Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Jan Steen – A FESTA DE SÃO NICOLAU

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Festa de São Nicolau é uma obra do pintor holandês Jan Steen (c.1625-1679). O artista estudou com com Nicolaes Knüpfer, Adriaen van Ostade e Jan van Goyen, tendo se casado com Margaretha van Goyen, filha do último mestre. Fez parte da Guilda de São Luca de Leiden. É tido como um dos importantes pintores holandeses do século XVII. Sua obra é vasta e diversa, na qual se inclui trabalhos narrativos e alegóricos, paisagens, apesar de poucas, e retratos, mas seu gênero predileto era as pinturas de gênero. É visto como um grande observador e o mais vivaz dentre os grandes pintores holandeses de interiores.

Em sua pintura, o artista mostra o interior de uma casa, onde se realiza a festa de São Nicolau. Encontram-se presentes quatro adultos e sete crianças. Vê-se grande alegria no rosto da criançada, com seus brinquedos e guloseimas, excetuando no de um garoto, que se encontra de chapéu e, que traz a mão no rosto, como se estivesse chorando, provavelmente por não ter ganho o presente de seu agrado, ou por ter sido castigado pelos pais, pelo mau comportamento durante o ano. Seu irmão, situado entre o pai e a mãe, aponta para ele, rindo. Uma garota, atrás dele, mostra-lhe um sapato vazio – o dele. A figura idosa, que aparece segurando uma cortina, olhando para o meninho tristonho e sorrindo, pode ser sua avó com um presente guardado para ele.

A atenção do casal está voltada para as crianças, principalmente para a pequenina, que se encontra no meio do grupo. Ela carrega uma boneca, com vestimenta de pelo e uma longa cruz na mão, à imagem de São João Batista. E traz nos braços um pequeno balde com suas guloseimas e, voltada para a mãe, parece buscar sua aprovação. Um rapazola carrega nos braços um bebê, que por sua vez segura um símbolo na mão. Ele aponta para a chaminé, como se mostrasse ao neném por onde passa São Nicolau, para trazer os brinquedos na Noite de Natal. Uma outra criança, próxima a ele, canta a plenos pulmões, inclinando o corpo para trás. O símbolo que o bebê carrega remete à luta entre católicos e protestantes, e trata-se de um São Nicolau feito de gengibre.

À direita encontra-se uma pequena mesa com alimentos. Próxima a ela está um objeto, em formato endurecido, parecendo-se com uma estrela, que sinaliza a importância do dia. Castanhas, moedas e um sapatinho jazem abandonados no chão, assim como uma cesta com bolo, pães, castanhas e frutas, como se fosse uma natureza-morta dentro de outra pintura. Vê-se apenas parte de uma segunda cesta, de onde desponta uma garrafa. O clima é bem festivo no ambiente. As janelas de vidro, ao fundo, mostram que é inverno. Lá fora tudo parece frio, contrastando com o ambiente aconchegante em que se encontra a família.

Ficha técnica
Ano: c. 1663-1665
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 82 x 70,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Feast_of_Saint_Nicholas

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Seurat – O CANAL DE GRAVELINES

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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As linhas traçadas de baixo para cima e da direita para a esquerda são estimulantes, dinâmicas, vivas. As de sentido contrário provocam tristeza, abatimento, mal-estar. Da mesma forma, as cores, devido aos diferentes comprimentos de suas ondas cromáticas, podem produzir sensações alegres – no caso do vermelho, alaranjado, amarelo – ou deprimentes – verde, azul, roxo. (Charles Henry)

 A composição O Canal de Graveline é uma obra pontilhista do pintor francês Georges Seurat, que acreditava que o artista podia e devia unir-se ao conhecimento científico em suas criações. Nesta pintura, melancólica e poética, ele tenta aplicar as teorias do cientista Charles Henry, autor de “Introdução à Estética Científica”.

Seurat fez predominar em sua paisagem os traços horizontais e a presença do azul-claro, do verde-pálido e do branco matizado de cinza, pois, segundo o cientista Henry, as linhas horizontais e tais cores estimulavam a melancolia e a tristeza. É bom que o observador entenda que o emprego das linhas e das cores não dizia respeito ao estado emocional do pintor, mas dizia respeito a um experimento, à aplicação de conhecimentos científicos, buscando os efeitos psicológicos que a percepção visual produziria em quem observasse a composição. Em seu outro trabalho, denominado Port-en-Benssin aos Domingos, Seurat fez o inverso deste, ao aplicar linhas verticais e cores quentes para suscitar alegria.

