Autoria de Lu Dias Carvalho
Ainda que me barre o passo por terra e mar, eu ainda tenho o céu. Para ele, eu me encaminharei. Minos pode governar tudo, mas não é o senhor do ar. (Dédalo)
Certo pescador, que está pescando peixes com sua oscilante vara de pesca, ou um pastor, apoiado em seu bastão, ou um fazendeiro com o arado, contemplam-nos maravilhados, e pensam que se eles podem flutuar no éter devem ser imortais. (Ovídio)
Conta o mito grego que Dédalo, através de sua profissão de ferreiro, tornou-se um criativo inventor. Tinha com ele inúmeros aprendizes, mas um deles, Talos, observava o mestre com atenção desmedida, apesar de seus 12 anos. E foi assim que passou a criar coisas inimagináveis. Uma de suas primeiras invenções foi a serra, após observar a espinha dorsal de um peixe. Não demorou muito para que o garoto viesse a tornar-se muito famoso em Atenas, fato que despertou o ciúme de seu mestre.
Dédalo, irritado com a fama de Talos, levou-o à Acrópole, subindo no alto telhado do templo da deusa Atena e empurrando-o para baixo. Ainda que mentisse dizendo que o rapazinho havia tropeçado, ninguém acreditou nele, pois sua má fama corria longe. Como castigo ele foi enviado para o exílio na ilha de Creta, na corte do rei Minos. Para sua sorte, sua engenhosidade e habilidade como artesão levaram-no a ocupar ali um lugar de destaque.
Seu feito mais notório foi a construção de uma vaca de madeira a pedido da rainha que se encontrava apaixonada por um touro branco. E foi assim que, escondida dentro da vaca falsa, ela foi fecundada pelo touro. Dessa cúpula nasceu o Minotauro — monstro com corpo humano e cabeça de touro. Amedrontado, o rei Minos pediu a Dédalo que construisse um labirinto para aprisionar o monstro. Mas assim que o rei descobriu que o responsável por tudo fora o ferreiro, ao construir a vaca de madeira para sua esposa, aprisionou-o juntamente com seu filho no labirinto, como castigo. Todos os navios passaram a ser vigiados, para que a dupla não fugisse, caso conseguisse sair do labirinto, uma vez que a engenhosidade de Dédalo era impressionante.
Dédalo percebeu que sua fuga só podia acontecer através do ar. E assim pôs-se a construir dois pares de asas, um para si e outro para Ícaro. As penas maiores foram presas com corda e as menores com cera. Depois de tudo pronto, chamou o filho e deu-lhe todos os conselhos possíveis acerca do voo. Deveria voar à meia altura, distante da água e do sol. O pai saiu voando na frente, mas o entusiasmo de Ícaro fez com que ele perdesse a noção da realidade e viesse a esquecer-se das orientações recebidas. O moço com suas asas derretidas caiu no mar.
Segundo a lenda, Talos, ao ser empurrado para baixo foi salvo por Atena que o transformou numa perdiz. Esse pássaro, por se lembrar de seu passado, só voa perto do chão e bota seus ovos em arbustos. Ele assistiu à morte de Ícaro e no seu canto disse que Dédalo carregará sua culpa para sempre.
Nota: Dédalo e Ícaro tentando fugir da ilha de Creta – Mitologia Grega – A Queda de Ícaro, óleo sobre tela de J. P. Gowy a partir de um esboço de Rubens, século XVII
Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
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Sou apaixonado por esta história de Ícaro.
Juraci
Ela é realmente muito interessante.
Agradeço a sua visita e comentário.
Abraços,
Lu