Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Canaletto – VISTA DO CAIS DE SÃO MARCO E …

Autoria de Lu Dias Carvalho

     

Sua arte transcende o documentário; inventa uma visualização científica, na qual o conteúdo da cena revela sua verdadeira natureza. […] O artista inverteu o processo em sua pintura: em vez de aplicar a perspectiva teórica a um objeto, a fim de simular outro, redescobriu a perspectiva natural do objeto. (Enciclopédia dos Museus)

O pintor italiano Canaletto (1697 – 1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal, seu primeiro mestre, era também tio do pintor Bernardo Belloto. Tornou-se muito conhecido pelas paisagens venezianas que pintava. Mais tarde, quando morava em Londres, pintou inúmeras paisagens inglesas (vedute*). Canaletto também estudou com o paisagista Lucas Carlevarijs e foi influenciado por Giovanni Paolo Pannini. Segundo alguns estudiosos da obra do artista, ele fez uso da câmera escura, (instrumento óptico através do qual os raios solares passam, refletindo a imagem que se deseja pintar), o que lhe possibilitava fazer desenhos mais precisos, ao reproduzir proporções e perspectivas. Porém os desenhos ou meros esboços, deixados pelo artista, sugerem que ele tomava notas ao ar livre e, em seu estúdio, usava réguas e bússolas para aperfeiçoá-los.

As obras de Canaletto têm por base o uso da perspectiva e a observação exata da realidade. Quando pintava vistas da cidade, captava com grande sentimento a arquitetura ali presente, tendo imortalizado Veneza com seus magníficos palácios e igrejas, voltados para as águas, sendo maravilhosamente iluminados e imersos numa atmosfera intemporal. Também costumava adicionar cenas de gênero às suas paisagens. É tido como um dos maiores paisagistas italianos, sendo considerado um dos criadores do gênero do “vedutismo” e  um expoente do pensamento iluminista.

A composição Vista do Cais da Enseada de São Marco (à esquerda) e Vista do Grande Canal do Campo São Vio (à direita) são duas belas vistas da cidade de Veneza. Embora todos os objetos vistos nas paisagens sejam reais, estes foram arranjados pelo artista, numa sequência númerica, obdecendo a um equilíbrio composicional dinâmico e harmonioso. Em ambas as pinturas, deslizando pelas águas azuis, há um vai e vem de embarcações em atividade. Belas constuções, incluindo uma majestosa igreja e também uma enorme coluna com uma estátua, margeiam o lado esquerdo dos canais na primeira pintura. Ali se encontram ancoradas inúmeras embarcações, sendo visto também um píer e a aglomeração de inúmeras pessoas.

A segunda pintura apresenta três pessoas no cais, à direita. Duas delas estão possivelmente aguardando o momento de serem atravessadas. Dois barris ali se encontram, junto a um carregador, enquanto um terceiro já está sendo atravessado. A terceira figura assemelha-se a um mendigo, sentado e recostado numa parede, com um cajado perto de si. Na sacada de uma casa, logo acima, vê-se uma mulher com uma vassoura e, na janela abaixo, outra senhora parece conversar com alguém.

Canaletto gostava muito de tais temas. Em suas obras, ele os repetia muitas vezes, variando apenas o ângulo e a extensão da paisagem vista.

* veduta: termo italiano que significa vista, e que serve para denominar um desenho ou pintura que retrata a vista real de uma cidade ou um determinado lugar (plural = vedute).

