Jacob Jordaens – SÁTIRO NA CASA DO CAMPONÊS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor flamengo Jacob Jordaens (1593 – 1678) foi um renomado artista do Barroco do século XVII. Foi aluno de Adam van Noort, que também foi professor de Peter Paul Rubens, com quem chegou a trabalhar por um curto tempo. Fez parte da Guilda de Pintores, como pintor de aquarelas. Seu estilo assemelhava-se ao do italiano Caravaggio, mas foi também influenciado pelas tendências realistas da pintura holandesa. Ao lado de Rubens e Anthony van Dyck, Jordaens foi um dos grandes nomes da Escola de Antuérpia. As personagens de suas obras são figuras fortes, maciças e sensuais, típicas de seu estilo. Além de temas populares e de mitologia, o artista gostava de interpretar as fábulas de Esopo. Uma das características de sua obra é o uso do claro e escuro.

A composição Sátiro na Casa do Camponês apresenta uma família humilde, que recebe a visita de um sátiro (semideus lascivo, habitante das florestas, apresentado como tendo chifres, pernas e pés de bode). O ambiente parece bem pequeno, mas agrega um grande número de elementos. Sobre a mesa, forrada com uma toalha branca, está uma terrina de barro próxima a uma colher de madeira, que traz o bojo voltado para baixo. Há também uma vasilha redonda próxima ao sátiro, que parece já ter se saciado. Nesta moradia humilde existe uma abertura feita na parede de pau a pique, à esquerda. O artista fez outras obras parecidas com essa, usando praticamente os mesmos elementos.

Um idoso camponês, trajando um casaco vermelho e um calção preto que vai até os joelhos, encontra-se à mesa, sentado, á esquerda. Seus pés estão descalçados. Apesar de seus cabelos escuros, a barba e o bigode são brancos. Ele traz na mão esquerda uma vasilha redonda e na direita uma colher de madeira, próxima à boca. Debaixo de sua cadeira está um pomposo gato, que tem a atenção voltada para algo atrás. Um garotinho, vestindo roupas escuras de frio, também descalço, posta-se atrás da cadeira do camponês, possivelmente seu avô. Sua atenção é dirigida para um grande cão, que fareja próximo ao pé do homem, que se encontra atento à conversa do sátiro. Atrás dos dois está uma vaca, da qual só se vê a cabeça.

Uma senhora idosa, possivelmente mulher do camponês e avó das crianças, também à mesa, traz um rechochudo bebê no colo. Ela usa um casaco escuro e uma saia azul, e traz um lenço cobrindo os cabelos. Pela posição da criança e pelo pano branco servindo de babador é possível concluir que ela acaba de ser alimentada. Atrás das duas personagens há um gigantesco balaio, com a abertura voltada para frente, sobre o qual descansa um galo, de costas para o grupo, e próximo a uma panela de barro e a um jarro de metal pendurados na parede. À esquerda da senhora idosa, uma jovem mulher, possivelmente sua filha e mãe das crianças, encontra-se de pé, vestindo uma blusa vermelha sobre uma peça branca. Ela está prestes a colocar sobre a mesa uma enorme vasilha com frutas variadas.

À  esquerda da jovem mulher está o sátiro, em primeiro plano, de pé, com a mão direita erguida, enquanto se escora na cadeira com a esquerda. Seu corpo nu traz os galhos de uma trepadeira tapando seu baixo ventre. Ele se mostra bem falante, pois a atenção do casal de idosos está concentrada nele, dando a impressão de que é um visitante bem-vindo.

Ficha técnica
Ano: c. 1620
Técnica: óleo sobre madeira transferido para tela
Dimensões: 173 x 203 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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