Autoria de Fátima Andrade
Sou casada há 6 anos e cheguei a perder minha personalidade e ainda procurar erros em mim, já que em tudo que acontece meu marido se refere a mim como culpada. Ele é bipolar tipo 1, a forma mais agressiva dessa doença que machuca muito quem está por perto de seu portador.
Ele faz uso de álcool, porém parou por um tempo. Agora, por qualquer motivo banal ou alheio, ele julga alguém culpado por ter voltado a beber. Passou por várias internações, inclusive numa delas nem a clínica o suportou, pois era uma instituição de reabilitação do álcool e das drogas. Alegaram não ter estrutura para ele, após um mês de internação. Claro que isso aconteceu em razão de sua arrogância, grosseria, etc.
Ele é um bom homem quando longe das crises, as quais têm se tornado cada vez mais frequentes. Não me traía, até mesmo porque pouca oportunidade eu lhe dava. Agressivo física e psicologicamente, quebrava as coisas e até mesmo me deu duas facadas na região da orelha. Nunca imaginei passar por isso. Fiz uma plástica e ele foi preso em flagrante, mas saiu em 5 dias através do advogado que eu mesma paguei para ele. Incrível, não é?
Ninguém acredita, mas na cadeia ele não sabia o porquê de estar lá. Nunca sabe nada sobre os atos que pratica após beber. Apaga tudo da mente. Apaga mesmo! E nesse período ele pode estar alegre, mas também pode ter comportamento infantil ou ficar agressivo verbalmente, o que acontece na maioria das vezes.
Nós passamos por várias separações e voltas, e a cada dia eu me sinto mais machucada e esgotada. O sentimento de culpa que eu carregava antes pelas ações dele, hoje não tenho mais. Aprendi a enxergar que é ele quem está doente e quer transpor as culpas de seus atos para mim, pois assim se mantém na zona de conforto da doença. Até chegar a esse entendimento eu me martirizei muito.
Eu o amo muito, sou grata a tudo de bom que me fez, mas atualmente suas qualidades são muito inferiores (ou se tornaram inferiores) aos seus defeitos. Deixei minha vida social por ele ser uma bomba relógio, porque implica com tudo e julga pessoas, principalmente as de minha família. Preferi me manter afastada para evitar comentários tão ofensivos. Até mesmo meus pais já falecidos, que nem conheceu, já chegou a xingar.
Ele é alguém que nem para quando come, ou seja, nem se senta. Fala alto quando em períodos de crise e não dorme durante dias. E eu fico com ele sempre acordada. Já tentou suicídio várias vezes e possui várias marcas no corpo que provocou a si mesmo. O pior é que sempre credita a culpa a mim ou a alguém próximo. Já sofri muito e ainda sofro. Nesse último final de semana, depois de beber e começar uma briga referindo-se ao passado — ele traz o passado sempre para o presente e usa a vida das pessoas como comparativos para a dele — mais uma vez foi embora.
Minha alma está tão doída, infeliz e maltratada e minha razão falando tão forte que eu me questiono a onde vou parar assim, deixando a razão de lado e agindo apenas com o coração e as emoções, sempre. Preciso muito de ajuda.
Estou sentindo que desta vez agirei com a razão somente na esperança de que minha vida mude. A esperança de um relacionamento de paz acabou. Tentei de todas as formas. Dei mais do que eu podia dar a ele que ainda diz que eu nunca fiz nada em seu benefício e que sou assim como todos que desejam prejudicá-lo. Esses “todos” que querem prejudicá-lo só existem na sua cabeça, dentro da ideia de perseguição que carrega, na sua paranoia.
Tomar remédios, sim, ele toma, mas do que adianta se mistura com álcool nas suas fases de oscilação? Ou toma doses indiscriminadas, conforme acha ser melhor, isso quando não altera as medicações prescritas. Ele é um ser sem controle, um avião sem piloto – sendo eu seu piloto automático, quando está estável. Desestabilizado, exclui e segue dono do percurso da rota por “saber” de tudo e ser “soberano” em tudo.
Tudo isso é muito difícil, minhas amigas. Pensem bem, se não forem casadas, ao se unir a alguém. Não é fácil, eu pensei que conseguiria modificar meu marido devido ao nosso amor e por eu ser da área da saúde, mas foi tudo uma grande ilusão.
