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Textos humorísticos, mas reais, sobre o dia a dia do Brasil, enriquecidos com locuções e expressões da língua portuguesa.

AS FORÇAS ARMADAS E A SOBERANIA DO BRASIL

Autoria de Edward Chaddad

Há milhares de brasileiros esperando que as Forças Armadas brasileiras tomem posição diante da iminente destruição de nossa soberania e atuem no sentido de sua defesa. Pelo andar da carruagem, o Brasil é um país prestes a tornar-se burguês, onde o trabalhador é apenas um detalhe, uma máquina que irá processar a produção, sem direito à saúde, à educação, a uma boa alimentação, ao descanso, às férias, em suma, ao mínimo possível para manter sua condição de ser humano.

A Constituição Federal, claramente, como se pode observar, no seu artigo l42, que reza: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”, atribui às Forças Armadas uma grande missão: a defesa de nossa pátria, ou melhor, garantir e, acima de tudo, proteger os princípios fundamentais da nossa soberania.

É importante ressaltar que é fundamental que o Brasil mantenha sua soberania intocada, pois sem ela inexiste o Estado. Lembro que a soberania é o suporte de nossa cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, do pluralismo político, ficando claro que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente.

Seria totalmente constitucional, portanto, a manifestação das Forças Armadas, alertando todos os brasileiros para a situação de caos em que se encontra o país, não se afastando, assim, do dever de evitar que a sucumbência do Brasil ante as forças nocivas que o transformam numa colônia. Os políticos, que nos “dirigem” atualmente, estão vendendo todos os bens soberanos, ou seja, traindo o povo brasileiro, em resumo, a nossa pátria. Os neoliberais, hoje extremistas ultraliberais, já o fizeram após a revolução militar de 1964, alienando muitos bens que representavam nossa soberania.

Lembro a venda da nossa Vale do Rio Doce ao preço de três bilhões e trezentos milhões de reais, quando, só naquele ano, dera um lucro de aproximadamente dois bilhões de reais. Hoje essa empresa tem o valor de mais de 50 bilhões de dólares. Alienaram a Vale e, com isso, obtivemos, como lucro, um desastre ecológico jamais imaginado pelo povo de Minas Gerais e Espírito Santo, mostrando que a eficiência do setor privado inexiste, pois, acima de tudo, é o lucro que é seu alvo, deixando assim de promover a segurança do empreendimento.

Perdemos também, durante governo neoliberal – 1991 a 2002, uma infinidade de bens que representavam nossa soberania, como a CEMAR, CESP-TIETE; CETEEP – COELBA, CONGÁS; COSERN; CPFL, RGE,,ELEKTRO; ELETROPAULO; ESCELSA; GERASUL;LIGHT; BAMERINDUS, BANESP, BANCO MERIDIONAL; BANCO REAL; BEA;BEG (Banco de Goiás); CARAIBA PQU (Petroquímica União S.A). Querem mais: TELEBRAS: EMBRATEL, TELESP, TELEMIG, TELERG, TELEPAR, TELEGOIÁS, TELEMS, TELEMAT, TELESP, TELEBAHIA, TELERGIPE, TELECEARÁ, TELEPARÁ, TELPA, TELPE, TELERN, TELMA, TELERON, TELEAMAPÁ TELAMAZON, TELEPISA, TELEACRE, TELAIMA, TELEBRASÍLIA, TELASA. A lista não se encerra aqui. Foi apenas uma amostragem.

Houve muito mais alienações, inclusive em bens de Estados federados. Quase venderam a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. E retornam agora para completar a sua tarefa, encomendada pela nossa burguesia e por governos do exterior, interessados nas nossas riquezas, autorizando ativos da Petrobrás e terras brasileiras a preço de banana. Inclusive, há até quem diga que eles irão alienar até o Aquífero Guarani. Lembro que os israelenses adquiriram a maior quantidade de terras possível dos palestinos e, de uma hora para a outra, declararam que o território era deles, e lá constitui o Estado de Israel. Ah, o que acontecerá com a nossa a Amazônia…

