Arquivo da categoria: Vida Saudável

Temas diversos sobre saúde

ORA-PRO-NÓBIS

Autoria de Luiz Cruz

O ora-pro-nóbis é uma espécie da família das cactáceas – Pereskia aculeata. É uma trepadeira de fácil cultivo, onde se planta dá. Basta fincar um ramo em qualquer solo, em área ensolarada ou sombreada. Com cerca de três meses já pode ser colhida. É bastante resistente. Chega até cinco metros de altura, podendo ser cultivada em quintais, para ornamentação de jardins e também como cerca viva. Como produz espinhos pontiagudos, torna-se uma cerca bastante eficiente. Segundo a tradição, seu nome originou-se quando um padre, ao terminar a celebração da missa, logo que dizia “ora-pro-nóbis” – “rogai por nós”, as pessoas começavam a colher a planta no adro da igreja, para fazer o almoço em seguida. Há variações do nome popular, como lobrobô, lobrobó ou orabrobó.

O ora-pro-nóbis produz profusão de flores no período de janeiro a abril, quando fica extremamente belo. A flor é diária, ou seja, dura apenas um dia, mas no seguinte a planta amanhece toda florida. Ela é branca, tem um perfume delicado e ligeiramente adocicado, por isso atrai enorme quantidade de abelhas, sendo importante para a produção de mel. Os frutos arredondados, amarelados e espinhentos, ocorrem entre os meses de junho e julho. Essa planta foi muito utilizada para a alimentação dos escravos, por ser muito rica em proteína, enfatizando esse aspecto, tem sido chamada também de “carne dos pobres”. A proteína está presente no oro-pro-nóbis com mais de 25% de sua composição, apresentando ainda elevados teores de vitaminas A, B e C. É quatro vezes mais potente que a laranja em vitamina C, além do cálcio e do fósforo. Os benefícios dessa hortaliça são amplos:

– por ser rica em fibras, ajuda no processo digestivo e intestinal, promovendo saciedade, facilitando o fluxo alimentar nas paredes intestinais, além de ajudar a recompor a flora intestinal;

– seu chá, a partir de folhas, tem excelente função depurativa, sendo indicado para processos inflamatórios, como cistite e úlceras; também para a prevenção de varizes;

– muito eficiente para combater a anemia por ter alta concentração de vitamina C, fortalece o sistema imunológico, contribuindo para evitar doenças oportunistas;

– ótima para a pele, devido à presença de vitamina A. Mantém ossos e dentes fortalecidos, devido ao cálcio;

– as gestantes deveriam consumir a planta nesse período, pois ela é rica em ácido fólico, evitando problemas para a saúde do bebê.

O ora-pro-nóbis é muito empregado na tradicional culinária mineira, desde Diamantina, Mariana, Ouro Preto, São João del-Rei, Serro, Tiradentes a muitas outras localidades. Um dos festivais mais tradicionais de Minas Gerais é dedicado ao ora-pro-nóbis e ocorre em Sabará. Utilizam-se as folhas mais tenras e com elas são preparados alguns dos pratos mineiros mais saborosos, como o frango com ora-pro-nóbis. A hortaliça vai muito bem com outras carnes, como a de porco – especialmente a costelinha ou lombo em cubos. Pode ser feita também com linguiça de frango ou suína, resultando em pratos deliciosos. O toicinho de barriga bem apertado, também vai bem com ela. Os acompanhamentos são simples: arroz branco e angu.

Para fazer o ora-pro-nóbis deve-se colher os brotos mais novos. Interessante é que, quanto mais se colhe, mais a planta se renova. Na colheita devem-se usar luvas para se proteger dos espinhos. Lavar bem as folhas. Picar. Refogar a carne, temperada ao gosto, com uma pitada de açafrão e outra de coloral. Quando estiver pronta, adicionar as folhas, acrescentando água moderadamente, até produzir o caldo. Servir em seguida. Para quem gosta de pimenta, essa não pode faltar. A cactácea também tem sido utilizada na culinária contemporânea para a produção de sucos, tortas, omeletes, bolos, panquecas, crepes, bolinhos, pastéis, pizzas, pães e farinha. Para se produzir a farinha deve desidratar as folhas, deixá-las bem secas e triturar, podendo ser utilizadas em diversas receitas para o enriquecimento nutricional.