Ficha técnica das duas pinturas
Ano: c. 1740/45
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 71 x 53 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://pinacotecabrera.org/en/collezione-online/opere/view-of-st-marks-from-the-punta-della-dogana/

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Giovanni Fattori – A CARROÇA VERMELHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Fattori (1825 – 1908) foi aluno de Giuseppe Baldini, pintor de temas religiosos e de gênero. Estudou em Florença com Giuseppe Bezzuoli, indo a seguir para a Academia de Belas Artes de Florença. Iniciou seu trabalho pintando temas históricos e militares, posteriormente veio a pintar paisagens, cenas rurais e a trabalhar com gravuras. Ao conhecer o pintor Giovanni Costa, ficou influenciado pela pintura de paisagens realistas e cenas da vida contemporânea ao ar livre. Tornou-se membro do grupo dos Macchioli, cujos pintores eram tidos como precursores dos impressionistas, embora não tenham inovado, tanto quanto esses, no uso da luz.

A composição A Carroça Vermelha, também conhecida como O Repouso, é tida como um dos melhores trabalhos do artista, embora seja extremamente singela. Esta também era a opinião do próprio pintor em relação à sua pintura. A tela possui um formato alongado, em razão da forma e da colocação dos elementos que compõem a cena, que descreve o descanso de um fazendeiro (ou de seu empregado), sentado ao chão, em num lugar aberto e solitário, após desatrelar seus bois. Trata-se de uma paisagem vespertina de verão.

O homem, postado de frente para o observador, à esquerda, descansa contra o fundo irregular da planície queimada pelo sol e sem a presença de árvores, numa imensa sombra. Sua figura piramidal é a mais escura. Ao seu lado também descansa uma junta de bois, livre da pesada canga. Atrás dos aimais está o arado e, ao lado desses, a carroça, da qual se divisa uma única roda, estando as demais ocultas, assim como grande parte do veículo. A lança (timão) da carroça avança em direção aos bois, sendo sustentada por um longo esteio. O arado, tal como uma sombra, reproduz no chão a linha da lança. Ao unir o arado à carroça, o esteio de sustentação acaba compondo uma única estrutura.

Os dois bois encontram-se de frente para o dono, dispostos em ângulo reto com a carroça, no meio da composição. Apenas é possivel distinguir a cabeça de um deles, mas pela ponta dos chifres sabe-se que ambos trazem as cabeças imóveis e esticadas para frente. Em sua pintura, o artista dispôs os elementos na diagonal, partindo do vértice inferior esquerdo para o superior direito. As cores principais são primárias: o vermelho da carroça, o amarelo do campo e o azul do mar. Uma nítida linha faz a separação entre a sombra e a luz, sendo que uma linha escura separa o mar do horizonte.

Ficha técnica
Ano: 1887
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 179 x 88 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.girodivite.it/Il-quadro-della-settimana-Il,21096.html

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Guercino – ABRAÃO EXPULSANDO AGAR E ISMAEL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Guercino (1591 -1666) foi batizado com o nome de Giovanni Francesco Barbieri. Tornou-se conhecido como um importante mestre da arte bolonheza seiscentista, tendo exercido grande influência sobre a pintura italiana. Sua vocação mostrou-se quando ele era ainda muito jovem. Aos 16 anos de idade já era aprendiz de do pintor Benedetto Genari e, aos 17, foi estudar em Veneza e Florença. Aos 24 anos de idade já se encontrava na direção da Academia de Bolonha, como sucessor de Guido Reni. Recebeu muitas influências, dentre elas as de Ludovico Carraci e Bartolomeo Schedoni. Foi um pintor barroco, tendo legado à posteridade um grande número de obras.

A pintura conhecida como Abraão Expulsando Agar e Ismael é construída num ritmo circular. Trata-se de um dos belos trabalhos do artista e um dos pontos altos de seu estilo maduro. Nela estão presentes quatro personagens bíblicos: Abraão, Agar, Ismael e Sara, que se apresentam com gestos meio teatrais. Ismael, a única criança presente, chora com o rosto encostado no corpo da mãe. Agar mostra-se surpresa e preocupada, conforme a tensão vista em sua testa.

