Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Claude Lorrain – PASTORAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Claude Lorrain (1600 – 1682), cujo nome legítimo era Claude Gellée, tornou-se conhecido como “Le Lorrain”, nome relacionado com a região em que nascera. Ao mudar-se para Roma, o artista teve como mestre o pintor de arquitetura Agostino Tassi, vindo posteriormente a estudar com Gottfried Sals, pintor de arquitetura e paisagens, quando se encontrava em Nápoles.  Acabou se tornando um dos famosos paisagistas de Roma, tendo se inspirado, inicialmente, nas paisagens idealizadas de Annibale Carraci e na dos pintores holandeses que residiam naquela cidade. Embora seu estilo fosse lírico e romântico, acabou se aproximando de Nicolas Poussin, mais tarde.

A composição Pastoral, também conhecida por O Pastor, põe em evidência a capacidade que Claude Lorrain tinha para captar o sentido passageiro da hora fugaz, ao usar tênues matizes de luz. Esta obra, que se trata de uma paisagem nos arredores de Roma, cheia de encanto idílico, é considerada tão bela quanto uma sinfonia musical. A cena acontece no meio da tarde, quando a luz do sol cai sobre a paisagem, como se fosse uma névoa dourada.

Um pastor encontra-se à esquerda, sentado sobre a relva, munido de seu cajado, descansando debaixo de algumas árvores, enquanto observa seu rebanho a pastar, espalhado à sua frente. À direita, logo atrás de uma árvore com folhas rosadas, passa uma estrada, e por ela é possível divisar duas pessoas que por ali caminham. Ainda à direita, bem mais ao fundo, são vistos vultos de edificações de uma cidade. Um rio serpenteia em meio à paisagem idílica. Serras douradas são vistas ao longe. O céu parece feito de ouro, num tom mais claro.

Ficha técnica
Ano: c.1626

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 134,4 x 98 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fonte de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Rafael – A LIBERTAÇÃO DE SÃO PEDRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

[…] o horror da prisão, ao ver o ancião preso a correntes de ferro entre dois homens com armaduras; o profundo sono dos guardas; e o esplendor brilhante do anjo nas escuras sombras da noite, ilumina com destaque todos os detalhes da prisão e faz a armadura brilhar tão intensamente, tornando o reflexo mais polido do que se fosse real […]. E pelo fato de ter pintado a noite tão perfeitamente como nunca fora feito, este é o mais divino e considerado por todos como o mais excepcional. (Giorgio Vasari)

O afresco intitulado A Libertação de São Pedro é uma belíssima obra-prima do pintor renascentista italiano Rafael Sanzio e de seu assistente Giulio Romano. Foi executado com o objetivo de decorar os quartos do Palácio Apostólico, no Vaticano, em Roma, sendo hoje conhecidos como Stanze di Raffaello.

A cena dramática representa uma passagem bíblica retirada dos Atos dos Apóstolos, no Novo Testamento, que conta como São Pedro foi libertado por um anjo, quando se encontrava preso, com sentença de morte, a mando do rei Herodes. Para impedir sua fuga, foi acorrentado a dois guardas, e vigiado por outros, fora da cela. Um gigantesco anjo com suas asas abertas e vestes revoltas passa a impressão que ali acabara de chegar, movido por um intenso vento. Seu corpo recurvado direciona-se para o de São Pedro. A composição está dividida em três cenas, dispostas em perfeito equilíbrio simétrico:

  • cena central – o anjo, envolto numa forte luz dourada circular, toca São Pedro, que se encontra dormindo, sentado no chão, acorrentado nos braços e nas pernas junto a dois guardas que continuam a dormir;
  • cena à esquerda – um dos guardas presentes na escadaria, ao notar a luz dourada advinda da cela, em razão da presença do anjo, acorda um companheiro, e aponta para o aposento do condenado, iluminado com a presença do mensageiro divino;
  • cena à direita – o anjo, envolto por uma intensa luz oval, conduz São Pedro pela mão e guia-o para a liberdade, passando em meio aos guardas que dormem.

Lá fora é noite. A lua caminha em meio a nuvens escuras. Sua luz reflete na armadura de dois dos soldados à esquerda, incumbidos de vigiar o preso, principalmente na do que se encontra de pé, de costas para o observador, com uma tocha na mão, alumiando em volta.