Se você está iniciando uma jornada com alguém com essa doença crônica e progressiva (bipolaridade), pense bem antes da âncora puxá-la, pois para sair desse poço fundo é muito doloroso. Se eu soubesse o quanto seria traumático para mim, teria fugido e me escondido, não me deixando envolver, muito menos me permitido amar. Hoje realmente sei o quanto não tenho estrutura, ou a perdi nessa caminhada. Precisei perder o meu “eu” para acordar em relação a tudo isso.
Nota: a ilustração do texto, Garota na Janela (1893), é uma obra de Edvard Munch.
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Amigos
Meu companheiro é bipolar. Eu nunca tinha presenciado a fase de mania. Ele teve um problema com o padrasto dos filhos assim que o nosso bebê nasceu. Teve um surto de agressividade (gritos e jogar de coisas) comigo no meu puerpério, com meu filho de 10 dias no colo. Me expulsou de casa e colocou todas as minhas coisas em sacos de lixo. Me bloqueou em tudo e há semanas não pergunta pelo nosso bebê que agora tem dois meses. Não reconhece nada do que fez e coloca toda a culpa em mim. É muito triste. Tinha a esperança de ele cair em si, mas depois dos relatos que li, estou começando a pensar que pode ser que isso nunca aconteça. É muito triste.
Pandora
A convivência com uma pessoa bipolar é realmente muito difícil, pois o parceiro (ou parceira) passa a viver entre altos e baixos, o que acaba gerando um grande estresse. Você não diz se ele está em tratamento ou não, se ainda não estiver, é essencial que a família leve-o a um psiquiatra e ele seja medicado. Fora disso é impossível a convivência, pois você viverá sempre machucada. Vou lhe enviar alguns links para melhor compreensão do problema.
Abraços,
Lu
Lu
Ele abandonou o tratamento há alguns meses. Disse que os remédios davam muito sono e que acreditava não precisar mais. Agora disse que não quer que eu volte pra casa. Quer que namoremos e eu fique cuidando sozinha do bebê na casa da minha mãe. Eu não aceito e ele diz que sou “delegada”, que quero impor as minhas vontades. Já tentei falar com a mãe dele, mas ela disse que o filho está são, que eu sou louca, que não sei cuidar do meu bebê, que não sei trocar fraldas direito. Um horror. Um verdadeiro show de violência psicológica. Não vejo ninguém da família dele a quem eu possa recorrer, infelizmente. Para amigos ele conta uma versão fantasiosa das coisas, diz que eu que quis sair de casa. É surreal. Aguardo os links que você mencionou!
Pandora
Os pais, principalmente a mãe, têm dificuldades em aceitar os problemas mentais do filho. Não aceitam ter gerado alguém com um “defeito de fábrica”. Vemos muito isso por aqui. No seu caso, a mãe está enredada pela problemática do filho e é muito mais fácil a negação, colocar toda a culpa em você, dizer que é quem está doente. Este tipo de transferência é muito comum. Não espere algo diferente, até que ele tenha uma crise muito séria e afete toda a família. Aí será ela a lhe pedir ajuda. No meu ponto de vista, sendo a família dele como é, que você fique realmente com a sua, ainda mais com um bebê tão novinho. Mas exija a pensão alimentícia. Se quiser sofrer em consequência dele e da família, volte a morar juntos. Problemas muito maiores virão, ainda mais que o dito não mais faz uso da medicação. Afaste-se, valorize-se e não aceite os encontros à distância, pois seria concordar com a situação. Quando ele estiver sendo medicado, poderá pensar na situação. Dê um tempo a si mesma. O importante agora é a sua criança, ainda mais depois do que ele fez anteriormente. O bipolar não possui limites, vive entre um polo e outro. A medicação é de fundamental importância. Não se importe com o que ele conta aos amigos. Importe-se com você e seu bebê. Não deixe de ver os links enviados. Continue em contato conosco. Não se sinta sozinha.
Beijos,
Lu
Lu
Muito obrigada por suas palavras que foram muito importantes pra mim. Foi muito difícil no início, aceitar o problema de meu marido, pois eu estava no auge do puerpério. Muito vulnerável. Agora estou retomando minhas forças.
Pandora
Você terá forças para sair desta situação. Como lhe disse, pense primeiro em você na sua criança. Deixe seu esposo aos cuidados da família negacionista dele.
