Autoria de Lu Dias Carvalho
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O desenhista e pintor maneirista Pieter Bruegel (1525/30 – 1569) teve em sua família inúmeros artistas, sendo ele o primeiro deles, daí o anexo a seu nome de “o Velho”. Fez parte da Guilda dos Pintores de São Lucas, em Antuérpia, tendo se tornando um grande mestre. Viajou pela Itália, França e Suíça, vindo a fixar residência em Bruxelas, onde se tornou um conhecido humanista, fazendo parte do grupo do poeta Dirk Volckertsen.
A composição religiosa intitulada A Procissão do Calvário – tida como a segunda maior pintura do artista conhecida – está enquadrada entre uma árvore, à esquerda, e um poste de madeira encimado por uma roda, onde pousa uma ave. A cena acontece num extenso terreno montanhoso, sob a luz do sol. São incontáveis as figuras humanas ali presentes incluindo crianças. Algumas estão a pé e outras montadas, dirigindo-se ao local onde se dará a execução, no alto da montanha, à direita. Pode-se ver um grande círculo formado pelas pessoas que ali já se encontram. Os homens de vermelho, montados a cavalo, conduzindo imensas lanças, são os soldados, presentes em diversos pontos da pintura.
A figura de Cristo carregando a cruz, caído no chão – quase invisível no meio da multidão – marca o centro da tela. É exatamente neste ponto que as duas diagonais da composição encontram-se. O pintor não destaca Jesus das outras pessoas, mas apresenta-o em sua humanidade, sendo totalmente ignorado pelos que o rodeiam e que veem o acontecimento apenas como um espetáculo. Um homem e uma mulher tentam ampará-lo na caminhada. O homem é Simão de Cirene, a quem os algozes pediram para ajudar Cristo a levar a cruz.
Os dois ladrões vão à frente numa carroça, ao lado de dois religiosos que tomam sua confissão. Um deles volta os olhos para os céus. O cocheiro desce do cavalo e senta-se nos paus da carroça com um ar de zombaria. Um soldado montado segue à frente carregando um estandarte branco. À esquerda da carroça inúmeras pessoas voltam o olhar para os ladrões, todos em trajes contemporâneos, pois Pieter Bruegel transferiu o acontecimento para sua época. As execuções públicas eram comuns no seu tempo, tidas como ocasião de grande entretenimento, onde também se encontravam crianças brincando, vendedores ambulantes e batedores de carteira, como vistos aqui.
Em primeiro plano, à direita, isoladas dos demais num platô rochoso, estão as figuras de Maria, João Evangelista e as três mulheres santas. A Virgem está sentada, desfalecida, amparada por João. As três mulheres estão arqueadas sob o peso do sofrimento. Elas divergem do restante da multidão tanto pelas roupas “antigas” (em relação aos demais) como pelos corpos curvados pela dor e por serem apresentadas num tamanho maior.
No Monte do Gólgota (significa lugar dos crânios), dentro do círculo feito pela turba, são vistas as duas cruzes onde serão crucificados os dois ladrões. Entre elas está sendo cavado um buraco para fincar a cruz conduzida por Cristo. Inúmeras forcas são vistas na paisagem, algumas com cadáveres e outras com rodas onde são vistos fragmentos de pano e resto de corpos quebrados, sendo comidos pelos corvos. O céu, à esquerda, mostra-se calmo, enquanto à direita, sobre o Gólgota, mostra-se escuro e tempestuoso, com corvos esvoaçando.
Bruegel gostava de trabalhar com inúmeras personagens, todas elas fazendo alguma coisa. O moinho de vento, à esquerda, no topo de um rochedo, traz diferentes análises. Além de caracterizar a tradição paisagística da Escola de Antuérpia também pode significar o movimento da longa jornada de Cristo até sua morte. O observador, ao embrenhar-se na pintura mostrando inúmeras cenas, sente-se como se dela fizesse parte.
Ficha técnica
Ano: 1564
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 124 x 170 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria
Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://mydailyartdisplay.wordpress.com/2011/03/07/the-procession-to-calvary-by-pieter-bruegel-the-elder/
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