Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Heitor dos Prazeres – CARROÇA DE CANA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Heitor 789

A composição Carroça de Cana é uma obra do compositor, cantor, sambista e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua. Esta é mais uma das telas do artista que retratam o universo rural dos negros.

O quadro apresenta seis figuras humanas: três mulheres, dois homens e um garoto, todos negros.  Num terreiro de terra avermelhada e de formato circular, algumas ações acontecem. À nossa direita, junto a uma casinha amarela coberta por capim-sapé, com a porta de madeira entreaberta, uma mulher de vestido azul com babados na saia, mangas e gola, e um lenço nos cabelos trançados, retira água de uma cisterna.  Ela acaba de tirar um balde cheio de água, que descansa sobre a beirada de proteção do poço, enquanto uma lata transbordante com o mesmo líquido encontra-se no chão para ser carregada. De pé, mais próxima à porta, outra mulher, cujas vestes são similares à da primeira, excetuando a cor vermelha do vestido, traz uma lata na mão, esperando a sua vez.

Uma corda, sustentada por finos troncos, corta o chão circular ao meio, servindo de varal para a secagem de roupas. Uma mulher vestida de azul, com um lenço da mesma cor nos cabelos, estende roupas no varal: saias, vestidos, camisas e calças. Traz nas mãos uma peça de cor branca, a última a ser dependurada. Ela olha para a direita, como se algo houvesse chamado a sua atenção.

Um negro de paletó b

Heitor dos Prazeres – TINTUREIRO DO BAIRRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

HEITINBAI

A composição Tintureiro do Bairro é uma obra do compositor, cantor, sambista e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua. Muitos de seus quadros relativos a esta temática são bastante parecidos,  possuindo apenas ligereiras variações.

O artista retrata aqui uma das profissões muito comuns à época, mas quase que esquecida nos dias de hoje. No quadro, um negro de calça azul e camisa branca listrada de azul segue pelas ruas do bairro em sua bicicleta, sendo observado por um garoto espantado, na calçada, que segura uma pipa, em razão da figura engraçada que o tintureiro forma com suas peças dependuradas. Chama a atenção, também, de uma senhora e sua filha, na rua, e por outra figura feminina na janela, a sacudir um pano branco.

O tintureiro dirige seu veículo com a mão direita, na rua de chão cinza escuro, enquanto na esquerda traz  uma espécie de vara, onde se encontram agitados pelo vento, quatro vestidos, dois pares de calças e um pequeno casaco. Acoplada à sua bicicleta está uma enorme caixa colorida, possivelmente cheia de roupas para serem entregues.

O rapaz em sua bicicleta está enquadrado por duas casas, uma à esquerda e outra à direita. O cinza escuro da rua evidencia o colorido das roupas e da caixa que leva na parte dianteira de seu veículo. À esquerda do moço encontra-se um muro amarelo que, juntamente com o céu colorido por vários matizes em tons claros,  chama mais ainda a atenção para a figura ímpar do tintureiro e sua preciosa carga.

Ficha técnica
Ano: 1965
Dimensões: 40 x 50 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: coleção Mayer Mizrahi (Galeria Espaço Arte)

Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha

Heitor dos Prazeres – O POETA E A MUSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

HEIPOEMU

A composição O Poeta e a Musa é uma obra do pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua.

Não resta dúvida de que Heitor usou este quadro para retratar o seu universo de sambista e pintor. Possivelmente seja ele o personagem aqui representado e, que se encontra à mesa, com a mão esquerda sobre uma partitura e com a direita segurando um copo. Sobre a mesa estão um cavaquinho, companheiro dileto do artista, e uma garrafa verde com cachaça, estando o líquido pelo meio, além de duas pequenas caixas, possivelmente uma de fósforo e outra de cigarro. É possível ver parte de seus sapatos pretos adornados de branco, debaixo da mesa, uma marca peculiar do artista.

Além da cadeira em que se encotra assentado o personagem, três outras espalham-se pelo ambiente. Uma delas traz no espaldar o seu paletó, outra tem um vaso de flores no assento, possivelmente retirado da mesa para dar espaço ao artista representado. E a quarta traz as roupas da musa. Ao fundo, em segundo plano, vê-se a capa do cavaquinho descansando sobre um armário de duas portas. Na parede, à esquerda do personagem, encontra-se um quadro paisagístico, que parece mostrar um homem tocando e duas outras figuras dançando.

À direita do personagem está sua musa (possivelmente Nativa Prazeres, segunda esposa do artista), de camisola, deitada sobre um colcachão verde, encima de uma cama que parece flutar. Ela, com a mão esquerda sob a cabeça, espera pacientemente pelo companheiro. À sua direita encontra-se um criado-mudo com um abajur e dois outros objetos não identificáveis.

