Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Ribera – O SENTIDO DO PALADAR

Autoria de Lu Dias Carvalho


O pintor Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, entre outros.

A composição intitulada O Sentido do Paladar é uma obra do artista baseada no tema popular sobre os cinco sentidos. Faz parte de suas primeiras obras. Tal série não se encontra completa, infelizmente “A Audição” encontra-se perdida. Este tipo de tema tornou-se muito popular nos Países Baixos, no fim do século XVI, visto como alegoria, diferentemente de Ribera que o retratava tal como era, usando uma abordagem direta e naturalística.

O retratado é uma figura gorducha usando uma camisa encardida com uma fileira de botões. Ele se encontra sentado, tem o nariz e as bochechas avermelhadas e o dedo indicador da mão esquerda inchado. Tem à sua frente, sobre uma mesa de madeira, uma tigela de enguias (alguns dizem ser macarrão) e uma jarra com vinho — elementos principais de naturezas-mortas (tipo de pintura). O comilão traz na mão direita uma taça de vinho, enquanto segura a jarra com avidez. Seu olhar dirige-se ao observador, como se o convidasse para fazer parte da refeição. Pergunta-se qual seria a finalidade de mostrar o dedo inchado. Seria artrite gotosa ou uma crítica ao excesso de glutonaria em todos os níveis da sociedade?

Na composição de Ribera são encontradas várias influências que vão desde as figuras isoladas das pinturas de genêro de Caravaggio, a Vicenzo Campi e Annibale Carracci. O pintor fazia uso de modelos de diferentes correntes artísticas. Ele se mostrava interessado pelas pessoas, até mesmo suas pinturas religiosas são impregnadas de humanidade e honestidade.

Ficha técnica
Ano: 1613/16
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 117 x 88 cm
Localização: Wadsworth Atheneum, Connecticut, EUA

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2405457717300220

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Ribera – SÃO JERÔNIMO E O ANJO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, entre outros.

A composição intitulada São Jerônimo e o Anjo é uma ambiciosa obra do artista. Tinha por finalidade ornamentar a Santa Trinità delle Monache (antigo mosteiro e igreja no centro de Nápoles/Itália, fundado no início do século XVII. Serve hoje como hospital militar. As pinturas de Juseppe Ribera para a igreja foram transferidas para o Museu de Capodimonte). Tinha como fonte uma gravura do próprio artista — água-forte executada em c. 1621 — alterada apenas para fortalecer o impacto dramático do anjo.

A pintura mostra o grau de maturidade técnica adquirida pelo artista, como atesta a textura de suas pinceladas em toda a tela. Outra maravilha da obra diz respeito ao forte contraste entre luz e sombra, responsável por dar a impressão de que os objetos bidimensionais pareçam irromper da tela. O lençol vermelho colocado sobre as pernas do santo acentua a dramaticidade da cena.

A cena apresenta a aparição de um anjo a São Jerônimo — teólogo, escritor, filósofo e historiador e doutor nas Sagradas Escrituras — diante de sua caverna no deserto. Ele se encontrava fazendo a tradução da Bíblia, mostrada como um pergaminho no chão à sua frente, tendo ao lado uma pena branca. O ser alado toca a trombeta do Juízo Final, fazendo com que o santo, ajoelhado e descalço que vivia em oração, meditação e jejum desvie a atenção de seus estudos.

O santo é apresentado com uma barba branca, representativa de sua idade avançada e sabedoria. Os livros ali presentes simbolizam seu título de doutor da Igreja em razão dos escritos que fez. A pena no chão simboliza o trabalho de tradução das Sagradas Escrituras — foi o primeiro a traduzi-las para o latim (Vulgata = uso comum), versão usada até nossos dias. Nesta obra não há a presença do leão ao seu lado — um de seus atributos — que tem dupla significação: a primeira deve-se ao fato de o santo ter tratado da pata ferida do animal que trazia um espinho. O segundo diz respeito à simbologia do próprio animal — simboliza o próprio Cristo, por causa de sua majestade, força e serenidade. Jesus é chamado de o “Leão da Tribo de Judá”. O crânio diante dele simboliza a morte para o mundo e para os prazeres mundanos e passageiros.