Abraços,
Lu
Amigo
Sei como você se sente, pois estou passando pelo mesmo problema. Estou em um processo de separação de minha esposa. Amo-a muito, porém, por ela ser bipolar tipo 1, de uns tempos pra cá se tornou extremamente possessiva e agressiva com palavras e por pouco não perdemos a guarda de nosso filho, hoje com quase 2 anos. Cheguei a ir preso por tentar defendê-la, mas chega uma hora em que corpo e mente não aguentam mais. Mesmo assim, a decisão de me separar dói bastante.
Estou separada há 06 meses do meu ex companheiro. Temos uma filha de 8 anos. Convivemos por 17 anos, sendo que os últimos 10 anos, quando os pais dele morreram (gatilho maior da doença), nossa vida virou uma inferno. Foram quatro idas e vindas. Escutei muito “eu não te amo mais”. Mas sempre tive uma dependência emocional muito grande. Sempre me dizia que eu era o problema e dessa última vez ainda cheguei a pedir pra voltar, mas ele me disse que não conseguia reatar porque estava muito machucado e queria paz. Como sempre, eu sou a grande culpada. Fez exatamente o que está fazendo agora comigo em outra separação, mas eu aceitava tudo e queria voltar. Eu quero muito me livrar de vez desse relacionamento agora. Mesmo sofrendo tanto, porque a gente acaba se culpando, mesmo sabendo que não temos culpa. É uma loucura de sentimentos. Nada que eu tenha feito é suficiente pra ele voltar atrás. No fim das contas, eles sabem que somos manipuláveis, pois acho impossível uma pessoa que não se deixa manipular se relacionar com um bipolar. Parece regra que com o tempo a gente vai perdendo o amor próprio, a razão. É um ciclo muito difícil de fechar. Espero que eu consiga sair desse, enquanto ele diz que não me quer, assim é mais fácil, mesmo que seja doído. Boa sorte a todos que tentam. Sempre busquem terapias o quanto antes.
Maria
Você é uma das muitas vítimas da bipolaridade. O que me deixa mais alegre é o fato de ter plena consciência das ações de um bipolar e de como sua vítima acaba se tornando um joguete emocional em suas mãos. Você deixa tudo muito claro em seu honesto comentário:
“No fim das contas, eles sabem que somos manipuláveis, pois acho impossível uma pessoa que não se deixa manipular se relacionar com um bipolar. Parece regra que com o tempo a gente vai perdendo o amor próprio, a razão”.
Você é uma mulher muito sábia o que me faz crer que tenha uma formação excelente. Gostaria que escrevesse um texto maior para eu publicar em “depoimentos”, pois tem muito a repassar para outras mulheres e homens que vivem o mesmo dilema. Ao ajudar outras pessoas, também estará ajudando a si mesma. Tenho plena confiança de que irá fechar este ciclo de sofrimento. Você tem tudo para se safar dessa vivência e ter uma vida plena. Nós nascemos para sermos felizes. A vida é muito curta e precisamos vivê-la plenamente. Aguardo um texto seu, amiguinha.
Beijos,
Lu
Eu me separei do meu marido TAB tipo 1, alcoólatra, viciado em pornografia e prostituição. Foram cinco anos de casamento. Fui traída durante todo esse tempo. Só me dei conta das traições alguns meses após a cerimônia no civil. Ele estava marcando encontro com uma prostituta. De lá pra cá, sabendo da bipolaridade e da possibilidade de hipersexualidade durante episódios de mania e hipomania e também com o alcoolismo crescente e cada vez mais grave, dispus-me a ajudar com uma rede de apoio ativa. Ele tem psiquiatra e psicóloga, mas não adere ao tratamento.
Foi a não adesão ao tratamento que me fez despertar para algo que mudou o meu jeito de ver a situação. Eu me culpava por querer sair da relação. Eu não me permitia abandoná-lo. Até que percebi que ele já tinha abandonado a si mesmo. Não pela bipolaridade, mas por uma personalidade narcisista que se sobrepõe à bipolaridade. Possui uma incapacidade de sentir empatia, não sabe lidar com frustração e culpa.