Nunca defendi o regime militar, pois encontrei grandes barreiras na liberdade, principalmente de expressão. Fui e sempre serei contra regime ditatorial, seja lá qual for, pois o preço a ser pago é a liberdade e até a morte, como aconteceu. Ademais, sou democrata e sempre defenderei a democracia. Porém, não posso deixar de lado que, durante o Regime Militar, as leis trabalhistas (com raras modificações, como a estabilidade que virou FGTS) e a Previdência não foram afetadas. Inclusive, os militares fizeram modificações para beneficiar a aposentadoria dos professores. É bom lembrar isto. Depois, como os militares não quiseram vender os ativos soberanos de nosso País, como minério, petróleo, terras, etc., foram retirados do Poder, com o apoio da Cia. Após o fim da ditadura militar, veio a galope o neoliberalismo, quando os neoliberais começaram a vender nossos ativos soberanos, provando-se que o motivo da queda militar foi este.

A partir da vitória das forças de centro-esquerda em nosso País, este movimento de venda de bens soberanos parou. E agora o novo governo neoliberal, não escolhido pelo povo, objetiva, entre muitas outras coisas, a alienação de nossos bens soberanos, principalmente a Petrobrás, que hoje tem o Pré-Sal, um dos maiores reservatórios de petróleo de primeira qualidade no mundo todo. E o neoliberalismo, hoje em seu extremismo , ou seja, com o ultraliberalismo a todo vapor, veio com a finalidade de vender de vez todo o resto das riquezas do Brasil.

Pode-se constatar pela venda planejada de todos os ativos soberanos de nosso país, que a grande maioria de nossos políticos não é nacionalista, pois estão garantindo a alienação total dos bens que representam nossa soberania. As ditaduras, tanto de Vargas como a Militar, defenderam a soberania do Brasil, inclusive os direitos trabalhistas e previdenciários, estes criados ao tempo de Vargas, ainda que desprezassem a liberdade do povo. No momento em que grupos estrangeiros e mesmo brasileiros tomam nossos bens soberanos, o governo não governa. O povo não governa, pois perde a sua soberania.

Hoje sei que os militares foram derrubados do poder, porque não aceitaram que nossos bens soberanos fossem alienados. Falou mais alto o sentimento patriótico e não concordaram. Daí terem sido derrubados. Finalizando, penso que as Forças Armadas brasileiras devem e podem tomar posição diante da iminente destruição de nossa soberania e atuem, patrioticamente, no sentido de sua defesa, máxime no rigor da nossa lei constitucional, renita-se, como se pode observar, no seu artigo l42, que atribui às forças armadas uma grande missão: a defesa de nossa pátria, protegendo os princípios fundamentais da nossa soberania.

 

EM PROL DE UM BRASIL MELHOR

Autoria de Hernando Martins Dias

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De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. (Rui Barbosa)

O Brasil passa por uma fase extremamente difícil. Faz-se necessário que todos se posicionem em prol do país, independentemente de intitular-se de direita, de esquerda ou de centro. Não é mais possível conviver com o sectarismo, a seletividade e a corrupção em níveis tão alarmantes, presentes em todos os poderes de nossa República, enquanto se busca recompor o buraco feito no erário público usurpando as classes mais pobres, apesar de seus salários minguados  incapazes de cumprir o Art. 6º da Constituição Federal: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

É de conhecimento de todos que, enquanto não se fizer uma reforma política  estrutural, capaz de direcionar o país a níveis civilizados, não haverá, para nós brasileiros, luz no fim do túnel, uma vez que quem faz as leis é o poder Legislativo, também conhecido por Congresso (compreende a Câmara dos Deputados e o Senado). E, como vivemos num sistema presidencialista, o presidente (responsável pelo Executivo, juntamente com sua estrutura administrativa) não governa sem o Legislativo. E, para entornar o caldo da falta de pudor, além dos inúmeros congressistas corruptos, existem ainda os conhecidos e malcheirosos partidos de aluguel, mercadores em busca de uma fatia de poder, que ali legislam através do fisiologismo. Ao poder Judiciário cabe fazer cumprir as leis. Pelo menos é esta a sua função.

Precisamos de união e força para coibir as aberrações entre os propalados três poderes, que acabam parindo, executando e fazendo cumprir leis, muitas vezes nefastas, que pesam, principalmente, sobre a população mais sofrida do país e que é, na verdade, o potente motor gerador de seu progresso, quando a deixam trabalhar. Não é possível que o Brasil sirva de chacota em todo o mundo, ora tido como uma “republiqueta de bananas”, onde se trava uma guerra vergonhosa entre Legislativo, Executivo e Judiciário. É fundamental que os três poderes possuam igual autonomia e, sobretudo, responsabilidade para exercer suas funções, com a finalidade de fazer o país crescer economicamente e proteger a sociedade, ao invés de digladiarem entre si por poder e salários. O que o povo espera desse trio é uma comunhão ética e responsável, que responda, individual, legal e moralmente por seus atos, a começar pelo cumprimento do teto constitucional.