Estudos realizados pela UFLA (Universidade Federal de Lavras) constataram que os princípios da Pereskia aculeata podem ajudar na prevenção de doenças como varizes, câncer de cólon (um dos mais incidentes no mundo), hemorroidas, tumores intestinais e diabetes, além de diminuir o nível de colesterol ruim, tratar furúnculos e sífilis. E quem não conhece o ora-pro-nóbis, ao passar pela estrada que liga Santa Cruz de Minas a Tiradentes, na Rota da Estrada Real, bem próximo ao Portal de Santa Cruz, há uma planta grande que pode ser apreciada.

Nota: fotografias do autor.

SUA VITAMINA D ESTÁ BAIXA?

Autoria do Dr. Telmo Diniz

A vitamina D é fundamental para o corpo humano. Vários são os fatores que influenciam na concentração dela no sangue, entre os quais podemos citar:

  • a incidência de radiação solar,
  • a cor da pele,
  • a obesidade,
  • os hábitos culturais de cada população (vestimenta e alimentação),
  • a gravidez,
  • o envelhecimento, etc.

A deficiência da vitamina D pode ocasionar vários sintomas em nosso organismo, alguns dos quais, eventualmente, a própria pessoa pode identificar, para procurar um aconselhamento médico. Essa vitamina é fabricada pelo organismo a partir do colesterol que se ativa por ocasião dos raios solares, enquanto outra parte é obtida na alimentação. Estudos britânicos verificaram que pessoas com bons níveis de vitamina D no sangue têm até 40% menos chances de desenvolver câncer de cólon e várias outras doenças, como veremos aqui.

Um sintoma muito comum em quem está com níveis baixos de vitamina D é a fraqueza muscular, pois os músculos esqueléticos só funcionam adequadamente com níveis ideais desta vitamina. Outro sintoma desta hipovitaminose pode ser a depressão. Então, o uso de antidepressivos deve vir acompanhado, necessariamente, da medição desta vitamina no sangue. Portanto, cabe ao médico fazer o diagnóstico diferencial e o tratamento adequado.

De igual forma, o aumento na frequência de infecções respiratórias – como a asma ou a gripe, entre outras doenças – pode indicar a falta de vitamina D no organismo. De acordo com estudos realizados no Japão, as crises de asma em crianças foram significativamente reduzidas nos casos de pacientes que tomaram suplemento diário de vitamina D. O mesmo pode ser pensado para os idosos. Já está bem estabelecido que a baixa de vitamina D está ligada às doenças ósseas, como a osteoporose em idosos, o raquitismo e a osteomalácia, que podem levar ao sério enfraquecimento dos ossos e aumentar o número de fraturas. Por fim, estudos da Universidade de Harvard verificaram que baixos níveis de vitamina D no sangue podem dobrar o risco de morte por doenças cardíacas. A pessoa pode estar com os níveis de gorduras no sangue normais, entretanto, se a vitamina D estiver baixa, o risco de eventos cardiovasculares, como um infarto cardíaco ou um derrame cerebral, fica elevado.

Além do sol, que devemos tomar diariamente, temos de ter em mente as fontes alimentares que nos fornecem a vitamina D. Os alimentos ricos nesse nutriente são os óleos de fígado de peixe e os peixes de água salgada, como as sardinhas, o arenque e o salmão. Os ovos, a carne, o leite e a manteiga também contêm pequenas quantidades dele. Porém, a alimentação só fornece, no máximo, 20% das necessidades diárias. O restante deve vir da exposição solar.

Detectando-se baixos níveis desta vitamina nos exames, a suplementação, se recomendada, deve ter acompanhamento médico, pois é uma vitamina lipossolúvel e, portanto, passível de acúmulo no organismo e com potencial de toxicidade. Uma forma natural de aumentar sua concentração é ingerindo os alimentos listados e, principalmente, tomar mais sol. Dez minutos por dia, no mínimo três vezes na semana.

