Arquivo da categoria: História da Arte

O mundo da arte é incomum e fascinante. Pode-se viajar através dele em todas as épocas da história da humanidade — desde o alvorecer dos povos pré-históricos até os nossos dias —, pois a arte é incessante.

NOVO ESTILO – A ARTE DO SURREALISMO II (Aula nº 105)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O Surrealismo recebeu muitos elementos do Dadaísmo que foram de grande importância para a sua estrutura poética. Podem ser citados: a rejeição à tradição da cultura ocidental e sua postura no que diz respeito à arte; o modelo de agitação política e a posição comprometida com os temas da época; e a defesa dos direitos do inconsciente e das forças irracionais. Além disso, usou técnicas do movimento dadaísta, tais como: automatismo, colagem, fabricação de objetos e também toda a maquinaria publicitária.

Ao contrário dos artistas dadaístas, os surrealistas eram firmes ao condenar de forma contundente a tradição clássica, o ideal de fidelidade à natureza e de qualquer estética da arte pela arte. Eram incisivos na demonstração de que o “surreal” fazia parte integral da consciência humana, reconhecendo que, para isso, havia numerosas fontes a serem buscadas: os pintores de fantasia (Bosch, Uccello e Arcimbaldi); os românticos e simbolistas (Rimbaud, Seurat e Gauguin); os pintores “naifs” (Henri Rousseau); a arte dos loucos, dos médiuns e das crianças; a arte dos povos primitivos (especialmente a das ilhas do Pacífico), dos esquimós e dos indígenas americanos; e as manifestações excêntricas da arte popular (desde cartões postais até as comédias do cinema mudo). O Surrealismo também fez uso dos escritos de Sigmund Freud durante a década de 1920.

Os surrealistas apreenderam que podiam suprimir o mundo exterior de modo que, sem o comando da razão, seriam capazes de viver num reino primoroso e perfeito de realidade suprema — impossível à mente consciente —, semelhante ao mundo dos sonhos. Não é de estranhar, portanto, que textos e quadros dos surrealistas primassem pela liberdade imaginativa, totalmente alheia à razão. Eles viam no sonho e nos impulsos — experimentados quando em estado de vigília — imagens irracionais, a fonte e a matéria de toda a expressão criativa.

A pintura surrealista pode se dividir em dois tipos básicos — já classificados em 1923/1924 por André Masson e Max Ernst: 1- obras mais abstratas, espontâneas, “automáticas”; 2- e “imagens oníricas”, ilusionistas, irracionais, minuciosamente trabalhadas. A fase do chamado “surrealismo onírico” foi aquela em que os artistas retomaram as técnicas tradicionais de desenho e pintura para reproduzir suas visões de sonhos e pesadelos. Dessa fase faziam parte os pintores: Salvador Dalí, René Magritte e Yves Tanguy, todos eles influenciados pela arte metafísica de Giorgio de Chirico, surgida entre 1913/1920.

O surgimento da Segunda Guerra Mundial em 1939 fez com que grande parte dos artistas surrealistas migrassem para Nova Iorque, deixando Paris. André Breton chegou aos Estados Unidos em 1941 e em 1942, juntamente com Marcel Duchamp, organizou uma exposição, onde reuniu cerca de 50 artistas da Europa e dos Estados Unidos. A teoria e a pintura surrealistas provocaram grande influência sobre os jovens escritores estadunidenses de vanguarda. Arshile Gorcky foi apoiado por André Breton, enquanto outros como Mothervell, de Kooning, Still, Rothko e Pollock foram influenciados principalmente pela obra de Miró, Masson e pelas obras de Picasso de inspiração surrealista.

Houve grande difusão de grupos surrealistas mundo afora. Dentre os artistas, que fizeram parte de tal estilo em algum momento, podem ser citados: Arp, Man Ray, Picabia e Ernst (ex dadaístas); Masson, Miró, Tanguy, Magritte, Giacometti, Dalí, Braumer, Bellemer, Domínguez, Matra, Lam, Delvaux (esse último não participou diretamente do movimento); Picasso e Duchamp (colaboraram com o movimento); Chagall e Klee (apenas abraçaram certas preocupações do grupo surrealista).