Tem sido vexamoso vivenciarmos o mais lamentável dos desrespeitos à Carta Maior, que é a Constituição brasileira, que reza que “todos somos iguais perante a lei”, quando na prática alguns poucos se mostram bem mais iguais do que a imensa maioria do povo brasileiro. Quem erra, recebendo do erário público, não pode, como pena para seu delito, ter aposentadoria integral e compulsória. Esse “constrangedor castigo” é doloroso demais para os milhões de desvalidos desta nossa grande nação. É fato que o povo brasileiro é responsável por ter elegido os políticos que aí estão, e que cada povo tem o governo que merece.  Mas também é fato que o brasileiro, conhecido mundialmente por seu nem sempre honesto “jeitinho”, tem na maioria dos dirigentes do país os seus grandes “mestres”. Em assim sendo, resta-me terminar minha crônica com o famoso pensamento de Rui Barbosa, o “Águia de Haia”:

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.

Nota: ilustração copiada de http://www.slideshare.net/portalsme/meu-endereo-no-planeta-presentation

O COMPLEXO DE VIRA-LATA

Autoria de Oswald Duarte

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Nós, brasileiros, infelizmente, em grande número, temos, como na expressão criada pelo jornalista e dramaturgo Nélson Rodrigues, o chamado complexo de vira-lata, ou seja, como disse esse famoso escritor brasileiro: “Por ‘complexo de vira-lata’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro coloca-se, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.” E já que estamos na fase de substituir tudo aqui no Brasil, logo, logo, irão chamar este sentimento de “the mongrel complex”, como já disse o jornalista americano Larry Rohter.

Hoje, por exemplo, não temos mais “liquidação”, mas “sale” ou “off”. Esta coisa toda, infelizmente, tem tomado um tamanho tão descomunal que muitos casais, na espera do nascimento do filho, estão lotando lojas em Miami para comprar enxoval de criança. No período natalino acontece a mesma coisa. E saem de lá esnobando horrores, numa comparação idiota com os produtos aqui fabricados e vendidos pelas nossas “stores” (refiro-me desta forma às nossas lojas, já que a prática está pegando tão fulminantemente)

Acham certas pessoas que tudo no exterior é melhor do que no Brasil, esquecendo-se que, em muitos países, ainda acham que o Brasil é um país habitado por indígenas e cheio de florestas. Há algum tempo, Buenos Aires era nossa capital, e entendiam que em nosso país falava-se o espanhol e, como num passado não muito distante – porque vivi neste tempo – De Gaulle referiu-se ao Brasil como não “sendo um país sério”. Ora, penso que nossos comerciantes espertamente estão explorando este complexo de vira-latas para vender mais, com a criação aqui também do “Halloween” e do “Black-Friday” – ora já que os brasileiros são os estrangeiros lá nos EUA que visitam o Disneylândia – por que não? E se a moda pegar para valer, logo, logo no aniversário, estaremos cantando:

“Black Friday to you,/ on this dear date/ much happiness / many years of life./ Alive Black Friday!/ Alive”

Há muitos interesses, acredito, por detrás deste complexo, que o ativam incessantemente, como é o caso do descobrimento, por cientistas e doutores brasileiros, de uma substância, a fosfoetanolamina sintética que, segundo relatos, vem trazendo extraordinário benefício para os pacientes com câncer. Vi a exposição, na TV Câmara, dos pesquisadores brasileiros, que estão lutando para que a Anvisa dê prosseguimento ao trabalho deles – já têm mais de vinte anos de pesquisa, que estão sendo feitas por um grupo na USP. Estão propondo que, pelo menos para os pacientes terminais, o medicamento seja fornecido – que é somente fabricado no laboratório da USP – ou seja, não industrialmente, e, por isso, necessitam que essa licença seja dada mediante produção industrial para atender todos. Dizem que não querem nada financeiramente, produto de patente, etc. Mas objetivam salvar, no futuro, milhares de vida. Os pesquisadores deixaram claro que pessoas inescrupulosas estão aproveitando da descoberta para vender, como sendo a original, um tipo de fosfoetanolamina manipulada, quando o objeto da descoberta deles é a sintética. Por isso, há milhares de pessoas comprando produto que não irá trazer os efeitos desejados.