Eu reconheci meu limite. Não tinha como ajudar quem não fazia o básico, que era tomar a medicação que incluía um remédio para o alcoolismo. Sofri horrores. Violência psicológica, ameaças de suicídio, se eu terminasse, traições em alta escala. Chegou a contratar quatro prostitutas numa única noite para uma orgia. Minha autoestima ficou arrasada. Ele me chamava de bosta, frígida, tomando em comparação as prostitutas. Ele me passou doença sexualmente transmissível (que felizmente não era grave e tratei).
A cada coisa que eu descobria mais eu me afastava (nem o beijava mais, virou um relacionamento péssimo) e ainda assim eu me sentia culpada. Só quando eu me dei conta de verdade de que não tinha culpa de nada, que não sou salvadora e não sou ele, é que coloquei um ponto final em tudo. É sofrido. Desenvolvi estresse pós traumático e tenho pesadelos. Mas tenho fé e tenho muita determinação de que vou voltar a ficar bem.
Oi, Bruna,
seu relato foi muito importante pra eu descobrir que meu esposo tem TAB 1. No começo do casamento ele foi uma pessoa difícil de lidar em alguns momentos, brigas banais, que o faziam querer terminar a relação, mas eu sempre contornava. Chegamos a ficar um mês separados por motivo banal, insisti pra ele voltar e voltamos, ate então pra mim estávamos vivendo bem. Aí vieram os jogos de azar, perdeu muito dinheiro. Achei que era “só” uma compulsão, e que ele não faria mais, e fez mais umas 3 vezes com intervalo de anos. Foi só agora, após 9 anos juntos, que descobri as traições com prostitutas, nunca desconfiei, ele era sempre muito correto em tudo assim como eu. Além dele ter uma libido muito baixa, cheguei a pensar que tinha problemas hormonais ou era gay. Quando eu o questionava, ele dizia que estava normal.
Nos últimos anos estávamos vivendo muito bem, ele realizando todos os meus sonhos, não estávamos brigando, sei que existe muito amor… Mas como continuar sabendo dessas traições (a ultima foi há 2 anos atrás). Colocou em risco a minha vida além do trauma. Está muito difícil, não sei se continuo ou me separo… Ele é policial militar, o que aumenta mais minha preocupação. Tirando as traições, todas com prostitutas, e o jogo, ele é uma pessoa maravilhosa… Ainda irei consultar o psiquiatra.
Fátima
Eu já passei por isso e mesmo tendo sido eu o agredido, quase fui preso. Minha sorte é que estava todo arrebentando e o delegado viu. E no IML não constataram nem um arranhão nela. E pra fechar a conta, arrumou uma briga com o legista. Só não foi presa graças a mim. Pois provei através de documentos a sua bipolaridade.
Eu cometi o maior erro de minha vida, pois, pelo meu filho, fiquei mais quatro anos nesse inferno. Inferno no qual perdi tudo: amigos, família… Sentia vergonha de tudo. Crie coragem e justamente por quem me segurava nesse casamento, meu filho, eu a larguei por ele.
Eram brigas xingamentos, ela me diminuía como pessoa e homem. Isso na frente do meu filho. Estar do lado de um ser humano desses é o Limbo. Muitos em sua grande maioria não aceitam tais condições. Acham sempre que podem fazer tudo, menos ter juízo.
Foi duro pra mim por princípios herdados de família.
Hoje tomei a decisão certa e graças a Deus meu filho está sobre a minha guarda. Era o que me preocupava.
Sinto dizer isso. Mil perdões a quem tem essa doença e está lendo o meu relato. NÃO DÁ PRA VIVER AO LADO DE UM BIPOLAR. NÃO….DÁ. Infelizmente não conheço casos saudáveis nesse tipo de relação.
Gostaria de propor a Lu Dias uma matéria sobre isso. Se há casos de sucesso em uma relação dessas.
Um forte abraço à Fátima e pra você, Lu.
Cristiano
É muito bom saber que você ficou com a guarda de seu filho. Vi a sua proposta de matéria, mas, infelizmente, não conheço nenhum caso positivo de pessoas que vivem com bipolares. Esses são sempre norteados por altos e baixos. Vale lembrar que se trata de uma doença sem cura, que pode apenas ser mitigada com o tratamento contínuo e ostensivo. E mais, é preciso uma grande abnegação por parte do companheiro (ou companheira) para viver com uma pessoa com bipolaridade. Coitadas, esses doentes não têm culpa pelos desvarios da própria mente.