Rafael faz uso, pela primeira vez, de um “efeito noturno”, ao empregar a luz da lua, a da tocha acesa e a que vem do anjo, dando uma sensação de mistério à composição. E o efeito obtido pelo artista, ao postar a cena central atrás de grades escuras, é magistral, pois encobre parte do que está acontecendo, como se fora um sonho, e acaba por prender a atenção do observador.

Ficha técnica
Ano: 1514

Técnica: afresco
Dimensões: 660 cm de base
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado

http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/4stanze/2eliodor/3libera.html
http://www.cuf.org/2013/09/15205/

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Giotto – MADONA E O MENINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Madona e o Menino é uma obra-prima do pintor italiano Giotto, pintada durante a última fase de sua carreira. Fazia parte de um políptico que tinha cinco seções, e do qual era o centro.

O artista apresenta a Virgem Mãe, em posição de meio-corpo, voltada para sua esquerda, com o seu Menino nos braços. Ela está delimitada por traços elegantes e sinuosos, numa composição simplificada e de intensa luminosidade. Um manto verde drapeado envolve seu corpo. O fundo da pintura, feito em folha de ouro, é em estilo bizantino, e simboliza o Reino do Céu. A rosa braca, que a Virgem segura na mão direita, é o símbolo tradicional de sua pureza. É também uma alusão à inocência perdida pela humanidade, em razão do pecado original.

O rechonchudo Menino Jesus, amparado pelo braço esquerdo da Virgem, toca com a mão direita o galho com a rosa e, com a esquerda, segura o dedo indicador de Maria. Aqui ele não é visto em sua postura convencional de bênção, mas na posição típica de uma criança que agarra a mão de sua mãe. Não há troca de olhar entre ambos. Duas magníficas auréolas cingem a cabeça de mãe e filho.

Ficha técnica:
Ano: c.1320/1330

Técnica: painel
Dimensões: 43,5 x 46 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura ocidental/ Könemann

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Veronese – A CEIA EM EMAÚS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Ceia em Emaús é uma obra do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. A partir desta obra, o artista passa a incluir um grande número de personagens em seus trabalhos. O tema é de somenos importância, pois o que interessa ao pintor é mostrar a sociedade de Veneza, seus nobres com seus palácios e jardins.

Esta pintura, que tem como temática uma passagem bíblica, não traz no tema central o seu real motivo, ou seja, este não domina a composição, mas sim a presença dos personagens que dele fazem parte, embora se mostrem alheios ao real significado da passagem religiosa, como se o que importasse fosse o momento presente e não o passado, mesmo sendo esse real ou imaginário. A cena é situada num ambiente suntuoso com suas colunas clássicas caneladas.

É possível notar que a cena parece fazer parte do cotidiano de tais pessoas. A figura de Cristo, embora ocupe a parte central da mesa e da pintura, não ganha o destaque merecido, seguindo a tradição do título da obra. Duas garotinhas, vestidas ricamente, à frente da mesa, brincam com seu cachorro, totalmente alheias ao acontecimento. O mesmo acontece com um garoto à direita, de costas para a mesa, e outro à esquerda, abaixado.

Ao redor do Mestre, que traz os olhos voltados para os céus, segurando o pão com a mão esquerda e abençoando-o com a direita, estão dois homens sentados. Próximo a Cristo, um garçom, com um pano vermelho na cabeça, serve a mesa. À sua direita, outro homem carrega uma bandeja com carnes. Um grande grupo de classe rica , indiferente aos acontecimentos, ocupa a parte direita da composição, onde se vê uma mulher carregando um bebê, tendo ao lado o esposo, apresentando sua imensa prole. Dois garotos pobres são vistos à esquerda de Jesus, sendo um deles negro, quase imperceptível, ao fundo, e raro para a época.

Através do vão triangular é possível ver uma cidade ao fundo, pessoas e colinas. Nesta composição, o pintor, ainda muito jovem, não mostra um perfeito domínio de seu estilo, misturando vários gêneros de pintura, tanto é que tema dos Evangelhos e de Veneza renascentista agregam-se e embaralham-se.

