Arquivo da categoria: Mitos e Lendas

O mito é uma narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imaginários, que simbolizam forças da natureza, aspectos da vida humana, etc. A lenda é uma narração escrita ou oral, de caráter maravilhoso, na qual os fatos históricos são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética.

A LENDA DA MÃE-D’ÁGUA

Recontada por Lu Dias Carvalho

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A indiazinha gostava tanto da floresta, que nem se deu conta de que havia se afastado muito de sua aldeia. A noite chegou, e ela não sabia mais como voltar para sua oca. Mesmo assim, pôs-se a andar na escuridão, sem imaginar onde estava pisando. Acompanhando o barulho da chuva, que caía sobre a mata, nem deu por fé que havia um rio à sua frente. Ali caiu e afundou-se. Quando voltou à tona, havia se transformado numa sereia, metade mulher e metade peixe. Recebeu muitos nomes, sendo mãe-d’água e iara os mais conhecidos.

A iara não gosta de ficar sozinha, por isso, assenta-se na margem do rio para pentear seus longos cabelos e põe-se a cantar. Sua voz é tão sublime, que quem a ouve não esquece nunca. Dizem até que muitos pescadores já desceram com ela para o fundo do rio, onde fica o seu castelo de cristal. Por isso, eles andam em grupos, com medo de serem seduzidos pelo canto dessa sereia.

Nota: imagem copiada de www.uepa.br

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A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA

Recontada por Lu Dias Carvalho

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Quem visitar as tribos da Amazônia poderá ouvir de cada cacique ou pajé a história de Naiá, a índia que nasceu branca como um vaso de porcelana branca, trazendo na cabeça uma cascata de cabelos cacheados da cor dos raios do Sol (Guaraci).

Segundo pajés e caciques amazônicos, nas noites enluaradas, sempre que a Lua (Jaci ou Araci) escondia-se por entre os montes verdejantes da floresta, ela selecionava, entre as jovens índias das tribos, aquela que seria uma nova estrela, para trazer mais claridade para a Terra. O céu ia ficando cada vez mais dardejante com suas estrelas piscando aqui e acolá, numa belezura só.

Algumas garotas indígenas preferiam continuar na Terra a ser estrela no Céu,  Naiá, porém, sonhava o tempo todo em ser uma das jovens escolhidas. Ela passava as noites enluaradas nos lugares mais visíveis, onde a Lua pudesse notá-la. Tudo em vão. A coitadinha nunca era a escolhida. Ela então foi tomada de uma grande tristeza, que a deixava cada vez mais fraquinha, pois não mais se alimentava. O cacique e o pajé da tribo tentaram convencê-la de que era preciso esperar mais tempo, mas nada havia que a fizesse desistir de seu desejo imediato.

Certa noite, Naiá sentou-se à beira de um lago para descansar de sua busca. Repentinamente, viu Jaci espelhar-se nas suas águas tranquilas. Encantada com tamanha formosura, ela foi se sentindo atraída por aquele globo de prata, cintilando no meio do lago de águas verdejantes. Lançou-se no lago, na tentativa de abraçar seu sonho. Desapareceu a indiazinha. Por mais que a procurassem, durante dias e noites, os habitantes de sua aldeia e de muitas outras nunca mais a encontraram.

Condoídos com o sacrifício de Naiá, as plantas, os peixes e todos os bichos do lago imploraram à Lua que realizasse o sonho da índia de ser uma estrela. Mas Jaci transformou Naiá na mais bela planta aquática: vitória-régia, de modo que ela pudesse ficar junto a seu povo. E até hoje, não há quem não se encante com a beleza desta planta, típica da região amazônica, e, que expele uma admirável fragrância noturna.

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Mit. – LILITH, A PRIMEIRA MULHER DA TERRA

Recontado por Lu Dias Carvalho

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A mulher é vista como a fonte da discórdia nos mitos da criação. Um deles conta a história de Lilith, a primeira mulher criada por Deus. Segundo o mito, o homem e a mulher foram criados igualmente, frutos do mesmo barro, de modo que nenhum era superior ao outro. E foi por isso que Adão amargou os mais terríveis dissabores, pois Lilith queria ficar por cima de seu companheiro durante o coito, infringindo a lei do “papai-mamãe”. Mas Adão negou-se a ficar em posição tão subalterna, uma vez que não queria se passar por cavalo, e sim por cavaleiro. Eis o diálogo que aconteceu entre os dois:

– Por que devo me deitar embaixo de ti e me abrir sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual. – disse Lilith.

– Eu não vou me deitar abaixo de ti, mas por cima. Pois tu estás apta, apenas, para ficar numa posição inferior, enquanto eu sou um ser superior. – retrucou Adão.

– Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra. – rebateu Lilith

Não tendo o casal chegado a um consenso, Adão acabou se separando da “voluntariosa” mulher. Como na vida tudo tem seus pontos e contrapontos, dizem outras versões que foi a bela quem abandonou o radical varão. Mas não pense o meu querido leitor que a história acaba por aqui para a independente Lilith. Conta ainda o mito que Adão, insatisfeito com o comportamento intempestivo de sua mulher, foi reclamar com o Criador, que ela fugira. Deus, então, mandou que uma legião de anjos trouxesse de volta a insubordinada que bateu o pé, recusando-se a voltar para os braços do companheiro.