Nota: imagem copiada de Oleoo

OCITOCINA – HORMÔNIO DO AMOR E DA BONDADE

Danilo Vilela Prado

É um hormônio produzido principalmente pelo hipotálamo, região do cérebro do tamanho de uma amêndoa, e é liberada diretamente no sangue pela glândula pituitária. Inicialmente, pensava-se que sua produção era exclusiva das mulheres no momento do parto, ao auxiliar as contrações uterinas, diminuir o sangramento e estimular a liberação do leite materno, criando laços fortes entre a mãe e o bebê. Mas a ciência vem provando que esse espetacular hormônio não é exclusividade feminina. Homens também produzem ocitocina, quando possuem apego e empatia com outras pessoas e animais. Além disso, o hormônio estimula parte do prazer no orgasmo, é anti-inflamatório, protege o sistema cardiovascular de possíveis danos que podem ser causados pelo estresse, ao reduzir os níveis de cortisol (o chamado “hormônio do estresse”) e baixa a pressão sanguínea.

Recentemente, a revista Saúde é Vital, nº 390, publicou artigo no qual cita pesquisas que apontam que a ocitocina protege o coração de lesões, ao descongestionar artérias; estimula o bom funcionamento dos rins, porque elimina o excesso de sódio por meio da urina; auxilia na reversão da disfunção erétil; inibe o medo; abranda a fome; e atua positivamente durante e após a maternidade. Também reestrutura neurotransmissores no cérebro, com o efeito de criar mudanças positivas. Por isso, tem sido classificada como o “hormônio do amor”, pois toda vez que é produzida e liberada estimula os sentimentos de amor, atração, carinho, proteção e bondade. Ao proporcionar excitação entre as pessoas, cria boas relações entre amantes e amigos. Além dos magníficos efeitos do hormônio, secretar a ocitocina é muito mais fácil do que as pessoas podem imaginar. Bastam boas intenções e praticar o bem com pessoas e animais. Toda vez que praticamos a bondade, ajudando material e psicologicamente, ou dando conforto espiritual aos desafortunados, liberamos ocitocina. Por isso, é muito comum encontrar quem esteja “viciado” em fazer o bem. Existem centenas de milhares de pessoas que fazem espetacular trabalho de apoio aos carentes, enfermos e desvalidos.

A médica Zilda Arns e a Madre Tereza de Calcutá, por exemplo, certamente produziam ocitocina acima da média, porque a vida delas foi sempre dedicada a salvar seres humanos da miséria. Só com a disseminação do soro caseiro no Brasil e em outros países, Zilda Arns salvou da morte milhares de pessoas, na maioria crianças desamparadas e pobres. Mas se a ajuda for interesseira, na esperança de receber retribuição, certamente a ocitocina não será liberada e levará à frustração, porque o hormônio brota espontaneamente da alma, da intenção de aliviar o sofrimento que existe no mundo. Ajudar por ajudar, não traz benefício. É preciso envolvimento do coração, com o uso de toda a boa vontade, a fim de reverter as situações desfavoráveis dos infelizes. Só dessa forma a ocitocina jorrará abundantemente, criando um ciclo de afeto, amor, compaixão, solidariedade, amizade, amparo e felicidade mútuas entre os que ajudam e aqueles que são ajudados.

A ocitocina é a verdadeira substância das mudanças que causam benefícios. Existe somente no polo positivo da humanidade e é capaz de transformações gigantescas em momentos de sua. Assim aconteceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando a solidariedade “explodiu” sob a forma de ajuda humanitária para milhões de vítimas. O pós-guerra foi transformador e fortaleceu o sentimento de que aquele capítulo infeliz da história não pode ser repetido. Felizmente, nós não temos hoje sofrimento da proporção da última Grande Guerra. As ações devem ser, portanto, individuais ou coletivas, mas sempre no sentido de ajudar. Liberar ocitocina significa a liberdade e a libertação dos que dedicam a praticar atos de bondade. Quem pratica o bem começa a se sentir cada vez melhor, com maior disposição física, bom-humor, leveza do corpo e da alma. A interação social fica mais intensa, cresce o nível de tolerância com o que chateia. A compreensão dos acontecimentos, sejam bons ou ruins, dá-se em nível cada vez mais maduro, amenizando a aspereza da vida.

