Autoria de Lu Dias Carvalho
Tende fé em vossa arte. Jamais penseis que produzireis qualquer coisa boa sem terdes aspirações em vossa alma. Para dar forma à beleza, precisais saber o que é o sublime. Não olheis nem para vossa esquerda nem para vossa direita, e menos ainda para baixo. Amai tudo o que é verdadeiro, pois tudo o que é verdadeiro é também belo. (Ingres)
O pintor e desenhista Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867) nasceu no sul da França, em Montauban, sendo seu pai músico amador, escultor e pintor de miniaturas, que muito incentivou o filho no seu ingresso no mundo das artes, e sua mãe uma mulher comum, com pouca educação formal. Passou a estudar na Academia de Arte de Toulouse, antes dos 12 anos de idade, como aluno de Guillaume-Joseph Roques. Aos 16 ano de idade mudou-se para Paris, onde estudou com o mestre Jacques-Louis David, um dos mais famosos neoclássicos franceses, com quem permaneceu quatro anos.
Aos 26 anos de idade, o pintor foi para a Itália, depois de ganhar uma bolsa de estudos. Ficou muitos anos naquele país, retornando 18 anos depois a Paris, onde recebeu a Legião de Honra. Foi nomeado professor da Escola de Belas Artes em Paris e, oito anos depois, tornou-se diretor da Académie de France, em Roma, retornando oito anos depois a Paris.
Ao estudar com o mestre neoclássico Jacques-Louis David, Ingres tornou-se seu seguidor, passando a nutrir, como ele, grande admiração pela arte heroica da antiguidade clássica. Admirava as obras de Rafael, Holbein, Nicolas Poussin, Ticiano e John Flaxman, tendo uma grande inclinação pelos mestres do passado. Apreciava os escritos de Johann Joachim Winckelmann sobre a natureza da arte grega antiga.
As obras de Ingres primavam pela harmonia e pelo maravilhoso tratamento que ele dispensava às superfícies, especialmente a pele do corpo humano. O acabamento técnico de suas pinturas era excepcional, e seus desenhos muito elogiados. Suas composições eram de uma clareza e disciplina incomparáveis. Tanto é que seus alunos e colegas tinham por ele grande admiração, mesmo quando divergiam de seus pontos de vista, pois muitos de seus contemporâneos achavam sua precisão e perfeição exageradas. Aqueles que divergiam de sua austeridade na pintura, encontravam um ancoradouro na arte de Èugene Delacroix.
A trajetória de Ingres situa-se na passagem do neoclassicismo para o romantismo, gênero ao qual se opôs veemente, sendo considerado como o último representante do classicismo e tendo sido um contraponto a Delacroix, que se voltou contra a tirania do academicismo da época. O mais interessante, porém, é que Ingres é considerado pela crítica moderna como possuidor do mesmo espírito romântico que ele dizia abominar, pois seus temas, como os exóticos e o orientalismo, situavam-se bem próximos dos românticos. É também tido como um precursor da arte moderna, tendo influenciado artistas como Degas, Picasso e Matisse, entre outros.
Não apenas as composições referentes aos nus femininos, que se encontram entre os mais belos da pintura, como também os quadros históricos, mitológicos, religiosos e retratos tornaram Ingres famoso. Ele faleceu aos 86 anos de idade, vitimado pela pneumonia, tendo permanecido lúcido até os últimos dias de sua vida. É um dos grandes nomes da arte francesa do século XIX, reverenciado até os dias de hoje.
Ingres inspirou: Edgar Degas, Henri Matisse, Pablo Picasso, Man Ray e Cindy Sherman, dentre outros.
Fontes de pesquisa:
Arte/ Publifolha
A história da arte/ E.H. Gombrich
Grandes Pinturas/ Publifolha
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol
Nota: autorretrato do pintor
Views: 2