Como castigo, centenas dos filhos de Lilith passaram a ser mortos todos os dias. Mas ela deu o troco, vingando-se de sua rival Eva, esganando bebês e sorvendo o esperma dos homens que dormem sozinhos durante a noite. Uau!

Nota: imagem copiada de winchesterhome.wordpress.com

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A LENDA DO UMBUZEIRO

Recontada por Lu Dias Carvalho

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O Criador fez todas as árvores iguais, para que nenhuma desejasse ser a outra. Certo dia, porém, resolveu perguntar a cada uma delas como gostaria de ser. A primeira disse que gostaria de ser majestosa, com a madeira tão dura, mas tão dura, de modo que nenhum machado fosse capaz de feri-la. A segunda queria ser bem alta e forte, para poder olhar tudo de cima. Outra queria ser forte e com espinhos, para que ninguém se aproximasse dela. Mais outra gostaria de ser bela e perfumada… E assim o Criador foi satisfazendo o desejo de todas elas. Já quase chegando ao fim, perguntou a uma árvore como gostaria de ser. Ela lhe disse que almejava ter a sua madeira bem frágil, capaz de quebrar com pouca força, mas queria ser frondosa, para ofertar aos homens e bichos muita sombra.

Terminada a realização dos desejos, o Criador procurou aquela árvore que queria ter sua madeira fraca e uma grande copa para oferecer sombra. Queria saber o porquê de seu pedido, já que todas as demais queriam ser fortes e altas. Ela lhe respondeu que não queria que sua madeira servisse de cruz para um inocente.

Essa árvore recebeu o nome de umbuzeiro ou imbuzeiro. E assim tem sido até os dias de hoje.

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A LENDA DO MILHO

Recontada por Lu Dias Carvalho

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Aqueles eram tempos muito difíceis para os índios, que a cada dia viam a caça desaparecer. Onças, capivaras, cutias, antas, catetos, quatis e tamanduás já não eram mais vistos a correr pela floresta. Tampouco as árvores, com seus frutos pecos, possuíam a companhia dos macacos, bichos-preguiça, araras, gaviões, urutaus, abelhas, urubus, garças, periquitos, jandaias e outros animais. Como se tal sofrimento fosse pouco, os bichos da água também estavam sendo extintos dos rios, lagos e lagoas. Não mais se avistavam botos, peixes-boi, tartarugas, pescadas, ariranhas, sapos, jacarés, pirarucus, tambaquis, arraias e enguias. A cada novo dia, os índios descobriam que dezenas de espécies haviam desaparecido.

Homens, mulheres e crianças das aldeias viviam em permanente tristeza. Até os xerimbabos (animais de estimação) haviam ocultado, ninguém sabe onde, deixando os indiozinhos desconsolados. A fome começava a enfraquecer os mais velhos e os pequeninos. Era impossível sobreviver àquela tribulação. Procurar o Grande Espírito da natureza seria a última saída, ainda que esse exigisse um sacrifício em troca. Dois guerreiros de certa tribo resolveram então procurá-lo. Como não podia ser visto por nenhum ser mortal, ele mandou um mensageiro, que lhes perguntou:

– Por que estais à procura do Grande Espírito? O que dele desejais?

– Nós estamos todos em vias de fenecer, pois as árvores não dão mais frutos, não mais existe caça e tampouco pesca. Nossos velhos estão morrendo e também nossas crianças. Necessitamos de um novo alimento para continuar existindo. – explicou o índio mais velho.

– Bem, tal súplica será atendida, mas terão que lutar comigo, sendo que o mais fraco morrerá. – explicou o mensageiro.

E assim aconteceu. Apenas um dos guerreiros voltou para a aldeia, depois de sepultar, consternado, o amigo. Meses depois, no lugar em que ele fora enterrado, nasceu uma erva poácea (Zea mays), e dela brotaram muitas espigas com seus grãos nutritivos, que podiam ser comidos cozidos ou assados e ainda usados na fabricação de inúmeros alimentos e bebidas. Foi assim que nasceu o milho.

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O LEVANTAMENTO DO CÉU

Recontada por Lu Dias Carvalho

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Bem antigamente, numa data em que não é possível contar os séculos, de tão distante que se encontra, o Céu e a Terra eram bem próximos um do outro, de modo que era quase possível tocar nas nuvens, durante o dia e nas estrelas, à noite. Por essa razão, as aves viviam aprisionadas entre os dois, sem a amplitude do horizonte para voarem livremente de um lado para outro e de cima para baixo. E foi por isso que resolveram fazer uma assembleia com todas as espécies aladas, para deliberarem sobre o levantamento do Céu.

Todos os animais aéreos responderam à convocação. E todos foram unânimes em aceitar a tarefa de afastar o Céu da Terra. Ou melhor, somente o morcego recusou fazer parte do trabalho.

As aves fizeram um esforço hercúleo para levarem avante tal missão. Dividiram-se por espécies, de modo que cada uma levantaria uma parte determinada do Céu, numa ação conjunta, assim que o urubu-rei desse o sinal. E assim foi feito. Vitoriosa foi a incumbência. Mas o morcego, como castigo, foi obrigado a dormir de cabeça para baixo, dependurado pelos pés, fato que acontece até os dias de hoje.

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