Abraços,
Lu
Eu me identifiquei com seu relato. Meu ex marido também é bipolar, mas não aceita, além de ter ido embora de repente e deixado eu e a filha sem entendermos nada… Foram 12 anos de tentativas de sermos felizes e por vários momentos conseguimos, mas na grande maioria foi muito sofrimento. Eu me sinto despedaçada por ter lutado tanto por ele e no fim não ter sido nem ao menos respeitada, mas ao contrário, jogou toda a culpa da relação, por não ter dado certo em mim. Espero que todos os companheiros de bipolares consigam se recuperar do trauma que é o convívio com eles. Esse é meu objetivo agora.
Fátima
Seja bem-vinda a este site. Sinta-se em casa.
Amiguinha, a primeira coisa de que precisa tomar ciência é que seu ex-marido é um homem com doença mental. O fato de ele não aceitar a doença é próprio dela. O motivo de ter ido embora repentinamente, assim como o de culpabilizá-la pelo relacionamento também são oriundos da bipolaridade. Não há porque ficar “despedaçada”, pois nada do que está acontecendo é culpa sua ou dele. Somente o tratamento controlado poderá permitir que ele tenha uma vida mais ou menos normal, capaz de ter um bom convívio com as pessoas. Sem isso será viver num inferno, principalmente para as pessoas a sua volta. Você diz:
“Eu me sinto despedaçada por ter lutado tanto por ele e no fim não ter sido nem ao menos respeitada, mas ao contrário, jogou toda a culpa da relação, por não ter dado certo em mim.”
A partir do momento que você reconhecer que o comportamento dele é fruto da própria doença, será capaz de perdoá-lo e não mais carregar tanta mágoa. A bipolaridade transforma a pessoa num joguete. Ela não é dona de si e muitas vezes não tem consciência do que está fazendo. Como exigir respeito de uma pessoa que não se autogoverna? A única saída para ele é o tratamento constante. A distância entre vocês, enquanto ele não aceitar a sua doença, irá privá-la de muito sofrimento. Uma coisa importante: não assuma culpa nenhuma nesse relacionamento. Você não a tem.
Veja os links que irei passar para você. Continue aqui com a gente.
Abraços,
Lu
Sou casada com um bipolar há 13 anos…
Hella
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Abraços,
Lu
Hella,
eu passei por situação muito parecida com a tua. Fui casada com um marido excelente, até entrar em mania, gastar todo nosso dinheiro, surtar, sem dormir, não é fácil. Eu me separei em março, porém ele só compreendeu em junho. Agora já me sinto em paz, mais forte e feliz.
O importante é você sair desse relacionamento tóxico como alguém disse anteriormente. Ninguém muda ninguém por mais amor que tenha pelo outro. Pra mim, você chegou no momento crucial dessa história: identidade e autoestima destruídas, exaustão emocional. Não se afunde nesse poço de tristeza e instabilidade porque amor não é isso. Cuide de você, ame-se e siga teu caminho.
Um abraço
Amiga, sai disso! Possivelmente ele é um co-dependente tóxico e você é uma narcisista que gosta de ser a boia de salvação e se sente valorizada dessa maneira. Isso não vai terminar bem. Não acho normal alguém arrancar a minha orelha com uma faca e depois eu fingir que nada aconteceu. Espero que você pare e perceba que ele está sendo exatamente aquilo que quer ser e você também. Não há vítima nem algoz, há dois doentes, um sado e o outro masoquista. Saia dessa relação antes que isso termine em mais agressões e morte.
Desculpe, mas dado o depoimento é necessária uma fala mais enérgica para preservar a vida.
Amigos, preciso de ajuda!
Eu me separei do meu marido bipolar há 2 meses, mas ele saiu de casa apenas semana passada, porque precisou de tempo para organizar a mudança.
Foi ele quem pediu o divórcio no meio de uma briga, aos gritos, mesmo sem a gente ter falado sobre isso antes. Aceitei. Durante esse tempo em que dividimos a mesma casa, até ele sair, foi bom amigo e eu retribuí a amizade e gentileza. Tirando a pressão de fazermos a relação dar certo, a convivência ficou muito melhor. Durante todo esse tempo, ele se mostrou bem convicto de que realmente queria viver sozinho por não suportar mais tanta briga (apesar delas serem fruto do descontrole dele) e as críticas que eu fazia ao comportamento dele.