A ocitocina é também considerada a principal responsável pelo amor e carinho que damos aos animais. Eles retribuem das mais variadas maneiras, seja manifestando alegria, brincando e nos acariciando ao demonstrar o quanto gostam de quem os acolhe. Os cães atualmente ocupam lugar de destaque na sociedade, porque é amigo, fiel, brincalhão e desempenha funções como aliviar o estresse e proporcionar felicidade. Por causa de seu comportamento amistoso desperta em crianças, homens e mulheres sentimentos de bondade, que têm como consequência a liberação de ocitocina. Já nas primeiras descargas da ocitocina forma-se uma relação natural de bem-estar entre os que ajudam e os que são ajudados, de bondade e agradecimento, de sensação de ser útil por acolher e ser acolhido. Assim se estabelece, por meio de um hormônio, uma engrenagem de solidariedade que costuma durar anos e até décadas. E que, ao longo dos séculos, amenizou instintos primitivos dos seres humanos, que tendiam sempre a dominar cada vez mais homens e animais.

Nota: imagem copiada de Procuromaissaude.com

AÇÚCAR MATA MAIS QUE CIGARRO

Autoria de William Ecenbarger e Mary S. Aikins *

Há um setor que vende um produto que faz mal à saúde. Uma geração atrás era o setor fumageiro, e o produto era o cigarro. Hoje é o alimentício cujo produto é o açúcar. O Dr. Aseem Malhotra – cardiologista em Londres – é um dos líderes da campanha contra o açúcar na Europa. Afirma que a indústria de alimentos imitou o “roteiro corporativo” da fumageira para rejeitar a regulamentação. “A única diferença é que, enquanto o fumo era evitável, o açúcar atualmente é quase inevitável.”.

O açúcar adicionado – não o açúcar natural que existe em frutas e legumes – está em tudo. Uma das maiores fontes são bebidas como refrigerantes, energéticos e sucos. No supermercado há açúcar adicionado aos pães, iogurtes, manteiga de amendoim, sopas, vinhos, salsichas – em quase todos os alimentos industrializados. Uma única colher de sopa de Ketchup pode conter uma colher de chá de açúcar. Helen Bond, nutricionista da Associação Dietética Britânica diz: “É um marketing inteligente: palavras como ‘frutose’ fazem pensar que estamos reduzindo o açúcar adicionado, mas o fato é que estamos polvilhando açúcar branco sobre a comida.” Diz o Dr. Malhotra: “Esse açúcar a mais é completamente desnecessário. Ao contrário do que a indústria alimentícia quer que acreditemos, o organismo não precisa da energia de nenhum açúcar adicionado.” O Dr. Robert Lustig, endocrinologista pediátrico do campus de San Francisco da Universidade da Califórnia e líder mundial da campanha contra o açúcar, observa que o consumo mundial de açúcar per capta aumentou 50%.

No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o açúcar adicionado representa 19% da ingestão total de açúcar do brasileiro e o excesso de açúcar na dieta é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, além de doenças como o diabetes. Mais da metade da população brasileira (53,9%) está acima do peso. Entre as crianças de 5 a 9 anos, um terço delas está com sobrepeso.

“Hoje, nossa alimentação tem tanto açúcar adicionado, que o sistema metabólico (que processa a energia) simplesmente não aguenta. Nosso corpo faz coisas diferentes com tipos diferentes de calorias. Na quantidade ingerida hoje, a frutose (açúcar adicionado) é armazenada principalmente como gordura. Em geral, essa gordura vai para a barriga”, diz Lustig. O perigo para a saúde não é só a obesidade: há indícios que ligam o açúcar a doenças hepáticas, diabetes tipo 2, cardiopatias e cáries. O setor de bebidas e alimentos continua a promover o açúcar com muita publicidade de seus produtos açucarados.