O movimento surrealista teve seu início com as obras visionárias de Giorgio de Chirico e findou-se com a morte de René Magritte — artista que foi todo o tempo um surrealista. O auge do Surrealismo aconteceu entre os anos de 1924 e 1945 com as obras dos artistas: Max Ernst, Joan Miró e Salvador Dalí. A obra de Joan Miró foi descrita por André Breton como “o máximo do Surrealismo”. Após 1945 os artistas mais importantes do movimento se dispersaram, cada um tomando uma rota diferente e dando espaço para o nascimento do Expressionismo abstrato, estilo a ser estudado. Embora o Surrealismo não tenha concretizado seus ideais políticos, sociais e morais, contribuiu para colocar a cultura sob um olhar mais amplo, generoso e rico, ao trazer uma maneira diferente de pensar e olhar a arte e a vida.

Nota: a ilustração O Carnaval de Arlequim (1924/1925) é obra de Joan Miró. Uma festa de animais imaginários acontece numa sala com uma janela aberta para um céu noturno.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 8

NOVO ESTILO – A ARTE DO SURREALISMO I (Aula nº 104)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O Surrealismo — surgido em Paris no começo da década de 1920 — foi inicialmente um movimento literário e político, o que não o impediu de exercer grande influência sobre a fotografia, o cinema e a arte de modo geral. No seu bojo carregava o propósito de fazer o artista repassar automaticamente para sua obra uma visão introspectiva, sem permitir qualquer controle da mente sobre ela. Sob a influência da obra psicanalítica de Sigmund Freud, objetivava revelar o inconsciente através de imagens oníricas que se opunham à percepção da realidade. Os surrealistas estavam conscientes de que a arte era um jeito de colocar-se contra as presunções burguesas no que diz respeito à natureza da realidade e, portanto, fazia-se necessário encontrar novas formas de viver e em contrapartida novas formas de arte.

O escritor francês, poeta e teórico do Surrealismo, André Breton, assim definiu o movimento: “Puro automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a expressar — seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira — o verdadeiro funcionamento do pensamento. Tudo deve ser ditado pelo pensamento, na ausência de todo o controle exercido pela razão, isento de toda preocupação estética ou moral. O Surrealismo se baseia na crença da superioridade de certas formas de associações anteriormente desenhadas, da onipotência dos sonhos, do fogo desinteressado do pensamento”.

A palavra francesa “sur-réalisme” (surrealismo, super-realidade) foi criada em 1917 pelo poeta e crítico de arte Guillaume Apollinaire. O movimento surrealista dela se apoderou, porque ia de encontro aos seus objetivos, ou seja, dizia respeito a um mundo situado além do mundo “real”. Os poetas André Breton e Louis Aragon deram à palavra um significado teórico e prático e o termo passou a existir sob a perspectiva do movimento surrealista. Os termos “surrealismo” e “surreal” passaram, portanto, a descrever fatos de natureza extravagante ou estranhamente coincidentes.

O poeta e crítico de arte André Breton deu início ao movimento surrealista na Paris de 1924. Viu-se influenciado pela psicanálise dos sonhos freudianos, pelos escritos políticos de Karl Marx e pelas teorias sobre o inconsciente reprimido. Via nisso uma causa política e psicológica. Para Breton e seus companheiros surrealistas era possível libertar a imaginação através do uso da mente inconsciente. Para tanto fizeram uso da escrita automática — processo de livre associação — em seus poemas e textos de prosa, a fim de dar origem a imagens e ideias imprevistas, ou seja, não aguardadas.

As artes visuais também serviram de amparo para as ideias de Breton.  Sua admiração pelas pinturas cubistas de Pablo Picasso vinha do modo como o artista espanhol fracionava o corpo para dar origem a figuras excepcionais. Também lhe serviram de inspiração as paisagens excêntricas de Giorgio de Chirico e o uso de objetos encontrados pelos dadaístas (objets trouvés/ perdidos e achados).