Os pesquisadores mostraram vídeos e fotos de pacientes (que concordaram com a exposição), comprovando efeitos extraordinários, como uma criança, que estava totalmente sem movimentos, na espera da morte, e, que recuperou os movimentos, além da consciência, uma melhora extraordinária. Eles – os pesquisadores – dizem que a droga mata as células cancerosas e daí a melhoria. Ainda não houve a comprovação de que possa curar, livrar o doente da doença, porém, é importante dizer que o tratamento não tem efeitos colaterais e melhora muito o quadro dos pacientes que se sujeitaram à pesquisa. O que é mais importante, pode o doente continuar a ser tratado pelos medicamentos tradicionais, não havendo incompatibilidade. Dizem os pesquisadores que a burocracia, certamente exigida pelos grandes empresas farmacêuticas do mundo, que detém patentes de outros medicamentos, ou seja, interesse econômico, está impondo dificuldades para o desenvolvimento da pesquisa, que está sendo feita com dinheiro saído do próprio bolso deles.

Aí está mais uma prova do tal complexo de vira-lata, pois, infelizmente, a opinião pública não deu muita importância para esta descoberta. Se ela fosse feita por pesquisadores europeus ou americanos, seria objeto de grande significado, mas pesquisadores brasileiros (ora bolas, brasileiros), como pensa a maioria vira-lata, não fazendo nenhuma pressão sobre a Anvisa para cuidar da equipe e apoiá-la nas pesquisas.

Precisamos vencer o “Black Friday” e retornar aos bons tempos da liquidação.

Nota: imagem copiada de tvblogueiro.blogspot.com

BELA, RECATADA E DO LAR…

Autoria de Lu Dias Carvalho

bela

Segundo o filósofo, historiador e escritor estadunidense William James Durant (1885-1981), conhecido mundialmente, sobretudo pela obra “A História da Civilização”, em coautoria com sua incansável e batalhadora esposa Ariel Durant (1898-1981), a mulher foi a responsável por despertar no homem o instinto de agregar-se e fixar-se à terra, após ter dado início à agricultura, ainda que de forma bem rudimentar, nos locais em que se detinham temporariamente. Ela foi tão importante nas sociedades primitivas, que o progresso econômico foi muito mais fruto da mulher do que do homem. Foi responsável não apenas pela agricultura, iniciada ao redor dos acampamentos, mas também pelas artes caseiras e pela transformação dessas em indústria e pela domesticação de animais. A mulher preparou os alicerces para a civilização. E nem mesmo é possível mensurar seu papel na criação dos filhos.

No estágio da caça, todo o trabalho restante era de responsabilidade das mulheres. Quando os caçadores chegavam, extenuados pelo cansaço, limitavam-se a descansar, enquanto a elas cabia a tarefa de limpar, cozer ou moquear as presas, e ainda tratar os ferimentos que os seus homens tivessem. Durante as guerras, cabia às mulheres, seguindo atrás de seus homens, carregar todo o equipamento de sobrevida, exceto as armas (para que os guerreiros não fossem pegos de emboscada), a fim de que esses não ficassem cansados na hora do ataque. Além disso, durante os intervalos da luta, deles cuidavam, tanto no que diz respeito à alimentação quanto aos ferimentos do corpo, e ainda lhes proporcionavam prazer através do coito. E, mesmo naquela época, casos excepcionais mostram mulheres na chefia de algumas tribos, enquanto em algumas outras havia até um conselho de mulheres mais velhas.

Não há um único período na história da humanidade em que a mulher (ainda que em menor número) não tenha saído de casa para ir à luta, em diferentes lugares do mundo. E assim vem atravessando os tempos, seja aqui ou acolá. Mas tomando como exemplo o Brasil, mesmo nos tempos do coronelismo “às claras”, é bom que se diga, muitas mulheres protestaram pelos seus direitos e pelos direitos de outras mulheres. E nem mesmo a “ditadura brasileira” proibiu que mulheres trabalhassem fora de casa.