Ficha técnica
Ano: 1890
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 93 cm
Localização: Rijksmuseum Kröller-Müller, Oterlo, Holanda

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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Rafael – O INCÊNDIO DO BORGO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Incêndio do Borgo, também conhecida como O Fogo no Borgo, é uma obra da oficina do pintor italiano Rafael Sanzio, que era tão requisitado em Roma, a ponto de não dar conta de confeccionar todas as encomendadas que lhe eram feitas, valendo-se de um grande número de assistentes e alunos. Sua temática nesta obra tem como objetivo celebrizar a intercessão do papa Leão IV que, com sua bênção, impediu que um incêndio viesse a espalhar-se pelo Borgo, uma seção popular romana, próxima à Basílica de São Pedro. Sobre tal episódio foi dito que aconteceu no ano de 847 d.C.

Presume-se que Rafael tenha feito os complicados desenhos de O Incêndio no Borgo, mas que a obra foi, provavelmente, pintada por seu assistente Giulio Romano e alunos. O monumental afresco, medindo quase sete metros de base, encontra-se hoje na sala Stanza dell’incendio del Borgo. Dentre os outros quatro ali encontrados, este é o mais complexo, pois faz referências à antiguidade clássica, à arquitetura medieval e aos temas em uso pelos artistas da época. O artista mostra, no afresco em questão, uma fração da Roma antiga, desfeita durante o século XVI: a fachada original da Basílica de São Pedro, com seus mosaicos sobre fundo dourado e janelas de arcos românicos. São vistos também as colunas antigas de escuro mármore africano com capitéis jônicos e colunas brancas com capitéis coríntios, pintadas com rachaduras e fraturas, como ruínas do passado de Roma.

O Papa, de sua janela, abençoa a multidão aflita. Há um grupo atrás dele e outro ajoelhado debaixo de sua janela, e mais outro um pouco mais distante, numa galeria, em primeiro plano, que tenta desesperadamente apagar o fogo. Uma mulher de amarelo, com os dois braços levantados, tendo as costas voltadas para o observador, parece pedir socorro ao Papa. À esquerda, correndo das labaredas do fogo, um jovem carrega um velho às costas, atrás dele vem uma senhora idosa e à sua esquerda uma criança, provavelmente membros de uma mesma família. No centro, uma mulher, sentada, abraça o seu bebê, enquanto duas outras mães zelam por suas crianças. À direita, as pessoas portam vasilhames com água, tentando apagar ofogo. Um jovem nu é visto descendo de um muro, enquanto uma mãe entrega a outrem o seu bebê recém-nascido, no intuito de salvá-lo.

Ficha técnica
Ano – 1514/17
Técnica: afresco
Dimensões: 670 cm de base
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/4stanze/3borgo/1borgo.html

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Seurat – LE CHAHUT

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Le Chahut (também conhecida como Can-Can) é uma obra pontilhista do pintor francês Georges Seurat, que acreditava que o artista podia e devia unir-se ao conhecimento científico em suas criações.  Ele não misturava as cores, mas punha-as junto (pontilhismo), mantendo-as puras na tela, de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador.

 Seurat apresenta em sua pintura uma cena de dança no Moulin-Rouge, em Montmatre, na França, com a intenção de vencer o desafio do movimento. Dentre os elementos costumeiros, usados pelo artista, aparece algo novo: a caricatura dos personagens, vista no dançarino, com seu ar posudo; nos gestos teatrais do maestro e das bailarinas; e também no semblante debochado e libidinoso do espectador, sentado à esquerda, que serviu de deboche para a obra, sob o argumento de que ali se encontrava para ver as calcinhas das duas dançarinas.

Os personagens distribuem-se na tela, ocupando as seguintes posições:

  • os dançarinos ocupam a parte superior;
  • os músicos encontram-se na parte inferior,
  • e no fundo encontra-se parte da plateia.

Um dos músicos é visto de costa para o observador, na parte central da base da composição.

O pintor obteve a variação de luz e sombra em sua pintura, fazendo uso de diminutos pontos de cores justapostas. Quando vistos de certa distância, eles se fundem no olho do observador, criando a sensação de que são as cores que se encontram misturadas. Todas as linhas e movimentos estão direcionados para cima, repassando a sensação de animação e alegria.

 A pintura foi recebida com zombaria pelos amigos do pintor e com impiedosa chacota por parte dos críticos. Desconsolado, o artista isola-se.