No ano passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reafirmou a recomendação anterior de que, num parâmetro ideal, a ingestão de açúcar, fora aquele que existe naturalmente em frutas e legumes, não deveria exceder 10% da ingestão total de energia (no Brasil, o consumo médio é de 16,3%). Na alimentação média, 10% da ingestão total de energia corresponderiam a umas 12 de colheres de chá de açúcar por dia. Uma única lata de 330 ml de refrigerante pode conter até 10 colheres de açúcar adicionado. “Temos provas de que manter no limite de 10% a ingestão de açúcar livre reduz o risco de sobrepeso, obesidade e cárie”, disse o Dr. Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição para a Saúde e o desenvolvimento, da OMS, no comunicado em que apresentou o relatório à imprensa mundial.

O Conselho Internacional de Associações de Fabricantes de Bebidas, um grupo de pressão do setor, rejeitou o relatório da OMS e fez o seguinte comentário: “Quanto à obesidade, não há qualquer base científica para tratar o açúcar livre de forma diferente do açúcar intrínseco (não adicionado).” O Dr. Malhotra contesta: “Isso não é verdade. É preciso levar em conta a qualidade dessas calorias. O açúcar intrínseco ocorre em alimentos que trazem outros benefícios nutricionais.”

O sobrepeso e a obesidade em crianças e a quantidade de alimentos açucarados que consomem são uma preocupação dos profissionais da saúde. Uma medida que, segundo especialistas, pode fazer a diferença é a redução ou a suspensão da publicidade desses alimentos durante a programação infantil. A província canadense do Quebec restringe esses anúncios de junk food na TV desde 1978. Hoje tem taxas de obesidade bem mais baixas que o resto do Canadá. Outros países que restringiram os comerciais de bebidas e flocos de milhos açucarados e outros alimentos nocivos nos horários em que as crianças assistem à TV são Noruega, Suécia, Dinamarca, México e o Reino Unido. No entanto, uma análise constatou que, no Reino Unido, os fabricantes anunciam alimentos nocivos às crianças: na internet, em merchandising durante programas populares e em videogames.

Na Europa, uma iniciativa estimulante para limitar a publicidade para crianças é o EU Pledge. As principais fábricas de alimentos concordaram voluntariamente em limitar a publicidade de alimentos açucarados para crianças até 12 anos. Elas não fazem comerciais de TV nem anúncios na internet para essa faixa etária e não vendem seus produtos em escolas primárias, o que representa uma mudança significativa da maneira como esses alimentos são vendidos a crianças.

Marlene Schwartz é diretora do Centro Rudd para Políticas Alimentares e Obesidade, organização sem fins lucrativos, sediada nos EUA, e dedicada a encontrar soluções na pesquisa e na política para a obesidade, a má alimentação e o preconceito ligado ao peso durante a infância. Ela diz que as diretrizes do EU Pledge “não vão suficientemente longe. O ideal seria ampliá-las para crianças até 14 anos.”

Outra área da publicidade de alimentos e bebidas à qual o Dr. Malhotra se opõe é a associação entre produtos e atletas, tática usada pela indústria fumageira há apenas 50 anos, quando atletas e celebridade eram contratados para endossar os cigarros. Ele questiona a permissão à Coca-Cola para patrocinar as Olimpíadas. A parceria da empresa com as Olimpíadas começou em 1928 e foi estendida até 2020. “A Coca-Cola (…) associa seus produtos ao esporte, sugerindo que não há problema em consumir suas bebidas desde que se pratiquem exercícios”, escreveu o Dr. Malhotra recentemente na revista British Journal of Sports Medicine. “Mas não dá para vencer a má alimentação com corrida.”

Os defensores da saúde pública dizem que duas abordagens bem-sucedidas na redução do hábito de fumar – educação do consumidor e tributação – são necessárias no combate ao consumo excessivo de açúcar. O México criou um imposto de 10% sobre bebidas açucaradas e sua venda caiu 12% no primeiro ano. Na França um imposto sobre refrigerantes criado em 2012 resultou no declínio gradual do consumo. A Noruega tributa alimentos e bebidas açucarados e divulga informações há muitos anos, com bons resultados. Em março deste ano, o chanceler britânico George Osborne anunciou a criação de um imposto sobre bebidas açucaradas a ser cobrado de produtores e importadores de refrigerantes.