Todo este prólogo, começando pelo período em que o homem era caçador/coletor até chegar aos dias de hoje, deve-se à minha repugnância diante da falácia de certa revista de âmbito nacional, ao tentar asseverar, ainda que entrelinhas, que a mulher que é “bela”, “recatada” e “do lar” é a ideal, o exemplo a ser seguido pela “corte”. As demais, aquelas que estão trabalhando nas fábricas, nas escolas, nos hospitais, nas lavanderias, nas casas de famílias, nos escritórios, nas lojas, nas construções, nas ruas, ocupando cargos públicos (quaisquer que sejam eles) e tantos outros ofícios, não são merecedoras  de elogios, principalmente se forem “feias” e “impudicas”. Engana-se quem vê aí apenas uma ofensa “direta” a outrem. Esta declaração atinge todas nós, mulheres, que lutamos por dignidade, por um espaço na sociedade e, sobretudo, por respeito, indiferentemente da cor de nossa pele, cabelos, tipo físico, idade, opções sexuais, etc., quer fiquemos em casa ou não.

A declaração infeliz de que a senhora “X” ou “Y” é “bela, recatada e do lar”, além de botar à vista um doentio e malcheiroso “puxa-saquismo”,  é também perversa com aquelas trabalhadoras que não podem ter mãos lisas, corpos massageados, treinadores pessoais, unhas porcelanizadas, cabelos embelezados por salões famosos (que cobrariam mais do que um mês de trabalho de muitas brasileiras, por uma única visita), sapatos e roupas finos e importados, joias ímpares, e tudo isso que tanto faz pela “beleza” das celebridades. Trata-se realmente de uma afirmativa leviana. Mas fazendo uso de um pouquinho do cerebelo de quem escreveu tamanha asneira, gostaria de saber: 1- Em que o substantivo “beleza” pesa no quesito “capacidade”? 2- Em que o adjetivo “recatada” exerce influência no requisito “competência”? Observe bem, caro leitor, não estou me referindo a certos empregos adquiridos por outros vieses tão conhecidos neste país. Estou na defesa de todas as mulheres que saem de casa para trabalhar e ajudar suas famílias e que não são  apenas “do lar”. Também nada tenho contra aquelas que podem se dar ao luxo de ficar em casa, dirigindo seu “staff” de empregados ou que, por motivos diversos, não podem trabalhar fora.

Vou ficar aqui “conversando com os meus botões”, refletindo em como é possível, em pleno século XXI, alguém dizer que uma mulher é “do lar” (Aurélio: de prendas domésticas)? Isso soa como se a pessoa estivesse fossilizada e, repentinamente, emergisse do tempo do rococó, bem antes do final do século XIX, época em que teve início a Revolução Industrial em nosso país, que já exista na Europa desde meados do século XVIII. Essa expressão é tão antediluviana, antiquada, pré-histórica, matusalêmica e bolorenta que até minha bisavó teria vergonha em usá-la, se viva fosse.

Nota: imagens copiadas de   www.em.com.br;construtoramodulo.com.br e portaldoprofessor.mec.gov.br

QUAL DELES, STF? O CAOS JURÍDICO, POLÍTICO OU DIVINO?

Autoria de Lu Dias Carvalho

caos

Os Leviatãs da vida real são seres humanos, com toda a cobiça e desatino que devemos esperar da espécie de Homo sapiens. (Steven Pinker)

 Se os homens fossem anjos, nenhum governo seria necessário. Se os anjos governassem os homens, nenhum controle externo ou interno sobre o governo seria necessário.  (James Madison)

Segundo o humanista Steven Pinker, em seu livro denominado “Os Anjos Bons de Nossa Vida”, o despotismo prevalecia nos primeiro tempos, podendo os governantes fazerem o que bem entendessem. A própria Bíblia, livro mais importante dos cristãos, mostra que os reis Saul, Davi e Salomão foram todos responsáveis por tal política ou alvos de conspirações ou assassinatos. Sobre os imperadores romanos, nem se faz necessário estender nessa seara, tão conhecida de todos nós é a história. Segundo os cálculos do professor, pesquisador e criminologista da Universidade de Cambridge, Manuel Eisner,  entre os anos 600 e 1800, cerca de um em cada oito monarcas europeus foi assassinado, durante seu reinado, pelos próprios nobres que o circundavam, beijando-lhe o anel. Era uma corja de traidores, com olho no próprio umbigo.