Seguimos assim, até que chegou o dia dele sair de casa, que foi bem intenso, porque ainda nos amamos: choramos muito juntos. E ele se foi. No dia seguinte me ligou e disse que queria voltar. Que havia cometido um grande erro e não via a vida sem mim. Sugeriu que morássemos em casas diferentes, assim a convivência seria melhor. Essa era uma coisa que eu sempre quis, na verdade. Naturalmente, fiquei mexida.
Ao mesmo tempo, essa semana eu realmente soube o que é ter paz, o que é viver a minha própria vida sem estar pisando em ovos ou surfando na instabilidade de alguém. Será que retomar essa relação num outro formato traria mais paz? Queria saber a opinião de quem é bipolar e de quem mora ou morou com bipolares. Eu me sinto um fracasso por também não saber lidar com ele e viver estressada e brigando por seus comportamentos.
Vanessa
Nunca passei por isso, mas, como você ainda ama seu marido, sugiro que faça a experiência de morar em casas separadas. Não custa nada tentar. Seria bom que também fizesse um tratamento que a ajudasse lidar com ele. Procure um psiquiatra e veja o que ele lhe sugere.
Abraços,
Lu
Vanessa
Minha esposa tem transtorno bipolar. Enquanto houver sentimento e respeito acredito que vale a pena apostar no relacionamento nas suas diferentes possibilidades e formatos. Mas você não comentou o mais importante para qualquer relacionamento que envolve alguém com transtorno bipolar: o tratamento. Se ele aceita o tratamento e toma a medicação corretamente é possível manter uma relação saudável. Caso contrário, os altos e baixos da doença afetarão o relacionamento de vocês, seja qual for o formato adotado.
Boa sorte!
Carlos
É complicado. Ele toma medicamentos todos os dias há anos. Já mudou o tratamento muitas vezes, inclusive. E faz terapia semanal há quase um ano. Mas não é bem consciente do problema: acha que eu é que exagero, que vejo o que não existe. Trata-me como se eu fosse o problema e não a bipolaridade, explode na primeira contrariedade. Mas diz que sou eu a irritada do casal. É ele quem é ansioso, mas vive me dizendo para baixar a ansiedade. Ele não é consciente de si e ainda projeta suas questões em mim.
Eu penso que os remédios não estão funcionando mais. Mas, quando tento falar sobre isso, ele se sente diminuído. Diz que está tudo bem. Ele me trata como se eu quisesse controlá-lo, não confia no meu olhar sobre ele. Só aceita ajuda ou dá algum reconhecimento quando está na baixa, na depressão. Aí é puro amor. Então ele criou uma imagem de que eu gosto dele fraco, deprimido. Que quando está bem, fico incomodada porque sou controladora. Ou seja, ele não entende a hipomania, nem quando sai dela.
Escrevendo tudo isso, só consigo pensar que acabou mesmo. Perdemos. Não consigo mais. Fora que agora passados uns dias, ele ainda fica instável pela dificuldade de lidar com a rejeição, dizendo que “Ah, não sei bem. Acho que é possível que eu estivesse só muito abalado e tenha confundido as coisas. Estou me anulando nessa relação. Você também”. Isso porque eu disse que precisava de um tempo. Vou realmente encerrar esse ciclo. Preciso. Até porque quem está tendo que lidar com rejeição e abandono verdadeiro sou eu, depois de ter me comprometido todos esses anos.
Abraços
Vanessa
Sei exatamente o que você está passando.
Eu me separei pouco tempo atrás de uma bipolar. Que luta! Até em delegacia fui parar pra tentar contê-la de quebrar tudo dentro de casa, conquistado a duras penas. Não tem como. São touros indomáveis. Uma vez que não aceitam enfrentar a doença, já era. É viver na ilusão.
No meu caso foi pior, pois tenho um filho. Ele já foi deixado sozinho em casa por ela pra poder sair pra beber. Meu filho está comigo agora. Ganhei a guarda dele por enquanto. Está todo traumatizado. Não consegue ficar nem com a avó pra eu poder sair pra trabalhar. Isso é uma vida de inferno!
Cristiano
Realmente não é fácil conviver com uma pessoa bipolar, ainda mais quando se tem um filho. A única saída, quando a pessoa recusa o tratamento, é a separação. Não há porque viver num inferno dias sem fim, quando se pode buscar outro caminho. Como você disse, sem medicação essas pessoas “são touros indomáveis”, e pior, passam a creditar toda culpa ao outro.