Ficha técnica
Ano: 1626
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 262 x 164 cm
Localização: Museu e Galeria Nacional de Capodimonte, Nápoles, Itália

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-jeronimo/144/103/#c

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Ribera – SILENO EMBRIAGADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido, portanto, como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

A composição intitulada Sileno Embriagado é uma ambiciosa obra do artista, tendo sido reproduzida em uma gravura dois anos depois, recebendo algumas mudanças em relação à pintura e sendo tido como um dos mais importantes trabalhos do artista como gravador. Alguns dizem que esta pintura foi encomendada pelo mercador flamengo Gaspar Roomer — ávido colecionador de quadros que adquiriu sete obras de Ribera — sendo também responsável pela escolha do tema. Outros, no entanto, dizem que ele a comprou do pintor Giacomo de Castro, alguns anos depois da morte do pintor. É uma das poucas telas do artista espanhol representando um tema da Antiguidade.

A cena mostra uma celebração em homenagem ao deus Baco. Sileno encontra-se em primeiro plano, nu, com uma folha de parreira a cobrir-lhe a genitália. Está reclinado ao lado de uma grande cuba de madeira (usada para espremer a uva na safra), ostentando uma barriga protuberante e flácida. Seu corpo — esparramado num pano que cobre o chão — está virado para o observador, mas sua cabeça encontra-se voltada para o sátiro que enche sua concha com o vinho que sai de um saco de pele que carrega no ombro.

O deus Pan — com orelhas, chifres e cascos de cabra — encontra-se à direita da tela. Ele coroa Sileno com uma guirlanda de folhas de videira. Ao lado dele são vistos alguns objetos relativos a ele: uma corda, alusiva ao pastoreio de ovelhas, uma tartaruga (símbolo da preguiça) e uma concha (símbolo que anuncia a morte). A cobra que se encontra no canto inferior à direita é o símbolo da sabedoria. Ela morde um pergaminho onde se encontra a assinatura do artista e a data da obra (Josephus de Ribera, Hispanus, Valentín / et academicus Romanus faciebat / partenope 1626).

A cabeça de uma ninfa aparece logo atrás de Pan, sendo olhada com desejo por Apolo (ou seria Priapo?) à sua direita. Um pequeno e alegre sátiro é visto na parte direita da tela, sentado, trazendo um copo de vinho na mão direita. Atrás dele um burro está a zurrar — animal associado a Sileno — dando um toque de comédia à cena.

Sileno, segundo a mitologia grega, era professor e companheiro fiel de Dionísio (deus do vinho, possuidor dos conhecimentos e segredos do plantio e colheita da uva, equivalente na mitologia romana a Baco). Gostava muito de beber vinho, sendo representado quase sempre bêbado, carregado pelos sátiros ou por um burro. Quando se encontrava sob o efeito do álcool, adquiria grandes conhecimentos e passava a ter o dom da profecia.

Ficha técnica
Ano: 1626
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 185 x 229 cm
Localização: Museu e Galeria Nacional de Capodimonte, Nápoles, Itália

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://es.wikipedia.org/wiki/Sileno_ebrio
https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-jeronimo/144/103/#chttps://arte.laguia2000.com/pintura/sileno-ebrio-ribera

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Ribera – MENINO DE PÉS TORTOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido, portanto, como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou sobretudo obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

A composição intitulada Menino de Pé Tortos — e também conhecida como O Aleijado, ou simplesmente O Pé Torto — mostra a evolução do artista que sai do tenebrismo de Caravaggio em direção a um estilo luminoso, sob a influência dos mestres Annibale Carraccio, Guido Reni e Ticiano. Esta obra tem sido associada ao duque Medina de las Torres e à sua esposa Anna Carafa, embora alguns digam que fora encomendada por um comerciante flamengo.

Era muito comum, por parte dos artistas espanhóis, pintar quadros de mendigos, aleijados e idiotas, o que era visto como um tipo de consciência cristã — obras de caridade realizadas com o objetivo de assegurar a salvação. Contudo, levando em conta a admiração do pintor por Caravaggio  que tinha como modelos as pessoas do povo e a sua atenção direcionada às figuras carentes, é provável que a principal intenção do artista fosse a de simplesmente pintar o retrato de um mendigo.

