pena gastar energia à toa.

Trabalhar o interior e autoestima, perdoar, liberando-se dos sentimentos ruins pode ser mais vantajoso, principalmente quando certas pessoas já carregam dentro de si um preconceito e uma maldade na sua forma de encarar as pessoas e o mundo, antecipando suas conclusões e julgamentos errôneos e injustos. Aí o diálogo torna-se inviável. E se ele ocorrer será interminável, transformando-se numa briga acirrada em que cada um irá defender seus interesses e opiniões e não haverá vencedor.

Quando a pessoa se cala, qualquer argumento bate no vazio. Sinal de fraqueza, fuga ou medo de encarar o adversário? Não, muitas vezes o silêncio é a melhor resposta, demonstrando o domínio do próprio eu. Quantas vezes já ouvimos o ditado de que “Quando um não quer dois não brigam“? Ou mesmo, “Em boca fechada não entra mosquito“? O silêncio pode servir como remédio que cura as duas partes, possibilitando uma avaliação de pensamentos, acusações e ações e o rumo que isso nos leva.

Nos dias de hoje, diversas vezes somos chamados a abraçar uma causa, uma campanha, seja ela política, social, moral, religiosa ou outra qualquer. Não é certo evitar o erro e se opor a ele, denunciando e combatendo-o ativamente? E quem permanece calado torna-se conivente com tal erro ou injustiça e ajuda o mal a triunfar? Quem cala consente, é conivente, é covarde, é prudente, é passivo, é medroso, ou quem cala não consente, não desmente, não se manifesta, não se envolve, não se compromete ou compromete-se? A decisão é de cada um, de acordo com a maneira como enxerga a vida.

Fontes de Pesquisa:
Revista Aventuras na História – Abril Cultural
Catholic Encyclopedia – New Advent – Erica 1913.

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CORTANDO O NÓ GÓRDIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Alguém disse, certa vez, que viver é um ato de coragem. Não resta dúvida que sim. Não há uma só semana em que não tenhamos que tentar desatar um nó górdio. Talvez seja este desafio o que nos empurra na nossa caminhada neste planeta chamado Terra, que se mostra cada vez mais conturbado, com uma humanidade mesquinha, cada vez mais centrada em si. E, na impossibilidade de desatar o nó górdio das maldades humanas, muitas vezes é preciso cortá-lo nas estranhas, pois não há tempo a perder, senão o caos instala-se. O inimigo nunca dorme no ponto, mas um dia quebrará a cara.

A expressão nó górdio tem sua origem na mitologia. Conta o mito que na Frígia (Ásia Menor), após a morte de seu rei, o povo foi consultar o Oráculo sobre qual seria o próximo soberano. O tal oráculo vaticinou que o futuro monarca entraria na cidade conduzindo um carro de bois. Assim, quando o humilde camponês de nome Górdio, adentrou na cidade, trazendo na sua carroça, mulher e filho, foi logo aclamado como rei pelo povo que ainda comentava sobre a decisão do Oráculo.

Górdio, em agradecimento pela sua repentina mudança de vida, e também para não se esquecer de que deveria continuar humilde, ofereceu sua carroça à maior de todas as divindades mitológicas – Zeus, o pai dos deuses. Ela foi amarrada a uma coluna do templo, com um nó tão bem feito e complexo que se tornou impossível desatá-lo. O soberano reinou por muitos anos, sendo imbuído de grande sabedoria. Após sua morte, seu filho Midas (aquele mesmo que queria que tudo virasse ouro) ocupou seu lugar, fazendo crescer o império deixado pelo pai. Mas ao morrer, não deixou nenhum herdeiro. E de novo o trono viu-se sem um rei.

O povo recorreu novamente ao Oráculo que vaticinou que quem conseguisse desatar o nó de Górdio, seria o novo rei da Ásia Menor. Todas as tentativas foram infrutíferas, pois aquela tarefa era impossível para um humano. Muitos e muitos anos passaram-se, até que foi ter à Frígia o conquistador Alexandre Magno. Ao tomar conhecimento do vaticínio do Oráculo, tentou desesperadamente desatar o nó, sem lograr êxito. Mas como a espada pode tudo (ou acha que pode), na sua impaciência e exaltação, o conquistador cortou o nó, vindo depois a dominar toda a Ásia. Como os poderosos contam suas verdades a bel-prazer, espalhou-se o boato de que Alexandre Magno desatara o nó de Górdio, quando, na verdade, ele apenas o cortara.

Nota: não foi encontrada a autoria da pintura que ilustra o texto.