Embora tenha havido algum sucesso com a tributação, o setor de alimentos e bebidas continua a fazer pressão contra informar sobre o açúcar adicionado ao consumidor – exatamente como fizeram as empresas fumageiras ao combaterem as tentativas do governo de pôr nas embalagens de cigarros mensagens alertando para o perigo de fumar (medida adotada também no Brasil).

Uma abordagem proposta para solucionar a questão foi pôr nos rótulos “sinais de trânsito” – círculos vermelhos, amarelos e verdes – para indicar a “salubridade” dos produtos alimentícios. Esse esquema, atualmente um programa voluntário bem-sucedido no Reino Unido, foi rejeitado pela maioria dos membros do Parlamento Europeu. “As pessoas não fazem ideia de quanto açúcar ingerem”, diz Ilaria Passarani, chefe do Departamento de Alimentação e Saúde, uma entidade com sede em Bruxelas. Na esteira das preocupações em relação ao açúcar, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) anunciaram recentemente que estudam um acordo para reduzir a quantidade de açúcar nos alimentos processados, semelhante ao que é feito com o sal. A primeira etapa deve começar em 2017, com análise das principais fontes de açúcar na dieta dos brasileiros.

Os indícios contra o açúcar e seus efeitos nocivos à saúde continuam a se acumular, conforme os estudos são publicados. A Dra. Kimber Stanhope, bióloga nutricional da Universidade da Califórnia, que completou em 2015 cinco anos de uma pesquisa que ligou o xarope de milho rico em frutose – comum nos Estados Unidos – ao aumento do risco de infarto e acidente vascular cerebral. “Todos deviam perceber que não há perigo nenhum em reduzir a ingestão de açúcar, mas há fatores de risco em continuar a comer grande quantidade, enquanto aguardam mais indícios”.

Os pais deveriam afastar-se e aos filhos do consumo diário de açúcar e considerá-lo um alimento para ocasiões especiais. Novas pesquisas também indicam que o açúcar, assim como o fumo, pode ser viciante. Eric Stice, neurocientista do Instituto de Pesquisas do Oregon, está usando ressonâncias magnéticas do cérebro de adolescentes para mostrar que “o açúcar ativa o cérebro de um modo que lembra drogas como a cocaína”. Ele acrescenta que as pessoas criam tolerância ao açúcar, como acontece com os fumantes e usuários de drogas: “Isso significa que, quanto mais açúcar se consome, menor a recompensa. O resultado: come-se mais do que nunca.”.

O que fazer para reduzir a ingestão de açúcar adicionado? “Há um jeito fácil de resolver esse problema em casa: chama-se comida de verdade”, diz o Dr. Lustig. Alimentos não industrializados que nós cozinhamos. Um pedaço de peixe é comida de verdade: nuggets de peixe comprados prontos, não. É assim que temos de alimentarmo-nos e alimentar nossos filhos”. E podemos provocar mudanças na indústria de alimentos e bebidas. “O ativismo de cidadãos comuns tirou o cigarro dos restaurantes, aviões, locais de trabalho e escolas. Temos de fazer o mesmo contra essa avalanche de açúcar em nossa alimentação”, continua o Dr. Lustig. “Se não pararmos de envenenar o nosso organismo com açúcar, nós e nossos filhos só ficaremos mais gordos e mais doentes. E o custo será astronômico.”

Nota: termos usados para o “açúcar adicionado”: néctar de agave – meladoaçúcar de beterraba – xarope de bordo – caldo de cana – sacarose, xarope de arroz – açúcar de confeiteiro – rapadura – xarope de milho – gomme – galactose – açúcar de tâmaras – dextrose – drimol – malte – xarope de arroz integral – dri sweet – adoçante de passas – lactose comestível – kona ame – sucrovert – flomalt – frutose – açúcar invertido – clintose – xarope de sorgo – xarope dourado – isoglicose – muzi amt.