Se os nossos líderes políticos restringissem a gana pelo poder entre si, não seria tão perverso como o que fazem com o nosso povo, a quem deveriam estar subordinados. Eles perpetram a violência própria e suas rixas pessoais, jogando-as nos braços das pessoas comuns, mal orientadas por uma mídia em grande parte corruptora, como se de fato estivessem brigando em prol do povo, com a finalidade de conceder-lhes uma vida melhor. O mais triste é que esse lamentável engodo é compreendido apenas por um poucos. Mesmo alguns cidadãos de bem não conseguem ver além das aparências, pois têm como modelo de informação “professores midiáticos” corrompidos pelo sistema, com muito a ganhar por baixo do pano da falsa moralidade.

Se comparados aos tempos idos, os governos atuais de alguns países parecem agora menos tirânicos, mas isso no que concerne ao uso de materiais armipotentes, mas as difamações, as tramoias, os conchavos, a falta de escrúpulos, os conluios, as conspirações, as manobras e as trapaças são muito mais constrangedoras. Aqueles que dizem representar o povo, esquecem-se de que saíram da sociedade e dela fazem parte, mas veem-se como deidades, senhores acima do bem e do mal, que desprezam o poder Judiciário, a quem veem como subalterno aos próprios caprichos do Executivo e do Legislativo. E o Judiciário, com a maioria de seus pares, principalmente neste país chamado Brasil, realmente posiciona-se como servo, desprezando a magnitude dos cargos que ocupa. Muitos juízes e juízas parecem meninas e meninos ingênuos, que num campo de futebol, ficam esperando que a bola caia a seus pés, para marcarem o conhecido “gol de placa”. Se a bolota não cai como esperam,  ainda que sejam “provocados” por esse ou aquele jogador mais trapaceiro, burlador, astuciosos e treiteiro, fingem-se de mortos. Ao fim da partida, ao serem entrevistados pelos repórteres que acompanharam a peleja, são unânimes em dizer que “Após o STF só existirá o caos”. Qual deles? O caos político, jurídico ou o divino? Enquanto se lava as mãos nas águas da Lava Jato que flui pelo ralo.

Ao que parece, pelo menos no caso brasileiro, de nada resultou o trabalho de grandes pensadores que achavam que os interesses do país e do povo deveriam se posicionar acima da vaidade de seus governantes. E nada melhor para conter tal vaidade do que a divisão dos poderes, de modo que um contrapunha a ambição do outro: Executivo, Legislativo e Judiciário. E mais, tais poderes tinham por obrigação assegurar a vida e a busca de liberdade de seus governados. A isso juntou-se A Declaração de Direitos, que objetiva mostrar aos governantes os direitos que jamais poderiam transpor, em se tratando de violência contra seu povo. Nos EUA isso funciona! E aqui? Balelas!

E para finalizar, fico com a explicação que me foi dada por um amiguinho de 12 anos: “Qual o quê, Lu, não perca tempo pensando no STF, pois todos são farinha do mesmos saco”! Confesso que não seria essa a contribuição que gostaria que as futuras gerações tivessem, depois de tantos anos como mestra.

Sugestão de leitura: Os Anjos Bons da Natureza Humana/ Steven Pinke

Nota: obra de Jackson Pollock

EXISTEM PROMOÇÕES NO BRASIL?

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os mês de fevereiro, nas grandes cidades brasileiras, principalmente nas metrópoles, é sem dúvida a melhor época para se comprar. São muitos os motivos que levam os comerciantes a abaixarem, ainda que minimamente, seus preços: sobra de mercadorias do Natal, a primazia dada aos objetos escolares em detrimento de outros itens, muita compra no exterior, os gastos inevitáveis com IPTU, IPVA e outros impostos, a volta das férias com as finanças em baixa, Carnaval e a mudança de estação, dentre outros. Assim, quem pode aguardar mais tempo para comprar, muitas vezes, obtém preços menos exorbitantes. Mas é preciso muito cuidado para não cair na armadilha das promoções. O consumidor brasileiro precisa ficar atento às manobras do mercado, pois de bobos os nossos comerciantes não possuem nada.