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UM ELEFANTE BRANCO EM MINHA VIDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quem nunca recebeu um presente ou comprou algo que, em vez de dar alegria, só traz desconforto? Aposto que o meu leitor já está se lembrando de alguma coisa que o incomodou bastante. A melhor maneira de remediar a situação é desfazer-se do objeto.  Se algo nos traz estorvo cada vez que o vemos,  o bom mesmo é tirá-lo de nossa frente. Sempre haverá alguém que o receberá com a maior alegria, uma vez que gosto não se discute, não é mesmo?

Um dos elefantes brancos que já tive foi um multiprocessador que sequer consegui usar uma meia dúzia de vezes. A propaganda era efusiva: o eletrodoméstico só faltava falar e fazer todos os serviços da cozinha. Só não dizia quão trabalhosa era a tarefa de lidar com as suas inúmeras partes e também como era grande a perda de fibras e o pouco aproveitamento dos alimentos. Cansada de ver aquele elefante branco ocupando lugar na minha minúscula cozinha, eu me desfiz dele com a maior satisfação. Quem o recebeu não se incomodou com o trabalho, usando-o bastante.

É muito interessante saber como nasceu a expressão “elefante branco”. Alguém poderá estar indagando: como é que um bichinho, ou melhor, bichão, tão fofo pode cair na língua do povo? E caiu mesmo, meu amado leitor. Nada neste mundo de meu Deus está imune à maldade humana. Mas deixemos de chorumelas, lenga-lenga e cantilena e vamos aos fatos.

Conta-se que no Antigo Sião, atual Tailândia, caso o soberano se indispusesse com um dos seus súditos, ofertava-lhe um animal sagrado, que não era outro senão o belo elefante branco. É fato que se tratava de um valioso presente, irrecusável, mas extremamente complicado. E quem era doido de rejeitar um presente dado pelo rei?

A pobre vítima – não o elefante branco, mas aquela que o recebia –  ficando mais do que estupefata, era obrigada a cuidar e a pagar todas as despesas do portentoso animal, sem jamais passá-lo a outrem. E, como desgraça pouca é bobagem, o “bichinho” tinha que permanecer ricamente enfeitado para agradar o rei. O presenteado não podia nem piar, pois, se o fizesse, ganhava outro animal, penando ao dobro para dar conta do presente. Quando a raiva real era muito grande e o rei queria dobrar o castigo para punir o desafeto, presenteava-o com animais gêmeos, como se o vassalo fosse o homem mais abençoado do reino. Isso que era um rei mui amigo e generoso!

A expressão elefante branco caiu na língua do povo, sendo também muito usada para se referir a obras públicas sem utilidade ou que ficam inacabadas, depois que muito dinheiro do povo foi gasto. É fato que o animal não tem culpa alguma na história. Biologicamente falando, o elefante branco é uma espécie de elefante albino, que existe na Ásia e possui um grande valor simbólico entre os tailandeses.

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PATA DE GALINHA NÃO MATA PINTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Minha mãe nunca foi chegada a bater nos filhos. No muito, a gente levava uns cocorotes, ou ficava de castigo, mas por pouco tempo, já que nossos rogos conseguiam demovê-la de seu intento castigador com a maior facilidade. Nós nos comprometíamos a nunca mais repetir tal diabrura, promessa que ela mesma sabia ser fictícia, mas, mesmo assim, fingia acreditar. Meu pai, ao contrário, vindo de uma família matriarcal, castigava por ele e por ela, motivo de zangas entre eles. Ele se baseava na filosofia de que “Quem come do meu pirão está sujeito ao meu corrião.”, mas, nem por isso deixou de ser um bom pai, empenhando seus parcos recursos e muito suor na educação de seus filhos. Tudo era uma questão de ponto de vista na forma de educar.

Dentre as seis irmãs de minha mãe, uma delas tinha a mão pesada para castigar seus filhos. A qualquer palavra (mal)dita, a mão comia de concha na boca do sentenciado, seguida do refrão: “Eu te quebro os dentes, se repetir isso de novo!”. Na sua casa havia um grande arsenal de tortura infantil: ramos de fedegoso (café negro ou folha do pajé), chinelos e um chicotinho de couro, todo metido a besta e servil, pois se encontrava sempre à mão, quando dele ela precisava. Batia de leve, mas doía!

Minha mãe, muito carinhosa com os sobrinhos, tinha o maior cuidado em não deixar que a minha tia brava soubesse das peraltices de seus filhos. Lia-lhes um sermão, é verdade, mas tudo ficava ali, escondidinho, debaixo de sete chaves, entre arrependimentos e promessas que voltariam a ser descumpridas – disso ela não tinha dúvidas. E ai daquele que virasse um delator!