Meu nome é Fernando Carvalho e sou autor de “O Livro Negro do Açúcar” de graça na internet há 15 anos. Gostaria de fazer alguns reparos ao artigo acima que é de 2016:

  • A recomendação da ONU para o consumo de açúcar que era de 10% das calorias totais ingeridas diariamente, caiu para 5%. Numa dieta de 2000 Kcal isso significa apenas 25 gramas de açúcar adicionado (de cana ou beterraba).
  • Uma Coca-Cola de 600 ml já contém 60 gramas de açúcar.
  • Uma notícia boa, o consumo de açúcar na Noruega caiu 40%.
  • Sal é um alimento nobre e seu consumo é estável.
  • O brasileiro consome 12 gramas por dia há décadas. Já o consumo do produto químico isolado da cana é crescente e hoje é de mais de 60 quilos por pessoa a cada ano no Brasil.
  • É mais do que o consumo de arroz e feijão somados. Tenho posts publicados no meu perfil no Facebook sobre o açúcar se a moderação quiser é só compartilhar aqui.

*Revista Seleções Reader’s Digest do mês de setembro/2016, páginas 124 a 131
ferdocarvalho@proton.me

EPIDEMIA DE HIPOTIREOIDISMO

Autoria de Danilo Vilela Prado

Para compensar a perda do iodo de fácil assimilação, encontrado em quantidades ideais no sal marinho, e que é perdido no processo de industrialização, ao sal refinado é adicionado o iodeto de potássio, também usado em xaropes como expectorante. Trata-se de uma exigência das autoridades, para prevenir o bócio, também chamado de papo ou papeira, aumento do volume da glândula tireoide, geralmente causado pela falta de iodo. A existência de nódulos na tireoide também é considerada bócio.

O iodeto de potássio, entretanto, oxida rapidamente quando exposto à luz. Então, normalmente é acrescido ao sal refinado na quantidade 20% superior à quantidade normal de iodo encontrado no sal marinho. É bem possível que essa opção seja a causa da disfunção da tireoide de boa parte da população brasileira, principalmente em mulheres, pois os consultórios dos médicos endocrinologistas vivem lotados de pacientes com problemas da tireoide, principalmente o hipotireoidismo.

Para comprovar a tese de que o iodeto de potássio tem causado o hipotireoidismo, exigindo a reposição com hormônio tiroidiano sintético é preciso investigação das autoridades, porque a população está adoecendo em ritmo alarmante. O iodeto de potássio até pode impedir o bócio, mas tem como efeito o hipotireoidismo, cujos sintomas, de acordo com algumas pesquisas são: depressão,  desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares, sonolência excessiva, pele seca, queda de cabelo, ganho de peso, e aumento do colesterol no sangue.

No site do INMETRO constam informações úteis na apresentação dos resultados obtidos nos ensaios realizados em amostras de sal para consumo humano, baseadas em uma das etapas do Programa de Análise de Produtos. Pelas informações do site, praticamente todas as marcas de sal refinado disponíveis no Brasil estão de acordo, ou seja, “conforme” as exigências das legislações dos órgãos próprios para consumo humano. Apesar de cumprir as determinações legais, o sal refinado deveria ser alvo de novas análises de cientistas e pesquisadores, que deveriam criar grupos de controles, nos quais seriam observadas as pessoas durante certo período de consumo do sal, com o objetivo de comprovar ou não se o sal refinado é nocivo.

Por conter a metade do sódio encontrado no sal refinado, de 16%, o sal light, com 8% de sódio, tem sido indicado para reduzir a pressão alta (hipertensão). Mas dois problemas surgem:

1) Por salgar menos, as pessoas acham que a comida com o sal light está sem sal e costumam colocar o dobro do sal para compensar, anulando o benefício da redução do sódio.