O movimento surrealista teve Paris como seu centro até 1945. Os artistas Marx Ernst, André Masson e Joan Miró uniram-se a René Magritte — mais importante figura do movimento — em 1929. Salvador Dalí também chegou à capital francesa nesse mesmo ano. Enquanto Magritte produzia efeitos alucinatórios com suas obras, Dalí usava imagens oníricas para dar vida a pinturas perturbadoras. Com o surgimento da Segunda Guerra Mundial em 1939 grande parte dos artistas surrealistas migraram para Nova Iorque. André Breton chegou aos Estados Unidos em 1941 e em 1942, juntamente com Marcel Duchamp, organizou uma exposição, onde reuniu cerca de 50 artistas da Europa e dos Estados Unidos.

Nota: a ilustração O Vestido de Noiva (1940) é uma obra de Ernst Max. A noiva, vestindo uma capa vermelha, mostra-se preocupada. O homem pássaro simboliza a fertilidade.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombric
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 1

O CRÍTICO DE ARTE (Aula nº 103 A)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista austríaco Raoul Hausmann (1886–1971) mudou-se para Berlim em 1905, onde estudou numa escola de artes particular. Produziu pinturas expressionistas e escreveu artigos contra as autoridades artísticas. Foi companheiro de Hannah Höch durante sete anos, embora fosse casado. Fundou o Clube Dadaísta de Berlim juntamente com o arquiteto Johannes Baader e o escritor Richard Huelsenbeck. Quando o Dadaísmo começou a fenecer, ele migrou para a fotografia, criando retratos, nus e paisagens. A fim de fugir da perseguição nazista mudou-se para a Espanha e depois para Tchecoslováquia. Durante a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a França. Criou fotomontagem satíricas em 1918, como protesto contra as convenções e os valores de uma sociedade burguesa.

A composição intitulada O Crítico de Arte é uma obra do artista em que satiriza jornalistas que vendiam suas críticas de arte ou eram influenciados pelo dinheiro, como mostra um pedaço de célula presente atrás do pescoço do crítico. Trata se de uma fotomontagem através da qual Hausmann faz uma crítica ferina às autoridades do mundo da arte. A nota de 50 marcos alemães, cuidadosamente dobrada em forma de um triângulo, está inserida no colarinho do crítico, levando à suposição de que ele não é imparcial e justo, mas que age em conformidade com o dinheiro que lhe é oferecido.

As linhas pretas rabiscadas sobre os olhos do crítico — simbolicamente escurecendo sua visão — é um indicativo de que seu julgamento, assim como o de qualquer instituição, é sempre falho. Seu terno elegante e completo mostra que se trata de uma pessoa muito mais chegada ao materialismo capitalista do que à arte. Embora a figura seja anônima, recortada de uma revista, o carimbo presente em sua vestimenta identifica-o como sendo o artista alemão Georges Grosz.

A boca do crítico e seus olhos estão cobertos por garatujas infantis. Os olhos estão vendados, a língua volta-se para uma dama da sociedade à direita. Suas bochechas avermelhadas repassam o entendimento de que seu julgamento será lesado pelo excesso de bebida e que no fundo ele não passa de um chauvinista alemão. O artista inclui seu cartão de visitas na obra, onde é descrito ironicamente como “Presidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)”. Trata-se de uma ridicularização feita às classes políticas na briga pelo poder, com a renúncia do Kaiser Wilheim em 1918. A silhueta de um sujeito bem vestido à direita é feita de notícias impressas em jornal e traz a palavra “Merz” em negrito, numa referência ao artista Kurt Schwitters e suas colagens.

Ficha técnica
Ano: c. 1919
Técnica: litografia e fotocolagem em papel
Dimensões: 32 cm x 25,5 cm
Localização: Tate Collection, Londres, Reino Unido.

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

Views: 5

NOVO ESTILO – DADAÍSMO II (Aula nº 103)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os dadaístas desprezaram os modelos estéticos tradicionais e, por isso, quase nunca faziam uso dos meios comuns da pintura, do desenho ou da escultura. Trabalhavam com as técnicas de montagem (colagem e fotografia) e foram os primeiros a pensar nas facetas do inconsciente, ao fazerem uso de técnicas automatistas, ou seja, inconscientes e involuntárias. Desprezaram a gramática, criaram a “música do ruído” e usaram uma tipografia esdrúxula, ao ordenar as linhas tipográficas de acordo com seus modelos estrambóticos. Achavam também que a ação coletiva era infinitamente mais importante do que a individual, uma vez que tirava do artista a pecha de “gênio solitário” e, em consequência, atingia o público com uma ênfase maior.