Ficha técnica
Ano: c. 1560

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 290 x 448 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Veronese/ Abril Cultural

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Pontormo – JOSÉ DO EGITO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Jacopo Carucci (1494 – 1556) nasceu na cidade de Pontormo, na Toscana, apelido que viria a dotar em sua arte. Teve como mestre Leonardo da Vinci e Piero di Cosimo, vindo depois a entrar para o ateliê de Andrea del Sarto, tendo desenvolvido um estilo maneirista distinto. Em 1522 foi morar no monastério da Ordem dos Cartuxos, onde pintou uma série de afrescos, cujo tema era a Paixão e a Ressurreição de Jesus Cristo. Foi professor de seu filho adotivo Agnolo Bronzino e também colaborador de Michelangelo. Suas últimas obras receberam a influência das gravuras de Albrecht Dürer, por quem nutria grande admiração e seguiu o modelo de Michelangelo. Assim como Rosso Florentino, Pontormo tornou-se o expoente máximo do Maneirismo, com seus trabalhos dramáticos e expressivos.

A composição intitulada José do Egito é um exemplo característico da pintura florentina até o início do século XIV, mostra passagens da história de José, inseridas no Antigo Testamento (Gênesis 47: 13 e 48), tendo como pano de fundo uma paisagem fictícia e elementos arquitetônicos. Foi criado para o quarto de dormir de Pier Francesco Borgherini e Margherita Acciaioli, no Palácio Borghese, em Florença, por ocasião de suas núpcias.

Esta pintura apresenta quatro zonas principais:

  • no primeiro plano, à esquerda, José apresenta sua família ao faraó egípcio;
  • à direita, em primeiro plano, José está sentado num carro triunfal, puxado por três crianças (putti) seminuas. Ele ouve a leitura de uma mensagem, feita por um jovem ajoelhado à sua frente, e ao mesmo tempo segura uma criança (putto). Uma quinta criança, envolta num pano branco, encontra-se em cima de uma coluna, como se imitasse uma das duas estátuas presentes no espaço;
  • uma multidão curiosa, no meio das duas primeiras cenas, busca saber o que está acontecendo, cena também descrita como a multidão querendo pão;
  • mais ao fundo, no centro da pintura, algumas pessoas, escoradas em uma grande pedra, também observam a multidão em primeiro plano.

A curvatura da escada, que leva até o quarto de Jacó, situado no topo do edifício cilíndrico, tem por finalidade trazer mais tensão e drama à composição. No meio dela, José leva um de seus filhos pela mão, enquanto no topo dessa, outro filho é saudado por sua mãe. José também é visto ao lado dos filhos Efraim e Manassés, próximo à cama de seu pai Jacó, moribundo, recebendo a bênção paterna.

Ficha técnica
Ano: c. 1515/18

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 92,7 x 110 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/pontormo-joseph-with-jacob-in-egypt

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Tintoretto – LEDA E O CISNE

Autoria de LuDiasBH

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A composição denominada Leda e o Cisne é uma obra do pintor italiano Jacopo Robusti, mas que é conhecido como Jacopo Tintoretto, sendo tido como o mais importante artista do maneirismo veneziano.

Em sua tela Tintoretto apresenta a bela Leda e o cisne, tomando como temática a mitologia clássica que conta o mito sobre a bela mulher e Zeus, o deus dos deuses. Tal mito era muito popular em Roma, figurando em inúmeros trabalhos artísticos da época, como medalhões, mosaicos, murais e esculturas. É também muito representado até os dias de hoje.

Segundo a mitologia grega, a jovem Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Mas ao vê-la, o deus Zeus (Júpiter), sempre afeito a um rabo de túnica, apesar da vigilância de sua esposa Hera (Juno), desejou possuí-la. Portanto, metamorfoseou-se num cisne para seduzi-la. Leda foi fecundada, e, em consequência de tal união botou dois ovos, dos quais nasceram os gêmeos Castor e Pólux (nascidos de um ovo) e a bela Helena (nascida do outro) que se tornou famosa em razão da Guerra de Troia.

Ficha técnica
Ano: c. 1552-1558
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 145 x 145 cm
Localização: Palazzo Vecchio, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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