2) O sal light também passa pelo processo de industrialização e possui os mesmos “defeitos” do sal refinado, como o iodeto de potássio, antiumectantes…

É muito difícil encontrar o sal marinho natural no Brasil. Praticamente só em casas especializadas é possível achá-lo, porque a recomendação governamental é o uso do sal refinado. Depois de começar a consumir o sal marinho, observei uma enorme melhora no meu desempenho físico e na aparência. Com pouco mais de 15 dias de uso já senti resultados positivos. As autoridades brasileiras deveriam permitir que o sal marinho fosse opção de escolha dos consumidores. A responsabilidade é de quem compra e usa. O Governo tutelar o consumidor do sal só se justifica em alguns casos. Por experiência própria, sei que o sal marinho foi muito mais benéfico do que o sal refinado, porque meus hormônios tireoidianos tiveram melhora.

Infelizmente, o sal rosa do Himalaia é falsificado por gente inescrupulosa. Muitas pessoas que conhecem os malefícios do sal refinado passaram a comprar o sal do Himalaia e tiveram agravados os problemas de saúde. Para saber distinguir o sal rosa do Himalaia verdadeiro do falso e evitar enganações, é recomendável acessar o YouTube. Para conhecer outras maneiras de falsificação e evitar as fraudes, pesquise no Google com o título “sal rosa do Himalaia falso”.

A IMPORTÂNCIA DO SAL MARINHO

Autoria de Danilo Vilela Prado

O melhor sal – o sal marinho – é condimento que agrada ao nosso paladar, possui qualidades terapêuticas e é imprescindível, porque ao ser consumido corretamente, todos os dias, ajuda a equilibrar os minerais essenciais no nosso organismo e, como consequência benéfica, proporciona saúde. Ele não passa por nenhum processo de industrialização. Por isso, retiradas as impurezas, é embalado da mesma forma como é encontrado na natureza. Assim, a ele não é acrescentado nenhum aditivo, e chega às cozinhas e mesas em estado bruto, quando muito é triturado para quebrar os cristais mais grossos, a fim de permitir o uso na culinária. Por não passar por nenhum tipo de industrialização, o sal marinho é mais grosso que o refinado e um pouco mais fino que o de churrasco, mas se dissolve bem ao ser usado. É mais escuro um pouco, normalmente cinza. É “melado”, ou seja, úmido, por não conter os antiumectantes que são adicionados ao sal refinado para deixá-lo soltinho e seco.

Contém 84 elementos (minerais ou oligoelementos), que são harmonizados adequadamente no corpo humano, fortalecendo-o de modo a prevenir várias doenças. Entre os elementos essenciais do sal marinho estão: enxofre, bromo, magnésio, cálcio, zinco, molibdênio, flúor, iodo e contém, ainda, algas microscópicas que fixam o iodo natural, plâncton (nutriente), o único e básico alimento das baleias: o krill (pequeno camarão invisível), e esqueletos de animais marinhos invisíveis.

Existem duas fontes básicas do sal marinho, que é extraído:

  1. a) das minas de sal, como é o caso do sal rosa do Himalaia, que são depósitos de oceanos que secaram há milhões de anos e cujo sal ficou depositado na terra, formando verdadeiras montanhas ou desertos de sal’.
  2. b) Das águas dos oceanos, mares, lagoas e lagos salgados, armazenadas em tanques rasos para a evaporação natural, até que reste apenas o sal.

É muito difícil encontrar o sal marinho natural no Brasil. Praticamente só em casas especializadas é possível achá-lo, porque a recomendação governamental é o uso do sal refinado. Depois de começar a consumi-lo, é possível observar uma enorme melhora tanto no desempenho físico quanto na aparência. Com pouco mais de 15 dias de uso já é possível sentir resultados positivos. As autoridades brasileiras deveriam permitir que o sal marinho fosse opção de escolha dos consumidores. A responsabilidade é de quem compra e usa. O Governo tutelar o consumo do sal só se justifica em alguns casos.

Infelizmente, o sal rosa do Himalaia é falsificado por gente inescrupulosa. Muitas pessoas que conhecem os malefícios do sal refinado passaram a comprar o sal do Himalaia e tiveram agravados os problemas de saúde. Para saber distinguir o sal rosa do Himalaia verdadeiro do falso e evitar enganações, é recomendável acessar o YouTube.