As festas dadaístas, assim como suas exposições, quase sempre terminavam em conflitos. Muitas de suas técnicas provocativas foram herdadas do Futurismo, enquanto do Cubismo eles herdaram a colagem, uma vez que desprezavam os materiais sofisticados e a execução refinada. Também foram influenciados pela arte popular, na qual buscaram as técnicas fotográficas, usadas nos cartões postais da Primeira Guerra Mundial — vistas pelos dadaístas berlinenses como a fonte da técnica de fotomontagem, contudo, o escultor e poeta francês Marcel Duchamp foi seu precursor mais imediato.

O Dadaísmo de Nova Iorque mostrou-se menos político, menos agressivo, menos denso e bem mais ingênuo, sob o ponto de vista artístico, possivelmente em razão da distância geográfica do front da guerra europeia, como mostra o artista francês Francis Picabia, ao representar pessoas como máquinas, usando o estilo informativo inexpressivo dos desenhos técnicos. Quando a guerra acabou, os artistas dadaístas deixaram Zurique (Suíça) e a iniciativa do movimento dadaísta e foram para Alemanha e para Paris (França).

A cidade alemã de Berlim, após o término da guerra, vivia num estado crítico, vitimada por crises política, social e econômica. A principal preocupação dos dadaístas era a revolução política. Richard Huelsenbeck — fundador do Clube Dada (1918) em Berlim — achava que era necessária uma arte realista que “representasse os milhares de problemas atuais”. Os dadaístas berlinenses partiram para sátira política e social em que combatiam a hipocrisia e a corrupção presente na sociedade dita “respeitável”. A contribuição mais importante do dadaísmo de Berlim foi a técnica da fotomontagem — uma colagem de fragmentos de fotografias —, meio perfeito para a sátira política e social que tanto usavam.

Max Ernst e Alfred Grünwald fundaram em 1919 “A Conspiração Dadaísta da Renânia”, tendo Hans Arp aderido-se a eles pouco tempo depois. As principais características das obras (colagens, construções e fotomontagens) desse grupo foram o humor irreverente e a fantasia imoderada. O ramo idiossincrático do movimento dadaísta criado em 1918, recebeu o nome de “Merz”. O movimento dadaísta ruiu em 1921 de uma forma muito agressiva, sendo que muitos artistas dadaístas abraçaram o Surrealismo. Seus artistas aceitaram muito bem a sua própria cessação, tanto é que Huelsenbeck, já em 1920, havia escrito: “O Dadaísmo prevê sua morte e ri”.

O fato é que o movimento dadaísta foi muito importante, ao deixar sua marca nos movimentos artísticos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial (Pop Art, Action, Painting, Arte Conceitual…) e mais, foi responsável por estimular uma revisão radical dos valores artísticos. Dentre os artistas que fizeram parte do Dadaísmo podem ser citados: Richard Huelsenbeck, André Breton, Hans Arp, Max Ernst, Samuel Rosenstock (Tristan Tzara), Hugo Ball, Man Ray, Alfred Stieglitz, Arthur Cravan, Raoul Hausmann, Max Ernst e Marcel Duchamp.

Nota: L’Oeil Cocodylate (1921), obra de Francis Picabia, feita a partir de saudações e assinaturas de amigos.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 5

NOVO ESTILO – DADAÍSMO I (Aula nº 102)

Autoria de Lu Dias Carvalho

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

O movimento dadaísta foi em si um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que trazia uma vertente destrutiva era também uma inventividade sarcástica. Ganhou espaço primeiramente em Nova Iorque (EUA) e Zurique (Suíça) — territórios liberais e neutros. Para Nova Iorque foi levado pelos artistas franceses Marcel Duchamp e Francis Picabia que lá contaram com a presença de Man Ray. Somente após o fim da guerra alcançou Paris (França) e a Alemanha. Hugo Ball em suas explanações dizia que o Dadaísmo tinha como objetivo “atravessar as barreiras da guerra e do nacionalismo”. E George Gross e Wieland Herzfelde – ambos membros do grupo de Berlim – expuseram a causa política original que levou à formação desse movimento e de sua postura contra a arte:

“O Dadaísmo não era um motivo ‘pré-fabricado’, mas produto orgânico nascido da reação contra a tendência distraída da chamada arte sagrada, cujos discípulos meditavam sobre cubos e a arte gótica, enquanto os generais faziam pinturas com sangue O tiroteio continuava, o mercantilismo continuava, a fome continuava. Qual o sentido de toda essa arte? Acaso a falácia de que a arte criava valores espirituais não era o auge da fraude?”