Fico feliz que seu filhinho tenha ficado com você que haverá de criá-lo muito bem. Não há como um juiz dar a guarda de uma criança a uma pessoa totalmente sem limites. Converse com seu filhinho sobre o problema da mãe, dizendo-lhe que se trata de uma doença, mas que ela não quer ser tratada, mas acha que um dia ela irá aceitar a medicação.
Cristiano, não a pinte como um demônio, para não encucar ainda mais a cabecinha do menino. Mostre-lhe que se trata de uma doença que exige tratamento. Que existem no mundo muitas pessoas com ela no mundo, só que a maioria dessas pessoas vive normalmente, pois aceitou ajuda médica.
Com uma conversa séria, seu filho não se voltará contra você, achando que tirou a mãe dele. Sempre precisamos ser honestos com as crianças quando os problemas chegam. Se ele está no meio dele, consequentemente já tem maturidade para entender toda verdade. Não crie mentiras que serão descobertas. Fale a verdade de um jeitinho especial. Dê-lhe esperanças no sentido de que a mãe irá ficar bem, desde que ela faça o tratamento. Diga-lhe que a vovó é uma grande amiga dele, que precisa confiar nela e que o papai precisa trabalhar para ajudar a família.
Não se mostre exasperado perto dele,mas que mesmo assim a vida pode continuar normal. Leia historinhas infantis para ele à noite, para modificar o rumo de seus pensamentos e trabalhar com os seus medos. Se achar que não está dando conta, busque uma terapia para sua criança. Se estiver na escolinha, repasse o problema que ele está vivendo para a professora e a responsável. Não tenha vergonha em pedir ajuda.
Amiguinho, não se sinta sozinho. Sempre que precisar desabafar, estarei aqui. Escreva-me quantas vezes sentir vontade.
Abraços,
Lu
Cristiano
Sinto muito. Com criança no meio, fica tudo mais difícil. Que bom que está com a guarda. É bom para todos, inclusive para ela que deve se remoer em culpa quando sai da mania. Desejo força e sabedoria para você.
O meu -ex não ficava assim tão agressivo. Era mais com palavras. Ele vive mais na tal da ilusão de que está tudo bem, que é incrível e que o problema são os outros. Entra bastante em ciclos de vitimização, daí fica com raiva do mundo inteiro.
É triste para todo mundo.
Olá, Vanessa, como vai?
Estou em processo de separação de minha esposa após 31 anos juntos. Casei com uma pessoa e hoje vivo com outra, a bipolaridade que tem se mostrado mais forte e persistente nos últimos anos arrasou nossa relação. Ela tem uma particularidade: não se trata corretamente ou como deveria, não aceita todas as medicações que o psiquiatra receita, apenas aquelas que acha conveniente.
Fiz a mesma proposta que você menciona em seu texto, morarmos em casas separadas e tentar manter uma relação. Não tenho a menor ideia se algo assim tem chances de prosperar, mas quero tentar, penso que vale a pena se existe amor e vontade de ficar junto. Simplesmente a vida na mesma casa junto com uma pessoa que possui esse transtorno não é possível em minha opinião, nossa história é/foi um conto de fadas com amor e paixão além de qualquer coisa que se possa dizer. E ainda assim não resistimos…
Fica aqui meu depoimento e tristeza em relação a uma doença devastadora, não há como vencê-la e ponto.
Lu,
agradeço a Deus por ter encontrado seu blog. Era o apoio que eu precisava naqueles momentos tão delicados. Ajuda muito, tenha certeza! Sempre que possível, vou comentar as postagens. Saber que não estar só é um grande alento.
Um gesto de atenção, de carinho faz o dia do outro melhor. Fazer essa energia fluir e chegar aos outros é muito importante. Você é uma pessoa muito especial também, Lu. Escrever sobre tais temas já demonstra a sua sensibilidade.
Grande abraço!
Fátima
Eu me separei de um bipolar e foi libertador, tirei um fardo das costas, uma sensação inexplicável de alívio e liberdade. Eu super apoio você. Procure se amar antes dele e vai em frente!