De uma feita, minha prima Zazá que andava com uma gripe danada e meio febril foi para minha casa, sob a promessa de permanecer em repouso absoluto e não mexer com friagem. Cansadas da rotina, ela e eu furamos o cerco de minha mãe e fomos para o rio que passava no nosso quintal, para tomarmos banho. Que delícia! Aquilo era o paraíso na Terra! E quem se lembrava de gripe? Mas os cabelos molhados traíram-nos.

Minha mãe contornou a situação prometendo-me um castigo ainda a ser pensado, enquanto enxugava a cabeleira dourada e encaracolada da minha prima. Mas tudo teria terminado dentro dos conformes, se uma lavadeira boca de trombone não tivesse batido com a língua nos dentes e delatado nossa tão santa diversão à minha amada tia. Imediatamente chegou um estafeta – meu primo mais novo – intimando a vítima. Minha mãe, pressentindo o perigo,  bateu logo depois à porta da casa da minha tia, onde o coro já comia de concha. Minha prima estava sob uma saraivada de lambadas de fedegoso nas pernas e no bumbum. E pior, não lhe era permitido dar um grito. Minha mãe enfrentou a tia raivosa com valentia:

– Mulher, não faça isso com a criança, não vê que ela está doentinha?

– Doentinha coisa nenhuma! Se estava boa para ser desobediente, também está boa para apanhar – respondeu minha tia com o fedegoso na mão.

– Se você não parar de bater na menina, não volto mais aqui! – disse minha mãe.

– Irmã, você não sabe que pata de galinha não mata pinto? – tripudiou minha tia.

O que sei é que minha mãe ficou uns quinze dias sem ir à casa da minha adorada tia castigadora. Eu nunca mais me esqueci de que pata de galinha não mata pinto. Pode não matar, amada tia, mas que machuca, isto eu sei!

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FICAR A VER NAVIOS

Autoria de Alfredo Domingos

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Um sábado de chuva, após o retumbante cozido de Mariinha, estávamos, meu amigo e eu, a caminho dos braços de Morfeu, procurando cama pra encostar, quando foi trazida a ideia de enveredarmos pelas trilhas dos ditados, das expressões e dos provérbios. O tempo passaria sem lerdeza. Topamos. Cada um de nós dizia o seu e dava a explicação. Ficou animado. Colhi nos meus botões a pérola: “ficar a ver navios”. Tive que de pronto oferecer interpretação. Pensei um pouco e revelei até duas:

A expressão vem de Portugal. O rei, Dom Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir em 1578, e seu corpo nunca foi encontrado. A morte causou uma grande crise sucessória. O trono ficou vago. Em consequência houve a anexação de Portugal à Espanha, de 1580 a 1640. O orgulho e a dignidade dos lusitanos clamavam por resgate. O povo português sonhava com a volta do monarca. Assim, com frequência, havia visitas ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para observar o mar, à espera do retorno do rei. Como ele não voltou, o povo, em vão, “ficava a ver navios”.

Outra explicação, a qual cabe dar crédito, é que as mulheres ficavam aguardando a volta dos maridos, que tinham zarpado com as embarcações, nas grandes navegações portuguesas. Depois de muito tempo, as coitadas colocavam-se a espiar os navios que chegavam ao porto, para reverem seus amores, o que ocorria quase sempre sem sucesso. Então surgiu a expressão: “ficar a ver navios”. Ou seja, esperar por algo que não se realizava.

Atualmente, a expressão é usada no sentido de ser ludibriado, enganado. É tomada para realçar a decepção e a ausência de pessoas e de sentimentos. Para o emprego que não veio, uma nota de reprovação, o dinheiro negado, a empresa que faliu, e tantas outras coisas, exclama-se tristemente na representação da perda, seja ela qual for, “fiquei a ver navios”.

Diga-se de passagem, há mais expressões com o mesmo significado. Recordei-me de duas espetaculares. Querem dizer que, em síntese, nada aconteceu. Os sujeitos, por conseguinte, ficaram a “ver navios”. São um pouco esquecidas, puxadas para a comicidade, mas cheias de representatividade. São elas: “patavina” e “neres de pitibiriba”. Para entendimento de como são empregadas, o povo utiliza mais ou menos destes jeitos: sem que para ele acontecesse patavina do que estava combinado; e ela contentou-se em receber neres de pitibiriba em troca dos favores realizados.


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ontes de consulta: Dicas de Português- Sérgio Nogueira e www.significados.com.br

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