Agar, a escrava egípcia, que dera um filho ao patriarca, está sendo expulsa de casa, com seu filho, por ordem de Sara, esposa de Abraão, que se dizia desprezada. Ela abraça seu menino com a mão direita e levanta um lenço branco com a esquerda, enquanto fita o idoso Abraão, figura central da obra, que se mostra impassível em sua decisão de repúdio aos dois.

Sara encontra-se de costas para a cena, atrás de Abraão, pai do pequeno Ismael. Seu rosto perfilado está voltado para a direita, como se prestasse atenção no que está acontecendo. Sua postura dá a entender que ela está se retirando do local. Ao cotrário da esposa de Abraão, elegantemente vestida, a serva e seu filho estão malvestidos.

Quem quiser entender melhor a passagem bíblica em que se baseou o artista para criar esta obra, veja o link: https://www.bibliaonline.com.br/vc/gn/21.

Ficha técnica
Ano: 1657
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 115 x 154 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Guido Cagnacci – A MORTE DE CLEÓPATRA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Guido Cagnacci (1601 – 1663) aprendeu pintura em Bolonha, provavelmente com Ludovico Carraci ou com algum pintor de seu círculo. Manteve contato com os pintores Guercino, Guido Reni e Simon Vouet. Inicialmente, suas pinturas estavam mais voltadas para os temas devocionais, vindo depois a dedicar-se às pinturas de salão, em que retratava mulheres semidespidas e sensuais, da cintura para cima, dentre elas podem ser citadas Lucrécia, Cleópatra e Maria Madalena, responsáveis por sua fama. Trabalhou para a corte de Leopold I, em Viena. Ali pintou sua obra mais importante: A Morte de Cleópatra, que se encontra no Museu Kunsthistorisches, em Viana, em que a rainha egípcia morre rodeada por suas servas, diferentemente da versão descrita abaixo, tendo sido pintada antes desta. O artista pertenceu ao período do Barroco tardio, sendo suas obras caracterizadas pelo uso do claro-escuro, além de uma forte sensualidade.

A composição A Morte de Cleópatra, um dos temas mais populares no século XVII, apresenta o suicídio da rainha egípcia, mordida por uma cobra, ao tomar conhecimento de que seu amado Marco Antônio morrera numa batalha. Assim como acontece com outros nus femininos do artista, a figura de Cleópatra repassa uma fisicalidade e sensualidade perturbadora, sem nenhuma parcela de idealização ou vulgaridade. Seu corpo físico, nu da cintura para cima, mostra-se sensual e extremamente real, como se sua morte fosse um descanso. Pressupõe-se que a modelo desta pintura seja a amante do artista.

A serpente, responsável pela morte da rainha egípcia, que em outras pinturas ganhou um espaço maior como protagonista da história, na pintura de Guido Cagnacci é diminuta, elevando-se de um dos braços da cadeira, sob o peso do braço direito da rainha Cleópatra. Ao minimizá-la, o artista tinha como objetivo levar o observador a concentrar-se no corpo da rainha suicida. Para o mesmo fim contribui o fundo liso da pintura, dando destaque à rainha egípcia em sua cadeira de espaldar vermelho.

A cabeça de Cleópatra descansa no couro vermelho de sua imponente cadeira, decorada com botões de ouro. Seus olhos semiabertos mostram que se encontra a caminho da incosnciência que a conduz à morte. Seus cabelos doirados, alcançando os ombros, caem em cachos por suas costas. Os pequenos e hirtos seios apontam para frente. Seu rosto não expressa sofrimento, mas, sim, uma profunda tranquilidade, como se se encontrasse dormindo. Apenas as mãos mostram-se lânguidas.

Segundo os estudiosos da arte, este quadro de Guido Cagnacci recebeu influência da obra de Guido Reni, através da convivência entre ambos, assim como dos mestres da escola bolonhesa, e do contato do pintor com as obras de Caravaggio, durante sua estadia em Roma.