Fátima
Percebe-se que você precisa de um tratamento psicológico após essa sua exposição a uma vida de terror. As pessoas às vezes se anulam para viver um grande amor que muitas vezes se transforma numa prisão psicológica, doentia. Isso acontece em todas as famílias. A carência emocional é tão grande que elas se sujeitam a certas humilhações para ter uma migalha de atenção e carinho.
Temos que ter a coragem de acordar do pesadelo e tomar atitudes firmes, a fim de promover mudanças efetivas em prol de uma vida mais feliz e equilibrada. É necessário entender que a melhor companhia é a nossa, só podemos amar o outro se conseguirmos nos amar e ter a certeza de que não existe ninguém superior a cada um de nós. Devemos amar nossa própria companhia.
Temos que ter olhos para ver e mente para perceber que onde não há respeito não pode existir amor. É importante ressaltar que uma relação saudável é fundamental para nosso crescimento, porque agrega valores indispensáveis à saúde física e mental. Não podemos nos esquecer de que o amor está ligado ao desprendimento. Devemos querer o melhor para o outro, aceitando as diferenças, mas desde que não nos cause nenhum prejuízo.
Temos que saber a hora de fechar o ciclo, quando esgotam todas as possibilidades da convivência saudável e construtiva, pois, quando fechamos portas, criamos janelas de possibilidades. Às vezes é preciso lidar com o vazio para criar oportunidades de encher a vida novamente com algo que traz felicidade, paz e harmonia, imprescindíveis para a uma vida equilibrada.
Belas palavras, Hernando.
Obrigado, Carlos!
Olá, Fátima!
Seu depoimento é tocante, pois descreve tudo o que nós, como (ex)-companheiros de bipolares passamos, quando os doentes não assumem as rédeas do tratamento e da vida. Entendo perfeitamente quando você diz que “perdeu” sua personalidade. Eu também fiquei assim nos últimos anos do casamento com meu ex. Minha impressão era a de que eu não sorria como antes, não interagia com minhas amigas, amigos porque sempre estava pisando em ovos para agradar.
Lamento muito você ter sido agredida e passar por cirurgia. As feridas físicas saram, mas as emocionais perduram por muito, muito tempo. Se eu posso te dar um conselho, te digo: cuide de você, viva por você, pois sua vida é importante. Caso possa, faça terapia. Eu fiz e ainda faço e tem me ajudado muito a me conhecer, melhorar e me valorizar. Você vai sair dessa fase e ficará bem, minha amiga.
Muita força!
Fátima
Amiguinha, seu depoimento me tocou profundamente, ainda mais pela sinceridade com que expressa seus sentimentos e emoções.
Através dos depoimentos e das leituras que tenho feito sobre o assunto, percebo que é realmente muito sofrida a convivência com um bipolar, principalmente quando ela é muito íntima. Sei que uma das características da doença é creditar tudo de ruim ao companheiro(a). E se a pessoa recusa o tratamento ou o faz de maneira incorreta, tudo se torna muito mais difícil, pois um longo tempo, convivendo com pessoas sempre em crise, acaba por desmoronar seu companheiro ou companheira. Ao invés de ser uma só pessoa doente, são na verdade duas precisando de ajuda médica. Não há ser humano que tenha equilíbrio para aguentar o fardo.
Você necessita de ajuda médica, minha amiga, para passar por essa barra. Não relute em fazer isso, pois se encontra despedaçada e precisa costurar os pedaços de sua vida que sobraram. É provável que o amor que ainda diz sentir por ele esteja ligado mais à dependência que tinha de você, quando se encontrava bem. Ainda assim é preciso pensar na sua saúde física e mental. Você não nos contou se tem filhos, mas, se os tiver, a separação ainda é mais necessária para que eles cresçam com equilíbrio, longe de tanta desavença e sofrimento. A separação é vital, até para que você possa fazer uma avaliação de sua própria vida. Continuar a navegar é preciso, pois o tempo segue veloz!
Conte conosco, sempre!
Abraços,
Lu
Você é precisa como sempre, Lu.
Fátima
Ao ler o seu comentário eu fiz uma volta ao passado. Meu ex marido é bipolar. Por duas vezes tentei aceitar, para manter o nosso casamento, até eu perceber que sem tratamento ele não iria mudar. O problema é que ele não se aceitava se tratar. Aí me divorciei pela segunda vez há 4 anos. Agora sim, tenho paz e me amo muito mais!