Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição O Bar no Folie-Bergère tem como figura central uma garçonete no balcão do café-concerto parisiense, um dos bares mais famosos da Europa, com suas luzes, espelhos, mulheres e galantes frequentadores. O Folies-Bergère foi também o principal local de prostituição de luxo em Paris, para onde convergiam turistas de toda a Europa, reforçando o mito de uma Paris “capital do mundo”.
A modelo é realmente uma garçonete do referido café-concerto, mas todo o cenário foi composto no ateliê de Manet. Seu olhar possivelmente se dirige a um cliente à sua frente, conforme mostra o reflexo no espelho, ao fundo. Ela veste o uniforme do local. Sua pele é branca e rosada. Não há emoção no rosto da jovem, que parece distante e cansada, ao se escorar no balcão, o que reforça a sensação de solidão e de anonimato, típicos das grandes metrópoles. Ela traz no decote um ramalhete de flores.
Atrás da garçonete, um imenso espelho cobre o fundo do local, sendo possível observar, através do mesmo, o reflexo de um número de dança, um homem com chapéu e grande bigode olhando para a garçonete e uma sala cheia de clientes e luzes. À esquerda da tela, na extremidade superior, um acrobata tem parte de sua imagem refletida no espelho, com suas sapatilhas verdes.
Atrás do balcão, através do espelho, é possível ver os clientes do local. Alguns assistem ao show, enquanto outros conversam entre si. A maioria dos homens e mulheres usam roupas escuras, acompanhadas de luvas e chapéus. Manet encontra-se ao lado da moça de branco, Méry Laurent.
O balcão, cujo tampo é de mármore, tem à esquerda algumas garrafas de champanhe com a tampa envolta em papel dourado, e cerveja. À direita, encontram-se garrafas de vinho e licores. À esquerda da garçonete, há uma fruteira de vidro com tangerinas brilhantes e um copo de cristal com flores. Segundo os críticos, esta é uma das mais belas representações de uma natureza-morta.
Manet não estava interessado na reprodução exata do local, interessando-se mais pelo efeito pictórico, por isso, quase tudo no quadro é aparência, ilusão, como é a vida em tais locais. A figura central é a garçonete.
Esta tela é considerada pelos críticos como um dos trabalhos mais completos do artista e foi pintada um ano antes de sua morte, quando ele já se encontrava gravemente doente.
Fontes de pesquisa:
Manet/ Abril Coleções
Os pintores mais influentes do mundo/ Girasssol
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Ficha técnica
Ano: 1881/1882
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 96 x 130 cm
Localização: Courtland Institute, Londres, Inglaterra
Views: 1
Lu
Lindo quadro! O que mais chama a atenção é a expressão cansada no rosto da garçonete. Manet e outros impressionistas conseguiam expressar a diferença de classes na sociedade parisiense da época com sutileza, nos detalhes de seus quadros.
Grande abraço!
Cris
É interessante notar como Manet tinha uma grande capacidade de captar o que ia por dentro de seus modelos pobres, mesmo pertencendo a uma classe alta.
A sensibilidade independe da classe social, é verdade!
Beijos,
Lu