A cada ano, as táticas para atrair os clientes modificam-se. No ano passado, proliferaram os termos em inglês, como se isso indicasse o “chiquetê” das lojas, que na verdade não são chiques e nem miques. Era um tal de “for sale”, “on sale”, “sell-off”, “reduced price”, “all sales” e por aí vai o besteirol, como se nós, brasileiros, fôssemos obrigados a dominar a língua inglesa. Digo nós, porque os estrangeiros gostam mesmo é das feirinhas típicas, passando longe dos shoppings. Na verdade, isso nada mais é que um esnobismo idiota, coisa de colonialismo, mesmo. O nome de certos estabelecimentos merece um capítulo à parte.

A última novidade nas propagandas promocionais, principalmente nos shoppings, e isso em letras garrafais, é “Promoção – até 70%”. Obá! Acalme-se, senhor ou senhora cliente. Não vá com tanta sede ao pote, pois, para enganar nossos olhos, o “até” (ou o a partir) vem minúsculo, imperceptível, magricelo, anêmico e caguincha. O coitado aparece todo espremidinho, desmilinguido, insultado e humilhado em meio a um monte de letras graúdas, bonitonas, gorduchas, salientes e muito bem alimentadas e vestidas por tintas coloridas. E o “até”, ali no meio, morrendo sufocado, coitadinho.

Ontem, eu resolvi perambular por alguns shoppings, tentando garimpar coisas boas e “menos caras”, pois liquidação neste país é quase sempre para “inglês ver”.  Sôfregos, meus olhos percorriam os anúncios dos preços paradisíacos. E lá estava, na maioria das lojas, o apelo estampado em letras garrafais: “Promoção até 70%”. Mas o “até” estava tão mirrado, que meus olhos e minha percepção expurgaram-no, jogando-o de escanteio, contribuindo ainda mais para o seu complexo de inferioridade. O que disso resultou, eu lhes conto depois.

Existem também certas lojas que aderiram a uma nova mentira promocional do “Compre uma peça e leve outra de graça”. Mentira deslavada. As duas saem com um desconto de 30%, no total. Ou seja, você, se não souber um pouco de matemática, cai no conto do vigário. O que querem, na verdade, é empurrar, no mínimo, duas unidades ao cliente. E pior, há pessoas que acreditam nesse falso milagre, nessa bondade suprema. Outras lojas, apenas colocam a palavra “promoção” na peça, conservando o mesmo preço de antes, na maior cara de pau e sem-vergonhice.

O consumidor também precisa saber que ele tem direito a trocas, indiferentemente de a mercadoria ser promocional ou não. Aqueles avisos diante dos caixas, dizendo que não trocam mercadorias de promoção, não valem nada diante do Código do Consumidor. Ameace ir ao Procon e logo será atendido. Foi isso que fiz numa determinada loja.

Para encurtar a história de meu desencanto, não encontrei um só lugar onde funcionasse o extraterrestre “70%” (havia até propaganda de 80%) Tudo estava, no máximo, 30% menos caro. Foi então que resolvi tirar a prova dos nove: comecei a questionar os minúsculos descontos, em comparação com a publicidade enganosa. Mas a resposta vinha na ponta da língua dos vendedores. Vejam o diálogo:

LD – Gostaria de ver os produtos com 70% de descontos.
Vendedor(a) –  Infelizmente, já acabaram todos!

LD – Então me mostre alguns com 40, 50 ou 60%.
Vendedor(a) – Os produtos com esses descontos acabaram logo no início das promoções. Estamos agora só com os de 30% para baixo.

LD – Mas na propaganda colada ao vidro não está dizendo isso! Olhe lá!
Vendedor(a) – É que ainda não tivemos tempo de retirá-la.

Trocando em miúdos, o cliente brasileiro ainda é desrespeitado, tratado como se fosse um idiota. Portanto, meu caro leitor e consumidor, olho vivo. Não caia na esparrela de certas promoções para “inglês ver”. Se não cumprirem o que está na propaganda, mude para outra loja e deixe aquela às moscas, pois, para elas, as moscas, o “até” e o “a partir” não farão diferença alguma, somente lhes acrescentarão uns cocozinhos, mas para o seu bolso, farão uma tremenda diferença. Olhem apenas para o humilhado “até” (ou “a partir”), vire-lhe as costas, e diga para si mesmo:

Até outro dia, meu camarada! Vou (a) partir para outra! Off!