Nota: em seu livro denominado “A Morte de Cleópatra”, o escritor Christoph Schäfer, que fez inúmeras pesquisas sobre o tema, revela que é improvável que a rainha egípicia tenha morrido ao ser picada por uma cobra. Acridita ele que seu óbito deveu-se a uma combinação de drogas: ópio, cicuta, etc, o que levaria à morte indolor, apregoada pela história.

Ficha técnica
Ano: c. 1660
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 120 x 158 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://mydailyartdisplay.wordpress.com/2011/04/24/the-death-of-cleopatra-by-guido-cagnacci/

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Duccio – A TRANSFIGURAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura A Transfiguração trata-se do painel central de um grande retábulo pintado por Duccio, encomendado-lhe em 1308. Depois de terminado, três anos mais tarde, o enorme retábulo foi levado, numa majestosa procissão, pelos moradores de Siena, à época, desde o ateliê do artista à catedral da cidade, onde ornamentaria o altar-mor.

Esta parte do retábulo apresenta o momento em que Cristo, no topo de um monte áspero e rochoso, transfigura-se diante de seus três apóstolos: Pedro, Tiago e João, ajoelhados, e dos profetas: Moisés, à esquerda, e Elias, à direita, ambos de pé. O Mestre ocupa o ponto mais elevado do pico, trazendo um livro de capa vermelha na mão esquerda, enquanto que, com a direita, abençoa os presentes. Ele veste roupas majestosas, sendo uma túnica vermelha e um manto azul, com listras douradas, similares ao brilho do assento do pico rochoso.

Os gestos de surpresa e adoração das figuras, presentes no local, levam o olhar do observador em direção a Jesus Cristo que, juntamente com os apóstolos e profetas, traz na cabeça maravilhosas auréolas, simbolizando a divindade dos mesmos. Todas as figuras encontram-se descalças, como prova de grande humildade.

Infelizmente esta peça encontra-se em precário estado de conservação, sendo que a figura do apóstolo João, ao centro, e em primeiro plano, está muito danificada.

Ficha técnica
Ano: 1311
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 43,8  x 45,7 cm (controverso)
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Correggio – NATIVIDADE COM SANTA ISABEL…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Natividade com Santa Isabel e São João é uma obra religiosa do pintor italiano Correggio, que fez muitas pinturas com esta mesma temática. É visível a influência dos pintores Andrea Mantegna e Dosso Dossi no trabalho do artista.

A cena ao ar livre mostra a Virgem Maria com seu vestido vermelho e manto azul, ajoelhada ao lado de seu Menino Jesus, que se encontra no chão, na parte inferior da pintura, em primeiro plano, exatamente no meio na composição. À direita do Salvador está Santa Isabel, mãe do pequeno João Batista, que se encontra em seu colo, e cujo corpinho inclina-se para frente, tentando fugir dos braços da mãe, como se quisesse brincar com o Menino.

Isabel, a prima da Virgem Maria, inclina-se ternamente sobre Jesus, deitado sobre um lençol que cobre as palhas de sua pequena manjedoura. Ele se encontra nu, o que simboliza a sua pureza, e traz a mãozinha esquerda sobre o peito e o braço direito estendido. Atrás de Maria está José, envolto em seu manto amarelo-ouro, que dorme candidamente na entrada da estrebaria, onde se encontram um jumento e um boi, depois de muito cansaço e emoção.

Dois pequenos anjos nus, pairam acima da Virgem, enquanto à esquerda, um terceiro anjo, vestido com uma longa túnica, conduz dois pastores até o Menino, para que esses rendam uma  homenagem ao Salvador do mundo .

Quatro grandes árvores perfilam-se à direita da velha construção. Debaixo da primeira há duas pessoas sentadas, provavelmente pastores. O local em ruínas apresenta vestígios da arquitetura clássica. Uma imensa paisagem estende-se à esquerda.

Ficha técnica
Ano: c. 1513/14
Técnica: painel
Dimensões: 78 x 100 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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