A cor predominante na tela é o marrom com suas variações, fazendo um belo contraste com o verde do colchão, da garrafa e o presente no quadro afixado à parede, à direita o observador. Chamam também a atenção o amarelo da camisa do personagem, o do cavaquinho e o da janela. O chão é feito de tábuas corridas. Heitor contraria neste quadro uma das regras básicas de suas pinturas, que é a de colocá-las de perfil. Aqui elas estão olhando para frente, em direção ao observador.

Ficha técnica
Ano: 1957
Dimensões: 40 x 51 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: coleção particular

Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha

Heitor dos Prazeres – BAILE DE RUA

Autoria de Lu Dias Carvalho

HEIBAIRU

A composição Baile de Rua é uma obra do compositor e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua.

Um grupo animado de sambistas, composto por nove mulheres e  nove homens, toma parte da rua para extravasar sua alegria. Estão presentes quatro instrumentos musicais: pandeiro, cavaquinho, flauta e o que parece um maracá, tocado pelo homem de camisa branca. O cavaquista, vestido com um terno branco, o pandeirista usando uma calça azul e uma camisa branca com listras pretas, e o homem de terno azul, que parece tocar uma flauta, estão num plano superior, numa espécie de tablado. Alguns dos sambistas estão voltados para os músicos. Apenas duas mulheres encaram o observador. As roupas são coloridas, sendo o amarelo e o branco as mais chamativas.

Ao fundo, as casas trazem suas janelas e portas de madeira abertas, simbolizando que as pessoas ali também estão atraídas pela folia. As duas lâmpadas acesas no poste indicam que já é noite. Naquela época, as ruas, em que moravam as comunidades negras, eram tomadas por grupos musicais que levavam consigo muita gente.

Ficha técnica
Ano: 1954
Dimensões: 49 x 65 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: coleção da família do artista

Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha

Heitor dos Prazeres – A PRAINHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

HEIPRAINHA

A composição A Prainha é uma obra do compositor, cantor, sambista e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. O artista optou pela arte naïf, também conhecida como arte primitiva ou ingênua.

Existem dúvidas quanto à real localização do lugar que esta pintura retrata. Na tela estão presentes quatro figuras humanas, todas elas negras. Sentado sobre uma pedra, uma figura com chapéu de palha toca seu instrumento, que se parece com um cavaquinho. Um segundo elemento, de calça escura e camisa branca listrada de azul, com um cesto de peixes na cabeça, dá uma pausa em seu caminhar para ouvir a música tocada pelo homem.

Mais ao longe, duas mulheres, uma de vestido vermelho e outra de azul,  com dois potes de barro na cabeça, caminham em direção oposta ao do tocador. Seus vestidos rodados agitam-se enquanto elas andam. As duas figuras são similares, possuem apenas a posição invertida e as vestimentas de cor diferente.

Algumas casinholas feitas de barro são vistas à direita e à esquerda na tela. Cinco belas palmeiras fundem-se com o céu colorido com vários matizes de tons delicados. Inúmeras pedras escuras espalham-se pela paisagem. Na parte inferior da tela é possível ver um pequeno trecho do mar azul.

Ficha técnica
Ano: 1965
Dimensões: 45,6 x 54,7 cm
Técnica: óleo sobre tela e Eucatex
Localização: Acervo do Museu Internacional de Arte Naif do Brasil/ RJ/ Brasil

Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha

Heitor dos Prazeres – MOENDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Moenda é uma obra do pintor brasileiro Heitor dos Prazeres. Trata-se de uma das mais importantes de sua carreira. Com ela, ele fez parte da I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, tendo conquistado o terceiro lugar e também o prêmio Toddy de Aquisição, em meio a grandes nomes da pintura, como Picasso, Giorgio Morandi, Candido Portinari, Aldemir Martins, entre outros. Tal conquista foi de fundamental importância para o artista, pois pôs em destaque a arte naïf, também conhecida como arte ingênua, e abriu espaço para um pintor negro, fator relevante para a cultura artística afro-brasileira.

A composição apresenta uma cena do mundo rural: a moedura de cana. Estão presentes na pintura dois personagens, um homem e uma mulher, de costas para o observador, mas com os rostos de perfil. O casal de negros, com seus chapéus de palha e abas dobradas para cima, encontra-se abosorvido na moagem da cana que o circunda por todos os lados. No meio do quadro está o moinho de onde escorre um liquído esbranquiçado – o caldo de cana – para uma tina de madeira. A mulher traz na mão um balde e o homem uma enxada. O verdor do canavial cinge-se com o azul e o branco do céu.

Ficha técnica
Ano: 1951
Dimensões: 65 x 81,1 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de S. Paulo

Fonte de pesquisa
Heitor dos Prazeres/ Coleção Folha