Os artistas dadaístas acreditavam que a arte tinha traído a humanidade e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente antiartística. Atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico. Os principais eram: 1. os burgueses que viam na arte o bom gosto e a decoração admirável; 2. os que se achavam muito entendidos, carregando em sua bagagem os preconceitos acadêmicos; 3. os marchands e colecionadores com sua ganância costumeira, preocupados apenas com os valores do mercado. A tudo isso os dadaístas reagiram, criando obras que ironizavam deliberadamente os modelos definidos de beleza e que se mostravam nem um pouco comerciais, tanto no que dizia respeito ao tema e estilo ou pelas técnicas e materiais utilizados.

O poeta romeno Samuel Rosenstock que se autodenominou Tristan Tzara — em protesto contra o tratamento dados aos judeus na Romênia, passando a viver na França — escreveu no Manifesto Dadaísta de 1918: “Que a arte seja então uma monstruosidade que assuste as mentes a serviço e não um adoçante para decorar os refeitórios de animais vestidos com roupas romanas”.

Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas da família, da Igreja e do Estado. Para eles o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total, de seu próprio nariz. Também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade das forças antirracionais. Para os dadaístas fazia-se necessário transformar tudo numa folha de papel em branco, ou seja, fazer tábula rasa, antes de dar início à tarefa de reconstrução do mundo da arte.

O Dadaísmo ofertou muitos elementos ao Surrealismo – estilo que viria a seguir – que foram de grande importância para a sua estrutura poética. Podem ser citados: 1. a rejeição à tradição da cultura ocidental e sua postura no que diz respeito à arte; 2. o modelo de agitação política e a posição comprometida com os temas da época; 3. e a defesa dos direitos do inconsciente e das forças irracionais. Além disso, o Surrealismo usou técnicas do movimento dadaísta, tais como: automatismo, colagem, fabricação de objetos e também toda a maquinaria publicitária.

Nota: Fonte (1917), obra de Marcel Duchamp, um urinol colocado sobre um pedestal com a assinatura “R. Mutt”, tributo irônico ao fabricante. O original foi perdido.

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

Views: 36

MACIEIRA EM FLOR (Aula nº 101 B)

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Macieira em Flor é uma obra do artista holandês Piet Mondrian. Com esta pintura ele dá um grande passo em relação ao abstracionismo de seu trabalho, afastando-se cada vez mais do objeto realista, adentrando no estilo cubista.

Mondrian, ao contrário das obras “A Árvore Vermelha” e “A Árvore Prateada”, nesta obra, através de indicações tênues das formas vegetais da árvore, assim como de uma vaga recordação da cor dos pomos e das folhas (verde, ocre, cinza e levíssimos tons rosáceos) é que indica o objeto em evidência. O artista reduziu a paleta de cores em benefício das linhas.

O pintor elimina a função descritiva da linguagem pictórica. Mas apesar de toda a abstração que Mondrian consegue em seu trabalho, restando apenas aquilo que ele considera essencial, sua composição denota grande suavidade e lirismo relativos a uma macieira em floração. Isso porque o pintor trabalhava a partir de uma impressão da natureza, apenas adaptando-a à sua busca para a “abstração pura”.

Apesar da tendência da pintura do artista para a abstração, sua obra possui grande delicadeza lírica, ao associar-se a uma árvore de maçã em florescência. Por essa razão, não devemos nos esquecer de que Mondrian, nesse período, embora fortemente inclinado à abstração, continuou a trabalhar a partir de uma impressão da natureza, traduzindo-a em sua rigorosa, mas ainda figurativa linguagem.

Ficha técnica
Ano: 1912
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 78 x 106 cm
Localização: Gemeentemuseum, Haia, Holanda

Fontes de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural
http://www.piet-mondrian.org/the-flowering-apple-tree.jsp

Views: 6