 Ficha técnica
Ano: 1889/1890
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 169 x 141 cm
Localização: Rijksmuseum Kröller-Müller, Oterlo, Holanda

 Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
http://seurat.krollermuller.nl/en/lechahut

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Seurat – CENA DE BANHO EM ASNIÉRE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ser pintor é ultrapassar a mera superfície das coisas. (Georges Seurat)

 A composição Cena de Banho em Asniére, também conhecida como Os Banhistas de Asnières, é uma obra do pintor francês Georges Seurat que acreditava que o artista podia e devia se unir ao conhecimento científico em suas criações.  Ele não misturava as cores, mas punha-as junto (pontilhismo), mantendo-as puras na tela de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador. É com esta tela que ele começa a pôr em prática a sua teoria sobre a luminosidade e a composição geométrica das figuras, ainda que nela se note influências de Piero della Francesca, Corot, Puvis de Chavannes e dos impressionistas. Para compor esta obra, Seurat fez dezenas de esboços a carvão e a lápis, pois seu trabalho era sistemático e muito pensado, ao contrário dos impressionistas. Em seus croquis constavam um arco-íris e um cavalo, sendo posteriormente eliminados.

Os operários divertem-se numa tarde iluminada de domingo, junto ao rio Sena, diante da ilha da Grande Jatte em Asniére, fazendo parte de uma tranquila cena nos subúrbio de Paris. Eles estão imóveis, segundo as normas preestabelecidas pelo artista. As figuras humanas são vistas em formação rígida, como elementos compositivos, à maneira das obras de Piero della Francesca, tanto na simplicidade das formas como no emprego de formas regulares demarcadas pela luz. O pintor usou modelos vivos, vistos de perfil, sendo a pintura final feita em seu estúdio.

Cinco personagens isolados encontram-se na grama tomando sol. Um garoto de calção vermelho observa dois outros na água. Um barco com um remador transporta um casal, sendo que a mulher está coberta por uma sombrinha branca. Três barcos com velas brancas trafegam no rio. Vê-se, à direita, a ponta de um barco de regata com um remador. Em segundo plano estão uma ponte, edifícios e as várias torres de uma fábrica a soltar fumaça. Inúmeras árvores aparecem à direita e à esquerda.  Um pequeno cão é visto em primeiro plano, na parte inferior da pintura, à esquerda.

 A colossal tela – mais de seis metros quadrados – foi recusada pelo Salão oficial de Paris. Tal recusa levou Seurat a ficar distante do reconhecimento público, só participando das exposições dos artistas antiacadêmicos no Salão dos Independentes que em 1884 expôs esta pintura. Mesmo nesse meio – onde se supunha ser aberto às inovações – ele foi incompreendido tanto pelos artistas quanto pelos críticos e público. Ao ver sua obra, que terminara aos 24 anos de idade, recebida com zombaria pelo público e com desdém pelos próprios artistas que se insurgiam contra o academicismo, Seurat passou a isolar-se em seu estúdio, mas ciente de que estava avançando em seus estudos.

O artista deu especial atenção ao critério impressionista que levava em conta a cor e a luz, contudo, o resultado obtido por ele foi bem diferente, pois não se trata de um momento fugaz, mas da junção de muitos momentos na tela, recebendo seu estilo o nome de “sintético”.

Ficha técnica
Ano: 1883/1884
Técnica: óleo sobre painel de carvalho
Dimensões: 201 x 302 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

 Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
Impressionismo/ Editora Taschen
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/georges-seurat-bathers-at-asnieres

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Escola de Fontainebleau – DIANA A CAÇADORA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição denominada Diana a Caçadora é uma obra da Escola de Fontainebleau que ficava situada nos arredores de Paris. Por ela passaram inúmeros pintores. Não se sabe exatamente quem foi o criador desta pintura.

A pintura mostra a esbelta Diana (Artemis) – a deusa romana da caça – andando pelo bosque, andando da direita para a esquerda, acompanhada de um cão. Seu corpo é visto de perfil, mas sua cabeça está voltada para o observador. Ela se encontra coberta apenas por um manto amarelo que desce por seu ombro direito, e por um véu, quase imperceptível, a cobrir-lhe a genitália. Todo o resto do corpo encontra-se nu. Na mão esquerda carrega seu arco, na direita traz uma flecha e nas costas leva sua aljava. Um grupo de árvores serve de fundo para o corpo da deusa e de seu cão.

Diana era muito diligente com sua virgindade, por isso, segundo a mitologia romana, ela transformou o caçador Acteão em cervo, por tê-la visto nua durante o banho. A deusa parece fitar o observador, como a censurá-lo por invadir seus domínios.

Ficha técnica
Ano: c. 1550
Técnica: óleo sobre madeira, transferido para tela
Dimensões: 191 x 122 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fonte de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Renascimento/ Editora Taschen

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