O pequeno esmoler, cujo pé direito é deformado — ele não se apoia no calcanhar, mas na ponta deste pé — foi retratado de uma perspectiva inferior, diante de uma profunda e luminosa paisagem, o que o torna enorme aos olhos do observador — a quem encara —, dotando-o de grande dignidade. Apesar de sua deformidade e condição de vida precária, o garoto mostra-se alegre, exibindo um grande sorriso desdentado que lhe deixa covinhas na face, orgulhoso de estar posando para o artista. É provável que o retratado seja o de um anão, pois esta pintura, antes de chegar ao Louvre (1870), trazia o título de “O Anão”.

O menino traz sua muleta de madeira apoiada no ombro como se fosse uma enxada. Na mão esquerda segura um pedaço de papel com os dizeres em latim: “Deem-me esmola, por amor a Deus” (Da mihi elimonsinam propter amorem Dei). Esta informação passa a mensagem para o observador de que ele é mudo, mas ainda assim tem todo o direito de esmolar, contudo, segundo alguns críticos, não há evidências claras de que seja mudo.  Este tipo de permissão era exigida dos mendigos em Nápoles/Itália.

Ribera pintou o pequeno mendigo como se fosse um príncipe ou um santo, dotando-o de grande dignidade, sem apelar para a piedade. Um céu claro e luminoso desenha-se atrás dele – exemplo da evolução de Ribera em seu período de maturidade. A tela é preenchida com uma luz quase natural. A figura do pedinte – executada com uma paleta mínima de cores suaves – contrapõe-se ao azul vibrante do céu.

Ficha técnica
Ano: 1642
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 164 x 93 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/clubfoot

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Ribera – O SONHO DE JACÓ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor barroco, desenhista e gravador espanhol Jusepe de Ribera (1591 – 1652) embora tenha nascido na Espanha mudou-se muito jovem para a Itália, tendo, portanto, dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura. Foi influenciado pela arte de Corregio e de Caravaggio. Foi muito admirado pelos patronos e colecionadores espanhóis, sendo tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem. Pintou, sobretudo, obras religiosas. Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

A composição intitulada O Sonho de Jacó é uma das obras-primas do artista — uma poesia lírica do naturalismo. Ribera reafirma neste trabalho o seu delicado senso de cor e a sua grande capacidade composicional. Ele coloca maravilhosamente os volumes de primeiro plano em contraposição diagonal. Também divide a tela em dois reinos distintos: o terrestre e o superior; o dos sonhos e o da espiritualidade. Lança mão de uma passagem do Antigo Testamento (Gênesis 28: 11-19) — que conta a história do patriarca Jacó — para criar o maravilhoso retrato de um homem de meia-idade que se encontra aparentemente adormecido num local solitário. O trabalho do artista mostra, ao mesmo tempo, um grande realismo e uma profunda religiosidade.

Jacó é mostrado, ao parar para descansar na estrada, como um homem humilde, vestido com trajes de pastor. Ele descansa deitado sobre seu ombro esquerdo. Sua expressão pensativa e o céu azul acinzentado, acrescido de uma parte brilhante e adornada por anjos são uma referência ao seu estado sonhador. A sua figura horizontal adormecida, em primeiro plano, trazendo a cabeça sobre um travesseiro de pedras, ocupa quase todo o comprimento da tela e junto com o tronco de árvore, à esquerda, forma um ângulo reto. A composição da obra é muito harmoniosa, como mostra o tronco da árvore que cria uma linha diagonal para contrabalançar o corpo de Jacob. Na pedra situada no canto inferior direito uma inscrição revela: “Jusepe de Ribera, Español. 1639”.

O sonho do jovem patriarca é sugerido no grande facho de luz que se estende atrás de parte de seu corpo, abrangendo sua cabeça e iluminando seu rosto: dentro da névoa dourada — representando a escada — são vistas silhuetas de anjos que sobem e descem do céu. Tamanha é a habilidade e delicadeza do artista ao pincelar os seres divinos que eles se tornam praticamente invisíveis. É também surpreendente sua capacidade em construir um discurso metafórico. A imagem de um pastor descansando no campo é revertida para uma das histórias bíblicas mais conhecidas. Ribera era um mestre em lidar com transições sutis incríveis entre cores e passagens da luz ao escuro.

Ficha técnica
Ano: 1639
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 179 x 233 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.artble.com/artists/jusepe_de_ribera/paintings/jacob’s_dream
http://musmon.com/en/content/129/en/MuseoDelPrado/26
https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/jacobs-dream/c84dbc72-

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Mestres da Pintura – JUSEPE DE RIBERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O meu grande desejo é regressar, mas houve homens de sabedoria que me disseram que na Espanha se perde o respeito pelos artistas que lá se encontram presentes, por ser pátria amantíssima de forasteiros e madrasta cruel para seus filhos. (Ribera)

O pintor, desenhista e gravador Jusepe de Ribera (1591 – 1652), também conhecido por José de Ribera, segundo de três irmãos, era filho do sapateiro Simón de Ribera com Margarida Cuco — filha de um sapateiro local. Pouco se sabe sobre o primeiro terço de sua vida. Sua fase adulta e atividade artística só passaram a ser conhecidas a partir da primeira encomenda recebida — Martinho com um Mendigo — encomendada pela igreja de Parma, quando ele contava com cerca de 20 anos. Dois anos depois ele deixou Valência/Espanha e mudou-se para Roma/Itália, onde foi eleito membro da Academia de San Luca. Poucos anos depois se mudou para Napóles, onde se casou com Catalina Azzolino, filha do pintor Giovanni Bernardino Azzolini, e ali permaneceu pelo resto da vida.

Considera-se que sua educação artística teve lugar na Espanha, tendo ali iniciado sua aprendizagem com Francisco Ribalta, contudo, não se conhece nenhuma obra que tenha feito em seu país natal, o que torna difícil comprovar o seu estudo ali. Aperfeiçoou sua arte na Itália, como mostra a capacidade que tinha de representar a figura humana, tanto no que diz respeito ao desenho quanto à pintura. A prática do dramatismo de Caravaggio foi o seu ponto forte, contudo, ele partiu de um tenebrismo inicial para um estilo mais luminoso e variado, com influências do Renascimento veneziano e da escultura antiga. A fusão de influências italianas e espanholas deu ao artista a possibilidade de criar grandes obras.

Embora tenha nascido em Valência/Espanha, Ribera mudou-se muito jovem para a Itália, fixando-se em Nápoles, onde morou até a sua morte. Em razão disso, foi um pintor com dupla nacionalidade, sendo reivindicado pelos dois países. Entre os italianos recebeu o apelido de “Lo Spagnoletto” (O Espanholinho) em razão de sua pequena estatura e porque reivindicava as suas origens assinando como “Jusepe de Ribera, espanhol”. Foi influenciado pela arte de Corregio e pelo realismo e tenebrismo de Caravaggio. É tido como um dos mais famosos pintores espanhóis do século XVII, embora não tenha voltado ao seu país de origem, mas referia-se a ele com muito orgulho.

Ribera tornou-se um magnífico desenhista e gravador. Seus trabalhos são verdadeiros estudos de desenho anatômico humano, mesmo nas posições mais complicadas ou escorçadas em que ele coloca suas figuras. Sua pintura evoluiu para um estilo mais naturalista e luminoso, como podemos ver na obra intitulada Jacob’s Dream que é a sua obra-prima.

Um dos motivos que impediu o pintor de voltar a seu país natal dizia respeito ao modo como os artistas espanhóis eram tratados. Contudo, sua arte e carreira estavam ligadas à Espanha, onde suas obras eram muito bem aceitas pelos colecionadores e patronos espanhóis. Pintou, sobretudo, obras religiosas e trabalhou com a técnica da água-forte, tendo feito várias gravuras importantes. Suas composições foram copiadas por pintores, gravadores e até escultores de toda a Europa em razão de sua fama.  Foi professor de Luca Giordano, dentre outros.

Fonte de pesquisa
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Ribera

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